Era Pra Dar Certo... escrita por Lola Baudelaire


Capítulo 10
Procurada


Notas iniciais do capítulo

Olha, se tiver ficado bugado não liga não. Vou consertar


Ah, e MUITO OBRIGADA A FirelordIzumi QUE RECOMENDOU. Cara, me deu mais ânimo para terminar.



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— Eu acho que já sabia disso. Rondando a casa e essas coisas. — me apoiei nos cotovelos, erguendo o tronco a alguns centímetros do chão — Diga-me exatamente o que quer e prometo que não chamo a polícia.

Nico escondeu as mãos dentro dos bolsos do jeans rasgado e inclinou a cabeça na minha direção. Seus cabelos escuros, que pareciam precisar de uma tesoura há meses, formavam duas cortinas de escuridão que emolduravam seu rosto pálido. Ele bem que parecia um daqueles caras esquisitos/sombrios/charmosos que Emma costumava sair, só que com sotaque europeu. Uma mistura de Loki com algum desses vampiros hipsters e boêmios.

— Você não está segura aqui. Eles podem aparecer a qualquer momen...

— Eles quem? — interrompi já sem paciência. Estava cansada de receber notícias pela metade. Tipo um “Olha, Brooke, sua vida está um desastre e eu posso te explicar o motivo”. Todo mundo fica com esse jogo de começar a falar e, no fim, não dizer nada. As pessoas deveriam ser mais objetivas.

Só para variar um pouco.

— É que eles.... Olha, não dá para simplesmente te explicar aqui. É perigoso. Você precisa ir para um lugar seguro. Nathaniel tentou.

Revirei os olhos e me deixei cair de volta no gramado. Mais um, e ele também não tinha respostas. O céu parecia se misturar com a escuridão do seu cabelo. Ele era bonito. Talvez precisasse de bem, acho que não poderia mudar nada. Acho até que em outras circunstâncias, se naquele momento eu não fosse a Brooke, mas, sim, uma garota qualquer me divertindo na festa de um estranho, as coisas seriam diferentes.

— Primeiro, minha casa é segura e, segundo, não quero falar sobre Nate. Se você tivesse chegado duas semanas mais cedo poderia ter conversado pessoalmente com ele — comecei a levantar. Tinha perdido totalmente a graça ficar ali. Senti vontade de entrar na piscina, mas ela parecia um pouco longe e meu convidado inconveniente não parecia querer nadar comigo — Sinto muito, mas acho que seja a hora de eu te acompanhar até a saída e de você dizer que nunca mais vai aparecer na minha casa.

— Não, espera! — Nico me segurou meu ombro esquerdo, sua mão fria me causou arrepios. Seus olhos transmitiam certa urgência que não pude ignorar — É sério, Brooke. Não pode negar suas origens. Um dia eles vão te achar e nós tememos que esse dia esteja próximo.

Ergui as sobrancelhas e encarei o anel de prata em forma caveira em seu dedo indicador. Parecia caro, mas não era como aqueles que a gente costuma ver na Tiffany. Emanava antiguidade ou algo do gênero. Quem realmente era esse garoto?

—Estou muito satisfeita com as minhas origens, obrigada. — livrei meu ombro e sacudi a grama do vestido — Se você seguir até a varanda, vai encontrar na frente da casa a saída. Fique à vontade em usa-la.

Nico pareceu pensar em algo mais a dizer, mas, em questão de segundos, mudou de ideia e foi embora murmurando algo para si.

— Fique longe da internet! — foi só o que consegui ouvir

Bem, ele poderia me ter avisado antes. O que quer que fosse já estava feito e só me restava deitar novamente no gramado e esperar. O que, exatamente, ainda era um mistério.

....

A noite demorou a acabar e eu preferi ficar deitada à beira da piscina a entrar na minha própria casa e procurar algo para fazer. Se eu estivesse sozinha, provavelmente assistiria algum filme legal, comendo pizza de estrogonofe. Seria maravilhoso, mas minha realidade não era a das melhores. Havia quase uma centena de pessoas balançando seus corpos suados cheirando a vodca e maconha e, nem se eu quisesse e lançasse cotoveladas a torto e a direito, não conseguiria atravessar minha casa e conseguir algo para comer. Não que eu não gostasse desse tipo de festa, eu até me divertia com as meninas, quando éramos convidadas, mas eu sentia como se a minha casa estivesse sendo roubada.

Me ajeitei na espreguiçadeira acolchoada e olhei para o céu à procura de alguma estrela para culpar pelo estrago que se encontrava minha vida.

— As coisas não poderiam dar certo pelo menos uma vez? — perguntei, fechando os olhos.

Por uns instantes, não houve nada além da música alta que saía de dentro da casa.

— Vamos aproveitar ao máximo como se fosse morrer jovem. — alguém cantou junto com a Ke$ha que tocava na festa. Fiz uma careta irritada. Mais um, mais um para acabar com meus planos de passar o resto da noite isolada.

— Qual é, Brooks? Ouvi dizer que é um crime não aproveitar a festa na sua própria casa — ergui as sobrancelhas bastante surpresa ao ver Natasha Beorlegui se jogar na espreguiçadeira ao lado, enquanto segurava duas garrafas de cerveja. Usava um vestido curto azul escuro com um decote em V bastante aberto, combinando com sapatos cravejados de strass. Parecia uma supermodelo, a maquiagem escura contornando os olhos castanhos, o cabelo longo totalmente escovado com o movimento de uma diva que eu raramente conseguia fazer. Droga, eu morria de inveja daquela beleza que, de vez em quando, eu via estampando algumas páginas nas revistas de moda. Tão linda que parecia um crime ainda estar no colegial e não deveria falar comigo. Na verdade, era difícil lembrar da última vez em que tivemos uma conversa civilizada.

— Ouvi dizer que não aproveitar uma festa exclusiva de cem dólares também é um crime.

— Meus pés estão me matando e está meio complicado achar um lugar para sentar lá dentro, sabe? — disse, me entregando uma das garrafas que segurava. Aceite, desconfiada. — Eu esperava te encontrar toda produzida, não nesse estado. Você parece um zumbi, Broo.

Fiz uma careta quando minha boca foi inundada pela cerveja. Emma poderia ter comprado algo menos... Sei lá! A cerveja era horrível e aquela conversa não deixava as coisas melhores. Deixei a garrafa no chão e respirei fundo, deixando que o ar quente invadisse meus pulmões. O clima estava tão gostoso. Não havia mosquito e as árvores faziam aquele barulhinho agradável toda vez que o vento as sacudia.

— Onde vai passar o verão esse ano? — perguntou, tirando toda a magia do momento.

— Não sei. Johanesburgo, talvez. — era bem provável que minha mãe me arrastasse até a nova locação e era justamente o que eu queria, sair de L.A e ir para um lugar onde ninguém soubesse meu nome. Praia e calor, gente nova. Por que o semestre tinha que demorar tanto para acabar? — Por que a pergunta?

— Nada, é que só queria ver se quer ir comigo em um acampamento de verão.

— Já não passamos da idade para ir a acampamentos de férias? — franzi o cenho bastante curiosa.

Eu havia passado grande parte dos verões da minha vida indo a um acampamento de férias no Canadá, em que eu aprendi como usar um machado (não acho que minha mãe tenha sido comunicada sobre atividades com machados) e a fazer ensopado de legumes. Esse era o preço de ser filha de alguém que vive da cultura indie. Claro que, depois de um tempo, as coisas foram ficando mais divertida e fáceis. Às vezes, eu até sentia falta de dividir o quarto com algumas garotas. Lá eu não era uma garota mimada da Califórnia, era apenas a Brooke.

— Ah, qual é? Fica bem à beira da praia, acho que vai gostar de Long Island. — falou com a maior naturalidade do mundo. Estranhei o seu jeito de agir como se fossemos melhores amigas. E o pior: como se eu fosse achar interessante passar o verão todo fingindo ser sua amiga.

— Não, muito obrigada, mas não. Minha mãe não simpatiza muito com a costa leste. Fica para próxima, então — tentei dar uma desculpa convincente. Bem, na verdade havia uma parcela de verdade, minha mãe sempre dizia que os estados do norte eram perigosamente desinteressantes.

— É divertido, eu prometo. Lá vai estar cheio de gente como nós.

Perdi o total interesse. Me imaginar com toda aquela gente chata, cada um tentando parecer mais cool, mais endinheirado e blá blá blá. Às vezes eu entendia o que Emma queria quando saía com seus amigos “alternativos”. No geral, a galera de Beverly Hills era meio tediosa, ninguém fazia nada divertido que não precisasse gastar dinheiro. E quem eu era para falar? Morava em uma mansão de cinco quartos e tinha praticamente tudo o que queria.

— Ainda não entendi... Por que está falando comigo agora? Nós não conversamos desde quando mesmo? A sexta série? — não tive medo de parecer grossa, Natasha merecia por ser uma vaca arrogante o tempo todo. Não sabia o que estava querendo aprontar e nem queria saber.

— Eu não me lembro porque paramos de nos falar — me deparei com seus olhos que até poderiam parecer inocentes, mas não. Não havia um fundo de sinceridade. Provavelmente ela só estava falando comigo porque não tinha alguém conhecido para ocupar.

— Acho que foi depois que começou a fazer comercial e pensar que era superior a todo mundo. — sentei de lado para encará-la de perto.

Ela abriu um sorriso gigantesco. Não parecia intimidada com a minha indelicadeza.

— É uma pena, Broo. Sempre te achei tão legal — estendeu a mão e me entregou um cartão cor de abóbora — mas, se quiser ir, é só me avisar que meu pai te leva também.

Não respondi e, nisso, ficamos em silêncio por um bom tempo, até que ela finalmente voltou para a festa. Fiquei me perguntando se todo mundo ia começar a falar comigo por causa de Nate. Será que eles pensavam que eu ia seguir seu exemplo? Passei o resto da noite sentada remoendo os acontecimentos do último dia.








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Notas finais do capítulo

Qualquer dúvida é só chamar

Betado pela Clenery Aingremont



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