ANO 1814

"Claire, uma dama não fica longe de casa por muitas horas..."
"Claire, uma dama não vai em bordéis, salas de espetáculos ou qualquer outra coisa do gênero..."
"Claire, não faça isso..."

"CLAIRE NÃO FAÇA ISSO!"

O irônico é que eu fazia só porque eu era proibida de tal coisa.
Passava das duas da manhã e eu estava andando pelas ruas, que aquela hora estavam desertas, de um jeito ameno. Eu cantarolava uma música que acabara de escutar no bordel... lá costumava ser bem divertido (se divertido no seu ponto de vista for ouvir músicas de baixo calão e ver bêbados vomitando... e provavelmente você vera alguém nu naquele ambiente...), até que eu ouvi um som de passos que me fez parar bruscamente. Eu olhei para os lados para ver se tinha alguém me seguindo e mesmo não tendo encontrado nada com a minha visão eu resolvi apressar o passo e tentar sair das ruas o mais depressa possível.
Comecei a ouvir os passos novamente, mas dessa vez de um jeito nítido (como se o dono daquele som estivesse muito perto de mim) e eu comecei a correr, aquilo estava começando a me assustar. Algum tempo depois o andar calmo da pessoa que me seguia mudou para conseguir me acompanhar com mais facilidade, ele ou ela havia começado a correr também. Naquele momento eu estava tão desesperada que lagrimas teimavam a sair dos meus olhos me impossibilitando de enxergar com clareza. Eu tropecei e acabei caindo.
Eu estava caída em uma rua que eu não fazia ideia de qual era e eu estava chorando de um jeito que não fazia a anos e tinha alguém bem ali me vendo chorar.
O ser me levantou com uma facilidade sobre humana e me encostou contra a parede de uma pequena casa e foi nesse momento que eu pude ver seus olhos... eu nunca havia visto olhos tão profundos e hipnotizantes... aqueles belos olhos rubros. Eu só olhava para os olhos daquela pessoa, eu não pude perceber se era um senhor ou uma dama que estava me segurando contra a parede, eu só sabia qual era a cor de seus olhos.
O ser começou a acariciar o meu pescoço enquanto o contemplava , tirando o nosso contato visual. Agora eu podia ver que era um homem, o homem mais belo que havia visto em toda a minha humilde existência na terra. Ele voltou a me encarar enquanto sorria e de repente as presas apareceram... então era isso que aquele ser era...
Um vampiro...
A dor de sua mordida era como a dor de uma picada de cobra, mas que com o tempo passava a se tornar prazerosa, uma estranha dor cheia de prazer. Ele sugava o meu sangue e junto com ele a minha existência e depois de alguns minutos naquele prazer doentio eu acabei desacordada.
Mas eu achei que estava morta...
Eu achava...
Mas eu estava errada...