Peguei um cavalo emprestado e saí em busca dela, não havia rastro nem nada para que eu pudesse me orientar, só depois de várias e várias horas notei uma marca em uma árvore, parecia que uma flecha tivesse passado de raspão e arrancado uma lasca do tronco. Mesmo assim não era uma evidência concreta de que a tal flecha tenha sido disparada por Tauriel então continuei a procurar.

Não percebi quanto tempo estava fora até a noite surgir. Ainda nada dela, porém não desisti, fui por vários caminhos diferentes e em cada um deles a atmosfera mudava para pior, era ridículo pensar em perigo uma hora dessas quando a minha esposa desaparece e pode estar correndo risco. Mas Tauriel é esperta, seja lá o que for só pode ter sido alguém mais esperto que ela para... Evitei o pensamento antes que a minha ansiedade aumentasse. O cavalo estava cansado, cavalguei nele o dia inteiro, fui generoso em lhe dar um descanso, eu mesmo também me recostei em uma árvore pretendendo ficar ali apenas alguns minutos antes de continuar a busca.

O cansaço começou a pesar em meus olhos, sem perceber adormeci. Acordei aos poucos sentindo uma dor latejante em minha nuca que se espalhou por toda a minha cabeça. Por fim abri os olhos, quando minha visão se acostumou e vi onde eu estava desejei não ter acordado. Era um lugar sujo e podre, se assemelhava a uma caverna mas havia muitas coisas lá. Um barulho irritante de um gotejar incessante ecoava pelas paredes do lugar, foi quando me situei melhor que notei minhas mãos amarradas assim como os pés, e eu estava sentado em um canto qualquer. Comecei a me mexer e me sacolejar numa tentativa de me soltar mas as cordas estavam tão bem presas que chegava a doer de tão apertadas.

Dei uma boa olhada ao meu redor e um feixe fraco de luz – parecia ser de uma fogueira - iluminou o outro lado da caverna, não muito longe de mim avistei outra pessoa. Quando finalmente a reconheci uma onda de desespero inundou meu espírito, era Tauriel! Suas mãos estavam presas em algemas fixadas na parede de pedra muito acima de sua cabeça, seus olhos estavam fechados e seu rosto estava marcado com alguns arranhões leves e seu corpo estava disposto de uma posição não muito confortável, ela foi acorrentada ali desmaiada.

– Tauriel – chamei com a voz rouca, mas suas pálpebras não se moveram.

– O que tem a ver isso? – ouvi alguém dizer de longe.

– Você não sabe de nada, seu grande tolo! – outro alguém falou.

– Por que não vai vigiar os prisioneiros? É o melhor que você faz – a primeira voz falou.

– Eu vou por que é meu dever, não recebo ordens de alguém que fede a peixe! – o segundo respondeu.

Uma sombra se moveu na luz vindo até onde estávamos, fechei os olhos e fingi estar desacordado. Os passos se aproximaram de mim depois se afastaram, nesse momento abri o olho esquerdo em uma fenda para ver quem estava ali e reconheci ser um orc. A criatura cutucou um pouco Tauriel e o corpo dela sacudiu de leve e nada mais, isso me preocupou, será que eles a agrediram tanto que a matou? Nesse momento uma pontada forte de vontade de mata-los quase fez com que eu entregasse meu disfarce, por fim o bicho deu meia volta e voltou para o lugar de onde veio.

– Eu vou tirar a gente daqui – sussurrei para ela sem saber se estava escutando ou não.

Durante uma hora tentei de alguma maneira encontrar uma pequena faca que eu sempre levava comigo, mas é claro que aqueles nojentos me revistaram. A única maneira de escapar seria antes saber o que eles pretendiam fazer conosco. Nesse tempo que fiquei tentando me soltar também ouvi as conversas deles, algumas coisas sobre comida, a maior parte brigando por motivos insignificantes, mas o que me chamou a atenção foi quando eles mencionaram um “mestre”. Se tinham um líder foram obrigados a fazer isso comigo e com Tauriel, só restava saber quem era e como eu iria mata-lo.