A Questão de Delfos escrita por Emily di Angelo


Capítulo 8
Capítulo 7 - A Cobra Não Trabalha Sozinha


Notas iniciais do capítulo

Oi!!
Já que o último capítulo ficou muito pequeno aqui está um capítulo fora do dia de postagem!!
Espero que vocês gostem ;)

p.s. - Mudei o título da fic. Eu tinha uma ideia para a história, porém uma melhor ainda surgiu (que ao contrário da primeira irá permitir uma continuação *-*).



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Jules-Albert parou o carro ao lado da bomba de combustível em um posto logo na entrada da cidade de Mégara, a 34 km de Atenas. Os semideuses desceram do carro, Nico precisava ir ao banheiro e enquanto isso Will e Reyna esperariam na loja de conveniência.

Uma música ambiente tocava na loja, a vendedora balançava a cabeça no ritmo de outra música que escutava através dos fones de ouvido enquanto lia uma revista. Um sino tocou na porta quando os três heróis entraram, mas a vendedora nem ergueu a cabeça. Nico seguiu para o banheiro, na parte de trás. Will disse que ia procurar alguma coisa no setor de farmácia na loja, murmurando alguma coisa sobre relaxantes musculares pras costas. Reyna ficou só observando. A Pretora olhou para fora, onde o frentista não parecia se incomodar em encher o tanque para um chofer morto-vivo.

Ela então passou a observar Will, o filho de Apolo parecia ser uma pessoa bem legal, mas algo chamava a atenção de Reyna. Existia uma tensão entre ele e Nico que era quase palpável.

Jules-Albert veio para a loja de conveniência junto com o frentista para realizar o pagamento. Quíron tinha dado poucos Dracmas para Will e Nico e ainda menos Euros, mas Reyna tinha recebido uma boa quantidade do Senado e se ofereceu para pagar o combustível. Nico saiu do banheiro e foi falar com Will.

–Você está bem Will? – questionou Nico. Will ficou surpreso por dois motivos, um deles é que normalmente era ele quem fazia essa pergunta a Nico e o outro é que ele o havia chamado de Will e não de Solace como acontece normalmente.

–Porque não estaria?

–Sua mãe...

–Eu e minha mãe temos um relacionamento complicado, mas eu amo muito aquela louca. Acho que o tempo que eu passo no Acampamento, é essencial para a gente não matar um ao outro. – ele abriu um pequeno sorriso um pouco tristonho. – Mas pode ficar tranquilo Sunshine, eu estou ótimo.

–Will, já decidiu o que vai levar? – perguntou Reyna, lá do caixa.

–Ainda não. – respondeu pegando duas embalagens na mão. Nico olhou curioso:

–O que você está procurando?

–Um relaxante muscular para minhas costas, já que certo semideus decidiu cair em cima dela hoje mais cedo. – disse de um modo divertido, empurrando Nico levemente nos ombros com o dedo indicador. – E claro um creme para massagem para ele poder compensar o malfeito.

–Mas nem morto Solace. – respondeu o filho de Hades, sentindo o rosto esquentar.

–É impressão minha ou você está ficando vermelho?

Nico se virou e foi em direção ao caixa, onde Jules-Albert esperava impaciente batendo seu pé diversas vezes no chão, fazendo um pedaço de sua bota parcialmente apodrecida se soltar. Will pegou um relaxante muscular da prateleira e levou até Reyna, que aguardava para fazer o pagamento.

–São 50 euros, senhorita. – falou a atendente em um inglês bem fluente, Reyna estreitou os olhos. A atendente então completou com um rosnado:

–Mas vocês irão pagar com suas vidas. – o corpo da moça se dissolveu, mostrando sua real aparência, assim como o frentista que bloqueava a porta de saída. Eles se transformaram em dois morcegos gigantes com chifres em forma de caracol. Por um momento Nico pensou que fossem as Fúrias, mas elas eram fieis servas de seu pai e nunca teriam coragem de enfrentá-lo.

–Eu tenho pouco espaço para atirar. – ganiu Will, algumas oitavas acima, enquanto a vendedora ainda tentava desamarrar os fios dos fones de ouvido que tinham enrolado nos chifres.

–Pegue a sua espada então. – ordenou Reyna, com a sua autoridade natural de Pretora.

Os dois morcegos se jogaram em cima dos três semideuses, Nico mal teve tempo de sacar sua espada, deu um golpe desajeitado no frentista e perdeu a sua espada. Uma dor muito forte veio de seu ombro, o ferimento recém curado que fora causado pelas garras de Licaón, tornou a reaparecer. Nico então descobriu o que eram aqueles seres, eram Pligés, os espíritos dos ferimentos. O monstro continuava a segurar Nico pelos ombros, lágrimas escorriam pelo rosto de Nico, ele se lembrou de sua mãe, Bianca, toda a confusão que tinha virado a sua vida de cabeça para baixo nos últimos anos. A imagem de Percy beijando Annabeth martelava as suas lembranças, assim como os horrores que ele tinha passado no Tártaro. Pligés eram os espíritos dos ferimentos, sejam eles no corpo ou na alma. E o que a alma de Nico mais tinha eram feridas, algumas cicatrizadas com o tempo, mas que a exemplo da ferida causada por Licaón, tinham sido reabertas pelas Pligés.

Quando viu a situação que Nico se encontrava, Will correu para ajudá-lo. A vendedora tentou impedir jogando a embalagem do relaxante muscular na cabeça dele, mas seu ataque não surtiu efeito, somente permitiu a Reyna acertar o monstro e dissolvê-lo em areia. A outra Pligé só percebeu a aproximação de Will quando era tarde demais, ela estava muito entretida torturando Nico. Com somente um golpe ela foi direto para o Tártaro.

Assim que foi libertado Nico se encolheu e abraçou suas pernas. Ele tentava parar, mas continuava chorando muito, sua camisa estava empapada de sangue perto do ombro. Will se ajoelhou ao lado dele. O olhar de Nico era de puro terror, ele tinha conseguido bloquear por um bom tempo as lembranças do Tártaro, porém agora elas estavam soltas em sua mente.

–Hey, Nico. Elas já foram. Já está tudo bem.

–Não está. – conseguiu balbuciar – Eram Pligés, duas Pligés... Pligés.

–Eu entendi... O que são Pligés?

Nico não respondeu, só apoiou a cabeça nos ombros de Will, que instintivamente o abraçou. O filho de Apolo sentiu seu coração pular algumas batidas enquanto afagava de leve o espesso cabelo negro do garoto. Reyna se aproximou e se surpreendeu por Nico estar abraçado em alguém sem protestar.

–Pedi a Jules-Albert que estacionasse o carro em algum lugar que ficasse escondido e o dispensei. Acho que devemos passar a noite aqui. É um lugar fechado e está vazio, eu já verifiquei.

Will assentiu, aprovando a decisão da Pretora. A semideusa colocou as três mochilas perto do filho de Apolo.

–Nico, eu preciso ver esse seu ferimento no ombro. – falou Will, afastando Nico devagar. Ele o deitou no chão e tirou a camisa dele, usando a parte limpa de tecido para estancar o sangue que saía da ferida. Em seguida começou a procurar algumas coisas na mochila dele.

–Precisa de algo, Will? – perguntou Reyna.

–Por favor, veja se tem gaze e esparadrapo em alguma prateleira, ou panos limpos e macios. Preciso também de 1 litro de água mineral e o relaxante muscular que a vendedora-morcego atirou na minha cabeça.

Ela rapidamente se embrenhou nas prateleiras destruídas da loja, procurando os itens pedidos pelo filho de Apolo. Will olhou para Nico, o garoto estava pálido, talvez pela perda de sangue, as pálpebras estavam semiabertas e murmuravas coisas sem sentido.

–Não faz isso Bianca... – pedia ele – Volta comigo...

Will sabia quem era Bianca, inclusive tinha visto de relance a garota no Acampamento, junto com as Caçadoras, anos atrás, antes de sair em missão para resgatar lady Ártemis e Annabeth. Deve ter sido difícil para Nico ter perdido a irmã naquele momento, ele estava sozinho, perdido em um mundo novo, completamente diferente e a frente de seu tempo. A respiração dele estava acelerada e ele continuava meio desacordado.

–Eu prometo Percy – falou com a voz fraca – Vou levá-los até o outro lado. Por você.

Will tentou impedir uma lágrima de cair, mas não foi bem sucedido. Reyna apareceu com tudo o que ele havia pedido e o curandeiro começou a trabalhar.

–Você está bem Will? – perguntou Reyna. – Parecia que você estava chorando...

–Eu? Não. Estou bem. – disfarçou ele, abrindo a garrafa de água mineral e molhando a gaze para limpar a ferida. A Pretora arregalou os olhos ao ver o ombro de Nico.

–É o ferimento causado por Licaón. – disse ela, sem acreditar. – Eu mesma fechei essa ferida, e no Acampamento ela já tinha sido curada com Néctar.

–Nico foi mordido por um lobisomem? – Will parecia alarmado.

–Não, as causadoras desse estrago foram somente as garras daquele monstro. Graças aos deuses não há nenhuma chance dele ter pegado Licantropia.

O médico pingou um pouco de néctar na gaze antes de fechar o curativo, tirou um saco de dormir de dentro da mochila de Nico e colocou por cima dele como se fosse um edredom. Reyna olhou para o único objeto não utilizado, o relaxante muscular.

–Para que...?

–Ah! Estava quase me esquecendo... – ele levantou parte da própria camisa e aplicou o produto na lombar, soltando um gemido de alívio. Nico se mexeu, fazendo Will voltar a atenção total para ele. O semideus se curvou sobre ele e tocou os lábios levemente na testa.

–Percy... – balbuciou Nico. Will sentiu como se uma flecha tivesse atravessado seu coração. Ele se afastou para o outro lado do corredor, perto de sua mochila, e voltou a procurar alguma coisa.

–Acho que ele está com febre. – falou. – Eu não sei que monstros eram esses, mas pareceram afetar bastante o Nico.

–O monstro estava somente tocando em Nico. Não estava machucando ele, o que é muito estranho. Os monstros não conseguiram nos tocar e acho que devemos agradecer por isso não ter acontecido.

Os dois ficaram em silêncio por um momento, até que Will tirou um colar de couro com um cristal em uma das pontas.

–O que é isso?

–Um presente de uma filha de Íris. Acho que ela é apaixonada por mim. – contou, com um pequeno sorriso, como se tivesse contado uma piada interna para ele mesmo.

–Para que serve?

–Vou te mostrar. – ele pegou uma lanterna na mochila e mirou o feixe de luz no cristal. A luz atravessou, mas foi refratada, ou seja, o espectro foi dividido, formando um pequeno arco-íris no corredor da loja de conveniência. O semideus pegou um Dracma e jogou no Arco-Íris.

–Ó deusa, aceite essa oferenda e mostre-me Annabeth Chase no Acampamento Meio-Sangue, em Nova York.

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Nico olhou para os lados. Ele já tinha estado naquele local. Ruelas estreitas, canais repletos de gôndolas. Era Veneza, sua cidade natal.

–Sabia que você ia gostar daqui. – falou uma voz atrás dele.

–Bianca? – Nico se virou. Sua irmã estava do seu lado. Na beira do canal uma mulher discutia com um homem, enquanto o gondoleiro balançava a cabeça negativamente, como se já tivesse ouvido aquela história algumas vezes.

–Mas como você está aqui? Você tinha escolhido renascer, sua tonta. Não me diga que mudou de ideia. Eu gastei a única chance de te trazer de volta com...

–Hazel... Eu sei. O que foi muito importante já que ela fez parte da Profecia dos Sete. E não, não desisti de renascer, mas parece que é um processo muito demorado. Eu não posso renascer quando eu quiser. Preciso entrar com o pedido na Comissão de Renascimento e esperar as Parcas decidirem que está na hora.

Nico olhou mais uma vez para a mulher. Ela era bem elegante, os cabelos negros estavam presos em um coque e escondidos por baixo de um chapéu, sua roupa era clássica, dos anos 30... Nico estreitou os olhos.

–Espere um pouco. Aquela é nossa mãe? E o gondoleiro... Di Immortales! Aquele é Caronte!

Bianca balançou a cabeça positivamente.

–E o homem é Tânatos. Ela está negociando com eles.

–Negociando o que? – perguntou Nico, temendo já saber a resposta.

–Sua vida.

–Mas...

–Não venha reclamar comigo mocinho. Você é o causador disso tudo. – falou, um pouco zangada e franzindo a testa. – Seus ferimentos são muito leves, você não está em estado grave. E além de tudo, aquele curandeiro, Will o nome dele não é? Bom, Will cuidou de você muito bem.

–Então por que eu estou aqui?

–Porque você está desistindo Nico. – disse Bianca, chamando a atenção do irmão. – As Pligés o afetaram muito. Você guardou muitas feridas internas, Nico e você sabe que elas se alimentam disso. Elas reabriram todas essas feridas e fizeram você desistir de lutar pela própria vida, ainda que seu ferimento físico, real, não tenha sido grave.

–Mas eu não quero morrer! – disse Nico, fazendo pirraça, como se tivesse de novo 10 anos. – Estou no meio de uma missão, eu preciso ajudar Will... E Reyna também. Não posso deixá-los sozinhos.

–Então lute pela sua vida Nico, não desista! Você tem muito o que viver ainda. Tem uma vida inteira pela frente, para experimentar novas sensações, novos amores...

Nico baixou o olhar com a insinuação da irmã.

–Não precisa ter vergonha de mim, eu sempre te apoiei e te compreendi, não é, mio soldatino?

Ele sentiu os olhos arderem.

–Eu sei que você passou por tempos difíceis e mais pessoas sabem que você é...

–Eu não sou nada! – disse ele, enfático.

–Nico, negar não vai mudar seus sentimentos. Já conversamos tanto sobre isso. – falou levando a mão até a testa, como se estivesse cansada. – Eu sei que o que você sente por Percy ainda é forte, mesmo que você diga o contrário. Mas você tem que seguir em frente, aproveitar oportunidades que batem na nossa porta.

–Eu sei...

Bianca se aproximou e abraçou o irmão.

–Faço das minhas palavras as do filho de Apolo, lembre-se que você tem pessoas que gostam muito de você, lá no mundo superior, e precisam de você. Eu não quero te ver nos Elíseos tão cedo.

Caronte passou ao lado deles, já partindo com a gôndola, ele acenou com o chapéu e sumiu na névoa. Tânatos não estava mais lá e Maria di Angelo acenava para Nico. Tudo começou a ficar claro e ele sentiu que estava sendo levado de Veneza.

–Tchau, meu irmão! – ouviu sua irmã dizer, com sua voz parecendo estar a quilômetros de distância.

Nico pensava que ia acordar no posto de gasolina, mas não. Ele estava no meio das ruínas de um templo, escondido atrás de uma coluna. Duas vozes discutiam a alguns metros do semideus, ele se virou para olhar na direção do barulho.

Era possível ver somente as sombras dos dois seres, eles estavam na entrada da construção, do lado de fora. A fraca luz que saia das tochas projetava as sombras nas paredes internas. Uma era de uma mulher, o contorno do vestido era bem visível, assim como os longos cabelos.

A outra sombra fez Nico se arrepiar, era a de uma enorme cobra, com mais de 20m de comprimento, a cabeça triangular estava na altura da outra figura. Píton não parecia estar satisfeita com a outra presença.

–Você não é Gaia! Não manda em mim. – sibilou raivosa. Um vento frio entrou no tempo, fazendo Nico se encolher. Ele apurou os ouvidos e voltou a prestar atenção na conversa.

–Eu também estava apoiando ela, Grande Píton, mas agora que as coisas deram errado e ela foi derrotada por um punhado de filhotes de deuses, precisamos pensar no futuro. Meu plano é mais sólido do que a Mãe Terra e você sabe disso.

–Os Sete passaram longe de Delfos, certamente temendo a mim. – falou a cobra, fazendo o barulho que pareceu uma gargalhada. – Por que me aliaria a você? Uma simples deusa-menor...

–Não fale assim comigo! – gritou a mulher, estridente. As tochas tremeluziram com um vendaval que surgiu de repente. Nico se surpreendeu quando um floco de neve pousou em seu nariz. Isso era praticamente impossível, pois era Verão na Grécia e devia estar fazendo uns 30°C, mesmo sendo de noite.

–Me diga o que eu ganho com essa aliança? – perguntou a cobra.

–Você continuará com Delfos, controlando aquele espírito maluco que auxilia os Semideuses. E claro, terá o direito de destruir Apolo você mesma.

–Gostei disso. Delfos era a minha casa até que Apolo veio e tomou posse do local para si e me matou com aquelas malditas flechas de ouro.

–Por falar nisso, elas estão seguras?

–Claro que sim, a Mãe Terra temia que os Sete se desviassem de seu caminho para libertar Delfos. Ela protegeu duas das três flechas.

–E a terceira?

–A terceira está aqui. Escondida em Delfos. Eles nunca irão encontrá-la, somente eu e Trofonius, o construtor desse templo sabemos onde se encontra a entrada da câmara. A Mãe Terra foi inteligente ao trazê-lo de volta pelas Portas da Morte.

–Onde ele está agora? – perguntou a misteriosa deusa-menor.

–Bem... Hum... Ele fugiu. Aquela deusa-parteira o ajudou a fugir de Delfos.

–Ilítia? Sua cobra idiota! Trate de recuperar o velho arquiteto, pois um grupo de três semideuses viaja para Corinto nesse momento para recuperar a primeira flecha. Eles têm o objetivo de retomar Delfos.

–O quê? Uma missão para retomar Delfos? – Píton pareceu alarmada.

–Três semideuses, sendo um deles filho do seu adorável inimigo.

–Um filho de Apolo? Vindo diretamente para meu covil? Terei prazer de esmagá-lo até a morte...

As duas figuras gargalhavam enquanto a visão de Nico escurecia cada vez mais.

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Percy e Annabeth tinham decidido passar a manhã na praia. A filha de Atena estava esticada em uma toalha tomando sol, enquanto Percy boiava na água relaxando. Annabeth ainda estava boquiaberta com a história da Fonte de Água Salgada ser um portal, mas outra coisa cutucava seus pensamentos. Quem seria o reforço da missão? Quem acompanharia Will e Nico? Seus raciocínios foram interrompidos por Percy que deitou ao lado dela.

–E aí? Não vai entrar na água? Está muito boa.

–Daqui um pouco. – respondeu Annabeth. Percy deitou ao lado dela e beijou levemente os lábios de sua namorada. Ele se ergueu por cima dela, colocou a mão em sua cintura e a beijou novamente, porém mais intensamente. Ela afastou o namorado.

–Percy... Se alguém nos pegar...

–Isso não vai acontecer. – ele se aproximou de novo e mais uma vez foi afastado pela namorada.

–Percy, agora não. – disse mais enfática. – Mais tarde.

–Eu quero terminar o que a gente começou outra noite.

–Estamos interrompendo alguma coisa? – Annabeth e Percy se afastaram rapidamente como se fossem imãs de polos iguais. Will Solace olhava divertido para o casal, Annabeth estava mais vermelha que a Ferrari de Apolo. – Não vou nem perguntar o que vocês estavam fazendo outra noite...

Percy abriu um sorriso maroto. Annabeth também sorriu quando percebeu que Will tinha dito a mesma frase que Percy falou para ele e Nico na arena, como se estivesse se “vingando”.

–E então, onde vocês estão? – perguntou a loira.

–Mégara.

–Espere um pouco. – falou Annabeth franzindo a sobrancelha – Mégara não é no caminho para Delfos.

–Tivemos mudanças no plano. Píton só pode ser morta com as flechas que meu pai usou para matá-la da primeira vez...

Annabeth ia falar alguma coisa, mas Reyna a interrompeu.

–A febre dele baixou. – falou ela, antes de perceber que tinha aparecido na MI. Ela então acenou para Percy e Annabeth. A filha de Atena ficou mais tranquila agora que sabia que o terceiro membro da missão era a Pretora do Acampamento Júpiter. Reyna parecia ser a pessoa certa, que conseguiria tomar decisões importantes em situações muito difíceis.

–Nico está com febre? – Percy franziu a testa, Annabeth conhecia aquela cara, ele estava preocupado.

–Sim, fomos atacados por dois morcegos gigantes. Ele está bem agora. – disse Reyna.

–As Fúrias? Nico controla elas, são extremamente obedientes a Hades.

–Não eram as Fúrias. Nico chamou elas de Pligés. Você sabe o que elas são? E como afetaram o Nico tão forte, só tocando nele? Eu e Reyna estamos bem, mas ele está inconsciente agora.

Annabeth sentiu um arrepio. Ela, Luke e Thalia tinham encontrado um grupo de Pligés antes de chegar ao Acampamento, depois disso Luke nunca mais tinha sido o mesmo.

–Pligés são os espíritos dos ferimentos. – disse a filha de Atena, relembrando o capítulo do enorme “Atlas de Monstros, Espíritos e Bestas que podem te matar em uma missão”, o livro tinha sido escrito por Atena e já estava na milésima edição. Ela entregava uma edição nova a cada vez que mudava a liderança do Chalé 6. – Elas reabrem todos os ferimentos, os físicos e os sentimentais também... – Por isso Nico deve ter sido afetado tanto, completou ela somente em pensamento.

Will estava com uma cara preocupada, parecendo pensar exatamente a mesma coisa que Annabeth.

–Isso não é bom...

Deposite mais três Dracmas para continuar a ligação. – falou uma voz doce. A imagem de Will retornou.

–Annabeth, temos poucos dracmas, preciso falar rápido. As três flechas estão espalhadas pela Grécia. A primeira está em Corinto. – Will contou tudo o que tinham descoberto até então, incluindo a ajuda de Jules-Albert.

–Cuidado em Corinto. – falou Annabeth. – É uma cidade muito esquisita. Era chamada de Éfiro na antiguidade e era a única cidade-estado grega cuja patrona era Afrodite. Quanto a segunda flecha... Eu não tenho a mínima ideia qual a cidade pode estar. Os principais templos de seu pai eram em Delos e Delfos. Se a flecha que está em Corinto for a que estava em Delos vai ser uma ótima notícia, vocês estão com poucos dias e vai ser complicado chegar até a ilha. Eu posso a perguntar para seus irmãos sobre a terceira cidade...

Reyna olhou para trás, Will fez o mesmo.

–Ele está acordando. – O filho de Apolo se curvou, a imagem de Nico apareceu. Ele se mexia. Os olhos do garoto se abriram e ele falou:

–A cobra não trabalha sozinha.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram??

Quem será que estava com Píton, algum palpite?? Acho que eu sei de quem vocês estão desconfiando kkk Mas as aparências enganam. Não digo mais nada.

Nesse capítulo tem uma referência a uma música feita por uma fã da série, Paola Bennet, Soldatino (Nico's Lullaby). Se você não conhece aqui está o link: https://soundcloud.com/paola-bennet/soldatino-nicos-lullaby.

bjs e até o próximo capítulo.



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