Adorável Tutor escrita por Lu Rosa
Aquele seria um almoço que os criados de Etienne lembrariam por muito tempo. A vaidade destruída pela inocência de uma criança.
Isabella, em nenhum momento, se deixou enganar pelo tom doce de Ethel Bloomfield.
Quando a intrometida mulher colocou os olhos em Isabella, Samantha estremeceu. Parecia um lobo em pele de cordeiro. Ethel percebeu imediatamente que Isabella não era uma criança comum e tratou de tentar conquista-la.
– Etienne, ela é linda! Criança, qual é o seu nome?
– É Isabella Elisabeth Benson.
Samantha soube instantaneamente que Isabella não gostara de Ethel Bloomfield. Ela só dizia seu nome inteiro para pessoas não dignas de sua confiança.
– É um nome muito comprido para uma criança tão pequena.
– Não. Não é. Meu médico disse que eu sou até alta pra minha idade. E minha mãe disse para mim que eu tenho o nome de duas rainhas. Isabel da França, Elisabeth da Inglaterra.
– Nossa, Isabella. Você é muito inteligente. – a mulher tentou ainda entre uma garfada e outra.
Isabella calou-se.
– Queridinha... Sua mãe não lhe falou que feio não responder às pessoas quando elas falam com você?
Samantha fincou as unhas nas palmas controlando-se para não jogar todo seu vinho na cara da mulher.
Isabella terminou de mastigar e retrucou.
– Sim, ela me disse isso sim. Mas ela também disse que era feio falar com a boca cheia.
A mulher tornou-se escarlate e até Smith, o sisudo mordomo fez força para não rir.
Nada disso passou despercebido à insuportável mulher e alterada ela levantou-se da mesa:
– É inaceitável, Etienne, que você permita isso.
Ele permaneceu inalterado.
– A menina só respondeu a sua pergunta, Ethel.
– Eu não vou ficar aqui, recebendo insultos de uma fedelha mimada.
Samantha se moveu com tanta rapidez que todos apenas perceberam o vinho escorrendo pelo rosto de Ethel e manchando o elegante vestido.
– Isso é para que você aprenda. Não se intrometa com a minha sobrinha, mulher. – disse com voz estrangulada.
Etienne só observava. Samantha estava transformada. A jovem quase delicada, não existia mais. No lugar havia aparecido uma leoa pronta a defender o filhote.
– Etienne Archibald! O que você diz disso?
– Eu acho que se você não for embora agora, você vai perder o seu vestido. Essa mancha não sai tão fácil. – ele retrucou calmamente.
A mulher bufou, revirou os olhos, fez beicinho e saiu pisando duro.
Os três se entreolharam. Etienne até que tentou, mas não conseguiu segurar o riso. Logo os três riam, aliviados com a saída intempestiva de Ethel.
Ethel saiu entrou no seu carro e saiu em toda velocidade, nem se importando com os pedestres. Ela não também percebeu o homem sinistro que vigiava a casa com olhos de águia.
Depois do almoço, Isabella ainda olhava os cãezinhos e Etienne e Samantha caminhavam um pouco pelo jardim.
– Etienne, eu peço desculpas pelo que aconteceu no almoço. Mas eu não suporto quando mexem com Isabella.
– Bobagem. Isabella me conquistou. Nunca conheci uma criança como ela.
– Você ainda não conhece direito. – sorriu Samantha – Aposto que em pouco tempo você começará a ter cabelos brancos por causa dela.
– Você não tem. – ele retrucou olhando para os fartos cabelos negros. – Na verdade, tenho certeza que você irá demorar muito até tê-los.
E juntando ação às palavras, tocou em uma mecha dos cabelos dela.
A moça sentiu um estremecimento instintivo ao toque dele.
O rapaz percebeu e deixou que a mão caísse lentamente sobre o ombro dela, acariciando – o com a ponta dos dedos.
Samantha continuava com os olhos baixos.
A vontade de Etienne era puxá-la para si e provar-lhe o sabor dos lábios rosados. Mas, como cavalheiro que era, não queria assustá-la.
Ele limitou-se a continuar caminhando como se nada tivesse acontecendo.
– Você tem algum plano para segunda?
– Eu pensei em ir até o centro fazer algumas compras.
– Isabella vai com você?
– Não. Ela tem aula de piano de manhã.
– Ah... As aulas de piano. Ernestine também fez com que eu e Norton as tivéssemos também.
– Isabella adora piano. Ela pratica bastante. Ela é muito sensível.
Ele parou defronte a ela:
– Segunda-feira eu tenho um compromisso inadiável no Ministério. Gostaria de jantar comigo? – Ele arriscou.
– Eu não sei... Não haverá comentários? Onde?
– Tem um restaurante próximo ao Parlamento. É muito bonito e a comida é boa. Além de ser discreto por motivos óbvios. Você o conhece?
– Não. Mas seria bom conhecê-lo. Á que horas?
– Deixe-me ver... Às 20:00 está bom para você?
Ela pensou um pouco. – Está ótimo. – Ela consultou o relógio. – Nossa, é tarde. Vou buscar Isabella. – ela caminhou em direção ao canil.
Ele, porém, permaneceu parado no mesmo lugar.
Logo as duas retornavam.
– Isabella, agradeça sir Archibald pelo almoço e pelo presente que você receberá.
– Eu disse que ela pode me chamar de Etienne. – respondeu ele ríspido.
Ela olhou para ele, surpresa. O que havia de errado?
– Isabella, você pode me chamar de Etienne ou de tio, se preferir.
– Tio Etienne é melhor. Se você vai tomar conta de mim como a tia Sammy, então você também é meu tio. – Ela abraçou-se a ele. – Muito obrigada, tio Etienne. Por tudo.
– Eu é que agradeço. Você iluminou meu dia, Isabella.
– Até logo, Etienne. – despediu-se Samantha.
– Até logo, Samantha. Vou pedir a Anthony levar vocês.
O motorista já a postos, abriu a porta do carro para que elas entrassem. Logo o carro partia, deixando para trás um Etienne apaixonado e frustrado nas mesmas enormes proporções.
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