–Bom -Chamei-os: -encontrei umas cartas, provavelmente do último a passar por aqui, que dizia o seguinte:

“Todos os barcos que estavam atracados já se foram ou estão infestados. Meios de comunicação deste lado da ponte são inexistentes. Sua única fonte de energia serão os três geradores espalhados pelo porto. Um deles está bem na frente da casa de máquinas da ponte, outro está no depósito logo à direita de primeiro local e o último fica descendo a rua à esquerda do bar “Freddy's Bar”. Depois de ligar todos, é só esperar a ponte baixar e ligar a chave para faze-la subir. Que Celestia os ajude, o local está infestado.”

–Perfeito. Temos armas, remédios, munição de sobra. Vai ser moleza!-Disse Louis

–Não importa, temos que ter cuidado.

Saímos num beco em formato de L cheio de latas de lixo. Na extremidade do lado maior, o portão do depósito de uma loja estava aberto. Entramos no apertado local e saímos nos fundos de uma loja de conveniência vazia:

–A carta não dizia que os zumbis haviam infestado esse lugar? Eu não vejo merda nenhuma!-Questionou Francis

–Paciência...-Respondi

Saímos para a rua. Uma leve descida levava até o pátio da casa de máquinas da ponte. À sua esquerda havia um caminho até o segundo gerador e, à direita, o que levava até o terceiro e último:

–Bom, eu acho que devemos começar pelo da esquerda.-Sugeriu Zoey

–Eu aposto no da direita.-Revidou Louis

–Deixem de enrolação, vamos acionar os três de uma vez.-Concluiu Francis

Concordamos com a ideia sem hesitar. Como aqueles geradores faziam muito barulho, decidimos que o primeiro a ser ativado seria o da esquerda, seguido pelo do meio e terminando no da direita, para que, ao acabar de ouvir o som do anterior, ligássemos o nosso:

–Escutem. Louis, vá no da direita. Zoey, o da esquerda é seu. Leve Francis com você se precisar. Eu fico no do meio, entendido?

–Sim.-Responderam em uníssimo

Tomadas as posições, Zoey começou a ligar a máquina. Feito, liguei a minha, seguida pela do Louis. Por fim, todos correram até a base da ponte. Logo ela desceria e nós estariamos livres. Ouvimos gritos ao fundo. Logo os zumbis chegariam:

–AÍ VEM ELES!

Vemos um único zumbi correndo até nós. Depois vieram mais dois. E mais cinco, depois mais dez e logo eram milhares deles. Todos com a mesma anatomia de um pônei normal, mas seus corpos estavam apodrecidos. Seus olhos também eram diferentes. Pareciam dois buracos ocos nas cabeças com apenas um ponto brilhante em cada um.

A primeira leva foi fácil: atiramos neles e nem chegaram a cinco metros de nós. Silêncio:

–Conseguimos?

Mais gritos. Uma nova horda estava a caminho. Esta foi mais difícil, mas logo todos estavam no chão.

De repente, a ponte começou a ranger e descer:

–Vamos, está descendo!-Gritou Zoey, tentando soar mais alto que as máquinas

Mais zumbis vieram. Agora eram centenas de milhares de canibais mortos atrás de nós. Subimos na ponte, fui para a parte de cima e liguei a chave para subir. A construção começou a subir:

–Hell yeah! Livres!-Gritou Louis

Então, a ponte parou no meio do caminho. Entramos em pânico:

–Bill, o que houve?!-Perguntou Zoey

–Eu não sei!-Respondi

–O gerador!-Gritou Louis

–O que?

–O GERADOR PAROU!

De fato a máquina havia parado. Alguém tinha que descer até lá e ligá-lo manualmente:

–Deixa comigo!-Disse Zoey

Mas, quando estava descendo, ouvimos todos um rugido já conhecido. O chão tremia. Corro para a beirada da estrutura e estreito os olhos, tentando ter certeza da fonte do barulho. De repente, um pedregulho do tamanho de um carro surge do meio da neblina rescém formada e acerta a base da ponte:

–Não pode ser...-Diz Zoey

–Não só pode como é.-Respondo

No alto da elevação, surgem três zumbis bombados e gigantes, como os que vimos antes:

–Por... Celestia...-Diz Francis, abismado

–O QUE ESTÃO ESPERANDO?! ATIREM!-Gritou Zoey

Sem perceber que era inútil, todos começam a atirar, exceto eu. Suspiro, desço as escadas e, após olhar para meus companheiros, pulo da ponte e corro em direção ao gerador:

–Bill?! NÃO!-Grita Zoey

A garota tenta correr atrás de mim, mas Francis a segura.

Nesse hora, tudo parecia estar em câmera lenta. Os zumbis se aproximavam de mim em uma velocidade baixíssima. Podia até ver os miolos estourando vagarosamente a cada tiro meu.

Chegando na máquina, puxo a corda três vezes até que o motor volte a funcionar e a ponte comece a subir.

Olho ao meu redor. As três criaturas estavam vindo até mim. Todos os outros infectados se preocupavam mais em ir até a ponte. Solto um sorriso.

Entro na casa de máquinas, sento-me encostado na parede e, após acender meu último cigarro, as criaturas chegam. Já estão na porta. Fecho os olhos. Foi por uma boa causa.

FIM