“Cadê as petúnias? Eu pedi especificamente por petúnias! Ah, aí estão as petúnias.”

Finalmente havia chegado o dia. Depois de três meses de extrema correria, Jade e Cobra subiriam ao altar, antes que a barriga de grávida se tornasse muito grande e que Cobra viajasse à trabalho por três meses.

E, obviamente, a mais surtada do dia era Karina. O motivo? As petúnias, os vestidos, o ar que ela respira...

“Karina, pelo amor de Deus, se acalma.” Pediu Mari, rindo.

“Eu vou me acalmar quando descobrir onde está a noiva e seu bucho enorme de grávida.”

“Ela está fazendo xixi, o Gabe está apertando muito a bexiga dela.” Explicou Edgard, conferindo a produção de todas as madrinhas.

“Melhor agora do que durante a cerimônia.” Suspirou a loira, encarando sua prancheta. “Ed, a Lucrécia não vem mesmo?”

“Ai, meu doce, eu adoraria dizer o contrário, mas sabe que não posso. A Lucrécia nunca aceitou as escolhas da Jade, e hoje, infelizmente, as duas pagam o preço por isso.”

“Pelo menos ela tem você, Ed.” Comentou Ruiva.

“Eu queria era ter os vestidos das madrinhas. Onde estão eles, pelo amor de Deus?” Karina voltou ao chilique de antes.

“Desde quando a madrinha é tão religiosa?” Perguntou Annie, curiosa.

“Desde hoje, provavelmente.” Mari riu para a filha, indo até a amiga. “Ka, se acalma, por favor. A Ruiva já está se arrumando, assim como a Bianca e a Fabi. Assim que trouxerem os vestidos, elas só precisam vestir.”

“Espero que meu vestido seja realmente um arraso. Não voei de Londres até aqui para pagar mico.” Comentou Ruiva, fazendo todas revirarem os olhos.

“Preferia quando você era bicho grilo metido as causas sociais, amiga. Depois que conheceu aquele inglês delícia ficou muito patricinha.” Jade finalmente saiu do banheiro, trajada em um robe branco e com os cabelos a la Dona Florinda, além da extremamente grande barriga de grávida.

“Jade Gardel, logo mais Cobreloa, sente-se e coloque esses pés para cima. Eles já estão parecendo dois pães e não quero você cansada na hora da cerimônia.” Karina bronqueou a amiga, fazendo todos rirem. “Cadê a Ella? Ela é a única madrinha que não está aqui.”

“Ainda não entendi porque ela vai ser madrinha e não a Joaquina.” Resmungou Mari, recebendo uma revirada dos olhos de Karina. Após ver que Jeff e Ella haviam passado dos seis meses de namoro, e continuavam firmes, a cantora voltou ao mau humor de antigamente, destratando tudo e todos.

“Cheguei, gente, desculpa a demora. O furgão do ateliê estava aí na frente com os vestidos, então já os peguei e trouxe.” Ella entrou com diversas embalagens nos braços, logo sendo acudida.

“Obrigada, Ella. Assim que a Louise terminar com a Fabi, ela já começa a arrumar seu cabelo.” Jade agradeceu a amiga, sentada em sua cadeira e acariciando a barriga feliz da vida.

“Mariana Noronha, você prometeu se comportar, pelo amor de Deus.” Karina agarrou o braço da amiga rosnando. “Já te falei um milhão de vezes: aceite as consequências das suas escolhas e não faça da vida de ninguém um inferno.”

“Calma, Karina, eu não vou fazer nada. Não vou estragar o grande dia da Jade, jamais faria isso.” A mulher se desvencilhou da amiga, encarando a filha. “Vamos começar a arrumar você, meu amor?”

“Vai na fé, baixinha. O Marcelo é um gênio no cabelo e na maquiagem. Ele vai me arrumar, e arrumar você, quando eu e o tio João casarmos." Comentou Fabi, animada.

“Finalmente vão se amarrar? Aleluia, porque minha sobrinha já tem três meses.” Guinchou Karina, os olhos brilhando. “Mas esperem ela começar a andar. Quero a Ester entrando como daminha junto com a Annie.”

“Karina tá virando especialista em organizar casamento de gente grávida ou com filho pequeno.” Jade não conseguiu conter o comentário, vendo a amiga revirar os olhos.

“Relaxa, amiga... Logo você vai organizar o meu, mas não pretendo entrar com o bucho cheio.” Garantiu a Ruiva.

“Fico grata... Já vai dar trabalho organizar um casamento inglês. Devemos servir chá e biscoitos?” A loira entrou na brincadeira, fazendo todos rirem.

“Só esperem o Gabe nascer, vocês duas... Mal consigo andar no meu casamento, quem dirá no de vocês!”

“Karina, você pode vir aqui fora, por favor? Alguém está aí com uma encomenda enorme de rolinhos primavera, dizendo que é para essa festa.” Um dos funcionários apareceu à porta, com cara de aterrorizado pelo que viria a seguir.

“E quem pediu rolinhos primavera? Ninguém aqui gosta de comida oriental!” Jade comentou de seu lugar, enquanto via a sócia marchar porta a fora.

“Eu tenho até medo do que ela vai fazer com o entregador e esses rolinhos.” Suspirou Bianca, se encarando no espelho. “Espero até amanhã para contar que ela vai ter que organizar o meu casamento com o Duca para quando eu estiver grávida de seis meses?”

“Ela provavelmente vai reclamar sobre a falta de camisinha que parece estar assolando a população nos últimos anos.” Ella comentou de seu lugar, causando risos.

“Não vou discordar da Ka que vocês são bem apressadinhas, mas acho que todas já estão em um relacionamento há bastante tempo. Eu e o Peter, por exemplo, resolvemos morar juntos por um tempo antes de fazermos planos de casamento ou filhos. Agora já se passaram dois anos, e estamos prontos para começar algo mais sério.”

“Acho essa ideia ótima, Ruiva. Foi o que o Jeff me disse quando me convidou para morar com ele.”

“Vocês já estão morando juntos?” Jade perguntou surpresa, enquanto observava Mari fechar a cara.

“Faz um mês, quase. Eu sei que parece rápido, mas a ligação que nós dois temos é de outro mundo. Pareceu tão certo morarmos juntos, sabe? Ele fez a proposta colocando meu nome na caixa do correio do apartamento dele.” Contou a moça aos risos.

“É por isso que o tio Jeff não me leva mais na casa dele? Por que você está morando lá?” A voz de Annie foi de partir o coração, e só naquele momento se lembraram de sua presença, perdida em meio aos secadores e sprays.

“Não, princesa... Você sabe que o tio Jeff está começando um projeto em comunidades carentes, para ajudar crianças que queiram dançar e não podem. Ele sai de manhãzinha e chega bem a noite, muito cansado. Ele simplesmente cai na cama e dorme.”

“E o resto do tempo, ele gasta com você.” O comentário ácido escapou da boca de Mari em um instante. Porém, antes que uma discussão começasse, Karina entrou com a filha de Fabi no colo, rindo.

“Fabi, meu irmão pediu para te entregar a Ester. De acordo com ele, ‘ela está chorando tanto que vai cuspir os pulmões’. Eu acho que ela está com fome.”

“E os rolinhos primavera, K?”

“São de outro casamento, Jade. E esses babacas infelizes enviaram nossas fritas para lá. Pelo amor de Deus, essa empresa é nossa! Como essas coisas acontecessem justo no dia do seu casamento?”

“Você está mais chateada pelas batatas do que pelo erro em si.” Observou Mari.

“Cara, não se pode fazer um casamento no qual eu esteja presente sem batata frita. E vodca, mas isso é outra história.”

“Ai, K, você realmente sabe fazer um casamento divertido. Agora senta aí e deixa a Aline te maquiar.” Mandou Jade, mexendo no celular.

“Hã... Posso passar a oportunidade?”

“Karina, 23 anos nas costas e ainda tem medo de maquiagem?” Horrorizou-se Fabi, que amamentava a filha no canto.

“Maquiagem, secadores, baratas e pombas.” Todos a encararam. “Pombas cagam!”

“Karina Duarte, senta aí agora ou eu lhe dou uns tapas!” Gritou Mari, batendo o pé no chão. A loira não pensou duas vezes antes de ocupar sua cadeira.

Menos de uma hora depois, o batalhão de mulheres estava pronto. Jade reclamava que seu vestido era tão grande quanto uma lona, e que estar com um menino de quase dois quilos na barriga não a ajudava em nada a se sentir mais bonita.

“Muito bem, vamos gerenciar o caos. Porque depois daquele secador maldito, nada mais me abala.” O que era mentira, visto que os olhos azuis ainda estavam arregalados de pânico. “O noivo já está aí, os padrinhos também. Estamos 12 minutos atrasados, o que ainda é elegante. Então podemos picar a mula daqui.

Ela arremessou a prancheta que segurava, abrindo a porta e saindo marchando. Todos a seguiram aos risos, sabendo que aquele casamento com certeza entraria para a história.

Os padrinhos as esperavam na entrada da tenda onde ocorreria a cerimônia. Estavam em um belo hotel fazenda, e o tempo estava fechado, obrigando a equipe a transferir a festa e cerimônia para dentro de uma tenda, abrindo mão do lindo jardim.

“Minha esquentadinha, como você está linda.” Pedro saudou a namorada com um sorriso, mas ela ainda estava irritada. “E dá para fritar um ovo na sua cabeça.”

“Maquiagem e secador.” Disse Bianca simplesmente, e o rapaz concordou.

“Ela não lida bem com os medos.”

“Vamos parar de conversa fiada, por favor? Essa barriga está pesada, meus pés estão inchados e minha coluna dolorida. E eu quero entrar logo e casar com o meu vagabundo.” Reclamou Jade, batendo o buquê no ar enquanto Edgard ria ao seu lado.

“Claro... Padrinhos, juntem-se.” Mandou Bianca.

Pedro deu o braço para Karina, beijando sua bochecha e rindo de seu nervoso. Bianca e Duca entrelaçaram as mãos, sorrindo, enquanto Dandara aparecia e pegava Ester para que Fabi e João entrassem. Mari encarou Jeff, que sorria, mas não era para ela. Ele caminhou até Ella, lhe dando o braço e um selinho. E Lírio se aproximou da amiga, sorrindo.

“Se importa em ser minha acompanhante por agora?”

“É claro que não. Vai ser um prazer.” Ela abriu seu melhor sorriso amarelo, lhe dando o braço e se posicionando para entrar no corredor. E em sua cabeça, só conseguia se lembrar de estar naquela mesma posição, alguns anos atrás, achando que aquele era o início do resto da sua vida, e não do fim dela.