O Epitáfio Do Vidapitáfio

É meio depressivo escrever sobre não ter amigos. Principalmente por que se você escreve sobre isso é por que você completamente não tem amigos. Já eu... Não tenho ninguém para chamar de meu (insira alguma coisa aqui). É como se todo o resto fosse um circo, sabe? Um circo criado por mim para entreter meus propósitos mentais, para eu não perder a cabeça, ou melhor, para o leão não acabar comendo ela. Talvez coloque isso no meu epitáfio.

Epitáfio.

Tai uma palavra legal. Ela é suntuosa, que nem a morte que ela carrega nas costas.

Epitáfio.

Por que fazem epitáfios quando a gente morre, mas não fazem para a nossa vida? Acho que deveriam agradecer por estarmos vivos, em algum momento. Imagine algo como: “Vive aqui um bom pai e um marido amoroso”, ou “aqui vive um senhor que rouba dos pobres e come prostitutas e não paga” ou ainda “Vive aqui um pseudo-homem sem amor ao próprio amor próprio”. Iria se chamar vidapitáfio.

É... Acho que algumas coisas não deveriam ser mudadas. Epitáfio tem tão mais impacto do que vidapitáfio. Tem tanta sonoridade que talvez seja melhor deixar essa honra para que já se foi. Talvez seja essa a nossa maior honra. Morrer e ter algum para entalhar nosso epitáfio.

Jaz aqui o coração de um escritor.

Jaz aqui o corpo de um pianista falido.

Jaz aqui as asas de um anjo.

Jaz aqui a felicidade um ruivo.

Não importa. Todos iremos involuntariamente morrer algum dia, todos iremos ter um epitáfio gravado em nossas lapides.

Jaz aqui... Um vidapitáfio. Ele viveu brevemente, mas com toda coragem do mundo tentou roubar um lugar no coração de quem vive.