Adorável Tutor escrita por Lu Rosa


Capítulo 13
Doze




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/553654/chapter/13

Os dois homens entraram no saguão do hotel e foram direto para os elevadores.

Um segurança tentou barrar-lhes a passagem.

– Desculpem-me mais só é permitida a entrada dos hospedes.

Antes que Etienne abrisse a boca, Watson disse para o segurança:

– Escuta aqui meu rapaz, minha esposa está lá dentro com o amante. Agora eu posso resolver isso como um cavalheiro. Discretamente. Ou eu posso arranjar a maior confusão aqui mesmo, cm direito a policia, repórteres e tudo mais. O que você decide? - ele colocou as mãos na cintura e esperou que o blefe funcionasse.

O segurança pensou e decidiu:

– Suba, mas por favor não quebre nada.

– Não se preocupe. Vou lavar a minha roupa suja em casa. - Então eles entraram no elevador.

– O que pensa em fazer, Etienne?

– Eu queria era esmurrá-lo até fazê-lo perder a consciência. Mas como você disse não posso tocá-lo. Seria um desastre. Então, só quero encontrar Isabella e Samantha e sair daqui o mais rápido que eu puder.

O elevador subiu até a cobertura e as portas se abriram.

Eles ficaram frente a frente com dois homens.

– O que querem ? - O mais alto perguntou.

– Etienne, não existe nada contra bater nos capangas...

– Então tá.

Sincronizadamente os dois esmurraram os dois, derrubando-os no chão.

– O capitão ficaria orgulhoso de você, Justin.

O outro riu e respondeu:

– De mim ele talvez ficasse surpreso. De você nem tanto. Agora vamos.

Eles começaram a abrir as portas, sem resultado.

Mas ao abrir a última delas eles se depararam com um espetáculo dantesco: Um homem socava repetidamente outro preso à uma cadeira, enquanto uma garotinha assistia a tudo, chorando.

– Acho que encontramos sua pupila.

– Sim, é ela. Mas aquele é o Sr. Minoru, amigo da Samantha. Venha.

No momento em que Bamburguer iria desferir mais um soco em Minoru, Etienne segurou o braço dele.

– Isso, senhor, é uma covardia. Por que você não enfrenta alguém que possa revidar.

Os dois homens ficaram se encarando. Mas quando Etienne ia avançar, Justin colocou a mão em seu ombro e disse:

– Deixa que eu me entendo com esse aqui. Solte Isabella e procure por Samantha.

– Está bem. – Ele correu na direção de Isabella e começou a soltar as amarras. Depois deu uma verificada em Minoru. Estava ferido, mas parecia bem.

O Japonês conseguiu articular algumas palavras:

– Não se preocupe... Ache Samantha...

A criança correu e se agarrou à Etienne, chorando:

– Tio Etienne, por que fizeram isso? Levaram o Teddy de mim. Eu quero o Teddy.

– Calma, queridinha. Vamos achar o Teddy e sua tia.

– Tia Sammy está aqui? – a pequena começou a enxugar as lágrimas.

– Está. Só temos que descobrir onde.

– Eu ouvi aquele homem mau dizendo que a inglesa estava na suíte do patrão e que hoje ela iria conhecer a tocha da Estátua da Liberdade. O que ele quis dizer, Tio Etienne?

Etienne semicerrou os olhos e apressou o passo em direção à suíte principal.

– Quer dizer que temos que encontrar sua tia depressa.

Eles chegaram à porta dupla entalhada e ouviram alguém gritar.

– Isabella, eu quero que você fique escondidinha aqui. – levou a menina até um vão entre duas colunas. – Só saia daí se eu vir pega-la, está bem?

– Sim, tio. Traga a Tia Sammy e o Teddy pra mim.

Ele afagou os cabelos da menina e devagarzinho entrou na suíte.

Quando ele viu sua amada Samantha debatendo-se na cama para tentar fugir dos beijos e caricias de van Keffler, seu sangue escocês falou mais alto que a prudência inglesa e ele partiu para cima do americano

– Seu canalha, deixe minha noiva em paz.

Van Keffler soltou a jovem e se virou:

– Ora... Quem veio nos fazer companhia esta noite. O Sr. Político perfeito. Muito bem, eu não tenho objeção por sua participação na nossa festinha. Você tem querida?

Samantha tentava se compor juntando os pedaços da roupa rasgada por van Keffler. Ela olhou para Etienne e ele pôde ver o quanto ela estava sofrendo com àquela situação.

– Eu vou acabar com você, van Keffler.

– E se arriscar a um escândalo. Eu tenho imunidade diplomática, Archibald. Você não pode me tocar.

Etienne por um momento pensou em tudo que conquistara. Nos projetos que ele ainda teria pela frente.

– Você está certo. Embora eu devesse esmurrar você até que perdesse a consciência, mas vou poupar Samantha de uma cena dessas.

Ele começou a andar em direção à cama estendendo a mão para ajudar Samantha a sair da cama.

Depois ele jogou sobre ela a colcha que cobria a cama, para que a roupa rasgada não aparecesse.

Van Keffler não se deu por vencido:

– Você está é com medo, Archibald.

Etienne avançou para ele e o agarrou pelo colarinho:

– Eu adoro meu trabalho, mas você se dirigir à mim ou a qualquer um dos meus outra vez, eu acabo com você!

– Etienne... – chamou Samantha.

Ele largou o americano e correu para ela.

– Sim, querida? Vamos embora daqui. – começou a levá-la em direção a porta.

– Isabella? Você a encontrou?

– Sim, querida. Ela está a salvo.

– Ótimo. – com meia volta ela se livrou dos braços de Etienne e voltou para onde estava van Keffler.

– Ora, querida já com saudades.

Ela não se dignou a responder. Deu lhe um golpe com a mão no nariz de van Keffler que o desnorteou. Sem dar chance para ele se recuperar ela aplicou-lhe um chute no estomago e levantando a perna o mais alto que pode bateu com o calcanhar em suas costas, derrubando-o no chão.

Ele ainda tentou se erguer, mas com uma pirueta que parecia um passo de ballet, Samantha acertou-lhe o rosto, fazendo com que ele, após dar uma volta em torno de si mesmo caísse estatelado no chão.

Ela oscilou e Etienne correu para segurar a amada.

– Se você – disse ofegante – tivesse um pingo de decência, iria embora do meu país para nunca mais voltar.

Ele não respondeu, estava desmaiado.

– Vamos, Samantha. Vamos sair daqui.

Encontraram com Justin e Minoru que vinham do outro quarto:

– Droga, Etienne! Eu não falei que você não podia tocar nele. Vai ser uma confusão dos diabos!

Ele olhou para a noiva e disse orgulhoso:

– Não fui eu. Foi ela. – indicou Samantha

Ela olhou para ele e retrucou, séria:

– Temos muito que conversar, Sir Etienne Archibald.

O silencio reinava na casa. Os criados executavam suas tarefas de forma silenciosa e tensa. O mordomo observava todos com uma expressão austera e triste ao mesmo tempo.

Chovia muito naquele final de semana. Samantha via a chuva bater na janela e outra época estaria junto com sua sobrinha, contanto histórias ou desenhando ou brincando com a casinha de bonecas. Mas a menina também não queria falar mais com a tia.

Mas ela não conseguia perdoa-lo pelas acusações daquele dia. Ele passava os dias tentando falar com ela pelo telefone e pessoalmente e ela não o atendia. Mandou um jardim em ramalhetes de flores, ela mandava devolver. De nada adiantou. Até Isabella iniciou uma campanha de protesto contra a negativa da tia de perdoá-lo. Então, como nada adiantava, a menina resolveu fazer uma greve de conversas. Até os empregados que estavam tão felizes com o noivado, emudeceram. Pareciam autômatos realizando as tarefas. Verdadeiros soldadinhos de chumbo, respondendo às suas ordens, mas falando o mínimo possível.

Mas o pior era a campanha do coração. De dia, ela pensava nele. Se estava trabalhando, se estava bem, se não houvera nenhuma represália da parte da Embaixada Americana. Nunca houvera nenhuma referencia ao drama daquela noite nos jornais. De noite era com seu abraço, com seus beijos que ela sonhava. Ao ouvir uma música, começava a chorar. Estava sensível demais.

Mas observando a chuva cair torrencialmente no jardim, ela começou a refletir. E no lugar dele, o que teria feito? Teria tido paciência de ouvir a versão dele dos fatos. Ainda mais sabendo que ele era um solteiro cobiçado. Que poderia ter qualquer mulher que quisesse. Ela realmente teria dado alguma chance à ele. Ela sabia, honestamente, que não. Teria cometido os mesmos erros e talvez, orgulhosa, nunca teria ido pedir perdão.

Então ela levantou do banquinho, junto às janelas francesas da biblioteca e decidiu-se. Iria procurá-lo. Em casa ou no trabalho, ela iria encontrá-lo. Pedir o seu perdão pela teimosia e tentar reconquista-lo. Pediria ajuda à Isabella, se precisasse. Mas ela iria vencer esta batalha de vontades.

Subiu ao quarto feliz com a decisão e até arriscou alguns passos de dança no corredor. A Sra. Felton que saía do quarto de Isabella se assustou com toda aquela agitação. Depois entendeu, levantou as mãos para o alto e sorriu.

Mas quando Samantha chegou ao seu quarto e olhou pela janela para ver se a chuva havia parado, ela começou a ouvir gritarem seu nome da rua.

– Tia Sammy! Tia Sammy! – Isabella entrou no quarto correndo – É o tio Etienne. Ele ta lá na chuva.

– O que aquele maluco pensa que está fazendo? – ela abriu as janelas e gritou:

– O que você está fazendo aí fora, Etienne. Saia dessa chuva.

– Eu não vou sair até você falar comigo.

– Senhorita, os vizinhos estão ligando para cá, perguntando que algazarra é essa em sua porta. – argumentou Clobber

– Tia Sammy, ele vai ficar doente como a vovó... – choramingou Isabella

– Isabella, sua avó ficou doente do coração. Não de tomar chuva.

E lá fora os gritos continuavam:

– Samantha! Venha aqui fora.

Duas criadinhas cochichavam:

– Eu acho que ele está bêbado.

– Que nada! Ele está é apaixonado. – ela juntou as mãos junto ao peito e suspirou. – Que romântico!

– Senhorita, - a Sra. White de impermeável na mão pediu – peça para que ele entre. Está uma chuva terrível!

– Não. Eu vou lá fora conversar com ele. Dê-me o impermeável.

Saindo para a chuva, Samantha parou defronte a ele:

– Está bem, estou aqui. O que quer?

– Que você me perdoe, Samantha.

Ela colocou as mãos na cintura, pronta para brigar.

– Você duvidou da minha honestidade. Isso é imperdoável.

– Eu sou humano, Samantha. Posso errar.

– Mas você deveria ter acreditado em mim. Você não me deu chance de defesa.

– É eu não dei nenhuma chance! – ele perdeu a paciência. – você teria feito o mesmo.

– Por que diz isso?

– Por que você é tão teimosa quanto uma mula!

– eu não sou teimosa quanto uma mula! E não vou ficar aqui ouvindo seus asneiras. – dito isso ela virou as costas.

Ele foi atrás dela.

– Ah, não vai não. – e colocou a mão no ombro dela.

Minoru chegou a fechar os olhos...

Em um ato reflexo, Samantha pegou a mão de Etienne e ele deu uma volta do ar e caiu de costas no chão, ficando de olhos fechados, tentando recuperar o ar.

– Ah meu Deus! – ela gritou – Etienne, fale comigo! Você está bem? – sacudiu-o varias vezes, tentando reanima-lo. – Está machucado?

Ele abriu os olhos devagar e respondeu.

– Dói...

– Onde? Aqui? – segurou o braço dele, apalpou as costelas, tentando ver se ele quebrara algum osso

– Não. Aqui. – e apontou para o peito.

– Ai, eu sabia. Vamos tente levantar.

Com dificuldade ela o ajudou a levantar.

– Você está mais calma?

– Estou. Depois disso não posso mais ficar brava com você.

– Ótimo. – e segurando seu rosto, beijou-a apaixonadamente.

Ela se rendeu ao beijo instantaneamente. Os dois entraram num mundo só deles e nem mais sentiam a chuva forte que molhava seus corpos ou os aplausos da platéia que os observavam da varanda.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!