Capítulo 11 – Sonho e pesadelo

  O dia amanhecera quente, mas ainda assim, Rukia não queria sair de baixo dos lençóis, pois os braços fortes de Byakuya ainda a envolviam pela cintura, fazendo-a relembrar a noite anterior, onde se beijaram e ela fez amor com ele pela primeira vez.

  Nunca imaginou que aquilo pudesse de fato acontecer.... Era como se vivesse em um sonho e ela não queria acordar. Não enquanto podia fantasiar que aquele sentimento dentro dela não era unilateral.  

  Respirou fundo, sentindo o peito do moreno descer e subir junto ao seu, em uma respiração constante de quem dormia um sono pesado e foi com isso em mente que ela esticou o pescoço, beijando os lábios do mesmo levemente.

  Não passara de um simples selinho, mas todo seu corpo entrou em alerta ao encarar os olhos acinzentados que a olhavam curioso.

  O Kuchiki a pegara no fragrante e ela não conseguia imaginar o que ele poderia fazer, então logo fosse tentando se afastar, mas notou ser impossível, já que o moreno a apertava cada vez mais contra si, retribuindo o selinho que ela havia lhe dado momentos antes.

— Bom dia — ele sussurrou entre os lábios da moça, que se sentia atordoa e feliz ao mesmo tempo.

— Bom dia....

— Eu não queria ter que levantar agora — ele reclamou sem deixar seu habitual tom frio de lado. — Mas temos um compromisso hoje.

  Iria se desculpar por tê-lo acordado sem querer, mas o uso da primeira pessoa do plural a fez parar e perguntar logo em seguida:

— Nós?

— Sim — respondeu, levantando-se da cama.

  E como se um banho de realidade caísse sobre ela, a morena se lembrou que aquele era o penúltimo dia de seu acordo com o belo homem nú a sua frente, afinal, voltando ao mundo real, a noite passada já não significava mais nada para ele.

  Sorriu amargamente consigo mesmo. Sabia que não podia esperar mais do que Byakuya já lhe oferecera. Ela era apenas uma prostituta que tirara a sorte grande de receber tão bem por apenas uma semana. O que mais podia querer?

— O que devo vestir? — indagou ao ignorar a dor que sentia, mascarando toda aquela magoa com seu tom descontraído.

— Nada muito sofisticado — respondeu do banheiro. — Vamos apenas passar a tarde no Jockey Club num evento beneficente da empresa.

— Certo.

  Esperando que o moreno saísse do banheiro, ela escolheu um delicado vestido florido e o deixou sobre a cama ao ver Byakuya caminhar pelo quarto ainda nú, a procura de suas roupas. Ele parecia descontraído e bem-humorado, mas ela ainda não conseguia achar graça na exposição do Kuchiki.

  Vê-lo caminha em toda sua gloria só a fazia se lembrar de que nunca poderia tê-lo por completo e aquilo doía, era quase a mesma dor que sentiu ao perder Ichigo. Quase... tanto que sentiu seus olhos marejarem e então correu para o banheiro, tomando um banho rápido.

  Em menos de vinte minutos já se encontrava pronta, ao lado de Byakuya, que a observava calado pelo canto dos olhos. Estranhamente, todo o seu ar de descontração passara, deixando apenas a antiga mascara fria, com a qual Rukia já se acostumara. E talvez aquilo fosse o melhor. Pois assim, aqueles malditos sonhos que a atormentavam, ficassem trancados em seu coração.

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  Fizeram todo o caminho, desde o quarto do hotel até o Jockey Club, em silêncio e Byakuya se sentia incomodado com a tristeza que podia ver nos olhos da pequena mulher. Ele sabia que a havia atormentado noite passada ao importuna-la sobre Ichigo e se arrependia disso, mas pensara que tudo havia sido esquecido ao acordar sentindo os doces lábios dela contra os seus.

  Doce engano!

  A morena parecia cada vez mais distante e ele não conseguia suportar aquilo quando tinha tão pouco tempo.

  Desejava poder parar o tempo para tê-la apenas para si pelo resto da vida, mas o ser humano ainda não era capaz de realizar tal façanha, então se contentou em tentar planejar algo para convence-la a permanecer ao seu lado.

— Byakuya — ouviu seu nome ser chamado ao longe, tirando-o de seus pensamentos.

  Olhou em volta, vendo Aizen acenar para ele acompanhado por Ukitake, que sorria gentilmente.

  Respirou fundo, apertando com gentileza os dedos de Rukia junto aos seus, caminhando em direção aos dois. A morena parecia ainda mais tensa com tantas pessoas a sua volta, mas eu já não podia fazer nada.

— Vejo que trouxe alguém com você — disparou Aizen ao analisar a mulher ao lado do Kuchiki. — E ela é linda — sorriu e pode ver Rukia corar tímida.

  Não sabia bem o porquê, mas Byakuya desejou tirá-la dali e guardá-la apenas para si, onde os olhos cobiçosos de nenhum homem pudessem a alcançar.

— Obrigada — ela respondeu tentando sorrir. — Olá, Ukitake-san.

— Olá, Byakuya-san, Rukia-san. É um prazer revê-la — riu ele.

  Uma conversa tediosa se iniciou ali, e ele apenas não conseguia tirar os olhos de Rukia.

  Era claro para o moreno que ela não queria estar ali, mas se mantinha forte, sorrindo e conversando educadamente com Aizen e Ukitake.

  Rukia estava tentando ser profissional e aquilo o incomodou.

  Será que ela pensava que tudo o que existia entre eles era parte do acordo?

  Respirou fundo ao vê-la se levantar:

— Com licença, senhores — declarou nos dando as costas e ele a seguiu.

— Aonde vai? — perguntou ao alcança-la.

— Ao banheiro — a confusão estava clara em sua face.

— Ah sim... — sentia-se constrangido, então apenas concordou com a cabeça voltando para onde Aizen ainda conversava animado com Ukitake.

  Bufou desejando poder voltar logo para casa, onde poderia perguntar tudo o que incomodava a mulher e depois confortá-la em seus braços afastando-a de qualquer pesadelo que a atormentava, ou era assim que ele pensava...

  Não podia estar mais errado.

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  Observou seu reflexo no espelho enquanto retocava o batom rosado que usava. Se sentia em um pesadelo, onde pessoas a analisavam, julgando por estar ao lado de um homem como Byakuya.

  Desde que passara pelo portão de entrada do local, as pessoas a observavam curiosas e não podia deixar se incomodar pelos olhares maliciosos do companheiro de Byakuya, que não para de encará-la e foi por isso que fugira.

  No entanto, já sabia estar na hora de voltar. Guardou o batom na bolsa pequena que leva consigo e saiu do banheiro, encontrando os olhos verdes de Shiba Kaien, que alisava um cavalo a poucos metros dali.

  Ele sorriu acenando e Rukia não conseguiu sorrir de volta, caminhando até o rapaz.

— Olá — ela saudou ao alcança-lo.

— Oi. Como vai? — sorriu e seu sorriso era tão parecido com o de Ichigo que ela quase perdeu o folego.

  Kaien poderia facilmente se passar por irmão gêmeo do outro e poucos notariam a diferença entre eles, fora a cor dos cabelos.

— Bem e você? — perguntou a morena.

— Estou bem. Veio com o Kuchiki? — sua voz parecia ganhar um tom um pouco irritado ao falar o nome do outro e Rukia apenas concordou.

  Sabia que devia ir até Byakuya, mas estava adiando aquele momento o máximo possível. Então conversaram por vários minutos sobre trivialidades até Rukia finalmente voltar para onde Byakuya estava conversando baixo com Aizen, que sorriu com desdém ao encara-la.

  E foi naquele momento que souber que seu segredo já não estava mais seguro. Precisava se afastar de Kuchiki Byakuya o mais rápido possível.  

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  Apertou as mãos em punho.

  Um ciúme doentio se apoderou de si ao ouvir Aizen dizer que Rukia estava conversando animadamente com Shiba Kaien. Sabia que não devia se sentir assim, confiava na morena, mas saber que o outro poderia estar tentando toma-la de si o deixava cego.

— Tem certeza de que ela não é uma espiã dos Shiba? — indagou o Sousuke.

— Tenho — murmurou friamente.

  Ele estava à beira de explodir.

— Mas como pode ter tanta certeza? Você nem a conhecia até uma semana atrás...

— Já falei que não tem como eles terem se conhecido antes. Rukia é apenas uma prostituta que eu contratei....

  Mordeu a língua, aquele era um segredo que devia permanecer apenas para ele, mas agora tudo estava perdido.

— Entendo — foi tudo o que o outro respondeu sorrindo ao ver Rukia se aproximar.

  Byakuya não conseguiu olhar para a mulher depois de traí-la daquela maneira. Nunca havia desejado expô-la, mas agora era tarde demais e ele soube que nada mais seria a mesma coisa quando aquela noite terminasse.

  E assim, quando o céu estava azul-escuro o carro que os levava de volta para o hotel estacionou diante os dois e ambos adentraram o veículo em silêncio e assim permaneceram até adentrar a luxuosa suíte que dividiam a dias.

  Sem dizer uma palavra sequer, a morena caminho pelo quarto, pegando suas roupas velha e caminha em direção ao banheiro.

— O que vai fazer? — perguntou Byakuya ao segurá-la pelo braço.

— Vou me trocar — rebateu encarando-o.

— Vista suas roupas novas — o tom de voz do moreno deixava claro que aquilo não era um pedido.

— Me responda uma coisa, Byakuya — começou ela, puxando seu braço para que ele a soltasse, o que não teve muito efeito devido a força do Kuchiki. — Você contou, não é? Contou para o seu amigo o que eu sou.

  O silêncio dele foi tudo o que ela precisava para confirmar suas suspeitas. Aizen Sousuke a olhava como todos os homens que sabiam que podiam pagar por ela olhavam.

— Eu quero ir embora — ela declarou decidida.

— Não foi esse o acordo — contrapôs Byakuya. Ele não podia perde-la assim.

— Eu não me importo. Não quero seu dinheiro — cuspiu e o moreno a soltou devido a seriedade em seus olhos.

  Se sentia ainda mais culpado a cada segundo, mas a voz de Aizen soou em sua mente, lembrando-o de que Rukia estava a sorri para Shiba Kaien enquanto devia estar ao seu lado, como deveria ser.

— Você quer o do Shiba, não é?

  O som da mão de Rukia quebrou o silêncio ao se chocar contra a face de Byakuya. Agora sim compreendia, o sonho finalmente, acabara e o pesadelo apenas tivera seu amargo início.