" Estamos a aproximadamente uma hora deitados no cobertor do Batman. Pegamos o livro e estamos lendo as partes que mais gostamos. Ele já me contou um bocado a respeito desse lugar. O Sótão é secreto, ou melhor, seu pai sabe da sua existencia, mas ninguém da família além dele entra aqui. Sam, nunca nem sonhou com ele. Percebo, que para um lugar abandonado (já que Marcus só vem aqui nos finais de semana, e olhe lá) ele é bem limpinho. Mar me contou que ele mesmo que o limpa. Fico um pouco admirada. Eu não sei nem como ligar uma vassoura (brincadeirinha).

Por fim, resolvemos descer, ele vai me mostrar os seus dotes musicais. Me sento na sua cama enquanto ele pega a guitarra. Olho pela janela e vejo qua já está escuro lá fora.

Ele pega no instrumento e lentamente começa a tocar. Quando inicia a canção fico absolutamente imovél, e sinto um arrepio gostoso percorrer o meu corpo. Sua voz é suave e sensual. E a forma como ele fecha os olhos e movimenta lentamente os lábios está me levando a loucura. Ele canta "Somebody that I used know" do Gotye. E eu adoro essa música."

– Canta comigo?...

" Eu estou tão encantada que nem percebo que ele não está mais cantando. Na verdade seus olhos castanhos me fitam com tanta expectativa e carinho que não terei como continuar reclusa no meu casco."

– Já vou avisando que não canto muito bem...

" Mar abre o maior sorriso que eu já vi nesse rosto perfeito."

– Ah Taylor... você me surpreende cada vez mais. Eu jurava que você ia montar guarda e dizer que não.

" Dou de ombros."

–Eu não pude resistir. Afinal, eu adoro essa música, e sou apaixonada pelo Gotye...

" Marcus começa a gargalhar."

– É só por ele que você é apaixonada?...

" Seu sorriso derretedor de geleiras está de volta, mas dessa vez acompanhado com algo mais... um misto de divertimento e malicia. Esse Marcus ainda me mata com esse jeito de gato dengoso. Por sorte, nem preciso responder. Sua mãe aparece na porta nos chamando para o jantar. Ele coloca a guitarra de lado e me oferece o braço da forma mais cavalhereisca possivel."

– Decida-se senhor, ou você é um super gato astro do rock, ou você é um cavalheiro dos sonhos...

– Por você eu sou os dois e muito mais...

" Okay, ele vai me matar."

– Marcus pare de usar essa voz de galã de novela com a pobre garota. Se vê de longe que a coitada mal consegue ficar em pé.

" Marcus e eu começamos a gargalhar. É a Samantha, a garota de doze anos mais inteligente que eu conheço. Ela está séria e muito engraçada. Resolvo observar melhor o pequeno prodigio. Ela é realmente a cara do Marcus. Tem os mesmos olhos castanhos escuros e a pele clara de porcelana. Só o que muda é a cor do cabelo mesmo, pois os dela ainda são encaracolados e cheios como os dele.

Descemos para a sala de jantar. E nos sentamos todos a mesa. A quanto tempo eu não faço isso? Me sentar em uma mesa para ter uma refeição em família... bem, isso é impossivel quando não se tem uma família. Mas por algum motivo muito louco, eu sinto vontade de fazer parte dessa família. Ser uma Hollisnewton não deve ser ruim. Imagine só; receber todo esse carinho maternal da Dona Daphne, ter brigas rapidas e sem importancia com a Sam... as únicas coisas incomodas seriam ser irmã do Mar (pois isso eu não quero nem nos meus piores pesadelos), e ser filha do estranho Senhor Hollisnewton. Não que eu o ache um homem estanho, é só que diferentemente da esposa e da filha, ele não exala simpatia e simplicidade. Sim, é educado, e parece estar satisfeitíssimo com a vida que leva. Porém algo nele, não se encaixa. É como se ele tivesse nascido para viver uma outra vida, viver de outro jeito.

Dona Daphne e Sam colocam as travessas na mesa. Aí não... é lasanha. Estou morta de fome, confesso. Hoje tudo o que eu comi foi um pouco de iogurte e algumas batatinhas, não sei nem como consegui ficar em pé. Mas eu não posso comer lasanha, eu não consigo. Mamãe fazia a melhor lasanha de todas. E no dia do acidente, ela me disse ao telefone que se eu ficasse calma ela me faria uma lasanha bem gostosa. Eu reclamei dizendo que não poderia comer sem o dente, mamãe riu e disse que o mundo estaria completamente confuso se eu um dia dispensasse uma lasanha. Depois disso, eu nunca mais pus um único pedaço sequer na minha boca.

Contudo, eu não posso falar para os pais do Marcus que eu não vou comer, porque sou uma maluca que tem trauma de alimentos. Simplesmente não posso. E fora que uma lasanha não é a responssável pela morte da minha família. Eu tenho que seguir em frente, por mais que algo me lembre deles, eu não posso recuar. Eles sempre estarão na minha mente e coração, mas não vou me privar das coisas com medo de sentir saudade.

Dessa forma, dou uma garfada no meu prato que Dona Daphne serviu. E, ah meu Deus... como é bom! É quase tão gostoso quanto os beijos do Mar. Okay, isso é impossivel. Mas a lasanha está uma delicia. Elogio trabalho da Dona Daphne, e ela me dá um sorriso modesto."

– Ah que bom que você gostou Taylor. Eu sempre tento fazer aos finais de semana, já que é o prato preferido do Mar.

" Ele nem nos da muita bola, assenti com a cabeça, mas cotinua concentrado no seu prato, que contém um pedaço enorme de lasanha. Céus, para onde vai tanta comida?

Depois de comermos, Dona Daphne me chama para ir ajuda-la a pegar as sobre-mesas. Me levanto e a sigo. já na cozinha, ela me fala:"

– Eu fiz um pavê de pessêgo, você gosta de pessêgo?

" Argh... Odeio pessêgo. Mas ela não precisa ficar sabendo disso. Sorrio e faço um movimento de cabeça em sinal positivo. Ela sorri e me entrega uma bandeja. Estamos entrando na sala quando ouvimos Samantha dizer:"

– Para papai! O Marcus sabe se cuidar sozinho. E a Taylor É legal.

" Eles encaram a menina como se não se lembrassem que ela está ali. Sinto minhas mãos tremerem ligeiramente. Por que a Sam teve que dizer que eu sou legal? A discussão girava em torno de mim? Discussão.... parece ser exatamente isso que pai e filho estavam tendo antes da mais nova interromper."