P.O.V. Killian Jones

Dois anos depois...

– Anda Emma, nós vamos nos atrasar! – gritei do começo da escada.
– Calma! Já estou indo! – disse descendo as escadas.
– Anda...

Estava prestes a chamar Emma de novo quando vi sua figura descendo as escadas. Ela estava deslumbrante, seu cabelo dourado estava jogado de lado em uma trança soltinha. Seu corpo era coberto por um vestido longo de alças grossas azuis, acompanhando de um cinto da mesma cor. O vestido tinha uma estampa que mesclava os tons de azul e branco. Não pude deixar de notar o leve volume que já tinha se formado em sua barriga. Eu ainda não acreditava que seria pai de novo.

–Uau! – disse maravilhado assim que ela terminou de descer as escadas.
– Gostou? – disse sorrindo enquanto eu girava seu corpo.
– Amei – disse sussurrando.
– Killian Jones, que gravata é essa?! – disse com um tom autoritário assim que olhou para mim.
– Ué, era a única que já tinha o nó pronto.
– Você não vai com essa gravata de jeito nenhum – disse subindo as escadas.
– Sério Emma?!
– Só um minutinho.

Neal e Henry já estavam dentro do carro quando Emma voltou, com uma gravata azul marinho em mãos. Ela rapidamente a arrumou no meu pescoço. Depois disso andamos em direção ao carro.

– Ainda não acredito que o Whale vai se casar – disse rindo.
– Nem a Ruby – disse gargalhando – achei que eles nunca iam assumir.

À medida que nos aproximávamos do local do casamento, sentíamos o frescor das árvores e o cheiro de folhas secas. O local do casamento era um orquidário gigantesco que tinha sido abandonado, assim como a mansão que ficava do seu lado, que agora estava coberta por galhos, dando um toque rústico ao local.

Na sua despedida de solteiro, Whale me contou que esse lugar tinha sido onde eles transaram pela primeira vez. Infelizmente as doses de tequila e vodka fizeram com que ele me contasse tudo, com direitos a vários detalhes sórdidos e fetiches estranhos, quem diria que a Ruby curtia fantasias tão exóticas.

Chegamos e nos sentamos em um dos bancos espalhados pelo salão. Depois de alguns minutos Whale me chamou para conversar. Tinha certeza de que ele estava nervoso, afinal seu rosto e sua mão brilhavam devido ao suor.

– Ainda não acredito que vou me casar – disse enquanto enxugava as mãos no terno.
– Somos dois – gargalhei – sempre achei que você seria o solteirão do grupo.
– Muito engraçado Jones – disse irônico – por acaso só eu que estou morrendo de calor aqui?
– Essa cantada já está bem velha, não acha? – arqueei minhas sobrancelhas.
– Desde quando você ficou tão chato hein Killian?! – disse impaciente – você não percebeu que eu estou morrendo de nervosismo!?
– É claro que eu percebi. Eu e todo mundo que está aqui – lancei meu olhar para todas as pessoas que estavam se acomodando nos bancos.
– Está tão ruim assim? – murmurou um pouco preocupado.
– Um pouco.
– Achei que casar fosse mais fácil – disse junto de um riso fraco.
– Veja pelo lado bom, você vai dormir todos os dias com a Ruby.
– Dormir?! – disse em um tom um pouco alto – até parece que você não nos conhece.
– Viu?! Você já está até mais calmo – apertei seu ombro – agora fica quieto antes que as pessoas comecem a pensar que você vai fugir do altar.
– Valeu cara!
– Disponha! Até porque você vai ter que fazer o mesmo quando eu for casar com a Emma.

Depois de conversar com Whale, voltei para o meu assento. Henry e Neal estavam sentados do lado de Emma, com um sorriso um tanto quanto suspeito no rosto. Sentei-me do lado da minha noiva e segurei suas mãos. Escutei um murmúrio e inclinei meu rosto para ver meus filhos rindo de algo.

– O que vocês aprontaram hein?! Vocês estão muito felizes pro meu gosto.
– Nada não pai – disseram em conjunto.
– Shh, o casamento vai começar – minha amada sussurrou.

As portas do orquidário se abriram e a única coisa que consegui pensar era que Whale era um homem de sorte. É claro que eu prefiro a minha Emma, mas era impossível negar. Ruby estava maravilhosa. Olhei para Emma e notei que ela estava sorrindo de forma radiante. Provavelmente estava imaginando nosso casamento. Beijei sua testa carinhosamente enquanto apertava sua mão, fazendo com que um sorriso tímido surgisse em seu rosto.

Olhei ao redor e notei que algumas pessoas observavam o orquidário, provavelmente elogiando o ar romântico do local mentalmente. Mal sabem eles que o real motivo de Ruby e Whale terem escolhido ele essa casa de vidro é um pouco mais além do romantismo do primeiro beijo.

Assim que a cerimônia acabou, todos os convidados andaram até a outra parte do salão, onde as mesas estavam distribuídas. Sentei-me em uma delas com Emma, Mary Margaret e David. Conversamos por bastante tempo, até que Neal chegou bufando em nossa mesa, seguido de Henry.

– O que aconteceu filho? – Emma perguntou enquanto passava a mão em seus cabelos.
– Nada – Henry cortou – anda Neal!
– Eu não vou servir de vela para você e para a Grace!
– Anda Neal, eu te prometo que você não vai ficar de vela.
– Depois de um tempo você se acostuma Neal – David disse enquanto tomava um pouco de água – o Whale já fez isso comigo muitas vezes.
– David!
– O que amor?! Você sabe que era verdade – disse rindo.
– Anda Neal, eu prometo.
– Ta bem, mas se você me deixar de vela, vai ter que arrumar a minha cama por uma semana.
– Ta, ta bem, agora vamos.
– Essas crianças - disse gargalhando.

Conversamos um pouco e almoçamos logo em seguida. Alguns minutos depois Emma me chamou para conhecer o lugar e eu comemorei mentalmente, pois iria descobrir o motivo dos sorrisos dos garotos. Sentamos-nos em um banco que ficava perto de uma lagoa e de várias orquídeas.

– Então, é agora que você me conta o motivo do seu sorriso?
– Está tão óbvio assim?
– Eu te conheço Emma, sei quando você quer me contar algo.
– Fecha os olhos e me dá a sua mão.
– Por que?
– Só faz isso Jones, por favor.
– Ok.

Fechei meus olhos e estendi minha mão para Emma. Senti seus dedos segurarem a palma da minha mão e a guiarem para o invisível.

– Aqui – disse enquanto colocava minha mão sobre sua barriga – tem mais que uma simples criança. Aqui tem o fruto do nosso amor. Aqui, Killian Jones, tem o seu filho.

Abri meus olhos rapidamente e olhei para as esmeraldas brilhantes no rosto de Emma.

– É um menino?
– Uhum.

Levantei-me e a rodei em meus braços. A felicidade estava estampada no meu rosto.

– Obrigado, obrigado, obrigado! Você não faz ideia de como vocês me fazem feliz.
– Agora nós somos uma família!

O sorriso não saiu do meu rosto, era impossível não ficar feliz sabendo que a mulher que você ama está carregando um filho seu. Agora eu tinha certeza absoluta que tinha encontrado a minha felicidade.