Era meia noite, a mãe de Chaminha dormia em sua cama, e achava que seu filho estava como ela, deitado em sua cama, ou assistindo TV em seu quarto, mas não, o garoto estava na estação de ônibus para ir ao aeroporto.

"Espero que minha mãe não desconfie de nada", o garoto pensava nervoso, pois ele tinha medo de sua mãe ficar muito preocupada, Chaminha ficava mais perturbado com o medo do que estaria em Manaus, te esperando, seriam índios pacíficos lhe iriam te mostrar a mata com o maior cuidado, ou seriam sequestradores que apenas tinham te dado um golpe e iam lhe usar para pedir dinheiro? ele não sabia, mas ia com vontade e medo.

Ele foi chamado, era sua vez de entrar no ônibus, Charlie tinha gastado toda sua mesada na passagem, a idosa que estava recolhendo os bilhetes aparentava ser uma pessoa simpática e inocente, mas o garoto não sabia o que estava por trás de tanta gentileza.

O moleque se acomodou nas cadeiras estufadas, ele não via a hora de chegar no aeroporto, porém sua ansiedade foi interrompida por um barulho vindo da janela ao seu lado, era um pássaro, que bicava a janela e assobiava bem alto, fazendo Chaminha ficar bravo e estressado, porém parecia que só ele tinha ouvido a ave, provavelmente porque só havia ele e um garoto, que estava no banco do fundo.

A ave estava assobiando mais alto e mais alto, e mesmo com o ônibus em movimento ela não se mexia, parecia mágica, o garoto aguentando sua raiva percebeu que a velha senhora que havia recebido seu ticket não estava no veículo, porém isso não importou muito a ele, a única coisa que importava era fazer aquela ave parar de assobiar, então ele teve uma idéia: com toda sua força, ele socou o vidro, a ave reagiu, e reagiu seriamente, pois algo de estranho começou a acontecer com ela

A janela explodiu, e a ave que estava na janela na verdade, era a velha senhora
"M-mas... COMO?!.. humanos não podem virar pássaros, isso é.. IMPOSSÍVEL!"
a velha senhora riu, e toda aquela aparência simpática e gentil começou a desaparecer, agora sua pele estava ressecada e seus lindos cabelos loiros haviam virado cabelos pretos e secos, ela parecia com um ser que Chaminha havia visto em seus sonhos: ela era Matinta Perera"