Ressurgente escrita por Carolina Rondelli


Capítulo 32
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, tudo bem com vocês? Comigo não, porque acabei de ver um episódio de Teen Wolf que me deixou alterada, alguém aí assiste? Podem surtar comigo nos reviews, se quiserem.
Mas enfim, espero muito que gostem do capítulo!



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Tobias

Meu dia começa a dar errado a partir de quando chego no apartamento da minha mãe.

Tris está se sentindo mal, então acho que será melhor levá-la para lá enquanto Derek e Liv me colocam a par de tudo que preciso saber, o que parece uma boa ideia, até o momento em que minha mãe ouve a voz de Liv e dá socos cegos no ar — literalmente.

Liv tenta se desculpar, mas minha mãe está irredutível.

— Acalme-se, mãe! — peço, segurando-a.

— Tire essa garota daqui, agora!

— Ela vai nos ajudar.

— Evelyn, eu juro que não tive... — ela tenta falar.

— Não me interessa — ela para de se debater em meus braços. — Está me vendo? Ah, que ótimo, porque eu não consigo me ver! Estou cega, e a culpa é toda sua. Saia daqui!

Liv está com uma expressão envergonhada e triste. Derek pega em sua mão e tenta remediar a situação.

— Saiba que saímos tão machucados quanto a senhora de toda essa situação — ele diz —, espero que tenha em mente que a verdadeira culpada disso tudo é Nita. Mas vamos sair, preciso falar com Peter, desculpe o incômodo.

Aceno com a cabeça para Derek e ele vai saindo, mas Tris o chama.

— Obrigada — ela diz. — Sei que são dois dos responsáveis por eu ter perdido a memória, mas também são os responsáveis por eu tê-la recuperado, então obrigada.

— Estamos tentando consertar tudo que fizemos de errado — Liv diz —, acho que estamos começando certo.

Ela lança um sorriso triste para nós e sai do apartamento.

— Vou me certificar de que Tris vai ficar bem e depois conversamos — falo para minha mãe.

— Sou eu quem posso usar esse tom de "depois conversamos", mocinho — ela diz, mas sua voz é branda e sei que ela está compreendendo a situação.

Pego Tris pela mão e levo para o quarto que ela vinha dormindo no apartamento.

— Você está bem? — envolvo seu rosto com as minhas mãos.

— Vou ficar, é só que tem muita coisa acontecendo. Eu fiz tanta coisa... — ela parece ficar tonta, e a ajudo a se sentar na cama.

— Tente não pensar muito nisso, temos tempo.

— Temos? — ela diz, parecendo exausta.

— Um pouco, pelo menos — digo. — Agora durma.

Ela segura minhas mãos com urgência.

— Preciso que fale com Christina, chame ela até aqui.

— Pode deixar, ela vai estar aqui mais tarde.

— E sobre seu pai...

— Não fale disso agora — pressiono meu dedo indicador sobre os lábios dela —, não fale de nada agora.

Por fim ela se deita, ainda inquieta, e fico fazendo carinho em seus cabelos até que ela consegue dormir.

Volto para a sala e minha mãe está me esperando no sofá.

— Pobrezinha, nem consigo imaginar pelo que ela deve estar passando agora.

— Nem eu, mãe — sento-me ao seu lado.

— Desculpe-me pelo jeito que surtei quando ouvi a voz de Liv. Eu não pensei antes de agir, e fui pega de surpresa. Eu só queria dar umas bofetadas na cara dela.

— Não precisa se desculpar — sorrio. — Estava no seu direito, de qualquer forma.

— Mas me conte, o que aconteceu para você ter que se aliar a ela?

Então despejo a história em minha mãe. Ela ouve tudo atentamente, sem me interromper. Quando acabo de falar tudo que Liv e Derek passaram para mim, espero uma frase reconfortante, algo como "vai ficar tudo bem", ou "eu sei que você vai achar uma saída", mas o que recebo é:

— Sempre soube que você tinha jeito para a política.

Não posso evitar, eu começo a gargalhar da frase. No entanto, o riso descontrolado vira choro, e, de repente, não vejo mais nada através dos meus olhos cheios de lágrimas, só sinto minha mãe me abraçando, como se eu fosse um bebê.

Quando finalmente paro de chorar, me sinto aliviado, talvez até renovado. Minha cabeça estava tão cheia que não percebi que chorar era uma necessidade básica que eu estava ignorando.

— Vai ficar tudo bem — ela diz a frase mais óbvia, pelo menos uma vez. — Tem ideia do que vai fazer? Qualquer coisa que decidir, estarei aqui.

— Acho que o melhor a fazer é convocar uma reunião, com meus amigos e aliados. Preciso decidir o que fazer, mas não posso fazer isso sozinho, minha decisão pode influenciar a vida de muita gente.

— Acho ótimo — ela sorri gentilmente.

Levanto-me e preparo algo para comer, e tento colocar meus pensamentos em ordem.

Penso em mil planos diferentes, mas não me satisfaço com nenhum deles, porque agora tenho dois problemas: Nita e os rebeldes de todo o país.

Nita os está incitando, e eles querem a minha liderança, porém estão fazendo algo de que eu nunca aprovaria. No entanto, se eu me colocar em público e mandá-los parar, vão ficar com raiva de mim, e não vão parar, apenas vão colocar outra pessoa na liderança. E Nita ganha. Não posso deixar que ela ganhe.

Sei que não farei progressos sozinho, então, depois de algumas horas de descanso, ligo para Christina, Shauna, Liv, Derek, Amar, George, Sarah, Trevor, Cara, Peter — separadamente porque, segundo Cara, eles tiveram uma briga porque ela não sabia que Peter estava acobertando Derek — e marco uma reunião na prefeitura hoje à noite. Aviso a todos sobre a presença de Liv e Derek, mas tenho certeza de que o clima não será dos melhores. Para Christina aviso também o que aconteceu com Tris, e peço para que ela venha até aqui.

Christina chega até o apartamento em menos de uma hora.

— Onde ela está? — ela pergunta, eufórica.

— Por favor, não a assuste — peço.

Acordo Tris suavemente.

— Christina está aí.

Tris levanta de súbito e sai correndo, cambaleando um pouco, ao encontro de Christina.

Não sei realmente o que acontece com as duas quando se trancam no quarto, só sei que envolve muitas lágrimas, sorrisos e até alguns gritos. E elas ficam pouco mais de uma hora, até que Christina sai do quarto com seus olhos inchados, porém sorrindo.

— Que reencontro, hein? — me encosto na porta e sorrio para Tris.

— Nem me fale — ela se levanta e me dá um abraço. Droga, como senti falta disso. Dela. — Teremos tempo para o nosso reencontro?

— Temo que não — olho triste para o relógio. — Marquei uma reunião para daqui a uma hora. Acho que precisamos de mais que isso.

— Tem razão — ela parece compreender, mas soa desapontada. — Preciso de um banho.

Ela procura alguma roupa adequada no meio das que ela trouxe do prédio de Nita e vai para o banheiro, parando no meio do caminho para abraçar Christina novamente, que vem ao meu encontro.

— Feliz? — pergunto para ela.

— Radiante — ela abre um sorriso largo, que há muito tempo não vejo em Christina.

— Não podia ser diferente, não é? — tento forçar um sorriso à altura, mas estou com preocupações demais na cabeça.

Christina assume um tom mais sério.

— Já tem em mente o que fazer? — ela indaga.

— Honestamente? Não — confesso. — Mas não vamos falar disso agora, por favor, temos algumas horas de reunião pela frente só para discutir esse assunto.

— Como quiser — ela responde, e volta a sorrir. — Ela é nossa novamente, Quatro.

— É, nossa — esperei muito tempo para poder dizer isso e, para ser sincero, mesmo que eu perca a guerra, eu a ganhei, e isso vai além de todas as minhas expectativas.

***

Chegamos por último até a prefeitura porque Tris demorou tempo demais em seu banho — e não posso culpá-la, já que é seu primeiro banho como ela mesma. Isso deve ser o tipo de coisa que faz diferença.

Todos parecem estar com os ânimos exaltados, já que Trevor e George estão tentando separar uma briga entre Amar e Derek, que param subitamente quando nos veem.

— Acho que devíamos nos sentar — comento, e todos acham um lugar, sejam em cadeiras, poltronas ou até no chão, como Christina preferiu.

Eu achei que o clima estaria ruim, porém eu não tinha ideia de quanto. Para começar, Cara e Peter estão sentados em lados opostos, porém, o que me tranquiliza é que os dois ficam lançando olhares para o outro quando acham que ninguém está vendo, e sei que eles vão voltar, mais cedo ou mais tarde. Amar está olhando de cara feia para Derek e Trevor, e Sarah parece não suportar a presença de Liv. E Shauna, por sua vez, não parece suportar Sarah, e nem metade de nós, provavelmente nos culpando por Zeke.

— Boa noite — chamo a atenção de todos —, como devem saber...

Tris me interrompe, segurando meu braço, e fala baixo ao meu ouvido:

— Deixe eu falar com eles antes.

— Tudo bem — respondo sem muita certeza se isso vai ser uma boa ideia, e depois me viro para as pessoas: — Tris quer falar com vocês.

— Bom... Oi — ela diz, parecendo intimidada com todos olhando para ela. — Eu me sinto na obrigação de me desculpar com vocês. Tenho em mente que não pedi para ter minha memória tirada de mim, mas vocês também não pediram que eu matasse tantas pessoas, ou que causasse qualquer dano a vocês. Então, me desculpem, quero que saibam que farei todo o possível para compensar as coisas.

Noto que todos parecem compreender, mas ninguém fala nada. Derek aproveita a deixa de Tris e também se dirige a nós:

— Liv e eu também queremos nos desculpar. Sabemos que ajudamos Nita a fazer muita coisa ruim...

— Não fale como se tivessem mexido com a sua cabeça — Amar o interrompe —, não estava sendo enganado!

— Você não sabe do que está falando...

— Chega! — grito antes que eles comecem a brigar novamente. — Como eu estava dizendo, todos devem saber que estamos em uma situação difícil. Mas Derek e Liv trouxeram para nós algumas novidades de fora: não somos os únicos a sofrer com rebeldes, os Estados Unidos estão se levantando. Todo ele. Nita conseguiu influenciar muita gente, e as pessoas estão lutando, está havendo derramamento de sangue em toda parte.

George levanta a mão.

— Não quero criar mais problemas do que já temos entre nós, mas eu até entendo que Chicago está meio que dividida do mundo lá fora, mas e Milwaukee? Desculpem-me, Cara e Peter, mas o que vocês andam fazendo?

— Eu venho passando a maior parte dos meus dias aqui em Chicago, desde o massacre aos membros do Governo, e os dias aleatórios que passei na minha casa em Milwaukee não foram suficientes para saber o que acontecia no país, eu nem assistia à TV — Cara se irrita. — Meu namo... Peter passou o tempo todo lá, o que será que ele esteve fazendo? — ela se vira para ele. — Muito ocupado acobertando os "ex ajudantes" de Nita?

— Derek pediu segredo, e eu concordei, sim — Peter parece impaciente, de um jeito que não vejo há bastante tempo. — Ele queria tempo para juntar informações o suficiente para trazer a você, e eu dei esse tempo a ele.

— Aliás, ele me deu um prazo, caso isso importe — Derek diz. — Ele queria contar a vocês, mas eu pedi um tempo. A culpa não foi dele.

— Não interessa de quem é a culpa — Christina dá um basta na discussão. — Estamos cientes do que está acontecendo agora, e não podemos mudar nada, a não ser que saibam viajar no tempo. Continue, Quatro.

— Nita tem um grande peso na situação, mas eles já escolheram seu líder — conto —, sou eu.

Quase todos parecem surpresos demais para falar. Sarah, como sempre, não parece se deixar abalar e diz, simplesmente:

— Mande eles pararem, então.

— Acha que não pensei nisso? — falo. — Eles querem que eu os lidere porque sabem que eu venci as facções, e sabem que daria condições justas a eles, mas eles já têm os ideias traçados, se eu for contra isso, eles escolhem um novo líder. Nita.

— E ela provavelmente está contando com isso — Liv fala.

— Exatamente — Derek diz, é incrível como eles se completam, fico me perguntando se é assim que as pessoas veem a mim e a Tris juntos. — O Governo está ajudando Nita por debaixo dos panos porque acha que ela pode conter Tobias, mas, no momento em que o povo a escolher, ela toma o poder.

— Você disse tomar o poder, garoto? — Amar pergunta.

Sinto que Derek tem que se segurar e respirar fundo para não voar no pescoço de Amar quando ele chama Liv de "garota". Ele me olha, esperando minha resposta.

— Eles não querem que eu seja apenas um líder rebelde, querem que eu assuma a presidência.

Uma nova onda de surpresa invade a todos, dessa vez até Sarah arregala os olhos.

— Tobias Eaton para presidente, é sério? — Cara pergunta.

— Parece que sim — respondo. — Um dos pretextos para que eu assuma seria Tris ao meu lado, e para isso ela precisaria recuperar a memória, o que meio que fizemos hoje.

— Nossa, eu não sabia que isso era possível! — Peter exclama.

— Achou que eu nunca me lembraria das vezes que tentou me matar? — Tris ironiza.

Quando eu pensei que nada podia piorar.... Eu me dou conta, então, de que Tris não sabe que Peter tomou o Soro da Memória, porque isso aconteceu enquanto ela quase morria.

— Do que está falando?

— Não se faça de sonso — ela responde.

— Tris, ele... — tento falar.

— Tudo bem, eu sei que ele está trabalhando conosco por algum motivo que eu não compreendo. Porque ele deve sair ganhando, claro. Mas não sou obrigada a fingir que ele não é o cara que tentou me matar tantas...

— Ele não se lembra, Tris — Cara diz e olha para Peter, totalmente preocupada.

— Como?

— É verdade? — Peter pergunta a Cara, com lágrimas nos olhos. — Antes de eu perder a memória eu...

— Peter, vamos conversar...

— Por que ele está chorando? — Tris cochicha para mim.

— Explico depois, só fique quieta.

— Peter, não pode perder a cabeça agora — falo. — Temos muitos problemas para resolver, não seja mais um, por favor!

— Só responda a droga da pergunta! — ele se altera. — Eu tentei matá-la? Que tipo de pessoa eu era?

Cara se levanta e vai até a cadeira de Peter, esquecendo momentaneamente a raiva por ele.

— O tipo de pessoa que precisava esquecer — ela diz suavemente.

Uma crise existencial de Peter é a última coisa que precisamos agora, mas não posso ignorar isso.

— Uma hora, pessoal, pensem em soluções plausíveis para nossa situação — falo para todos. — Vamos dar uma pausa.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acham que está por vir? Vejo vocês nos reviews!
Xoxo



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