Os Quatro Cavaleiros escrita por Mr BS


Capítulo 3
Cilada




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Foi por volta das dez que encontramos rastros de um predador na região, não diria o que ele caçava, só que era um enorme perigo. A floresta naquela área não era fechada, na realidade o que tivesse passado por ali tinha feito um enorme rombo nela e depois desapareceu em pleno ar deixando só o resto ensanguentado de algo que seria um anjo.

Vitoria se aproximou de uma enorme pegada perto do resto de uma asa, ela analisou os rastros por alguns minutos então disse:

— Seja o que for passou aqui faz dois dias! — Ela olhou em volta e viu algumas pegadas enormes. — Parece ser um lobo ou um cão, mas nunca ouvi falar de algo desse tamanho.

Mesmo sem ser um rastreador dava pra ver que em media aquela criatura devia ter no mínimo uns cinco metros de altura e alem disso conseguia matar um anjo, algo extremamente raro. Mikai olhou para ela então disse:

— Algum risco dele está por perto?

— Não sei dizer, mas é melhor tomar o máximo cuidado possível! Não queremos ser a próxima refeição.

Mikai olhou pra mim então perguntou:

— Alguma coisa no rádio?

— Nada — o que era muito estranho, — desde manhã absolutamente nada.

Mikai olhou em volta então disse:

— Provavelmente o que seja que atacou esse anjo espantou os animais da região por isso não encontramos nenhuma caça até agora.

— A rastreadora aqui sou eu, Mi!

— Só tava dizendo.

Olhei para minha irmã que estava perto do grupo de médicos. Cada grupo de caçada era composto de dez membros, dois guerreiros, um rastreador, dois médicos, dois cientistas, um batedor, um cozinheiro/vigia e um ouvinte.

Éramos 11 por causa da Lu, saímos do campo aberto por que cedo ou tarde um anjo iria verificar o que era aquilo, dos ingredientes para minha bateria faltava só o mineiro, tivemos sorte que daquela vez a maioria das plantas cresciam perto do esconderijo.

Estávamos ao umas três horas da caverna quando encontramos aquela clareira, avançamos mais duas horas na direção norte enquanto a floresta ia se adensando conforme avançávamos, Vi detectou rastro de um veado na nossa rota então fomos a caçada.

Olhei para o sol para tentar calcular as horas então disse:

— Temos que ir rápido devemos ter mais três horas antes que eles fechem a caverna.

Vi olhou para os outros então disse:

— Os rastros então frescos se não achamos nada em quinze minutos nos voltamos.

Mikai olhou para cima então disse:

— Certo.

Ainda achava estranho a falta de comunicação angélica, mas podia ser simplesmente que eles não estavam na região, porem algo me dizia o contrario. Tínhamos acabado de matar um veado quando nosso batedor surgiu ofegante:

— Un.... sobre...doscientos...sigue vivo.

— Nae, por favor? — Nosso batedor se chamava Ricardo, ele era estrangeiro falava o português com um sotaque forte, mas quando estava em pânico falava na sua língua natal.

— Um sobrevivente a duzentos metros, ainda vivo.

Mikai olhou para mim então disse:

— Algo pelo rádio? — Ele segurou o cabo da espada que levava presa na cintura e disse mais firme — Vi pode dá uma olhada se não tem rastros de algum anjo por perto!

Vasculhei cada frequência possível a fim de achar alguma coisa que indicasse que eles estavam lá, mas nada simplesmente vazio e quanto mais eu buscava mais aflito ficava, nunca a frequência angélica ficava tão silenciosa.

Olhei para Lu então me aproximei de um de uma garota de olhos castanhos, cabelos pretos que tinha uma cicatriz que ia da bochecha até perto do olho direito, era Joan uma das cientistas do grupo e aquela que fez a modificação mais útil nos meus headphones. Olhei para ela então entrego meu rádio e digo bem baixo só para ela e o outro cientista do grupo ouvirem:

— Anjos não deixam sobreviventes! — Ela pega o rádio da minha mão então me encara. — De alguma maneira eles estão deixando o rádio mudo, acho que pode ser o tradutor, então só por segurança eu queria saber se você pode removê-lo.

Ela sorriu então disse:

— Tem algo que você me pede que eu não faço?

— Por isso que você é a melhor Joan.

Vi notou meu movimento mesmo enquanto observava a área em busca de sinais inimigos. Mikai se aproximou de mim e disse:

— Nós vamos ajudá-lo Nae, embora ache que seria melhor você usasse “aquilo”.

— Ainda não Mikai, não até ter certeza que eles não estão bloqueando os sons, pois se tiverem vai ser só desperdício de energia.

— Acho que está certo — ele me encara por alguns segundos, — vai ficar perto da sua irmã logo, qualquer coisa eu sei que você vai falar comigo.

O grupo teoricamente não tinha liderança embora ela ficasse basicamente nas mãos de Mikai e Vi. Avançamos devagar e bem próximos um ao outro, Lu estava próxima a mim e aos cientistas que estavam tentando remover o tradutor do rádio.

O sobrevivente estava encostado num cedro enorme envolto de uma enorme poça de sangue e algumas partes que pareciam membros humanos, tampei os olhos da Lu então olhei para o homem encostado na arvore.

Não era uma cena bonita, ele teve o braço esquerdo arrancado na mão, dava para perceber pois as laminas angélicas deixavam um corte reto e aquela ferida ainda tinhas uns pedaços de pele e carne, a perna esquerda foi cortada enquanto foi atingido por duas flechas bem no abdômen, como estava vivo não fazia ideia.

Nossos médicos se aproximaram dele rapidamente e tentaram estancar os pontos de sangramentos a fim de tentar salva-lo, embora desse para perceber que mesmo eles não tinham muita esperança, deixei a Luana com a Joan então me aproximei de e disse:

— O que aconteceu?

— Emboscada...silencio...tentando encontra... — Ele cuspiu muito sangue então um dos médicos pediu para evitar falar, mas a palavra silencio me deixou ainda mais preocupado, olhei para Joan e disse

— Me diz que conseguiu tirar.

Ela jogou o rádio para mim

— Dito e feito, mas como você vai entender o que eles estão dizendo já é problema seu!

Simplesmente ri, o principal motivo dos membros do clã se manterem afastados de mim não era pela síndrome de kurta era pelo simples fato que eu sabia falar um pouco de trevon, a língua dos anjos. Tinha aprendido com um Naihir que ajudou minha família a fugir dos anjos.

Coloquei o rádio conectado aos meus headphones então mudei as frequências quando ouvi:

Varianas clashio andens mesriean maba sions— Meu trevon estava enferrujado mais acho que era algo próximo a “vamos ataca-los ou esperar eles voltarem”, a voz de quem falava mudou era bem mais grossa que a anterior.

Machens orian vei nienkens! Clashions

Sabia muito bem o que aquilo dizia, “acho que aquele humano está nos ouvindo! Ataque- os”. Tirei meus headphones então simplesmente disse:

— Ecolization, ativar! — Mikai ouviu minhas palavras e sacou a espada dele e ficou em aleta, olhei para Lu que correu para perto de mim.

Joan tinha modificado meus fones criando um modo onde usando minha audição no máximo tivesse uma espécie de eco localização só que bem mais útil pois invés de atuar como direcional me fornecia uma “visão” de quase tudo em um raio de dois quilometro.

As desvantagens disso, primeiro gastava muito a bateria dos meus fones e depois o retorno sonoro era muito, se meus fones fossem destruídos estimava que o som produzido poderia me deixar surdo de vez ou me deixaria inconsciente, mas era só suposições.

Estávamos cercados por um grupo de 10 anjos, algo que dava por chance de sobrevivência algo próximo de zero, mas como a Lu estava lá não custava nada arriscar um milagre.

— 10 alados, dois tem arcos, acho que tem quatro lanças e uma katana, dois estão muito longe para saber o que estão usando e tem um simplesmente parado provavelmente o líder. — Foi quando eu ouvi

Hamanian arcajian mapi — “O que aquele arcanjo quer que façamos?” Ou algo próximo.

Pronto acho que um milagre não ia bastar.

— 9 querubins e 1 arcanjo pelo que parece — era o grupo padrão quando um estava envolvido.

— Você disse um arcanjo? — O tom de Vi estava exaltado quando fez essa pergunta tanto que os outros membros do grupo se assustaram. Simplesmente olhei para ela e disse

— Sim, um arcanjo — Matar um querubim já era muito difícil mas arcanjo eram praticamente imbatíveis, sua velocidade, força e poderes estavam muito acima de um mero querubim, encontra um, era praticamente dá um oi para morte cara a cara.

Mikai olhou para o grupo então disse:

— Fudeo! — Ele olhou para mim então disse: — Nae trace uma rota limpa para tentar despistá-los então depois vamos tentar voltar a base.

Foi quando me liguei num simples detalhe.

— Acho que isso não vai ser possível!

— Por que?

— Eles querem isso, vão fingir que estão nos perseguindo por alguns metros e matar alguns então depois vão seguir os sobreviventes!

— Por que você acha isso? — Mikai me encarava muito preocupado

Apontei para o sobrevivente então disse

— Anjos não deixam vivos, não importa se eles estão muitos feridos ou quase morrendo. Acha que eu não queiro colocar a Lu num local seguro! Nossa única chance agora é lutar.

Um som forte ecoou pela mata, os anjos iam nos atacar, mas eles não contavam com a minha eco localização.

— Mikai flecha as seis e tem um avançando as doze contra você, Vi dois passos para direita e atire, Gui tem um lanceiro se dirigindo rapidamente na direção dos médicos tome cuidado. Joan dispare-as assim que todos os alvos se chocarem.

Não podia dizer tudo em voz alta as ordens, embora só tivesse experiência em simulações e com pequenos grupos de 2 a 4 anjos que normalmente nem eram guerreiros abaixo de querubins. Nesta situação se o arcanjo não se movesse dava para tentar fazer alguma coisa.

A tensão era muita, se eu errasse mesmo que por alguns milésimos estávamos todos mortos, quando o primeiro anjo se chocou contra Mikai senti o som de uma flecha cortando o ar no meu sentido, andei alguns passos para sair da rota dela então analisei nossa situação.

Mikai e Gui que eram os únicos que conseguiriam lutar de perto com um querubim tinham armas de curto alcance uma espada de folha larga e um alfanje, vi continha cerca de 8 flechas contra anjo, Ricardo tinha uma lança de arremesso, nosso vigia tinha uma adaga e Joan umas pequenas granadas com fragmentos de armas angelicais mas isso iria colocar em risco o grupo também.

VI tinha acabado de disparar uma flecha quando Mikai consegui matar o primeiro anjo, a cortina de fumaça estava ao nos ajudando então os outros não perceberam isso, Gui estava sendo pressionado pelo outro anjo que tinha largado a lança e passou a usar duas espadas de única mão.

— Joan dê algo praquele maldito comer! Mi um lanceiro por cima e outro vindo por volta das quatro, Vi de dois passos para trás vire totalmente e atire depois dispare as seis com 25 graus para baixo, Gui recue.

Joan arremessou uma granada bem na boca do anjo que estava lutando contra Gui enquanto ele sai da frente para não ser atingido por alguns dos fragmentos, a primeira flecha que Vitoria atirou errou o alvo por que ele saiu do local, porem a segunda atingiu o lanceiro que vinha na direção de Mikai pelo solo.

Quando o terceiro anjo caiu uma enorme rajada de vento surge do nada desfazendo a cortina de fumaça, era a habilidade de todos os anjos dobra elemental, embora ele não considerasse humanos dignos de se gastar energia matando com dobra, então raramente usavam.

Mikai se desequilibrou com a rajada de vento, ia dizer algo porem Vi foi mais rápida e disparou duas flechas contra o anjo que avançava contra ele. Gui tinha avançado contra outro anjo que tinha surgido perto do grupo de médicos.

— Ricardo ajude o Gui, Vi cuide do que está vindo a leste da sua posição, Mikai a sua direita embaixo do solo finque a espada e pule pra trás.

Um alado saiu debaixo do solo assim que Mikai enfiou a espada na terra, ele pulou para trás puxando a lamina enquanto o alado pegava impulso para atacá-lo, Vi tinha acertado outro anjo quando eles pararam, o som que eu recebi logo em seguida fez minha alma tremer de medo.

—Recuem — era o arcanjo, ele começava a se mover lentamente na nossa direção, —Eu sei que você está me ouvindo humano, então ouça bem o som da sua morte pelo meu magnífico poder.

De repente então Luana me puxou jogando no chão enquanto um raio de luz atinge o lado esquerdo do meu fone, a dor que venho a seguir era muita, parecia que minha cabeça estava sendo perfurada por espadas carregadas com centenas de volts e ainda jogassem sal e limão sobre as feridas.

A dor era tanta que antes de perder a consciência cheguei a ver a encapuzada no meu lado com um sorriso no rosto. Ela se aproximou de mim então me entregou uma chave e apontou para uma porta no chão ao lado do cedro onde encontramos o sobrevivente.

A encapuzada se aproxima ainda mais do meu rosto e diz sussurrando no meu ouvido

— Agora que achei você não vou te perder! — Ela guiou a minha mão que segurava a chave até a fechadura então força ela fazer o movimento de destrancar, — Acho bom você me encontra logo por que se você morre eu vou fazer você se arrepender amargamente!

Logo depois disso só me lembro de alguém me puxando e algo parecido com o som de uma enorme explosão e alguém chamando meu nome, mas a dor era tanta que não consegui mais ficar consciente então desmaie onde estava.


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