Carta à Haruhi, por Mitsukuni Haninozuka.

      Esta carta foi destinada à Haru-chan.

      Não pode ser lida, a não ser pela Haru-chan.

      O remetente desta carta é Mitsukuni Haninozuka, que tem dezoito anos

      E uma paixão para sempre escondida.

Tokyo, 23 de Janeiro.

Haru-chan, Haru-chan. Aqui é o Hani-sempai.

Como vai, Haru-chan? Espero que esteja bem. Eu ainda não descobri o exato motivo de estar escrevendo esta carta, sabe? E é meio estranho escrever algo sem saber exatamente o porquê. Eu poderia dizer que não faz sentido, mas existem muitas coisas que também não fazem sentido, não é? Como, por exemplo, eu estar apaixonado por você.

Por favor, não se assuste agora, Haru-chan. Não largue esta carta e saia correndo, não a amasse, e muito menos rasgue. Não termine de lê-la e finja que não a leu.

A verdade é que todos nós estamos, Haru-chan; digo, apaixonados por você. Todos estamos, de alguma maneira.

O Takashi se apaixonou pelo seu jeito simples de fazer as coisas, Haru-chan. Ele diz que é quase impossível alguém ser como você, hoje em dia. Ele também ficou feliz por ter encontrado alguém que preza as mesmas coisas que ele (não me pergunte o que ele preza, Haru-chan, porque eu também não sei), e está contente por te ter como uma amiga.

O Kyo-chan pode ser meio frio, às vezes, e até um pouco insensível, mas ele também gosta muito de você. Mesmo por detrás daqueles óculos e da expressão de quem está sempre interessado em vantagens, ele te admira, porque você se arriscou a conseguir uma bolsa aqui no Ouran. O Kyo-chan também sente as coisas, sabia? É uma coisa que pode nos deixar admirados.

O Kao-chan e o Hika-chan também gostam de você, Haru-chan! Acho que já deu pra perceber que, entre ele e o Hika-chan, o Kao-chan é o mais maduro, né? E você vem fazendo os dois amadurecerem muito mais desde que chegou na escola. O Kao-chan ainda é o mais maduro, mas o Hika-chan está bem menos infantil. E os dois estão abrindo mais o mundo deles, deixando mais gente entrar, e isso é muito bom.

O Tama-chan... bom, o Tama-chan nunca vai mudar, eu acho. Mas ele também está bem mais feliz (mesmo que seja por ter uma “filha”, né, Haru-chan).

Mas o que eu quero falar mesmo é de mim.

Você gosta de mim, Haru-chan?

Digo, gostar de verdade.

Eu sei que muitas pessoas me acham fofinho, gracioso e adorável; algumas me consideram até irritante, Haru-chan. Mas a verdade é que todas elas me vêem como algo irreal, como um personagem — elas não se permitem se apaixonar por mim. Talvez tenham medo de que a relação que irá surgir seja infantil, por me verem sempre representando no Host Club.

Mas a verdade é que eu não sou assim.

Você sabia disso, Haru-chan?

A verdade é que eu sou uma pessoa como todas as outras, se você olhar direito. Eu gosto tanto de coisas ecléticas quanto de coisas fofinhas. Eu preciso de afeição, assim como todo mundo. Eu sou capaz de me apaixonar.

Mesmo que as outras pessoas não consigam ver isso.

Bem, acho que é só isso, então tchau. Hm, as pessoas dizem tchau quando escrevem uma carta? Não sei. Realmente não sei. Acho que vou dizer “Até logo”, então.

Até logo.

Ah, Haru-chan? Eu te amo.

Mitsukuni Haninozuka.