Adorável Tutor escrita por Lu Rosa


Capítulo 5
Quatro




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/553654/chapter/5

Aquele seria um almoço que os criados de Etienne lembrariam por muito tempo. A vaidade destruída pela inocência de uma criança.

Isabella, em nenhum momento, se deixou enganar pelo tom doce de Ethel Bloomfield.

Quando a intrometida mulher colocou os olhos em Isabella, Samantha estremeceu. Parecia um lobo em pele de cordeiro. Ethel percebeu imediatamente que Isabella não era uma criança comum e tratou de tentar conquista-la.

– Etienne, ela é linda! Criança, qual é o seu nome?

– É Isabella Elisabeth Benson.

Samantha soube instantaneamente que Isabella não gostara de Ethel Bloomfield. Ela só dizia seu nome inteiro para pessoas não dignas de sua confiança.

– É um nome muito comprido para uma criança tão pequena.

– Não. Não é. Meu médico disse que eu sou até alta pra minha idade. E minha mãe disse para mim que eu tenho o nome de duas rainhas. Isabel da França, Elisabeth da Inglaterra.

– Nossa, Isabella. Você é muito inteligente. – a mulher tentou ainda entre uma garfada e outra.

Isabella calou-se.

– Queridinha... Sua mãe não lhe falou que feio não responder às pessoas quando elas falam com você?

Samantha fincou as unhas nas palmas controlando-se para não jogar todo seu vinho na cara da mulher.

Isabella terminou de mastigar e retrucou.

– Sim, ela me disse isso sim. Mas ela também disse que era feio falar com a boca cheia.

A mulher tornou-se escarlate e até Smith, o sisudo mordomo fez força para não rir.

Nada disso passou despercebido à insuportável mulher e alterada ela levantou-se da mesa:

– É inaceitável, Etienne, que você permita isso.

Ele permaneceu inalterado.

– A menina só respondeu a sua pergunta, Ethel.

– Eu não vou ficar aqui, recebendo insultos de uma fedelha mimada.

Samantha se moveu com tanta rapidez que todos apenas perceberam o vinho escorrendo pelo rosto de Ethel e manchando o elegante vestido.

– Isso é para que você aprenda. Não se intrometa com a minha sobrinha, mulher. – disse com voz estrangulada.

Etienne só observava. Samantha estava transformada. A jovem quase delicada, não existia mais. No lugar havia aparecido uma leoa pronta a defender o filhote.

– Etienne Archibald! O que você diz disso?

– Eu acho que se você não for embora agora, você vai perder o seu vestido. Essa mancha não sai tão fácil. – ele retrucou calmamente.

A mulher bufou, revirou os olhos, fez beicinho e saiu pisando duro.

Os três se entreolharam. Etienne até que tentou, mas não conseguiu segurar o riso. Logo os três riam, aliviados com a saída intempestiva de Ethel.

Ethel saiu entrou no seu carro e saiu em toda velocidade, nem se importando com os pedestres. Ela não também percebeu o homem sinistro que vigiava a casa com olhos de águia.

Depois do almoço, Isabella ainda olhava os cãezinhos e Etienne e Samantha caminhavam um pouco pelo jardim.

– Etienne, eu peço desculpas pelo que aconteceu no almoço. Mas eu não suporto quando mexem com Isabella.

– Bobagem. Isabella me conquistou. Nunca conheci uma criança como ela.

– Você ainda não conhece direito. – sorriu Samantha – Aposto que em pouco tempo você começará a ter cabelos brancos por causa dela.

– Você não tem. – ele retrucou olhando para os fartos cabelos negros. – Na verdade, tenho certeza que você irá demorar muito até tê-los.

E juntando ação às palavras, tocou em uma mecha dos cabelos dela.

A moça sentiu um estremecimento instintivo ao toque dele.

O rapaz percebeu e deixou que a mão caísse lentamente sobre o ombro dela, acariciando – o com a ponta dos dedos.

Samantha continuava com os olhos baixos.

A vontade de Etienne era puxá-la para si e provar-lhe o sabor dos lábios rosados. Mas, como cavalheiro que era, não queria assustá-la.

Ele limitou-se a continuar caminhando como se nada tivesse acontecendo.

– Você tem algum plano para segunda?

– Eu pensei em ir até o centro fazer algumas compras.

– Isabella vai com você?

– Não. Ela tem aula de piano de manhã.

– Ah... As aulas de piano. Ernestine também fez com que eu e Norton as tivéssemos também.

– Isabella adora piano. Ela pratica bastante. Ela é muito sensível.

Ele parou defronte a ela:

– Segunda-feira eu tenho um compromisso inadiável no Ministério. Gostaria de jantar comigo? – Ele arriscou.

– Eu não sei... Não haverá comentários? Onde?

– Tem um restaurante próximo ao Parlamento. É muito bonito e a comida é boa. Além de ser discreto por motivos óbvios. Você o conhece?

– Não. Mas seria bom conhecê-lo. Á que horas?

– Deixe-me ver... Às 20:00 está bom para você?

Ela pensou um pouco. – Está ótimo. – Ela consultou o relógio. – Nossa, é tarde. Vou buscar Isabella. – ela caminhou em direção ao canil.

Ele, porém, permaneceu parado no mesmo lugar.

Logo as duas retornavam.

– Isabella, agradeça sir Archibald pelo almoço e pelo presente que você receberá.

– Eu disse que ela pode me chamar de Etienne. – respondeu ele ríspido.

Ela olhou para ele, surpresa. O que havia de errado?

– Isabella, você pode me chamar de Etienne ou de tio, se preferir.

– Tio Etienne é melhor. Se você vai tomar conta de mim como a tia Sammy, então você também é meu tio. – Ela abraçou-se a ele. – Muito obrigada, tio Etienne. Por tudo.

– Eu é que agradeço. Você iluminou meu dia, Isabella.

– Até logo, Etienne. – despediu-se Samantha.

– Até logo, Samantha. Vou pedir a Anthony levar vocês.

O motorista já a postos, abriu a porta do carro para que elas entrassem. Logo o carro partia, deixando para trás um Etienne apaixonado e frustrado nas mesmas enormes proporções.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!