Losing my Humanity escrita por Jae Renald


Capítulo 40
Cap. 39 ─ Take care of yourself


Notas iniciais do capítulo

Oi amores , advinha quem aparece nesse cap?



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Após o incidente da janela, meus pais resolveram que passariam mais tempo comigo, tanto individualmente, como em família. Incrível como uma simples noite quente pode mudar sua rotina inteira.

Esse fim de tarde está reservada a meu pai. O que soa feito uma piada, já que é justamente no fim de semana o momento onde ele mais tem de trabalhar. Fomos ao bar do Antom, e de alguma forma eu sabia que era pra compensar nosso ultimo encontro falho, que tinha acabado muito bem pra mim, mas ele não precisava saber disso.

Para encarar o dia com um humor melhor do que o meu costumeiro de ultimamente, busquei enterrado no fundo do armário as ervas dadas a mim pelo o Doutor e que havia prometido nunca mais tomar. Momentos de desespero pedem medidas desesperadas, então apenas peguei uma pequena colher de chá da mistura fedorenta e fiz uma infusão em agua quente, quase não suportando tomar o liquido por completo.

Comecei a sentir mais calor correr por minhas veias, uma sensação calmante e feliz começou a me preencher, mas nada comparado ao desastre da ultima vez. Acho que essa era a intenção do Dr. desde o começo, mas como parece que nunca escuto as pessoas tentando me ajudar, eu simplesmente havia ignorado por todo esse tempo.

Chegando ao bar, sentamos ao balcão e pedimos refrigerantes. Nos domingos era possível encontrar um ambiente mais calmo, com alguns pais e filhos, um casal aqui e ali, um grupo de amigos bastante animado assistindo ao lacross da TV. Eu estaria feliz se não tivesse um cliente chato ligando de cinco em cinco minutos pra meu pai. Depois de uma hora de esforço, ele acabou se dando por vencido.

─ Desculpe querida, mas ele é um cliente fiel e quer comprar um dos imóveis mais caros que temos. ─ ele se justifica.

─ Comissão gorda? ─ pergunto com um sorriso malicioso.

─ Comissão gorda. ─ ele afirma, também sorrindo.

─ Tudo bem, ─ o tranquilizo ─ mas isso vai te custar muitos presentes.

─ Com prazer, ─ ele gargalha ─ não quer uma carona pra casa?

Penso em aceitar, e por acaso dirijo o olhar até a saída, e é quando vejo Parrish entrar no estabelecimento.

─ Ah... Não, ficarei mais um pouco. ─ respondo por fim.

─ Tem certeza?! ─ seu tom é desconfiado ─ Tudo bem, contanto que esteja em casa as dez e não se meta em encrencas.

─ Assim você me ofende!─ faço uma cara exagerada de indignação. Meu pai beija o topo de minha cabeça e sai, encarando a tela do celular.

Fico me perguntando o que diabos espero ficando aqui para dar uma de stalker de Parrish, já que muito provavelmente vou estragar seu dia de folga o, deixando o lugar desconfortável. E apesar de meu cérebro mandar eu me levantar e ir pra casa, não movo um musculo, encarando a garrafa de vidro quase intocada em minha frente.

Mentalmente reviso minhas roupas ─ shorts jeans para aproveitar o pouco de calor dos últimos dias, uma camisa bege cheia de detalhes em renda, sapatilhas marrons nos pés, e um rabo de cavalo prendendo os cabelos. Até que não estou de todo horrível.

Sigo seus passos com a audição, e sou pega desprevenida quando percebo que ele está vindo em minha direção.

─ Acabei de ver seu pai sair do bar vestindo terno e gravata num domingo à tarde? ─ ele pergunta se sentando ao meu lado.

─ Pois é, ─ não lhe dirijo o olhar, e finjo que não estou com o coração acelerado por imaginar seus lábios levemente contraídos e sua testa meio franzida combinando com seu tom intrigado ─ ele é corretor. Nos fins de semana os clientes o sugam até o ultimo neurônio, e ele tem de estar sempre disposto e bem arrumado, sem falar da parte onde ele sai correndo pra atendê-los.

─ Sua mãe não se chateia?─ ele também não parece olhar em minha direção, ou pelo menos não sinto sua respiração perto de meu rosto.

─ Acho que ela se identifica um pouco. Ela trabalha como contadora num pequeno escritório que montou com amigos da faculdade, então também está sempre a mercê de clientes. No fim das contas eles se dão muito bem.

─ Isso é bom. ─o ouço dar um gole da bebida que pediu ─ E você se interessa pelas carreiras deles?

─ Oh céus, não! Sou péssima com pessoas e números. ─ me pego rindo um pouco ─ Mas às vezes penso em ser professora.

─ Professora? ─ ele sorri, surpreso. Finalmente nos encaramos, e meu estomago gela ao ver aqueles belos e brilhantes olhos verdes.

─ É, de educação física. ─ ele sorri ainda mais abertamente─ Sou boa com esportes e gosto de gritar com as pessoas. Talvez até tome o emprego do Treinador algum dia.

Rimos por alguns segundos agradáveis, e o silencio se instala aos poucos. Parrish se concentra no jogo passando na Tv, e acabo meditando no que acabei de lhe dizer.

A verdade é que nunca me preocupei muito com o futuro, muito menos com o que trabalharia. Pensar muito no amanhã nunca fez o meu gênero, porque minha mente simplesmente não parece processar o fato de um dia eu ser mais velha e ter de me virar sozinha.

Afinal, como seria esse futuro pra mim agora? Sem duvida eu faria uma boa economia todo mês por não comprar comida, mas fora isso tudo parecia um mistério. Será que seria uma alternativa me casar, ter filhos? Será que eu sequer sou fértil?

Já desejei tudo isso um dia, mas agora o futuro apenas parece um enorme ponto de interrogação.

Não consigo ver nem uma semana à frente, quanto mais anos e anos. A única certeza que eu tenho é a fome, e o desejo incessante de atacar. Acho que no fim das contas, é melhor me preocupar com o amanhã apenas amanhã.

─E você? ─ chamo a atenção de Parrish ─ Nunca pensou em não ser um militar?

─ Na verdade sim, ─ a resposta me surpreende ─ aos quinze eu queria ser um astro do rock, mas descobri que pra isso eu precisava ser bom cantor e musico. Sou uma droga nos dois.

Me pego gargalhando e imagino Parrish num palco gigante e iluminado, vestindo jaqueta de couro e cantando até suas veias do pescoço se exaltarem. De quebra ainda imaginei um fã clube cheio de garotas gritando seu nome. Clareei minha mente antes de ficar com ciúmes da minha própria imaginação.

─ Mas ser policial é o que gosto de fazer... Ajudar as pessoas e tudo mais.

─ Se serve como incentivo, você é um ótimo policial. ─ em condições normais jamais elogiaria uma pessoa tão facilmente, mas o chá fez seu efeito e não sinto arrependimento algum ─ Muito bom em ajudar pessoas, e fica muito bem com o uniforme.

Ele faz uma careta meio indecifrável, algo entre o surpreso e o envergonhado.

─ Nunca vi você falar tão abertamente. ─ ele está minimamente corado ─ O que está acontecendo?

─ Bem, uma vez você me disse que eu podia confiar em você e estou confiando. Ainda posso?

─ Claro, ─ ele me tranquiliza, sua expressão se tornando mais séria ─ sou todo ouvidos.

─ É só... ─ começo hesitante ─ Eu estou uma completa bagunça. Cada vez que eu penso ter superado, acabo caindo num poço de depressão culpa e saudade mais uma vez. Me sinto um verdadeiro camaleão de emoções. Ás vezes tento deixar tudo de lado e apenas seguir meus instintos, mas isso não me satisfaz. E é tudo tão solitário!

Parrish toma minha mão esquerda entre as suas, transmitindo seu calor. Ele me olha com empatia, e continua a me escutar atentamente.

─ Eu acabo afastando todos ao meu redor, principalmente com quem mais me importo. Ponho na cabeça que o mundo não se importa, e prometo não me importar mais, e acabo fazendo besteiras. Achei que se contasse pra alguém o que esta acontecendo iria ajudar, mas não ajudou. Nem sei por que estou te dizendo isso, só estou te deixando triste.

─ Se está me contando tudo isso, é por que você precisa. Não estou te julgando, mas não acha que precisa falar com algum especialista? Não sei, talvez um médico, ou um psicólogo, alguém que possa te ajudar de verdade.

─ Eu vou acabar resolvendo, um especialista disse que preciso passar por isso sozinha. ─ lembrei-me das palavras de Peter.

─ Qual é a especialidade dele, imbecilidade? ─ele parece indignado.

─ É melhor eu ir pra casa. ─ tento encerrar a conversa, pago pelo refrigerante e tento sair ─ Nos vemos por aí.

─ Espere, te levo em casa. ─ele ainda segura minha mão.

─ Não precisa, estou bem. ─ tento me desvencilhar, mas Parrish já está de pé, caminhando comigo para a saída.

─ Me recuso a te deixar sozinha

Caminhamos ombro a ombro pelas ruas em silencio. Chegando à varanda da minha casa, sinto que devo dizer alguma coisa.

─ Desculpe te afastar sempre. ─ seu rosto está neutro e ele tem as mãos no bolso , uma postura aparentemente desconfortável ─ Só queria deixar claro que gosto de você. Mas enquanto estiver passando por essa confusão toda, não parece certo me envolver com ninguém.

─ Tudo bem, entendo seu ponto de vista. Espero que saiba que me preocupo com você, e se precisar conversar pode contar comigo.

─ Obrigada. ─ respondo, e o puxo para um abraço. Enterro meu rosto em seu ombro, e ele envolve meu corpo com seus braços.

Após alguns segundos nos soltamos, nossos rostos a centímetros de distancia. Não me movo, e Parrish também não faz menção de se afastar. Não consigo desviar o olhar de seu rosto, e sorrio fracamente, ele retribui o gesto. Ele se aproxima devagar e fecho os olhos quando sinto seus lábios tocarem os meus.

Acho que é a primeira vez que ele toma a iniciativa, e é bom. Nossas bocas se movem calmamente, apreciando o toque do outro. Minhas mãos pousam em seus ombros enquanto ele segura meu rosto. Não há ferocidade no beijo, nenhum desejo ardente, apenas puro carinho.

Ele se afasta aos poucos, e tenho dificuldade para sai do transe, mas finalmente abro os olhos. Parrish me analisa com cuidado, preocupação expressa em seus olhos.

─ Por favor, se cuide. ─ ele acaricia minha bochecha com o polegar.

─ Prometo tentar. ─ sorrio fracamente ─ Obrigada por entender.

Ele beija minha testa brevemente e sai caminhando lentamente, com a cabeça baixa. Só entro em casa após perdê-lo de vista.

"E toda vez que tento voar

Eu caio sem minhas asas,

Eu me sinto tão pequena.

Eu acho que preciso de você.

E toda vez que te vejo em meus sonhos,

Eu vejo seu rosto, está me assombrando.

Eu acho que preciso de você."


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Notas finais do capítulo

Olha o shipp de vcs aí gente!
Gostaram? Espero que sim!

link do trechinho no fina do cap
http://www.vagalume.com.br/britney-spears/everytime.html