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Austin Moon

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E mais uma vez, escutei Ethan dizendo que eu parecia um velho de tanto que reclamava.

Porque, claro, tudo o que eu queria era ficar preso dando aulas em uma faculdade quando na verdade, eu poderia estar, sei lá, em Malibu curtindo minhas férias cercado de mulheres.

Semana passada, Ethan, meu empresário e futuro ex-amigo, decidiu, por alguma razão ainda desconhecida por minha pessoa, que eu teria que parar tudo o que já tinha marcado para o resto desse ano para poder ser professor em uma faculdade. Mas o que ele tem na cabeça?!

– Me responda novamente, como foi que eu deixei você me convencer a fazer isso mesmo? –perguntei a criatura denominada Ethan, que estava sentado no passageiro, enquanto eu estava dirigindo rumo a McKinley, a tal faculdade.

Nem me preocupei se meu tom saiu um pouco rude. Eram sete horas da manhã e tudo o que eu queria nesse momento era estar deitado na minha cama, dormindo e dormindo.

– É simples. Ou você vai até essa universidade à procura de seu novo compositor ou, adeus carreira do Austin.

– Mas por que eu tenho que dar aulas ou sei lá o que naquele lugar? E outra, a gente poderia contratar qualquer pessoa para ser meu novo compositor. Não precisamos ir até lá só pra isso. – falei, e em seguida bufei.

– Você não se lembra daquela tal de Lavínia que enviou um e-mail na semana retrasada, dizendo que tinha fotos suas saindo completamente bêbado e acabado de uma balada em Denver? Quer que isso acabe caindo na mão da mídia? E quanto à imagem de "bom garoto" que você tanto zela?

– Mas o que isso tem a ver? – perguntei, já impaciente.

– Digamos que é uma precaução. Caso essas fotos que ela diz ter caírem na rede, pelo menos você trabalhando/ajudando em uma faculdade altamente renomada pode amenizar um pouco a situação.

Essa tal de Lavínia não era a primeira pessoa que dizia ter fotos ou qualquer outra coisa de mim nessas situações. Já me meti em várias confusões, isso eu garanto. Nem sei quantas vezes já saí de uma balada podre de bêbado, cambaleando por todos os lados e no final fazendo uma grande besteira, da qual certamente me arrependeria no dia seguinte. Já entrei em várias brigas, e ás vezes, saí todo quebrado. Perdi as contas de quantas multas já levei por excesso de velocidade ou quantas vezes já fui quase apreendido por estar dirigindo “bêbado e incapaz”, como diria meu querido amigo policial Ian. Se essas notícias saem na mídia? Óbvio que não! Ou vocês acham que eu ganharia o prêmio de “Figura Masculina Exemplar do Ano” se soubessem disso tudo? Sempre que alguma pessoa, jornalista ou paparazzi aparece com alguma foto ou qualquer outro material que me mostre em alguma situação daquela ou pior – acredite, já enfrentei coisas bem piores-, Ethan dá um jeito de subornar essa pessoa para que essas coisas nunca caiam na mão da mídia. Ás vezes é difícil, pois algumas pessoas acham que podem ficar podre de ricas apenas por terem uma foto minha desmaiado bêbado no meio da rua. Com essa Lavínia não foi diferente. A garota recusa todas as ofertas que meu empresário faz, e Ethan já estava ficando maluco com isso.

– Tudo bem, essa parte eu entendi, mesmo sendo totalmente contra. E quanto à parte do compositor? Por que logo lá?

– Já que você vai passar um bom tempo lá, já vamos aproveitar e tentar encontrar seu novo escritor por lá mesmo. Só estou unindo o útil ao agradável. – senti que ele ainda estava escondendo alguma coisa, mas seria inútil continuar tentando, então deixei esse assunto morrer por enquanto.

Logo, chegamos a tal McKinley. Assim que entramos, fomos direto para a sala da diretora – que também descobri ser a dona desse lugar-, que se apresentou como Srª Morian. Ela começou a explicar o quanto estava grata por me ter ajudando lá esse ano e mais um monte de baboseira que eu não prestei muita atenção. Tentei não ser muito grosso com a mulher, mas acredite, meu humor não é dos melhores quando tenho que levantar cedo. Ela nos levou para fazer um tour pela faculdade e admito que aquele lugar era bem grande, sendo que facilmente alguém pode se perder por ali se não andar com um mapa nas mãos. Sempre que algum estudante passava e me via, arregalava os olhos e parecia não acreditar que o famoso Austin Moon estava na sua universidade. Na verdade, até alguns funcionários tiveram essa mesma reação.

Por fim, fomos direto para o ginásio, onde a Morian iria dar as boas vindas e contar a grande novidade desse ano. Pensa na gritaria e na bagunça que os alunos fizeram quando me viram? Foi difícil acalmar tudo, mas depois a Morian disse que eu daria autógrafos e tiraria fotos com todos ali presentes. Ah, que ótimo!, pensei claramente com ironia. Depois de algum tempo, todos se acalmaram e logo, Morian começou com seu animador discurso. Digo isso porque, assim que ela começou a falar, considerei realmente a possibilidade de pegar uma cadeira ou até mesmo de dormir no chão. Ah, que saudade da minha cama!

Óbvio que tiraram o dia para testar minha paciência, pois um pouco depois da reunião no ginásio começar, uma garota que olhava alguma coisa totalmente insignificante dentro da sua mochila veio com tudo pra cima de mim. Atento e totalmente envolvido com o estimulante discurso da diretora que eu tava, nem percebi quando ela simplesmente entrou na quadra. Naquela hora, eu estava discutindo comigo mesmo se minhas meias combinavam ou não com meus tênis. Viu? Totalmente atento e envolvido nas palavras da Morian.

A única coisa que senti depois foram minhas costas batendo contra o piso gelado e um peso nada pesado(?) em cima de mim. Minhas costas latejavam um pouco, mas não era nenhuma dor que não fosse suportável. Olhei finalmente para a garota que estava em cima de mim. Confesso que ela até que era bonita, mal qual é! Não sei se você percebeu, mas eu sou Austin Moon. Sabe, loiro, altamente gostoso e que já saiu com as mulheres mais lindas e gostosas do momento. E eu não estou me achando. Essa é simplesmente a verdade.

Mas voltando para a garota que ainda estava em cima de mim.

Sua expressão demonstrava que ela estava assustada e completamente sem fala. Digo isso porque quando o restinho de paciência que eu ainda tinha foi embora e pedi "educadamente" para ela sair de cima de mim, a morena simplesmente travou e não conseguiu formar nenhuma palavra certa. Por favor, pessoas que gaguejam me irritam! Assim que o peso-pena saiu de cima de mim, me levantei e comecei a mexer minhas costas pra ver se doíam. A garota podia não ser pesada, mas eu bati com tudo no chão. De repente, quando olho novamente para a garota, percebo que ela não parava de me encarar. Tenho certeza que naquela hora ela estava imaginando o meu corpo nu.

Depois, só o que vi foi ela se embolando toda nos cabos do microfone e indo novamente pro chão. Aquela garota tinha algum problema com os pés?

Enfim, depois que a diretora começou novamente o seu lindo discurso, ela finalmente falou que eu iria ajudar na escola esse ano. Preciso dizer que a confusão foi total ali dentro do ginásio? E pensar que eu poderia estar agora em Malibu, deitado em alguma rede, tomando caipirinha – bebida que aprendi quando fui fazer shows no Brasil- ou até mesmo transando. Na verdade, acho que até cuidar de bodes parecia mais legal do que estar aqui, trabalhando contra a minha própria vontade.

Não sei por que, mas já comecei a detestar esse lugar.

[...]

Depois de uma longa seção de fotos e autógrafos, finalmente poderia voltar para o meu hotel. E pensar que terei de ir para aquele lugar todos os dias. Dá preguiça só de pensar em levantar cedo novamente.

Como já ia dar meio dia, decidi parar em um Starbucks só para não ficar com o estômago vazio. Achei um que não estava tão cheio e logo fiz o meu pedido.

Não demorei muito para comer e logo já estava de volta ao hotel. Subi até meu quarto e quando já ia me deitar, ouço meu celular apitando, sinal de que havia uma nova mensagem.

"Hey, vai ter uma festa na piscina aqui na casa da Julie. Vem logo, loira fresca. - Ethan Smith"

Okay, eu poderia dormir depois.

Uma das coisas boas das festas da Julie é que a maioria das mulheres ficam só de biquíni –ainda mais com esse calor infernal que faz aqui em Miami- e rola bebida à vontade. Claro que eu não iria beber demais, até porque, agora sou um professor responsável que dá aulas em uma faculdade, e amanhã, tenho que acordar cedo para começar o meu maravilhoso trabalho. Que merda.

Peguei meu carro e saí do hotel. A casa de Julie não era muito longe. Conheci ela quando ainda estava na Full Moon Tour e vim fazer um show aqui em Miami. Ela não chegava a ser minha amiga, apenas minha colega gostosa que dava festas e sociais que exalavam sexo e bebidas.

Estava totalmente concentrado tentando achar alguma música boa no rádio e, quando olhei novamente para frente, vi uma garota indo atravessar a rua sem nem olhar pra ver se vinha algum carro – no caso, o meu. Com sorte, consegui pisar no freio a tempo e só o que ouvi foi o barulho dos pneus se arrastando no asfalto. Que maravilha.

Saí do carro totalmente irritado e pronto para tirar satisfações com aquela pessoa totalmente desligada.

– VOCÊ NÃO OLHA POR ONDE ANDA, GAROTA?! – gritei.

Logo percebi quem era a criatura que quase fora atropelada por mim. Era aquela mesma garota que tem algum problema nos pés (só pode) e que caiu em cima de mim lá na McKinley. Que coisa linda, hein, destino.

A morena travou e senti que ela ficou mais nervosa agora do que quando caiu em mim, mais cedo. Sinceramente, minha paciência com aquela garota não estava muito alta. Ela continuou paralisada e o único som que saia de sua boca era o da sua respiração pesada.

– Além de não conseguir andar direito e ser totalmente desligada, ainda é muda?- perguntei, e sinto que meu tom de voz assustou um pouco a garota.

– D-des... c-culp... –tentou falar a garota, porém gaguejava novamente. Já mencionei que pessoas que gaguejam me irritam? Pois é.

– Você não consegue falar nada sem gaguejar? – eu sei que fui grosso, mas foda-se. – Olha só, vê se olha quando for atravessar, okay?

E assim, entrei novamente no meu carro e sai cantando pneu. Nem vi direito qual foi a reação da garota, até porque eu nem tenho tempo. Uma festa me aguarda e creio que essa será a única solução para aliviar meu stress.

Dirigi mais um pouco até que pude observar uma casa grande, de onde vinha o som de uma música eletrônica alta o bastante para se ouvir no final da esquina. A casa de Julie. Reconheci a música como Summer, do Calvin Harris.

Estacionei o carro do outro lado da rua e assim que desci, notei que a casa estava a mesma coisa desde a ultima vez em que eu estivera aqui. Atravessei a rua e logo já entrei na casa, pois sabia que estavam me esperando. Assim que entrei já pude ver várias mulheres de biquíni e em vários lugares havia uma garrafa de bebida. Fui adentrando mais e percebi que estavam todos na área da piscina, onde a festa realmente rolava. Pude ver Ethan sentado em uma cadeira de praia,com uma loira seminua sentada em seu colo. Por favor, procurem um quarto.

Cheguei perto da piscina e gritei, não antes de roubar um copo com uma bebida que não sabia muito bem qual era.

– Não sei se o bolo tá pronto, mas a cereja acabou de chegar!

E que a festa comece.