Sentei-me ao lado dele, quieta, para ajudá-lo a corrigir mais atividades, mas não consegui segurar a língua.

– De todas as mulheres desse mundo, Bellatrix Lestrange? Sério? - pergunto aborrecida e ele sequer olha para mim.

– Talvez tenha se esquecido Srta. Snape, mas Bela é casada.

– Ah isto não a impediria de vir abanando o rabo pra você assim que estalasse os dedos.

– Fica uma graça com ciúme, mademoseille. - ele diz com uma risada baixa, mantenho meus olhos fixos no pergaminho à minha frente e sinto minhas bochechas esquentarem. - Mas acho que o Malfoy não aprovaria.

– Eu não estou... Aliás, Draco e eu não estamos mais juntos, talvez o fato de ele não querer problemas com o senhor tenha ajudado. - eu digo lhe lançando um olhar inquisitivo. - Mas ele foi um idiota.

– E o que o Malfoy te fez? - contei a ele e contei também como o fiz pagar, o que nos rendeu algumas risadas, era bom ter meu professor preferido de volta.

– O Harry e a Parkinson bem me avisaram, eu sou uma tola mesmo. - digo encolhendo os ombros e voltaria a dar atenção aos pergaminhos, mas ele me impediu segurando meu queixo e me fazendo olhar para ele.

– Sim, você é, mas ainda tem conserto. - dizendo isto Riddle roçou seus lábios nos meus, sua mão deslizou de meu queixo para meu pescoço e aprofundou o beijo, a princípio eu não correspondi e arregalei os olhos surpresa, mas também não o afastei, seus lábios pressionavam os meus e eu logo cedi.

Como se tivessem vontade própria, minhas mãos enlaçaram seu pescoço e em algum momento eu fui parar em seu colo com sua mão em minha cintura, nos separamos apenas quando o ar fez falta e ele deslizou os beijos para meu pescoço, levantando-se e me colocando sentada em sua mesa sem sequer se importar com os pergaminhos em cima dela, senti os pelos de minha nuca se arrepiarem quando ele puxou meu cabelo para trás com um pouco de força deixando meu pescoço ainda mais a mostra, mas eu o afastei, já estava sendo demais.

– Desculpe. - ele disse em um sussurro. - Isso... Isso não devia ter acontecido.
Abri a boca para falar alguma coisa, mas a minha voz não saiu, eu achei melhor só me recompor e sair em passos apressados da sala de DCAT.

Durante o jantar, eu fiquei o tempo todo desligada, não conseguia parar de pensar naquele beijo que fora tão intenso, como se eu estivesse esperando por isso há muito tempo, eu estava confusa, pois era errado, mas eu tinha gostado, mais do que deveria. Esquece Elizabeth, pensei balançando a cabeça para os lados quando Low Ellen estalou os dedos na frente dos meus olhos.

– Hey Liz, você está bem? Ainda nem tocou no seu jantar e fica ai parada olhando para o nada.

– Eu estou bem. - digo para Ellen e me sirvo de algumas coxinhas de frango.

À noite, sentei-me no sofá frente a lareira, a maior parte dos alunos já tinham ido dormir, quando Pansy se sentou ao meu lado.

– Eu quero ouvir aquelas três palavras, vamos, diga Elizabeth.

– Você estava certa, Pansy. - eu digo revirando os olhos.

– Eu fiquei sabendo que você deu uma boa lição nele. - ela riu e eu acabei rindo também. - Gosto do Draco, mas ele mereceu.

Pansy e eu batemos as mãos fechadas como um soquinho.

– Como é o nome daquele feitiço? Eu gostei dele.

– Não vou te falar, pra você ficar pendurando os alunos do primeiro ano e os sangues ruins pelo ar? Não Pansy.

– Sem graça. - ela diz emburrada. - E por que está com essa cara hein, Snape?

– Fiz uma grande besteira. - digo, indecisa se conto para ela ou não, mas acho que estava começando a confiar em Pansy. - Se contar para alguém Parkinson...

– Fala logo.

– Beijei o professor Riddle ou melhor ele me beijou, eu não sei.

Pansy não sabia se ficava chocada ou se ria.

– Eu não acredito, Elizabeth Snape sua louca. - ela diz e eu empurro ela com o ombro. - E ai, ele beija bem?

– Pansy! - eu a repreendo, mas acabo rindo.

Não sei por quanto tempo mais ficamos ali, nunca pensei que algum dia Pansy e eu poderíamos nos tornar amigas, mas acho que agora éramos quase isso. Combinamos de na manhã seguinte, sábado, ir juntas à Hogsmeade e fizemos isto, Draco ainda estava nervosinho por minha pequena brincadeira de deixá-lo pendurado de cabeça para baixo na sala comunal, mas ele e Blásio se juntaram a nós duas.

O dia estava frio, mas a neve deu uma trégua quando chegamos ao povoado, visitamos a Dedos de Mel e o Três Vassouras, até demos uma olhada na casa dos gritos, foi divertido e era como ter amigos pela primeira vez em Hogwarts. Quando percebemos que ia chover, decidimos voltar para o castelo e eu ia com eles se não tivesse visto Riddle indo para uma parte mais afastada do vilarejo, acho que ia para aquele Cabeça de Javali.

Pansy acenou com a cabeça.

– Vai lá. - ela disse me incentivando.

– A gente se vê. - eu digo para os três antes de nos separarmos.

Eu sigo Riddle e sei que ele me viu, mas me ignora completamente, está me evitando.

– Hey. - eu o chamo, aborrecida por ter começado a chover, mas isto era bom, pois todos que estavam por ali, começaram a entrar nas lojas e as ruas ficaram vazias. - Professor Riddle.

Ele novamente não me respondeu, sequer parou ou olhou por cima do ombro, nada. Eu parei e balancei a cabeça negativamente, ignorando completamente a chuva que começava a ficar mais forte.

– Agora vai me evitar, senhor?

Ele se virou e pegou minha mão me puxando para um lugar coberto, um beco que era quase tão apertado quanto um armário de vassouras.

– O que está querendo Srta. Snape? Ficar doente?

– Eu queria falar com você... - agora na frente dele, eu tinha perdido toda aquela coragem que sentia antes, coloquei uma mexa do cabelo molhado atrás da orelha e olhei para o chão. - Sobre aquele uhm... Beijo.

– Esqueça que aquilo aconteceu. - ele ordenou. - E Elizabeth, se afaste de mim, eu posso ser um pouco... Perigoso, não quero te machucar.

Olhei confusa para ele e comecei, decidida:

– Mas eu gostei, não quero esquecer Tom. - digo o chamando pelo nome, estranhei um pouco, mas surtiu o efeito que eu queria, ele me beijou, mais calmo do que a ultima vez, suas costas estavam encostadas a parede e eu tive que ficar na ponta dos pés, ele acariciou meu rosto e se afastou de mim, encostando a cabeça à parede e olhando para o céu cinzento.

– Dumbledore vai me matar. - ele disse com um suspiro, eu achei graça e sussurrei no seu ouvido.

– Dumbledore não precisa saber.