Era Pra Dar Certo... escrita por Lola Baudelaire


Capítulo 12
E quem precisa de faculdade?


Notas iniciais do capítulo

Oi, tem um ano e meio que eu não posto nada. Eu entendo se muita gente nem se lembrar mais da história. Mas é que eu entrei na faculdade e a vida é uma merda, a depressão é uma merda e o calor de 40 graus também.

Mas está aí. Espero que gostei porque eu amei escrever tudo isso hoje.



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Eu não esperava conseguir lidar tão bem com a minha volta à escola. Eu já estava preparada para coisas como alucinações, ataque de pânico ou algo do tipo. Mas foi como retroceder e deletar alguns frames para fazer tudo de novo. Do jeito certo, talvez. Quem é que ia entender toda essa bagunça que a gente passou no ultimo mês? Suguei o restinho do suco de laranja pelo canudo, fazendo barulho com os cubos de gelo. April ergueu os olhos do livro de capa brilhante, que me ofuscava a visão por sinal, e lançou um olhar desaprovador antes de retomar a leitura. Paro para encarar um instante. Seu cabelo, agora loiro mais brilhante do que nunca, cobria os ombros criando ondulações charmosas, enquanto o meu parecia mais uma bola de feno enrolada em um elástico. Era inveja, eu tinha certeza. Como ela conseguia desfilar pelos corredores com seus shorts bem acinturados com suas pernas depiladas e hidratadas. Ah, vai se foder! Quem ela pensa que é? A Naomi Clark? Adèle costumava reclamar do quanto April era artificial parecendo ser perfeita o tempo todo, e isso estava começando a me irritar. O que Nate achou dela em Nova York? Nossa, porque ninguém quis nem me ligar o feriado inteiro. Quando criança todos diziam que eles deveriam namorar. Talvez Adèle estivesse certa em dizer que April consegue enfeitiçar todo mundo. Eu posso até imaginar os dois se agarrando no SoHo House enquanto eu passava o dia trancada em casa.

—  Brooke, eu entendo que você ama suco de laranja, mas poderia, por favor, parar fazer esse barulho nojento perto de mim? – praticamente gritou.

Me apoiei no encosto da cadeira, ainda segurando o copo. O gelo estava quase derretido, mas eu precisava do pouco de água que tinha para me manter calma. Eu senti uma vontade imensa de questiona-la o que eles tinha feito naquela semana em Nova York. Porém eu tive que me conter. Senti os olhos das pessoas nas mesas ao redor. Eu sabia que ainda estavam de olho em mim, e por qualquer coisinha eu seria obrigada a ir a terapia de novo.

— É só trocar de lugar, April. Você que quis sentar aqui. – respondi, levantando – Não é porque se sente culpada por dar para o meu namorado que temos que fingir que ainda somos...

— Pelo amor de Deus! – interrompeu Emma – Não acredito que vai fazer isso aqui, Brooke.

Eu já não me importava em dizer. Um dia antes que minha mãe chegasse de Johanesburgo, April e Emma mais uma vez haviam discutido na minha frente e claro, Emma não perdeu a oportunidade de jogar na cara da irmã o fato de que April também havia se hospedado no SoHo no feriado de primavera, e provavelmente dormido com o meu namorado. Eu juro que estava levando tudo numa boa até ouvir a ultima parte. Mas não era a primeira vez em que decidem que é mais compensador ficar com ela. Claro, quem escolheria a doida da Brooke, não é mesmo?

Emma ficou parada com os braços cruzados, olhando irritada para nós. Ela vestia jeans skinny rasgados nos joelhos e botas de salto grosso. Seu cabelo estava mais branco e curto do que na semana anterior. E claro, mais uma vez me senti inadequada com meu vestido Alice+Olivia que nem deveria vender mais de tão velho. Emma irradiava alguma coisa que eu não conseguia entender. Confiança, talvez. Ela continuou lá nos encarando com a sobrancelha esquerda arqueada, provavelmente esperando uma resposta.

— Eu não sou obrigada a fazer isso! – murmurei desanimada. Dei as costas e caminhei em direção à aula de literatura inglesa. Eu não podia fazer um escândalo, não na escola com tanta gente por perto. Como se eu já não me sentisse ridícula o suficiente. Como se eu já não fosse ridícula o suficiente. Não suportava mais me lembrar de todas as crises de pânico que não sabia como controlar.

Ouvi Emma me pedir para voltar, mas segui em frente olhando para minhas alpargatas gastas. O corredor estava vazio, eu estava atrasada alguns minutos. Não que fizesse alguma diferença. Mesmo se eu tivesse chegado no horário, perderia boa parte do discurso do Sr. Dalton sobre a responsabilidade que temos sobre nosso próprio futuro e blá blá blá. Nada que ele não tenha dito o ano inteiro. Eu tinha me esforçado tanto que estava cansada de tanto estudar. Nossa formatura era no próximo mês e nada que eu fizesse ia mudar muita coisa.

Encarei minha mão magrela segurando a maçaneta da porta. Eu poderia muito bem não assistir essa aula. E não teria problema se Columbia ou a UCLA não me aceitasse. Tudo bem não ir para a universidade. Eu podia passar um tempo na França, e aprender na prática. Eu podia fazer meu próprio documentário sobre qualquer coisa que me viesse na cabeça. Pronto. E minha mãe ia continuar me amando, eu espero.

− Eu vou te tirar daqui!

Meu braço foi puxado com força, me obrigando a correr. Era alguém vestido de preto me arrastando para os fundos da escola. Só pode ser um sequestro. Eu não digo nada, só corro para fora do prédio junto com o vulto de cabelo comprido. Ao chegar no estacionamento perco o fôlego e tenho que parar, me apoiando nos joelhos.

− Que porra... é essa? – arfei, sentindo que ia cair. Havia quase um mês que não praticava nenhum esporte. Eu não tinha mais fôlego para isso.

            E é aí que ele se volta e expressão determinada e ao mesmo tempo em que guardava certo pavor. Senti um frio na espinha. Era ele, o cara que havia aparecido na minha casa há pouco mais de um mês. Ai, que bosta! Eu sabia que ele queria alguma coisa. Agora ia me sequestrar. Era só o que faltava na minha vida.

− A gente não tem muito tempo – gritou com a voz cheia de sotaque europeu e continuou correndo.

Logo percebeu que eu não o acompanhara e se fez o caminho de volta na minha direção. Recuei com sua proximidade, mas logo sua mão me prendia os dois braços. Eu podia ver seus olhos bem de perto. Sua íris era de uma escuridão tamanha que não havia como diferencia-la da pupila. Ele estava perto demais. Tive um vislumbre do seu cansaço sob a pele quase translucida.

− Ele vai te matar – insistiu.

Não houve jeito de perguntar quem iria me matar ou entender o que estava acontecendo. Um Lexus parecido com o meu foi arremessado em direção ao prédio. Corremos para trás da BMW do diretor para nos esconder do que eu não sabia bem.  E não adiantava porra nenhuma porque era um conversível, estávamos expostos do mesmo jeito. Olhei para o carro que havia sido arremessado e depois para o lado, percebendo que quem havia me trazido para esse inferno já não estava mais lá.

Por mais de uma vez eu ouvi pessoas distintas dizerem que há silêncio nos segundos que precedem uma explosão. E tenho quase certeza de que foi bem isso que aconteceu. Pode ter sido o horário, já que o estacionamento estava vazio, ou talvez toda a dimensão tenha parado mesmo. Mas nesse caso, antes do mundo todo parecer ruir de vez, um mau cheiro se aproximou trazendo uma podridão que pareceu queimar meus pulmões, junto com a ilusão que eu tinha de que chegaria em casa bem. E então o caos se instala. Mais um carro foi arremessado e a onda de alarmes disparados aumentou junto com meu coração que parece querer sair pela boca.

Um berro animalesco se instaura no local e ouço o cara que antes estava ao meu lado gritar de dor. Sem entender exatamente o que está acontecendo eu corro, talvez para ajudar. E logo vejo sangue escorrer do seu braço esquerdo enquanto ele segura um pedaço grande de ferro contra a criatura mais horrenda que já tinha visto. A fera urra ao ser atingida na barriga, mas mesmo assim se aproxima. Mas por um instante ela parece mudar de ideia e volta sua atenção para mim. Jogando o rapaz para o lado, a besta correu na minha direção.  Eu a ataquei, me jogando sobre seu corpo, cravando minhas unhas na sua pele. O bicho me jogou no chão e começou a farejar o ar. Pulei mais uma vez, já transtornada de raiva, porém fui impedida por suas garras. Soltei um grito de dor, meu peito ardia. Houve mais silencio e então eu apaguei.


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Notas finais do capítulo

Olha, eu sei que essa suposta luta não segue os padrões e tals. Se alguém ainda ler isso aqui é bem provável que vai me achar maluca por causa disso. Bem, eu acho que já deve ter ficado claro que não tenho ideias muito normais desde o começo disso aqui. E outra coisa, só posso dizer que existe algo envolvendo a névoa que explica boa parte do que aconteceu, ou seja, não vou dizer o que é. Segundo os meus cálculos matemáticos [q provavelmente reprovarei esse semestre] no próximo capítulo algumas duvidas em relação a isso serão sanadas.
Ou seja, esperem mais um ano e meio. =D
Brincadeira! É brincadeira mesmo, eu só preciso pensar no que escrever e ter tempo.
Mas diz aí, se alguém tiver lido até aqui embaixo, deixe o comentário e faça essa fanfic durar para sempre.
Beijos e muito obrigada.

p.s. eu sei que deve ter alguns errinhos, mas eu sou meio distraída. Nunca consigo encontrar os erros e corrigir tudo de uma vez.


p.p.s ESSE CAPÍTULO FOI UMA MÓ VIAGEM, EU SEI. EU SEI



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