Ressurgente escrita por Carolina Rondelli


Capítulo 34
Capítulo 33


Notas iniciais do capítulo

Já desisti de contar quantas vezes me desculpei por demorar a postar, sei que vocês ficam curiosos e querem os capítulos postados regularmente, mas não foi possível fazer isso, desculpem-me. Mas sempre lembro de vocês e o capítulo não fica esquecido, é apenas uma questão de eu ter uma vida muito corrida. Tenham paciência comigo, por favor ♥
Apesar de tudo, espero que gostem.



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Tobias

A cidade está um caos. Já faz uma semana desde a minha quase morte e não apareço em público desde então. Mas é claro que as pessoas já sabem que estou vivo, o plano nunca foi me deixar morrer.

No dia do meu pronunciamento, tudo o que aconteceu foi muito bem calculado, o plano de Derek, que pareceu o mais eficaz, tinha sua parcela de risco. Continua tendo, na verdade.

— Vamos atirar em você — Derek dissera.

Todos o olharam como se estivesse louco, mas seu plano tinha fundamentos. Trevor se posicionou longe das vistas do povo, com uma arma, e eu vesti um colete à prova de balas. Trevor não podia errar, e essa era minha maior preocupação, Tris estava ao meu lado e não estava protegida, assim como todas as outras pessoas.

Ele, porém, não errou, e senti o tiro em meu peito com um impacto muito forte, que me fez desmaiar, mas não estava morto, a bala não passou, e a encenação causou o efeito esperado. As pessoas ficaram em pânico, e temeram por minha vida.

No dia seguinte eu estava em todos os jornais, e recebi uma chuva de telefonemas, que apenas foram retornados no dia seguinte, quando Tris disse, com um certo drama, que após muitos cuidados médicos, foi constatado que eu estava bem.

Uma emissora de TV, porém, tomou a atitude mais ousada de todas. Depois do dito atentado à minha vida, criaram um quadro no jornal principal do dia que seria dedicado a mim e a Tris, os líderes rebeldes, assim como a mostrar como está avançando a nossa causa.

Tris foi chamada para gravar o comercial do quadro, assim como para gravar diversas entrevistas, mas só aceitou, de má vontade, fazer o comercial, e disse que não se pronunciaria até que eu pudesse voltar ao centro das câmeras, o que, por sinal, aconteceu dois dias atrás.

Hoje, já de volta a Chicago, Tris, todos os nossos amigos e aliados, e eu, estamos esperando a nossa estreia.

— Preste atenção — Christina diz, e me faz olhar para a tela do computador.

O comercial está começando, e logo após o programa, e Tris é a estrela principal dessa parte.

Ela está incrivelmente bela. Está usando um vestido prateado e seus cabelos estão soltos ao vento de um ventilador no estúdio, mas é claro que isso não aparece na filmagem.

Ela está no chão com os braços ao redor do corpo, e, à medida que levanta, leva-os para trás da cabeça, fazendo um X, e logo abre os braços, como se estivesse se libertando. Sua imagem manipulada pelos técnicos da emissora nos fazem acreditar que ela está em cima de algumas rochas, com o mar atrás de si, e, quando abre os braços, vários corvos "se libertam" e voam ao seu redor.

Em letras grandes, no meio da imagem, se encontra uma palavra em destaque: RESSURGENTE.

***

Um nome bem sugestivo, eu diria. Cara aprovou na hora quando nos mostraram a ideia do nome do quadro, disse que traria um bom efeito, já que, tecnicamente, teria duplo sentido, porque Tris foi considerada morta e voltou, assim como eu.

Desde que me pronunciei, os produtores do jornal vêm coletando dados e preparando o quadro a todo gás, e houve apenas um Ressurgente até esse, que serviu para mostrar o objetivo do quadro e tudo mais, além de nos anunciar.

Um problema aconteceu, porém, quando o Governo proibiu a exibição do quadro, e a emissora se viu obrigada a exibir tudo pela internet, que se mostrou uma ótima ferramenta da qual eu não tinha muito conhecimento. Mas o que pareceu nos atrapalhar gerou resultados surpreendentes, realmente as pessoas acham que o que é proibido é melhor, e existe uma espectativa de grande parte do país estar assistindo Ressurgente.

Espero que as pessoas acreditem em tudo que vou dizer, se não tudo terá sido em vão, e voltamos à estaca zero.

Após o rápido comercial, o apresentador do quadro, Jasper, um cara super engraçado e boa pinta, de cabelos grandes presos em um rabo de cavalo, usando terno, entra em cena, com seu carisma e animação fora do normal.

— Boa noite, mundo! — ele começa. — Sim, mundo! Não estranhem. Queria aproveitar e agradecer ao Governo dos Estados Unidos por ter nos feito o grande favor de proibir a exibição de Ressurgente na TV, porque agora o mundo todo pode nos ver. Obrigado! Explicando a história para quem não é daqui, basicamente estamos em guerra.

Ele fica em silêncio, um silêncio sinistro, por alguns minutos, e depois solta uma gargalhada.

— Não é tão ruim quanto parece, apenas vivemos uma espécie de ditadura de genes e temos um Governo tirano, mas não é grande coisa, e estamos tentando mudar isso, porque o poder de mudança está nas mãos do povo.

Esse cara não está ligando para regras, se é que existe alguma em uma revolução, ele está escancarando totalmente a situação.

— Sem enrolar mais, sei que estão tão ansiosos quanto eu para os visitantes de hoje. Fiquem sabendo que vocês não fazem ideia do que vamos contar aqui, e tenho certeza que vão se surpreender, e talvez o rumo dessa revolução mude — ele faz um tom de voz de suspense, que logo volta ao normal: — Com vocês, senhoras e senhores, os nossos líderes dessa revolução: Tobias Eaton e Tris Prior!

Aparecemos na tela e aqui, da prefeitura, todos nos entreolhamos, nervosos. Cumprimentamos Jasper em silêncio e vamos nos sentar com ele em poltronas dispostas no estúdio. Ele alterna o olhar da câmera para nós, até que finalmente fala:

— Cara... Como você está vivo?

Tris e eu sorrimos, dando à situação um ar mais leve, e ele nos acompanha.

— Acredito que sorte seja a palavra mais certa — começo. — Estava usando um colete à prova de balas.

— Não devia revelar isso tão fácil, da próxima vez o tiro pode ser na sua cabeça — ele brinca, tudo dentro do planejado.

— Estamos contando que não haja uma próxima vez — Tris fala.

— Isso significa que já temos um culpado? — ele nos instiga.

— Temos um suspeito — respondo.

— Hmmmmm — ele fala, com um sorriso maroto nos lábios —, isso pode ser uma acusação e tanto.

— É uma suspeita — Tris corrije —, não estamos acusando ninguém.

— Mas vamos mostrar algumas provas — completo —, e depois deixá-los decidir se vão achar fundamentos em nossas suspeitas ou não.

— Claro, claro — Jasper diz e assente dramaticamente. — Vamos chamar aqui o nosso convidado de hoje, o senhor Edd Allen.

Um homem bem idoso aparece na tela e olho para Liv, que, dos braços de Derek, pisca para mim.

— Seja muito bem vindo, senhor — Jasper cumprimenta.

— É um prazer, meu filho — ele responde.

— Bom, Edd Allen é participante de um dos nossos principais grupos rebeldes, e ele gostaria de contar uma experiência para nós.

Ao meu lado, Tris sussurra.

— Estamos arriscando a vida dele, o expondo dessa forma.

— Estamos todos expostos — digo para ela, e voltamos nossa atenção ao quadro.

— Quero contar um pouco para vocês sobre meu filho — Edd começa a falar. — Seu nome era Carl. Sim, era. Há algum tempo, vários GDs, como eu, e não pense que eu tenho vergonha de dizer que sou, foram levados para a cidade de Chicago, onde nosso atual líder mora. O grupo foi levado com a ideia de que ele estava protegendo GPs, o que é ridículo, bem sabemos, uma vez que ele é GD.

— A não ser que não achem justo eu proteger Tris — eu falo quando Edd para —, porque não é segredo nenhum de que ela é uma GP que luta pelos nossos direitos.

— Exatamente — ele continua. — De qualquer forma, meu filho foi levado junto com essas pessoas, para atacar a cidade e matar as pessoas. Talvez por sorte do nosso país, mas para o meu azar, Tobias, em sua posição de prefeito, fez o que devia fazer para proteger seus cidadãos, e meu filho faleceu. Agora sabemos que Tobias quer o mesmo que todos nós, e sei que a líder do meu grupo rebelde, que levou meu filho para a morte, só queria um banho de sangue, e, se possível, o lugar de Tobias.

Após alguns momentos de silêncio, quando todos estão sentindo pena de Edd, Jasper volta a falar:

— Pode nos falar quem era essa líder?

— Ela é bem popular entre nós, e talvez não acreditem em mim. Eu não teria acreditado se ela não tivesse tirado meu filho de mim. É Lauren.

Depois de mais um dramático momento silencioso, Jasper me olha.

— Você conhece Lauren? — ele pergunta, como se estivesse chocado.

— Sim, conheço-a tão bem que sei que seu nome não é Lauren, e sim Nita. Juanita.

Então conto a história completa. Que quando saí de Chicago cheguei ao Centro de Bem-Estar Genético, onde conheci Nita, que ela foi uma amiga para mim, ou que acreditei que fosse. Conto sobre os ataques diretos, conto tudo, do jeito que planejamos.

"É muita informação para as pessoas, não precisamos contar tudo", Tris havia dito.

"Vamos contar uma mentira, precisamos de pelo menos dez verdades para compensar, não podemos dar ao luxo que ela nos prove mentirosos", Derek, porém, afirmou.

E resolvemos contar tudo. Fiquei vários minutos falando, e só parei antes da parte onde Tris "morre", mas tenho certeza que as pessoas não pararam um minuto de prestar atenção.

— Nossa... — Jasper diz quando termino — Essa é uma história e tanto, gostaria de poder dizer que é fantasiosa, mas ela aconteceu. Essa mesma pessoas que levou o filho do senhor Allen para a morte está nos liderando, e, depois de tudo isso, acho que ela teve motivos para atentar sua vida.

— Sim, infelizmente — digo.

— Bom, eu tenho certeza de que todos gostariam de ouvir mais sobre isso, mas acabamos por aqui, não é fácil se manter no ar contra o Governo, minha gente!

Jasper dá um ar mais leve depois de tanta coisa e logo continua:

— Ainda temos muitos convidados e muitas histórias para contar, então não percam Ressurgente, que vai ao ar nesse mesmo site, todos os dias. Gostaria de saber se nossos convidados tem algo a acrescentar.

Tris levanta a mão.

— Gostaria de dizer que continuamos muito honrados por nos escolherem como líderes, e que continuaremos representando-os sempre. E o único motivo de estarmos mostrando nossa história, é porque vencemos uma vez, e, com sua ajuda, venceremos novamente, mas para isso é necessário nos afastarmos de quem quer apenas sangue, para focar na justiça propriamente dita, e estou falando de Nita, ou Lauren, a mulher que tentou assassinar seu líder.

"Não estamos pedindo que acreditem imediatamente em nós, mas que nos deem o benefício da dúvida, que avaliem o que estamos mostrando a vocês, repensem sobre as atitudes que um líder deve ter, e então tenho certeza de que farão a escolha certa."

— Acho que eu não poderia concluir isso melhor — Jasper sorri. — Até amanhã, mundo!

O quadro acaba e respiramos fundo, e ficamos um bom tempo nos entreolhando, sem saber se realmente acreditamos que isso está acontecendo, que estamos expondo Nita.

— Não sei vocês, mas eu estava esperando que uma bomba caísse aqui nesse momento — Christina diz, e todos rimos.

Sabemos muito bem que isso pode não resolver nada, sabemos que as pessoas podem não acreditar em nós, e, pior, podem se virar contra nós. Sabemos também que Nita não é nosso maior problema, precisamos vencer a revolução em si, o Governo, mas uma coisa de cada vez, não conseguiremos vencer nada com Nita em nosso caminho. Entretanto, não posso negar que aparecermos para o público é uma ótima estratégia, as pessoas dão valor a isso.

— Acham que foi o suficiente? — Tris indaga.

— Nem perto disso — Cara responde —, mas acho que começamos pelo caminho certo.

— O que vamos fazer agora? — é Shauna quem pergunta.

— Esperar Nita responder, acredito eu — falo.

— Acha que conseguimos falar com o Governo? — Derek pergunta.

— Estava pensando nisso — George fala —, seria bom, agora que é oficialmente o líder deles, tentar falar com algum representante à altura, estabelecer um acordo.

— Sim, posso tentar isso, fazer uns telefonemas, mas acho que não vão querer me receber, ou falar comigo, pelo menos não agora que...

Interrompendo minha fala, a tela do computador, ainda aberta e no mesmo site, começa a fazer barulho. Olhamos atentamente para ela e tomamos um susto quando o rosto de Nita aparece.

— Tobias Eaton, eu sabia que era irritante, ousado, audacioso, mas nunca pensei que faria isso comigo. Pelo menos não quando tenho um trunfo tão grande nas mãos. Não pensei que teria que usá-lo tão cedo, mas pelo visto você não tem limites, e precisa aprender que não é assim que as coisas funcionam. Vai se arrepender de cada palavra dita, e, quando eu acabar, vai me prometer que nunca mais vai ao ar com aquele programa ridículo.

Ouço o grito de Shauna e vejo que ela tampa os olhos quando Nita sai de frente da câmera e conseguimos ver Zeke, amarrado a uma cadeira, com dois homens fortes ao seu lado. No mínimo vão espancá-lo até a morte.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Espero as opiniões de vocês nos reviews!
Xoxo.



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