Wander estava com uma aparência um pouco pálida e suas vestes tinham um grande acúmulo de sujeira. Fora do Templo ele levantou sua espada e foi guiado para a sua esquerda. Depois de seguir reto, havia um grande buraco em sua frente, e ele teve que fazer um desvio, andando com Agro em uma passagem estreita que levava ao outro lado.

Chegando lá, depois de passar por uma passagem entre algumas montanhas, Wander chegou a um lago. Mas o lago havia algumas construções antigas nele. Logo a sua frente tinha uma parede que aparentava ser uma muralha com uma entrada submersa. Parecia que aquele lago não era natural de lá e o lugar foi inundado.

Wander desceu de seu cavalo e mergulhou.

Depois de nadar até a entrada, em sua frente havia uma torre alta entre quatro paredes. Wander vendo que era o único jeito de ir para o outro lado do lago, escalou a torre.

— O que devia ser esse lugar? — Wander se perguntou.

Depois de escalar, o jovem se encontrou em um corredor com grades nos lados, e no fim havia algo parecido com uma varanda, mas com grades também, impedindo a ultrapassagem.

— Parece que o jeito vai ser escalar essa gra... — dizia enquanto andava até a varanda, mas antes que pudesse terminar de falar, foi coberto por uma enorme sombra que o surpreendeu — O que é isso?! — exclamou.

No céu, um pássaro de 40 metros estava voando. Sua cauda era tão longa quanto a altura do primeiro colosso, assim como a distancia da ponta de uma asa à outra.

— Este é Avion, a Ave de Rapina.

Wander assustado com o tamanho do colosso, tropeçou e caiu da varanda, que possuía um buraco, provavelmente causado pelo tempo, por ser uma construção muito antiga.

Caindo no lago, Wander nadou até a superfície do lago e procurou o grande pássaro nos céus. O colosso não estava mais voando, ele pousou em uma coluna alta de pedra no fim do lago e lá ficou.

Espalhado pelo lago havia várias construções de pedra já desgastadas e quebradas. Perto de onde Wander caiu estava uma dessas construções. Elas pareciam pontes de pedra, e abaixo, na altura da água, havia plataformas quadradas, cerca de quatro a cada ponte.

Wander nadou até a plataforma mais próxima e subiu nela, saindo da água. À sua frente estava Avion parado o observando. Wander esperou para que o colosso tentasse o atacar, mas em vão.

— Use o teu arco e flecha para ganhar a atenção do colosso... Fique de pé na plataforma na superfície do lago para aproveitar seu ataque... — disse a voz de Dormin que ecoava por todo o lago.

Wander sacou seu arco e mirou no colosso, acertando-o no bico. Irritado, Avion revidou o ataque, voando em direção de Wander com grande velocidade. Wander então guardou seu arco e esperou o pássaro se aproximar.

Diferente dos pássaros normais, Avion possuía pelos ao invés de penas, e em sua asa, perto de sua cabeça havia muita pelugem, fazendo com que fosse possível Wander agarrar-se lá.

Depois que Wander se segurar na asa de Avion, o pássaro gigante elevou sua altitude e velocidade de voo. Nos céus, Wander mal conseguia se mover por causa do forte vento que o atingia, então para tentar reduzir a velocidade do colosso, ele fez um pequeno corte no animal.

Avion olhou para Wander em sua asa com seus vermelhos e guinchou. O som que o colosso fez quase ensurdeceu Wander. Para tentar tirar o jovem da asa, a criatura começou a girar no ar, e não aguentando, Wander caiu em cima de uma das pontes de pedra.

Ao cair, o jovem largou sua espada, que ficou no outro lado, no fim da pequena ponte. Sem esperar se recuperar do tombo, Wander levantou-se e foi pegar sua espada, mas Avion pousou em sua frente, bloqueando o caminho. Wander pegou rapidamente seu arco e mirou no colosso, entretanto não conseguiu atirar, pois o animal bateu com o bico em seu arco, jogando-o no lago.

O colosso foi se aproximando lentamente de Wander, e para a surpresa do jovem, a ave fechou os olhos e encostou lentamente a cabeça nele.

Wander ficou paralisado com a atitude do colosso e encostou sua mão no animal, acariciando-o de leve. “Eu devo realmente fazer o que Dormin manda? Isso não parece certo.” Pensava.

Avion começou a adormecer. Wander sorriu. Subitamente Wander furou o olho do colosso com uma de suas flechas e correu até sua espada. Antes que a criatura levantasse voo, o garoto pulou em sua cauda e começou a esfaqueá-la, atrapalhando a estabilidade de Avion no ar.

Em baixa altitude, Wander se segurou nos pelos da cauda do animal e enquanto ia até sua cabeça, cravava a espada, consequentemente acertando sua coluna. Gritando de dor, Avion tentava girar para tirar Wander de suas costas, contudo não surtiu muito efeito.

O jovem chegou à asa direita do colosso e cravou-lhe sua espada uma vez. Sem controle, a ave bateu na parede da montanha e foi perdendo altitude cada vez mais. Já desesperada, a criatura arrastou a sua asa na parede, com as esperanças de matar Wander, mas ele já havia saído da asa e estava indo em direção da outra.

Antes de fincar sua espada novamente no colosso, vieram à sua mente as imagens de Avion querendo carinho.

— Quem realmente é o monstro? Esses colossos... ou eu? — disse a si mesmo com certo remorso.

Sem conseguir manter o voo, Avion tombou no lago, se afogando.

Wander nadou até a plataforma quadrada novamente e foi pego pela fumaça que saía do colosso.

— Não... — disse uma voz que parecia ser a de Mono.

Wander voltou ao Templo inconsciente e estava rodeado por cinco silhuetas de pessoas. A quinta estátua se despedaçou. Wander acordou. Seu arco estava com ele novamente.

— Teu próximo inimigo é... Um gigante esconde-se debaixo do templo... Ele deseja a destruição... Mas um tolo, não é. — disse Dormin, sobre o próximo colosso.

Wander então olhou para as estátuas destruídas e para as que ainda faltavam, lembrando-se do sofrimento das criaturas.

— Esse é um mal necessário. Essas criaturas merecem morrer, elas são o único obstáculo entre eu e Mono. Eu não aceitarei isso! — disse confiante montando em Agro. — Vamos acabar logo com isso.