Acabei indo para a casa do Sr. Parrish de vestido e isso me deixou um pouco nervosa. Eu não era boba nem ingênua, sabia o que estávamos fingindo não fazer...

LOOK DA ALISON

Cheguei na casa dele e mesmo sabendo que ele estaria me vendo pela câmera fiquei um pouco ali, ajeitei a saia do vestido que era coral e subi um pouco mais a parte de cima. Firmei as sandálias de cor creme em meu pé e bati na porta de leve.

Ele atendeu e logo colocando as muletas ao lado do sofá e indo se sentar no mesmo.

– Desculpe, minhas chaves estão muito no fundo da bolsa. – argumentei e fui para a cozinha. Deixei minha bolsa na mesinha que tinha perto da porta e fui lavar a louça.

Abri os armários e estavam mais vazios do que o esperado. Tentei procurar algo que desse para comer pelo menos no almoço, mas não encontrei nada.

Morrendo de vergonha fui até a sala para pedir o dinheiro a Tom. Ele disse que poderíamos gastar quanto fosse necessário, mas ele iria junto.

No supermercado Tom foi abordado por vários conhecidos, todos lhe desejando melhoras e me cumprimentando com apenas um sorriso.

Estávamos no caixa preferencial e depois de alguns minutos nossa vez chegou, como era uma cidade pequena logo nos reconheceram e desejaram melhoras novamente.

– Senhorita Alison, você não é muito de vir ao supermercado. – comentou a caixa passando o leite e sorrindo pra Tom em seguida.

– Ah, estou trabalhando na casa dos Parrish. – respondi sem graça.

– Ah. – murmurou olhando pra mim e depois voltando a olhar Tom, confesso que aquilo me deixou um pouco irritada primeiro por ser ignorada e segundo pelo modo que ela o olhava. – E como estão a senhora Parrish e a pequena Rachel?

– Estão viajando. – respondeu Tom saindo da fila e desviando o olhar. Ela olhou pra mim e depois para a mão de Tom em meu ombro enquanto saía da fila.

Já na saída Tom ficou dentro do carro enquanto eu guardava as coisas na mala, entrei no carro e começamos a sair do estacionamento.

– Não gostei do modo que a Maria falou com você. – resmungou Tom depois de alguns minutos, virei rapidamente meu rosto para ele e sorri.

– Está tudo bem. – respondi voltando a prestar atenção no caminho.

– Espero que esteja mesmo. - Sua mão tocou meu joelho e eu puxei a perna em resposta, ele corou e pigarreou ao meu lado. - Desculpe, não quis te ofender. – se desculpou em seguida.

Com o sinal vermelho tirei a mão da marcha e toquei a sua que estava no painel do carro, ele olhou pra mim e trocamos olhares compreensivos.

– Está tudo ótimo, Sr. Parrish.

Abrimos a porta rindo e colocando as compras para dentro. Tom ia empurrando as sacolas com a muleta enquanto eu carregava as compras em meus próprios braços. Abri os armários e comecei a tirar os produtos do saco.

– Você vai me passando, ok? – pedi e ele assentiu sentando em uma das cadeiras da mesa de jantar. Alguns minutos depois já havíamos terminando e eu estava no chão rindo de uma piada super idiota de Tom.

– Alison, você vai mesmo servir a gente no jantar?

– Claro, ganharei por hora extra. – respondi ao mesmo tempo respondendo Carlos no celular. – Vou para casa me arrumar.

Cheguei em casa completamente cansada e suada da correria. Escolhi minha roupa e depois fui tomar um banho.

Quando terminei de me arrumar fiz um coque e tirei uma foto no espelho e postei no Instagram. E depois fiquei me analisando.

LOOK DA ALISON

O vestido era preto e com o topo totalmente rendado, dava para ver meu sutiã rendado da mesma cor, porém só se olhassem muito perceberiam a diferença. A saia era leve e um pouco transparente na ponta. O sapato era um scarpin com um salto pequeno e da mesma cor que o vestido, me deixou apenas uns 6 centímetros mais alta.

MAKE DA ALISON

Como não sei muito de maquiagem, passei a base mais nova que eu tinha, acabei usando um trio de sombras que tinha perdido em meu guarda-roupa, finalizei com uma sobra perolada presente de Silver – “Fica maravilhoso em seu tom de pele!”–, aumentei um pouco dos cílios com rímel e nos lábios um batom rosado com um brilho simples.

Nos cabelos apenas fiz algumas ondulações com baby-liss e passei um óleo.

Cheguei na casa do Sr. Tom e montei a mesa – nós compramos a janta – enquanto ele estava se arrumando e sendo examinado pela Geanini.

Ela saiu pelas portas dos fundos e quase deixei a jarra cair quando o Sr. Parrish passou por trás de mim. Ele estava bem bonito, terno e gravata, uma calça preta e na parte da perna ela estava dobrada. Seus cabelos ainda estavam molhados e ele havia feito a barba.

– Está tudo magnífico. – elogiou sorrindo ainda atrás de mim.

– Obrigada. – Eu me virei e ficamos completamente perto um do outro. Ele deu mais um passo e acabou se desequilibrando caindo por cima de mim, coloquei sua mão na cadeira e me afastei sem graça.

– Sr. Parrish, eu sei que vocês são homens, mas... Vamos manter o respeito. Não quero piadinhas de segundas intenções enquanto sirvo o jantar e nem ninguém me dando telefones. Pelo menos não na minha frente. – Fui direto ao ponto cruzando os braços e ele riu depois assentiu. – Eu tenho namorado.

– Isso é para mim ou para eles? – perguntou depois de beber um pouco da água que tinha em cada um dos copos.

– Infelizmente, para os dois. – Saí da cozinha e fui colocar meus sapatos. Exatamente às 18 horas, os diretores chegaram, abri a porta com um meio sorriso e eles todos fizeram questão de me cumprimentar.

Ficaram conversando sobre as coisas da empresa, ouvi vários nomes estranhos, números enormes e tudo mais.

– Brad, tenho que desligar. Vou servir o jantar.

– Hm... Adoraria ver você com uniforme de empregada.

– Eu não tenho uniforme, seu bobo.

– Eu compro um no Sex Shop.

– Tchau! – me despedi sussurrando.

– Te amo.

Desliguei o celular e servi a janta. Alguns elogiaram o cheiro e outros me elogiaram como cozinheira, dei apenas um risinho sabendo que nem preparei a refeição.

Quando estava já um pouco longe da sala de jantar, ouvi um deles me elogiar e os outros riram.

– Ela tem seios bonitos. – Um comentou sussurrando e outros concordaram, ouvi Tom pigarrear.

– Que sorte, hein? – um zombou de Tom rindo em seguida. – Quem dera uma dessas todas as manhãs!

Comecei a ficar irritada do modo que eles estavam falando e Tom pareceu bem irritado também porque quando passei em frente à sala, ele estava vermelho e com o maxilar cerrado.

– Ela é uma garota muito bonita. – Ele afirmou e eu parei na escada ouvindo tudo e meu coração começou a acelerar. Tentei me concentrar e parar de ouvir as batidas que quase machucavam meus ouvidos, coloquei a mão ao peito de felicidade ou para relaxar o coração. – Mas vamos continuar o assunto?

– Ela é como uma criança. – O mais jovem disse depois de um silêncio.

– Para, Phill! Você já pulou a cerca uma vez, lembra? – disse um louro dos olhos incrivelmente azuis.

– Isso é passado. – resmungou o mesmo garoto. – Amo a minha esposa e Ali é só uma criança. – respondeu ao colega de modo ríspido, brinquei com a saia do vestido meio triste pelo que tinha dito e meio nervosa pelo meu coração ter acelerado.

– “Ela é só uma criança!” – repetiu um em tom zombador. Aquela conversa tinha se tornado sobre mim? Ou o assunto era motivo para o Tom pelo menos tentar algo comigo?

De repente, me senti realmente incomodada por tudo que eu tinha dado a entender e as chances que eu poderia ter deixado – mesmo que acidentalmente – em aberto.

Tudo foi revirando meu estômago de maneira dolorosa, os olhares, as risadas e as conversas, os elogios e... Os toques hoje mais cedo. Tudo virou algo tão sexual na boca deles – mesmo que eles não soubessem sobre tudo isso – e me senti uma pessoa imunda.

Tom os interrompeu e fez o mesmo com meus pensamentos.

– Alison tem a idade da minha filha.

O homem com voz meio embriaga e com o fundo da voz idosa disse:

– Minha posição favorita é mamãe e papai. – E todo o resto riu na mesa.

– Ou se calam ou saiam da minha casa agora! – rosnou Tom e todos se calaram.

Mas apesar de tudo. Ele me defendeu.