Unexpected Future escrita por camimf


Capítulo 3
Friendship


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo mais levinho dessa vez, depois começa a animar. Sorry a demora, tô com bloqueio mental. (w) Obrigada a quem lê e boa leitura!



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                Eles estavam sentados na minha frente. Depois de tanto tempo elaborando idéias para que eu pudesse me aproximar deles e agora eles estavam sentados bem ali. É, eu não tô acreditando até agora, por mais óbvio que seja.

 

                - Eu não sabia que aqui eles contratavam agentes mudas. – Georg riu do comentário.

 

                - Ela deve estar presa nos pensamentos dela, como sempre. Julie, querida, você tá viva? – meio que com um susto, eu despertei dos meus pensamentos.

 

                - Ah, me desculpem, eu estava pensando e...

 

                - Uma garota intelectual, que bonito! Eu me chamo Tom, e esses são Georg e Gustav.

 

                - Prazer em conhecê-la...

 

                - Julie. – sorri sem graça e admirava o sorriso dos três. Era realmente encantador. – Prazer em conhecê-los também.

 

                - Então, meninos, como andam as missões?

 

                - Ah, na mesma de sempre. A gente chega lá, resolve tudo, os vilões ficam com cara de cu pra gente e fim. – não pude deixar de rir do comentário do rapper. – Já foi em alguma missão, Juh?

 

                Ok, ele era muito mais legal do que eu imaginava. E ninguém ainda tinha me chamado pelo apelido, a não ser a Amanda. Eles não existiam, só pode.

 

                - Ainda não, eu e a Mandy... quer dizer, Amanda começamos semana que vem.

 

                - Eu sempre sonhava com essas missões, e agora falta pouco para começar, tô muito ansiosa! Não consigo nem imaginar como deve ser e... Ai, desculpa. – todos olharam para ela que corava – É que quando eu me empolgo, começo a falar de mais e não paro mais, e fica chato.

 

                - Imagina, não incomoda nem um pouco... Bom, pelo menos pra mim não. – Os dois sorriram envergonhados, e eu sabia que ali tinha coisa. Alguém iria passar por um longo interrogatório hoje à noite.

 

                - Se o Jost não se importar... – Tom fez uma pausa ao receber o olhar desconfiado de Jost, que já deveria saber o que ele ia falar. – Nós podemos levá-las para conhecer as salas de missões e mostrar como tudo funciona.

 

                - Tom... Bom, não me importo. Mas você sabe que tem que levar o Bill junto, ao menos que os meninos façam a demonstração.

 

                - Putz, verdade. Vocês fazem, né, meus amores? – Ele fez uma cara parecida com a do gatinho do Shrek, e todos riram.

 

                - A gente faz. Mas só se você parar com essa bichisse toda.

 

                - Ah, Georg, todo mundo sabe que você me ama, não precisa mais esconder.

 

                - Sem querer interromper o casal, mas vamos? Assim vocês vão assustar as meninas.

 

                Levantamos da mesa rindo e nos despedimos de Jost, que tinha alguns afazeres misteriosos. Já disse que eu ainda surto com todo esse mistério, e como surto. Tom e Georg continuaram discutindo por um tempo, enquanto isso Gustav e Mandy conversavam animadamente por todo o caminho. Olhando bem para os dois dava para sentir que havia algo entre os dois e, pensando melhor, eles bem que formam um belo casal.

 

                Estava tão presa na imagem dos dois como um casal que nem notei alguém parado e acabei trombando com tudo, caindo e o derrubando no chão junto.

 

                - Você não olha por onde não, novata? O Jost contrata agentes cada vez piores.

 

                Era ele. Eu havia trombado em Bill Kaulitz. Como eles podiam ser tão diferentes? O tom de voz, o jeito de se vestir, tudo. Ele era tão... grosso e fechado. Totalmente diferente do irmão gêmeo dele.

 

                - E você, Bill? A educação fica onde? Não é só porque ela tava distraída por um momento que ela vai fazer isso de novo.

 

                - Tom, Tom... Uma pessoa que comete um deslize pequeno, por mais sem querer que seja, pode muito bem cometer mais vezes.

 

                - Se toca, moleque. Não é só porque você é assim que os outros tenham que ser iguais a você. – a voz de Tom estava se alterando cada vez, junto com Bill, enquanto eu e os outros olhávamos perplexos para eles. – Quer saber? Cansei da sua arrogância. Eu sei muito bem o que você ainda sente, mas não precisa descontar a sua raiva nos outros. Cresce um pouco e depois vêm criticar os outros.

 

                - Tom... – falei receosa. – Não precisa se preocupar, tá tudo bem. Eu deveria ter prestado atenção mesmo, me desculpa.

 

                - Não é esse o problema, Juh. Tem gente aqui que precisa esquecer um pouco o passado e começar a viver o presente, antes que acabe prejudicando mais ainda as pessoas próximas a ele.

 

                - Ok, desculpa pela grosseria. – Bill disse com uma voz chorosa e Tom virou para mim com uma feição de cortar o coração de qualquer um. – Eu preciso falar com você depois, Tom. Se você não se importar, claro.

 

                -Nos falamos à noite.

 

                Bill começou a andar e eu pude notar uma lágrima teimosa escorrendo em seu rosto. Virei-me para Tom, que também chorava e, por um impulso, o abracei. Apesar de surpreso, ele me abraçou de volta e começou a se acalmar. Nenhum dos outros relutou ou falou algo, só esperaram o amigo se recuperar da briga.

 

                Depois de alguns minutos, Tom se afastou um pouco e fez sinal para que continuássemos andando. Confesso que não queria sair daquele abraço e parece que ele também não queria. Tá, talvez seja só a minha imaginação, mas eu não queria acreditar.

 

                - Tom... A gente faz a demonstração depois, pode ser? – Gustav se pronunciou. – Acho que as meninas também não se importam.

 

                - Não precisa, Gus, eu tô bem.

 

                - Não, Tom, a gente vê a demonstração amanhã. Ninguém tá mais com cabeça para nada agora. – Mandy disse e todos concordaram.

 

                - É... tudo bem. – Tom deu-se por vencido.

 

                - Bom, então nos vemos no jantar, meninas. Vamos descansar um pouco.

 

                - Ok, então. Até mais!

 

                Quando estava indo para o dormitório com a Mandy para começar o meu interrogatório, Tom segurou em meu braço, me impedindo de ir.

 

                - Eu posso ficar mais um pouco com você? Seu abraço me acalma.

 

                - Vai, Juh, eu fico com os meninos enquanto isso. – Mandy disse, após um sinal positivo de Georg e Gustav, que perceberam meu olhar confuso.

 

                 - Então tá...

 

***

 

                Como eu podia ser tão idiota? Fiquei irritado por uma distração da tal Juh e acabei magoando mais ainda o Tom. O que eu tinha de errado, afinal?

 

                Eu estava deitado em minha cama pensando no que eu tinha feito, e acabei adormecendo. Eu sonhava que estava de volta para casa de meus pais junto com Tom, onde tudo parecia estar normalizado. Estava um dia ensolarado e a casa estava impecável. A casa era aquela típica casa rústica. Piso e diversos itens de madeira. Uma casa normal. Conversava com Tom animadamente, quando uma cena que eu gostaria de esquecer apareceu em meus sonhos, me atormentando. A casa pegava fogo e estava tudo confuso. Escutava os gritos de meus pais e, o que mais me preocupava: os gritos de Tom. Não, não podia estar acontecendo de novo, depois de tanto tempo que havia passado até que ele se recuperasse e foi tudo por água abaixo. Fui parar na calçada de minha casa, e via todos preocupados e correndo para tentar socorrer meus pais e meu irmão. Eu não conseguia me mover, estava em choque. As pessoas me balançavam, xingavam por eu não tomar nenhuma atitude, e tudo que eu conseguia fazer era olhar a ruína. As pessoas mais importantes da minha vida lá dentro, e eu aqui fora, sem fazer nada. A minha visão começou a se embaralhar novamente e já não estava entendendo mais nada do que acontecia por lá.

 

                Acordei assustado e suando frio. Por que aquilo sempre me atormentava? Por mais que eu tentasse esquecer tudo aquilo, eu simplesmente não conseguia. Sempre admirei e invejei Tom por ter passado por todo o sofrimento dele, passado por cima de tudo e estar bem agora. E eu aqui, sentado nessa cama, pensando em toda merda que eu já fiz.

 

                Levantei, tomei um banho gelado para espantar todos aqueles pensamentos de mim, e me sentei à frente do computador para continuar com as minhas pesquisas.

 

                Eu não podia, eu tinha que encontrar tudo o que eu conseguisse com relação ao que aconteceu com a minha família e, principalmente, tomar cuidado. O que eu menos quero é ver o Tom do mesmo jeito que ele estava antes.

 

***

 

                Já fazia um tempo que eu estava caminhando com o Tom, e nenhum de nós dizia sequer uma palavra. Claro, eu não o forçaria a falar nada que ele não quisesse, embora me sentisse preocupada com ele. E eu também não sabia para onde estávamos indo, quer dizer, eu não conhecia nada lá, né. Espero que ele saiba.

 

                - Você pensa muito mesmo, né?

 

                - É, um pouquinho. – ambos demos uma risada fraca.

 

                O ver daquele jeito era, no mínimo, angustiante. Eu queria de todas as formas poder consolá-lo, mas não daria uma de louca e o abraçaria de novo.  Ok, se eu pudesse, o agarraria ali mesmo, mas... Autocontrole, Julie.

 

                Chegamos até uma porta, e Tom a abriu, fazendo com que eu entrasse primeiro, e confesso que fiquei deslumbrada com o lugar. Eles tinham um tipo de parque dentro daquela instituição. Tá, eu sabia que aqui era grande, mas não tanto assim. Olhando em volta, notei que diversos agentes iam para lá e relaxavam, conversavam... Enfim, agiam como pessoas normais.

 

                - Bonito, não?

 

                - Nossa... é perfeito! - meus olhos brilhavam e notei um sorriso surgindo em sua face. – Eu nunca imaginei que pudesse existir um lugar assim dentro de uma agência secreta.

 

                - Mais um dos mistérios que a detetive Julie tem que desvendar. – ele riu, com mais vontade dessa vez, o que me acalmou. – Agora chega de papo, vem comigo que eu vou te mostrar o meu cantinho especial.

 

                - Tom, eu não quero ir pra cama com você.

 

                - A gente não vai para cama... ainda.

 

                Rimos alto dessa vez. Ele segurou a minha mão e começou a correr até o tal cantinho. Quem visse provavelmente pensaria que éramos duas crianças que nunca tinham ido a um parque antes. Mas, quer saber? Eu não queria ligar para nada do que as pessoas pensariam. Eu estava me divertindo como nunca. A minha infância não foi das melhores, era tudo muito metódico e calculista.

Tom me mostrava todos os lugares rindo e me puxando com pressa. Acho que ele se sentia tão criança quanto eu, ou talvez até mais.

 

                Quando percebi, estávamos parados em frente a uma grande clareira que ficava para fora do prédio, muito bem disfarçada. Mais uma vez fiquei deslumbrada e espantada por não ter mais ninguém lá aproveitando a linda vista.

 

                - Aqui é o seu cantinho?

 

                - Sim, geralmente é aqui que eu venho refletir e colocar as ideias no lugar.

 

                - Você até que tem bom gosto se tratando de um metido a rapper.

 

                - E você até que é muito ousada para uma pessoa que vive mergulhada em pensamentos. – ri sem graça e ele deu um dos sorrisos mais bonitos que já havia visto.

 

                - Por que você me trouxe até aqui?

 

                - Para falar a verdade, nem eu sei. Depois da discussão no corredor com meu irmão e do seu abraço, senti que poderia confiar em você.

 

                - Quem vê pensa que você não confia em ninguém.

 

                - Não deixa de ser verdade. – o olhei confusa. – Eu não sei, nunca fui de confiar muito nas pessoas. E depois do seu abraço, sei lá, eu me senti confortável.

 

                - Assim eu vou ficar me achando, hein?

 

                - Pode se achar. Não são todas que conseguem a confiança do Tomzão aqui.

 

                - Ai, Tom, credo!

 

                Nos sentamos em um banco e ficamos conversando e admirando a bela vista. Ali eu via um Tom diferente do que todos conviviam: eu via um Tom divertido, engraçado e simples, bem diferente do estereótipo que ele mesmo impõe. Sempre pensei que conseguiria falar com ele e com os outros meninos, mas não sabia que os conheceria dessa maneira.

 

                Encostei a cabeça em seu ombro e passamos a tarde inteira conversando. Cada vez eu o sentia mais calmo com relação à briga depois do almoço e fiquei feliz por poder ajudá-lo a se acalmar. Presenciando o mais belo pôr-do-sol que já tinha visto em toda a minha vida, só tinha certeza de uma coisa: surgia, ali, uma grande amizade.


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Notas finais do capítulo

Acho que ficaram algumas incógnitas no sonho do Bill e tal, mas essa é a intenção.
Não sou de pedir, mas quem puder deixar um review dizendo o que achou, eu agradeço. Tá chegando em um ponto da história que eu preciso saber se tá ficando bom ou não para continuar.
:*



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