A alma invocada é de um Tengu, com cabeça de águia e ao longo dos braços, asas que abertas possuem em torno de quatro ou cinco metros, ele se estica como se estivesse espreguiçando-se. Antes que Enzo e Krom entendam a criatura, o necromante já invoca uma outra alma, este é um Oni, grande, aproximadamente dois metros de altura, pesando quatrocentos quilos, cabeça de touro, os músculos rasgam a pele que não tem elasticidade suficiente, nos dedos grandes garras, seus pés são formados por três grandes dedos, também munidos de poderosas garras, os grandes cabelos vermelhos voam ao vento como chamas, possui também dois chifres na testa, estes bem próximos um do outro, e os dentes muito afiados.
Krom sorri, olha para o necromante.
–Entendi... Entendi... Muito bem, meus parabéns, mas isso não acontecerá novamente. Enzo olha pra ele sem entender, mas Krom explica:
–Estamos na toca de um Abarimon, em algum momento... Este ser - diz Krom apontando para o necromante - É um abarimon, olhe para os pés dele.
Enzo olha para os pés do necromante, que os encobre com a túnica, mas o menino percebe que os pés da criatura são virados para trás.
–Eu li sobre, são grandes ilusionistas... Mas isso significa que estamos em...
–Exato - interrompe Krom - Estamos no monte Imaus. Temos que nos apressar Enzo, se ficarmos respirando o ar deste lugar por muito tempo será impossível respirar qualquer outro tipo de ar.
–Vocês não saírão mais daqui, diz o abarimon tirando seu capuz. Seu rosto possui apenas uma expressão, parece que esta sorrindo agradavelmente, a pele do seu rosto tem um tom amarelado e a do corpo revela-se avermelhada.
Krom pensa: "Não percebi a ilusão... Em algum momento que vinhamos na estrada a ilusão começou, nos conduzindo até aqui... Este não é qualquer abarimon, para me enganar assim... Tenho que me apressar."
–Enzo vamos lutar, obviamente sair daqui sem uma batalha será impossível.
Enzo saca sua espada concordando com a cabeça, Krom puxa sua lâmina... Krom está de frente para o Tengu e Enzo para o grande Oni. Um clima tenso está presente no ar. Enzo segura sua espada de forma firme, o Tengu também possui uma lâmina afiadíssima.
Krom puxa brutalmente sua espada e o Tengu dá um salto voando baixo, em sua mão direito ele segura sua espada e ataca Krom ferozmente, mas ele bloqueia com facilidade, o Oni acaba perdendo sua concentração com o choque das espadas, dando à Enzo uma oportunidade que o garoto não perde, Enzo corre com sua espada desferindo um forte golpe no Oni, que praticamente não sente o golpe e ainda revida com um forte chute no garoto que é arremessado longe. Enquanto isso o abarimon observa tudo entusiasmado. Enzo se levanta devagar, e resmunga enquanto massageia o peito:
–Argh, muito forte...
O Oni corre com tudo para cima do menino que cria um escudo mágico segurando o monstro, porém, isto não é o bastante para que Oni se dê por vencido e a fera começa a desferir muitos socos na barreira criada pelo mago, Enzo segura a barreira com sua mão esquerda, o menino está parcialmente ajoelhado, com sua perna esquerda flexionada e o joelho direito no chão, em sua mão direita ele concentra algum tipo de magia, aparentemente um poderoso golpe.
O Tengu voa em alta velocidade rodopiando, em direção à Krom, e o Clérigo desvia com maestria do golpe de seu adversário, o Tengu começa a reduzir sua velocidade, saca sua espada e corre para atacar Krom que usa sua magia para invocar uma corrente mágica que segura o Tengu e o Oni, aproveitando isso Enzo solta o poder que estava fazendo e o golpe é um tipo de repulsão que combinado à magia da corrente de Krom, agredi muito o Oni, que caí ajoelhado.
–Porque não usa alguma magia divina para amaldiçoa-los? Pergunta Enzo à Krom.
–Magia divina não vai funcionar em espíritos. Responde Krom. -Temos que bani-los para o mundo dos mortos.
–Mas como? Pergunta Enzo.
Krom puxa um pergaminho fechado.
–Usarei uma magia negra que bane os espíritos. De fato não sou perito neste gênero de magia, mas com este pergaminho... Com as palavras certas, posso bani-los.
No que percebe o que está para acontecer o abarimon, resolve intervir, porém é contido pelas correntes de Krom que o seguram.
–Vai logo, diz Enzo.
Krom quebra o bloqueio do pergaminho e o abre. Mas antes que comece a ler o Oni quebra as correntes e ataca Krom com um forte murro no rosto jogando-lhe longe, deixando o pergaminho cair. O Oni quebra as correntes de seu mestre e do seu parceiro.
–Droga, resmunga Enzo.
–Eles escaparam com maestria, completa Krom.
–O pergaminho, diz o necromante.
As duas feras vão até o pergaminho, mas Enzo usa sua espada para cortar uma asa do Tengu, enquanto Krom segura o Oni com um escudo esférico protegendo além dele, o pergaminho. O Tengu cai ferido no chão, Enzo corre até ele para desferir o golpe final, mas é surpreendido por Oni que estica sua mão, levando o golpe e protegendo Tengu. Krom, que já pegou o pergaminho, corre para atacar Oni que está de costas, o ataque é bem sucedido, e ele enfia sua lâmina nas costas da fera, Enzo completa com um chute na cara que larga o brutamontes estirado ao chão. O Tengu é golpeado por Enzo, o garoto tenta atacar com a espada mas Tengu defende com a sua, mas a criatura não contava com a mão esquerda do menino que puxa sua adaga da cintura golpeando o ventre da fera. Os dois, Enzo e Krom, já estão arfantes, o ar do local os está prejudicando. O abarimon observa tudo com atenção, um pouco apavorado estes são seus melhores espíritos, ele percebe a derrota e foge.
Enquanto Enzo contém as feras com magia, Krom puxa o pergaminho e começa a ler, uma espécie de exorcismo é iniciada para banir os espíritos, que pouco tempo depois são despachados dali.
Em seguida Krom cambaleia, mas é segurado por Enzo que sugere a saída daquele lugar, o clérigo concorda.
Os dois vão em direção à saída, percebem que estavam em uma espécie de oca gigantesca, saem na floresta.
–Vamos seguir para aquela direção, ordena krom apoiado em Enzo.
Os dois seguem em frente, andam por alguns minutos até avistarem a estrada dos comerciantes. Krom já está melhor.
–Esse foi um grande atraso, vamos nos apressar Enzo.
É fim de tarde, o sol já esta alaranjado, e ao horizonte.
"A partir de agora, terei que dobrar minha cautela, não podemos ser iludidos desta forma novamente" pensa Enzo.
Os dois caminham em direção de Atalantis na esperança de chegar antes de escurecer.