A Questão de Delfos escrita por Emily di Angelo


Capítulo 11
Capítulo 10 - O Desafio de Sísifo


Notas iniciais do capítulo

Capítulo extra essa semana só para tentar fazer as pazes com meus leitores que ficaram meses sem um capítulo novo :)

As partes sobre Nico, Will e Reyna são escritas por mim.
As partes sobre Percy e Annabeth pela minha irmã, que mandou um recadinho para vocês:

Oi pessoal! Sou a Cath, irmã da melhor escritora de fanfics do Universo (puxando o saco da chefa ;D). Espero que vocês gostem da minha primeira contribuição na fanfic da minha irmã e prestem bem atenção nela, pois é lá que vão estar as primeiras informações sobre o que vai se passar na segunda temporada :)!!! Espero que eu atinja as expectativas de vocês e tenham uma ótima leitura :-*
p.s. sim eu adoro emoticons rsrs



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8 de Agosto – 5 dias até as Idas de Agosto.

Assim que entraram em Corinto foram recepcionados por três pássaros gigantes, que lembravam muito as águias do Acampamento Júpiter. Por um momento Nico pensou que se tratavam de Aves do Lago Estínfalo, porém não tinham garras e bicos de ferro, afastando essa possibilidade. Will conseguiu se afastar do grupo e as abateu com suas flechas.

Depois disso ainda encontraram alguns demônios do Tártaro, remanescentes do exército de Gaia. Reyna e Nico batalharam corpo a corpo e Will, mais uma vez, de longe abateu alguns, sempre dando cobertura para as investidas de Nico. Nessa luta, Nico começou a se sentir mal, uma tontura o atingiu ao, por hábito, usar seus poderes para auxiliar na batalha. Torceu para Will não ter visto, mas assim que o último demônio foi mandado de volta para o Tártaro ele se aproximou de Nico.

–Eu pedi para você não usar seus poderes.

–Eu não...

–Não minta para mim, por favor. Estou falando para o seu bem. – disse colocando as mãos nos ombros de Nico e olhando fixamente nos olhos negros do filho de Hades.

–Tá bom.

–Sério mesmo, não use. São ordens médicas. Talvez você precise usar em uma situação extrema e para você poder fazer isso sem colocar em risco a sua vida e segurança, você tem que estar bem forte. Entendeu?

–É o costume, eu faço no automático.

–Sem desculpas. Vamos, temos que achar Sísifo.

Passaram por um grande conjunto de ruínas, que antigamente costumavam compor o templo de Apolo. Will descobriu em uma rápida pesquisa que Corinto, Éfiro para os antigos, era uma importante cidade não só para Afrodite, mas também para Apolo. Por isso uma das flechas estava lá, outra em Delfos e a de Delos tinha sido movida por Ilítia.

Chegaram a uma praça, onde uma fonte de bronze, já esverdeada pela ação do tempo, dominava o ambiente. A figura representada era Apolo, completamente sem roupa, somente segurando uma Lira.

–Ora, ora, ora... Olha quem está na minha querida Éfiro. – Sísifo estava em cima de um pequeno tablado montado em um dos extremos da praça. Os semideuses se viraram rapidamente, com as armas na mão e Will com uma flecha tensionada no arco.

–Sísifo! – rosnou Nico – Alecto está ansiosa te procurando.

O antigo rei de Éfiro engoliu seco, mas logo assumiu uma postura confiante.

–Enganei a morte mais do que qualquer homem, posso enganá-la mais uma vez, filho de Hades.

–Não comigo aqui.

–Acha que é mais astuto que eu? – perguntou Sísifo, parecendo ofendido.

–Claro que sim. – respondeu Nico seguro, com tom de desafio. Sísifo abriu um sorriso, como se já estivesse esperando aquela resposta.

–Vamos apostar então. Vocês três irão participar de um jogo comigo.

–Um jogo? – Nico estava desconfiado, Sísifo não titubeava para trapacear.

–Sim, um jogo de raciocínio. Se vocês ganharem, terão o que tanto procuram. Se perderem, bem... Se vocês perderem vocês sofrerão da mesma forma que eu sofri nos Campos da Punição.

Nico olhou para seus companheiros, Will e Reyna assentiram, guardando as armas.

–Vamos jogar então. – bradou Sísifo. – A primeira tarefa é me achar!

Uma cortina de fumaça surgiu, fazendo Sísifo desaparecer. Os Semideuses sacaram as armas, novamente. A fumaça não os deixava enxergar nem um palmo a frente. Quando finalmente a fumaça sumiu, perceberam que não estavam mais na praça e sim em uma longa rua, que terminava em uma bifurcação, no meio da bifurcação estava um homem, que não era o Sísifo.

–Temos que tomar cuidado, Sísifo não hesita em trapacear. Fiquem atentos. – disse Nico, ansioso de entregar o fugitivo para o pai.

Com as armas em punho avançaram até o homem, que estava parado, como se fosse uma estátua. Na frente dele, antes da bifurcação havia uma placa em bronze.

–Está em grego. – disse Reyna ao tentar ler o que estava escrito. Will passava a sua mão rente ao rosto do homem, mas ele nem piscava, igual aos Guardas Reais de Londres. Nico se aproximou da placa.

–É uma charada. – falou, e começou a ler em voz alta – Vocês estão em uma bifurcação que leva a duas praças. Em uma das praças vivem famílias que só mentem, e na outra praça vivem pessoas que sempre dizem a verdade. Eu estou na praça honesta. Este homem que está na bifurcação é membro de uma família de alguma das praças. Se vocês forem para a praça desonesta terão uma morte terrível, então pensem bem antes de escolher o caminho que vão seguir. Vocês só podem fazer uma pergunta ao homem, nada mais.

Reyna olhou atentamente para o homem. Se tivesse com seus cães poderia dizer se ele era mentiroso ou honesto, mas Argentum e Aurum estavam bem longe.

–Não sabemos se ele é da praça dos mentirosos ou da praça dos honestos... Se perguntarmos a ele qual caminho devemos seguir, se ele for honesto iremos chegar até Sísifo, se ele for mentiroso iremos morrer e não temos como descobrir antes. – disse Will, desolado.

–Calma Will. – tranquilizou Nico. – É uma charada, tem uma resposta. Sísifo pode até ser desonesto, mas ele gosta de desafios. Ele quer continuar o jogo, ele quer que a gente consiga chegar até ele. Temos que pensar.

–Não podemos perguntar qual caminho devemos seguir, nem qual o caminho para a praça honesta. – pensou Reyna.

Os três semideuses olharam os dois caminhos. Uma forte névoa encobria a visão. Nico tinha certeza que não era qualquer névoa, era a Névoa. Eles ainda estavam na mesma praça com a fonte de Apolo pelado, com Sísifo sentado observando e rindo da cara deles. Aquele cenário era todo construído pela Névoa.

–Acho que pensei em algo! – exclamou Will. – Se perguntar a ele em que praça ele mora, se for mentiroso dirá que mora na praça honesta, se for honesto também dirá que mora na praça honesta.

–Mas isso não nos ajuda Solace. Precisamos da direção. – Nico sentou no chão e colocou a mão do queixo. O olhar de Reyna se iluminou, ela parecia ter achado a resposta.

–Então é só perguntar qual o caminho para a praça onde ele mora. – concluiu Reyna.

–Isso! – Nico saltou feliz – Se ele for mentiroso, apontará para a praça honesta, e se for honesto apontará para a praça honesta também.

Eles se aproximaram do homem e Nico perguntou:

–Qual o caminho para a praça onde você mora?

O homem olhou para Nico e apontou para o caminho do lado esquerdo. Com as armas ainda na mão, correram em direção ao fim do caminho esquerdo. A Névoa se dissipou e revelou, assim como Nico havia imaginado, a praça onde estavam antes. Sísifo aplaudia os três semideuses, sentado na beirada do tablado onde estava antes.

–Muito bem... Podemos começar a jogar então. – disse o Rei de Éfiro. – Vamos para o meu Quiz... Lembrem-se, se vocês errarem qualquer uma das perguntas vocês morrerão.

Dizendo isso subiu no tablado e foi para trás de uma tribuna.

–Por favor, subam e fiquem à vontade. – ele indicou uma mesa com três lugares.

–Estamos bem aqui. – disse Will, raivoso.

–Daqui um pouco a plateia vai chegar, vocês não irão querer ficar no meio dela. Os espectadores podem ser um pouco selvagens.

Um barulho chamou atenção de Reyna no outro lado da praça. Uma enorme horda de monstros e demônios do Tártaro entrava na praça e começava a se posicionar em forma de “U” ao redor do tablado, como se fossem assistir um espetáculo.

–Subam logo, não queremos deixá-los impacientes não é? – Sísifo tinha um sorriso maléfico no rosto.

À contragosto os semideuses subiram no tablado e sentaram na mesa que ficava de frente para a plateia e de lado para a tribuna de Sísifo, como um programa de auditório de perguntas e respostas.

Bem-vindos! Bem-vindos a mais um Quiz do Sísifo, hoje com convidados muito especiais. – anunciou uma voz, vinda de um alto-falante invisível. – Diretamente das longínquas terras do Oeste, a Pretora do Acampamento Júpiter, Reyna Arellano! Ao lado temos o brilhante filho de Apolo, Will Solace! E por fim, o filho de um do Três Grandes, Nico Di Angelo, o filho de Hades!

Os monstros vaiaram os três semideuses.

–Bom dia senhores monstros, demônios e outros seres malignos. Bem vindos mais uma vez. Espero que gostem dos desafios de hoje. – falou Sísifo para a multidão. – Sem mais delongas vamos para a primeira pergunta, lembrando que se os semideuses errarem a resposta, o show acaba e vocês podem comê-los.

Os demônios grunhiram de alegria. Com toda a certeza não teriam ajuda da plateia, pensou Solace, lembrando-se dos programas de perguntas e respostas, que assistia com sua mãe pela TV.

–Vamos começar com uma bem fácil... – Sisifo pegou uma ficha em sua frente. – Em uma aldeia de pescadores, três pessoas saem para pescar: 2 pais e 2 filhos. Como isso é possível?

Os Semideuses se juntaram.

–Essa é uma charada romana, eu sei a resposta. – disse Reyna.

–Eu também já ouvi essa charada... Solace, já sabe?

–Acho que sim.

–E então? – incitou o “apresentador”.

–São o avô, o pai e o filho. – respondeu Reyna, segura – Os “filhos” são o pai e o filho e os “pais” são o pai e o avô.

–Muito bem romana.

Os monstros gritaram decepcionados. Estavam querendo comida. Os três semideuses se remexeram inquietos, Will estava com uma flecha na mão e o arco preparado, Nico também não tirava a mão da bainha da espada. Somente Reyna parecia tranquila, mas o filho de Hades sabia que ela estava em estado de alerta, a qualquer sinal de perigo, ela pegaria sua lança de Ouro Imperial em uma fração de segundo. Um monstro tentou subir no palco, sendo repelido por uma força invisível.

–Gosto de jogos, por isso começo com os desafios fáceis... Aguardem e vocês terão sua comida. Por favor, aproveitem o show. – pediu Sísifo, tentando acalmar a plateia. E continuou:

–Tirei essa próxima de um encontro que eu tive com uma Esfinge antes de virar rei de Éfiro. Era uma Esfinge jovem, ainda não tinha muito experiência... Mas é bem interessante. – ele novamente procurou uma ficha e começou a ler:

–Dois amantes, ele forte e com seus cabelos dourados, ela delicada e de pele alva. Separados pela maldição da poderosa Noite, eternamente se perseguem, até que um dia conseguem enganá-la e se encontraram e envolveram o mundo na escuridão.

–Já ouvimos essa história no Acampamento, na aula de história dos Deuses, com Annabeth. – lembrou-se Will.

–O Sol e Luna... – disse Reyna, de modo que só Nico e Will ouviram.

–É melhor falarmos as versões gregas deles. – avisou Nico e respondeu para Sísifo:

–Hélio e Selene.

–Muito bem filho de Hades. Parece que talvez eu volte para o Mundo Inferior afinal.

–Quem disse que você vai para os Campos da Punição dessa vez Sísifo? – ameaçou Nico, com um olhar maligno. Reyna se assustou, lembrando-se da vez em que Nico transformou um Semideus Romano, aliado de Octavian, em fantasma.

Sísifo engoliu seco mais uma vez e se remexeu desconfortável atrás da tribuna.

–Vamos continuar... – ele procurou uma ficha – Essa é boa: De mim, surge a vida. Para mim, a vida retorna. Homens brigam pela minha posse. Mas nenhum deles é realmente meu dono. A água me cerca, mas ao redor dela eu repouso. Quem sou eu, meu servo?

O grupo se entreolhou, Nico estava muito desconfiado, os desafios estavam fáceis demais. Sísifo estava armando alguma coisa. A resposta estava na cara. Sísifo tinha acabado de fazer uma homenagem àquela que lhe ajudou a enganar a Morte mais uma vez. Sem consultar seus amigos Will disse:

–Gaia.

Nico olhou irritado para Will. Tinha sido sim uma homenagem a Gaia, mas a resposta não era essa.

–Não Will, a resposta é a terra.

Sísifo abriu um sorriso maldoso.

–Fico lisonjeado em ter achado que usaria o nome de minha Senhora em meus jogos, mas ela não me permitiu essa honra. Foi uma homenagem a ela sim, mas a resposta esta incorreta.

Os monstros urraram animados. Nico sacou a espada e Reyna também.

–Não se preocupem... – disse o apresentador – Não quero que o jogo termine ainda, mas agora vamos deixar as coisas mais interessantes.

Três caixas apareceram no palco, eram pequenas e estavam em cima de três pedestais. Uma era de ouro, a do meio era de prata e a outra de bronze. Apoiadas nas caixinhas estavam três cartões.

–O antídoto está em uma das três caixas. – falou Sísifo – E somente um dos cartões traz a mensagem verdadeira, outras duas são falsas.

–Antídoto para o quê? – perguntou Nico. Então ele ouviu um barulho de alguém caindo atrás dele.

–Will! – gritou ele, ao ver o filho de Apolo do chão, pálido e tremendo. Reyna correu para o seu lado.

–Vocês tem cerca de cinco minutos para descobrir em qual das caixas está o antídoto para o veneno que está nele, nas outras duas caixas há um outro veneno que o matará instantaneamente.

–Will... – Nico balançou os ombros do garoto que já estava semiconsciente. Reyna puxou Nico pelos braços e o levou para frente das caixas.

–Não vai conseguir ajudá-lo de ficar chorando em cima dele. – disse, dando uma bronca no semideus. – Temos pouco tempo para descobrir onde está o antídoto.

Os dois pegaram e leram cada um dos cartões.

No cartão da caixa de ouro estava escrito: “O antídoto está aqui.”.

No cartão da de prata: “O antídoto não está nessa caixa”

No cartão da de bronze: “O antídoto não está na caixa de Ouro”.

–Vamos com calma. Não temos que pensar nas mensagens. – disse Reyna olhando para Nico. Ele observava preocupado para Will, que tinha começado a se debater. – Nico! Preciso da sua ajuda, não posso pensar sozinha.

O filho de Hades olhou para ela, e a Pretora continuou raciocinando:

–Não temos que pensar nas mensagens e sim nas probabilidades.

–Sim... – disse Nico, tendo uma ideia. – Vamos supor que o antídoto esteja na caixa de Bronze. Quais mensagens seriam verdadeiras?

–A que está na caixa de bronze. – disse Reyna, lendo novamente os cartões. – E o que está na caixa de prata... Então o antídoto não está na de bronze, porque só uma das mensagens é verdadeira.

Sísifo observava o desespero deles sorrindo. Will parecia sofrer cada vez mais, ele estava pálido e se contorcia fortemente. Nico estava fazendo um esforço enorme para não derramar nenhuma lágrima, não era prudente mostrar sua fraqueza para Sísifo. Era só mais uma arma que ele usaria para te manipular. Ele voltou sua atenção para o enigma.

–Então ela está na caixa de ouro! – concluiu Nico, animado.

–Não. – advertiu Reyna, após checar novamente as mensagens dos cartões. – Pense comigo, se o antídoto estivesse na caixa de ouro, as mensagens da própria caixa de ouro e da caixa de prata seriam verdadeiras. O antídoto está na caixa de prata.

Reyna abriu a caixa prateada e retirou um vidrinho com um líquido prateado de dentro.

–Tem certeza? – perguntou Nico.

–Sim. O antídoto estando na caixa de prata, torna as mensagens da caixa de prata e da caixa de ouro falsas. A única mensagem verdadeira seria a da caixa de bronze, que diz que o antídoto não esta na caixa de ouro.

Nico assentiu concordando e eles correram para onde Will estava. Ele estava inconsciente, pálido e respirava com dificuldade. Com uma das mãos, Reyna abriu a boca do Semideus e com a outra despejou o líquido. Will se engasgou, tossiu e abriu os olhos. Ainda enfraquecido tentando levantar, mas Nico não deixou.

–Trate de descansar Solace. São ordens médicas. – disse sorrindo, aliviado. Will riu também e abraçou o filho de Hades. Reyna se colocou em estado de alerta, Nico levantou, ajudando Will a fazer o mesmo, ele estava fraco e ficou apoiado nos ombros do Semideus menor. Sísifo tinha se aproximado deles, parecia estar triste, se sentindo derrotado.

–Parece que vocês me venceram. – assumiu. Nico estreitou os olhos, Sísifo não ia se entregar tão fácil assim. – Vamos fazer um último jogo.

Com um estalo de dedos, todos os demônios da plateia desapareceram. E no lugar deles apareceram três portas. Sísifo então falou:

–Na primeira porta, há uma sala incendiária. Assim que vocês entrarem, labaredas irão surgir de todas as paredes. Na segunda porta, há uma sala para onde enviei todos os demônios que estavam nos assistindo. Na terceira sala estão três ferozes leões, que não são alimentados desde que escapei pelas Portas da Morte. Como eu sou muito generoso e quero agradecer pelo ótimo jogo que tivemos, escondi a Vélos Stóma na sala mais segura para vocês. – Ele soltou uma gargalhada.

–Dizem que você é o mais astuto entre os homens. – disse Reyna – Mas parece que ficou estúpido com o tempo. Venham eu já sei onde está a flecha.

Os três semideuses desceram do palco, deixando Sísifo com uma cara de tacho. Reyna indicou a terceira porta.

–Nenhum espírito escapou depois que Tânatos foi libertado por Percy, Frank e Hazel, certo?

–Sim. Só o Tártaro ficou fora de controle, até o fechamento das Portas da Morte.

–Tânatos foi libertado em Junho. Já estamos em Agosto! – exclamou abrindo a porta. Um cheiro podre saiu de dentro da sala. – Os leões já morreram de fome...

Ela entrou e saiu da sala carregando uma flecha dourada, brilhante e...

–Segura que tá quente! – disse passando para Nico.

–Outh! – arfou Nico, ao queimar a mão. – Como você conseguiu segurar?

Ele passou rapidamente para Will, que segurou sem problemas. O semideus analisou a flecha, um desenho de uma língua bifurcada e presas de uma cobra estavam na ponta da Vélos Stóma, a Flecha da Boca. Will sentia a flecha morna, conseguia segurar tranquilamente, mas ao olhar para Reyna, levou um susto, a mão direita da semideusa exibia uma enorme queimadura vermelha, no formato da flecha. Nico também esfregava a mão, mas não tinha se queimado seriamente.

–Acho que só eu posso segurar sem me queimar.

–Lá está ele Alecto! Vamos pegá-lo!

O grupo virou assustado. As três Fúrias estavam no outro lado da praça, e voavam o mais rápido possível em direção a Sísifo. Ele estava aterrorizado.

–Vou te jogar no Tártaro dessa vez, seu verme! – gritou Alecto, raivosa.

–Acho que tenho que abandoná-los agora. – anunciou Sísifo para os Semideuses.

Nico estreitou os olhos e disse:

–Você não vai fugir de novo. Eu não vou deixar!

–Nico! Não use seus poderes! – pediu Will, preocupado.

O filho de Hades levantou as mãos e três leões-zumbis saíram da terceira sala.

–Peguem ele! – ordenou. Os leões começaram a correr atrás de Sísifo, Nico sentiu uma tontura e tudo apagou.

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–Quione! Visita para você... – disse Éolo, entrando em uma sala. Percy, Annabeth e a Horae entraram atrás.

Quione estava jogada em uma poltrona de veludo parecendo estar profundamente entediada. A sala estava gelada, montes de neve se acumulavam nos cantos. Não havia muita coisa, somente uma poltrona, uma cama (Deuses dormem?), uma prateleira com alguns livros, uma mesa e no meio da sala, o Boneco de Neve mais lindo que Percy já tinha visto na vida. A janela tinha vista para a ensolarada e quente Miami Beach.

–Minha pena já acabou? – perguntou sonsa, com uma expressão de vítima.

–Você está presa faz nem um ano Quione. Não se faça de desentendida que eu não tenho paciência para essas coisas. – ralhou Éolo. A deusa da Neve ficou com uma cara emburrada e olhou para a janela.

Lady Quione... Sou Annabeth, filha de Athena. O senhor Éolo autorizou que eu fizesse algumas perguntas para você.

–Não tenho interesse em respondê-las. – falou a deusa.

–Talvez se interesse caso sua pena fosse reduzida, não? – sugeriu Éolo, incitando Annabeth a continuar.

–O que a senhora pode nos dizer sobre Despina? – perguntou a semideusa.

Quione levantou o olhar, nitidamente interessada.

–Realmente terei um abrandamento da pena? – perguntou a Éolo, fazendo charme.

–Isso não depende de mim, mas o Conselho ficará satisfeito caso você passe a auxiliar o Olimpo novamente.

Ela se deu por vencida.

–Despina voltou, então? Ela estava quietinha enquanto eu reinava em Quebec. Eu avisei aos Olimpianos que era um erro me retirar e retirar meu pai de nossos postos no Norte. Nós seguramos e controlamos inimigos perigosíssimos para o Olimpo, nossa presença em Quebec é vital para a segurança dos domínios do senhor Zeus. Como sabem que ela voltou?

–Ela conspira nesse momento com Píton, quer derrubar o Olimpo. Ela está reunindo os aliados de Gaia que não foram capturados pelo Conselho.

–Ela reina no Caos. – alertou Quione. – A Mãe Terra mexeu muito nas estruturas do seu mundo para tentar se vingar mais uma vez do Olimpo. Tudo está fora do lugar. Despina se fortalece com isso.

–A senhora tem noção de qual plano ela está seguindo? – questionou Annabeth.

–Tenham em mente que o objetivo de Despina não é somente tomar o Olimpo. Ela quer vingança. Ela quer destruir Deméter, Poseidon e Perséfone. Ela tem um ódio mortal desses três. Os pais dela e a querida irmã que é a preferida da mãe. O plano dela para controlar o Olimpo tem incluído a destruição desses três deuses, principalmente Deméter.

–Por isso Sr. D. saiu correndo do Acampamento para avisar Deméter. – concluiu Percy, em voz alta. Ao olhar para Annabeth percebeu que ela estava concentrada, tentando encaixar as peças do quebra-cabeça, era quase possível ouvir as engrenagens de seu cérebro trabalhando e tentando unir todas as informações.

–Como podemos detê-la? – perguntou a filha de Athena. Quione deu uma gargalhada que fez Percy se arrepiar até o último fio de cabelo, foi uma risada gelada e sombria, que derrubou ainda mais a temperatura da sala.

–Meus queridos, Despina é indomável. Lógico que vocês não estão batalhando com Cronos ou Gaia, ela é uma entidade muito menor. Entretanto ela é esperta, arredia e está na época do ano em que ela começa a se fortalecer. No Outono e no Inverno é quando ela fica mais forte.

–Ainda estamos no Verão. – disse Percy.

–Vocês nunca conseguirão achá-la até o dia do Equinócio de Outono.

–O Equinócio de Outono é em Setembro, estamos no começo de Agosto. – argumentou o herói, indignado.

–Desculpe se eu feri o seu ego, filho de Poseidon. Sei que vocês sempre foram bem pontuais nos prazos de suas missões. Mas Despina não quer ser encontrada. Então ela não vai ser. A não ser que vocês sejam capazes de cutucar cada monte de neve do Ártico até Setembro, pois esse é somente um dos disfarces que ela pode assumir.

Annabeth suspirou, pensava que seria um problema facilmente resolvido, mas não era bem assim que estava acontecendo.

–Mas voltando a sua questão querida. – retomou Quione – Despina só pode ser detida do dia do Solstício de Verão.

–Mas isso é só ano que vem!

–Foi quando eu e Phthinoporon derrotamos ela. Não é mesmo Phthi?

A Horae se remexeu desconfortável.

–Não me chame assim Quione... Mas sim, a derrotamos no Solstício de Verão. É o dia em que ela está mais fraca. Mas temos preocupações maiores, os planos dela terão que ser impedidos até lá. O Solstício de Inverno é o dia em que ela fica mais poderosa, pode ser que seja o dia em que ela execute seu plano final e tente derrubar o Olimpo ou destruir um de seus alvos principais.

–No Solstício de Inverno ela estará imbatível... Isso não significa que o plano dela não possa ser interrompido por vocês semideuses. É questão de melhor estratégia.

Annabeth assumiu uma postura confiante, em se tratando de estratégia ela estava em vantagem.

–Creio que já conseguimos o que queríamos Quione. O Conselho Olimpiano vai ouvir elogios sobre você.

A deusa da Neve ficou satisfeita, mas de repente sua expressão mudou.

–Phthi... Se lembra da última revolta da Despina? Ela não estava sozinha.

–Lembro sim. – disse Phthinoporon, recordando algo preocupante.

–Despina realmente não está sozinha, está reunindo os aliados de Gaia. – falou Annabeth novamente.

–Não foi isso que eu quis dizer, filha de Athena. Despina é uma deusa menor, que nem eu. Ela tinha o apoio de gente importante. Na última vez, me lembro que por algum motivo Senhora Hera havia brigado com Deméter, e apoiou Despina no seu plano de vingança contra a mãe. Senhor Zeus ficou furioso e castigou as duas.

–Você quer dizer que alguém no Olimpo está ajudando Despina. – perguntou Percy.

–Não necessariamente. Mas podem ter certeza que Despina está tendo apoio de alguém importante, que terá alguma vantagem caso ela derrote Deméter, Poseidon e Perséfone.

<><><><><>

Uma mulher caminhava em direção a uma profunda fenda, em algum canto escuro do submundo. Onde seus pés tocavam era instantaneamente congelado. Ela usava um vestido branco e seus olhos eram prateados. Não eram iguais aos de Athena, que pareciam sempre em movimento como nuvens de uma tempestade, ou aos de Ártemis, que lembravam o brilho da Lua e das estrelas. Lembrava o gelo, o frio, as nuvens de inverno que pairam pesadas esperando a hora certa para começar a nevar.

Ela se agachou perto da beirada. Parecia não ter fundo, era tudo preto, escuro, mas não vazio. Despina conseguia sentir a presença primordial.

–Minha Senhora?

–Despina. Como está a cobra? – disse uma voz, emanando do fundo do enorme buraco.

–Burra o suficiente para achar que tem alguma importância para o nosso plano.

–Os Semideuses estão ocupados com Delfos?

–Sim, minha Senhora. Nem desconfiam que se trata só de uma distração.

–Eles ainda terão muito trabalho depois de restaurar o Oráculo. Nem vão perceber o andamento do nosso plano.

–Quando devo seguir com o plano?

–Imediatamente. Aproveite que Apolo está fraco e afastado do Olimpo.

Despina assentiu, mostrando que tinha compreendido o recado, antes de se virar para ir embora falou:

–Obrigada por me ajudar a me vingar de minha mãe.

–Você merece minha querida. Sempre foi a preterida, a descartável. Você tem o direito de se vingar de Deméter. Lembre-se do que é muito importante: para derrotar Deméter você deve acabar com o que ela mais ama: a Agricultura.

–Por isso estou destruindo Apolo aos poucos. Sem sol, sem agricultura. Isso te fortalece também, não é? – perguntou.

–Sim, me fortalece um pouco. Mas não perca o foco, a prisão que os Olimpianos construíram para mim no Tártaro é poderosa.

–Destruirei Apolo, pois sem o Sol não existe a agricultura. Destruirei meu pai e entregarei os mares para o titã Oceano. Destruirei minha irmã, acabando com a Primavera e com o próprio Hades. E então eu finalmente estarei vingada e deixarei o caminho livre para você, minha Senhora.

–Sim, sim... Pois com dois dos Três Grandes enfraquecidos eu me reerguerei das profundezas do Tártaro e instaurarei a Noite Eterna!


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?

bjs e até o próximo capítulo!!

bjs da Cath tbm :-*



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