I Want To Live a Life From a New Perspective escrita por Pimps


Capítulo 1
New Perspective


Notas iniciais do capítulo

ctrl+c ctrl+v na sinopse: Provavelmente você não vai ver nada de novo no que eu escrevi, é mais uma explicação sobre porque acho que essa música combina com elas.(a música se chama New Perspective - Panic! At The Disco)



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I feel the salty waves come in



I feel them crash against my skin



And I smile as I respire



because I know they'll never win



There's a haze above my TV



That changes everything I see



And maybe if I continue watching



I'll lose the traits that worry me

Uma aventura não era exatamente o que Piper Chapman estava procurando ao entrar naquele bar. Na verdade, era exatamente o oposto. Entrou lá buscando estabilidade em sua vida – algo que, a bem da verdade, ela nunca deixou de ter, e ás vezes nem queria ter, mas era o que sua família queria que ela mantivesse. Nos últimos anos da faculdade, precisava de um emprego, que nem seria grande coisa, apenas para ter uma renda de onde pagar as bebidas e as saídas com as amigas. Para ela chegar em casa tarde já era uma aventura e tanto.

Com o cabelo bem arrumado, brilhando dourado como só poderia acontecer com uma “garotinha do papai”, Piper entrou naquele bar, um pedaço de papel apertado em suas mãos. O sorriso explicitamente nervoso em seu rosto expunha sua inexperiência no mundo “lá fora”, como se ela tivesse acabado de sair do ninho. Atravessou rapidamente aquele salão, estendendo o papel para o barman e procurando por um emprego – e ignorando uma mulher que chamou-lhe a atenção. Não conseguir um trabalho não foi muita decepção. Ela olhou para trás, os olhos azuis procurando aquela mulher que a chamou instantes atrás. Não sabia exatamente porque, mas decidiu ficar por causa dela, pedindo uma margarita para se distrair – alheia ao frio que fazia. Não demorou muito para a morena vir ao seu encontro.

Se a loira já estava perdida naquele lugar estranho antes, agora estava mais ainda. Tudo naquela mulher tirava sua concentração. O cabelo cor de noite, descendo por seus ombros em um ritmo dançante com algumas mechas azuis. Os olhos de um verde profundo e misterioso, escondidos atrás de delineador forte e óculos quadrado, que pareciam brilhar de malícia. As tatuagens em seus braços – rapidamente definiu a de rosas como a sua favorita – e o corpo alto, esbelto e curvo. Piper podia ver nos olhos daquela mulher que ela deveria ser mais velha do que a loira. Somando isso e todo o sarro que ela tirava de seu currículo, Piper se sentia intimidada por Alex – como ela disse que se chamava --, mas não desconfortável.

“Eu trabalho para um cartel de drogas internacional”, Alex disse, com toda a naturalidade do mundo.

Ela riu, logo após – provavelmente ao ver a expressão totalmente confusa em Piper – mas era difícil adivinhar se era apenas uma brincadeira ou se ela estava falando à sério. Tudo em Alex tinha uma pitada de naturalidade, sensualidade e intimidação. Talvez tenha sido isso que fazia com que uma voz dentro da cabeça da loira a mandasse sair dali. Alex era exatamente o tipo de pessoa da qual foi avisada a ficar longe. Mas era exatamente o tipo de pessoa da qual ela mais queria se aproximar. Na verdade, Alex era a pessoa da qual ela mais queria se aproximar. Uma aventura, uma boa escolha errada, foi tudo o que sempre quis, e agora Alex era a sua aventura.

Can we fast-forward to go down on me?

Stop there and let me correct it



I wanna live a life from a new perspective



You come along because I love your face



And I'll admire your expensive taste



And who cares divine intervention



I wanna be praised from a new perspective



But leaving now would be a good idea



So catch me up on getting out of here

No início, Piper realmente teve de pensar duas vezes antes de se envolver com Alex – algo a ver com ela ter uma ex-namorada maluca que a socou na cara uma vez. Mas toda vez que ela pensava nos lábios hábeis da morena, os dedos a explorando, sentia no peito uma ânsia por mais. Muito mais. O sexo com Alex Vause era algo intenso, dando-a mais prazer a cada vez que faziam isso. Todas as suas conversas raramente deixavam de ter algum toque, alguma chama, algum brilho maliciosos em seus olhares. A morena era assim, e Piper amava aquilo. A vontade de ter ela perto de si, de dormir com ela, falar com ela, se sobrepujou a todos os contras, como a maluca da Sylvie e os “negócios”. Essas coisas não importavam quando estava a sós com ela.

Ambas eram exatamente o oposto uma da outra, e quando estavam juntas, se completavam, encaixando-se perfeitamente. Ás vezes, Piper mostrava-se não ser tão diferente assim, aventurando-se para fora de sua zona de conforto, tentando entender como Alex era, como era sua vida. Logicamente, com limites. Piper ainda tinha o bom senso de não se interessar pelo trabalho de Vause – aquilo não seria apenas uma aventura, uma escolha errada, seria ilegal e poderia ferrar com toda a sua vida para sempre. Ela tinha noção de que Kubra Balik não era o tipo de pessoa que se conhece em um café da tarde, ocasionalmente. Mas queria entender o que levara Alex até ali, e principalmente, como era viver ao lado dela. Se continuasse sendo a garota certinha, jamais conseguiria entender como era aquela vida louca. Portanto, tudo o que tinha que fazer – e o que adorou fazer – foi mudar sua visão de mundo. Agora via tudo sob uma nova perspectiva.

(Can we fast-forward to go down on me?)

Taking everything for granted



but we still respect the time



We move along with some new passion



knowing everything is fine



And I would wait and watch the hours fall



in a hundred separate lines



But I regain repose



and wonder how I ended up inside

[…]

More to the point, I need to show



How much I can come and go



Other plans fell through



And put a heavy load on you



I know there's no more that need be said



When I'm inching through your bed



Take a look around instead and watch me go

A vida com Alex se tornou mais louca do que ela esperava, e nem tudo saia tão bem quanto antes. Estar com ela não bastava, não estava mais sendo o suficiente. Provavelmente porque, chegado a hora, Piper Chapman se sentiu usada. Ela esperava que Alex jamais fosse a envolver em algo perigoso, mas de algum modo, foi convencida a praticar um crime. O que tinha na cabeça ao transportar aquela mala para Bruxelas? Se arrependeu totalmente daquela escolha no momento que o dinheiro não aparecia no aeroporto. O coração quase saia pela boca, por pouco não se sentia desmaiar, ao mesmo tempo que tinha de manter as aparências para não criar nenhuma suspeita. Estava tão nervosa que nem ao menos se lembrou de passar pela alfândega. Mas assim que estava em segurança, decidiu que aquela dose de adrenalina era potente demais para lidar. Deixou bem claro para Alex que não faria aquilo de novo.

No entanto, o relacionamento começou a desandar a partir daí. Era divertido, claro, as duas viajavam pelo mundo inteiro, como não poderia ser divertido? Istambul, Amsterdã, Buenos Aires, Barcelona. Todos os lugares que alguma vez já sonhou em conhecer, conheceu ao lado da morena. Mas Piper começou a se sentir sem um propósito. Todos os dias eram férias. Ela não trabalhava, não tinha preocupações, apenas saia e se divertia sem preocupação, e muitas vezes fazia tudo isso sozinha – Alex estava em algum outro lugar, cuidando dos “negócios”. Aquilo estava consumindo todo o seu tempo, deixando a loira jogada ao relento, passeando por algum país estranho falando uma língua que ela não conhecia.

“Me sinto como uma patética dona de casa”, confessou para a namorada, suspirando de tédio.

“Me desculpe amor, é só que eu estou estressada pra caralho”. É claro. Alex sempre dizia isso. Estava sempre estressada pra caralho. Logicamente, os negócios estavam desandando.

O convite para uma nova viajem animou a loira, enchendo-a de expectativas de voltarem a ser como antes. Mas as verdadeiras intenções da traficante quanto aquela viagem se revelaram segundos depois, e aquilo foi a gota d’água para Piper. Amava Alex, mas não poderia continuar cometendo crimes. Aquilo já tinha ido longe demais. A fantasia de uma aventura já havia ido longe demais, e era chegada a hora de se controlar, e parar. E se a condição para continuar com Alex era ter que carregar maletas de dinheiro por aí, então Vause teria que encontrar uma nova namorada.

Stop there and let me correct it



I wanna live a life from a new perspective



You come along because I love your face



and I'll admire your expensive taste



And who cares divine intervention



I wanna be praised from a new perspective



But leaving now would be a good idea



So catch me up on getting out of here

Muitos anos se passaram desde aquilo. Piper reconstruiu sua vida, deixou as aventuras para trás. Era hora de crescer, amadurecer, e deixar as loucuras para alguém mais jovem e com vontade de conhecer o mundo. Já havia conhecido demais daquele mundo para seu gosto. Conseguiu estabilizar sua vida novamente, com um ótimo emprego, uma boa casa no Brooklyn e um namorado maravilhoso. Provavelmente Larry era muito mais do que ela merecia. E Alex? Alex apenas foi do mal ao pior. Sem mãe, sem Kubra, sem Piper, estava totalmente jogada ao relento. Quando a loira se foi, sua vida se despedaçou bem em frente aos seus olhos. Sem Piper, ela foi totalmente incapaz de juntar os pedaços novamente e escapar dos problemas. Já não tinha ninguém, de qualquer maneira, mas o fundo do poço chegou com a sua sentença. Anos de prisão lhe foram impostos – ela preferia nem contar quantos, a deprimia só de dizer o número. No entanto, enquanto anos de merda se passavam em Litchfield, o julgamento de Kubra Balik continuava. Parecia que aquilo jamais teria fim, e sendo assim, a única maneira de ao menos diminuir seus anos na prisão seria cooperando. Transformando em cinzas a vida de quem tinha a abandonado naquele lugar.

“... e Piper Chapman”, ela falou, os olhos frios e o maxilar trincado enquanto proferia o nome com rancor para o promotor no tribunal.

Dez anos depois daquele bar e a margarita em um dia gelado, o caminho de Piper Chapman e Alex Vause voltavam a se cruzar. Não era mais um sorriso que se via no rosto da loira, mas ódio, ao lançar o olhar para Alex. Ela sabia o porquê da raiva, e sabia que o tinha feito havia sido egoísta, e necessitava se desculpar. Estava sozinha, a bem da verdade, e queria Piper ao seu lado. A queria porque ela conseguia despertar aquele sentimento antigo mesmo depois de muitos anos. Passou por maus bocados para sequer conseguir falar normalmente com ela, e isso na realidade só foi possível quando ficou presa dentro de uma secadora de tamanho industrial (maldita Pennsatucky). E por fim, as coisas se estabilizaram.

Voltaram a se falar, e não demorou para até mesmo voltarem a ser amigas. Compartilhavam sorrisos e até risadas ao relembrar de viagens e histórias absurdas que viveram. As vezes tentava não se incomodar quando a loira citava Larry. Saber que ela havia achado alguém para amar machucava. No entanto, Alex continuaria sempre sendo a mesma, não importa quantos anos se passassem. Ela mantinha a naturalidade por vezes sarcástica em sua vez, tendo ou não o incômodo Larry na conversa. Os olhos verde-esmeralda ainda tinham aquele brilho de malícia por trás de seus óculos – principalmente quando falava com Piper. O corpo alto e esbelto continuaria sendo provocante e terrivelmente sexy aos olhos da loira. A única coisa que não mais conseguia fazer, era intimidar Piper. Minha garota cresceu, pensava orgulhosa. Mas isso significava que era Alex a vulnerável, apenas fazia esforço para não parecer.

Ao lado de suas ex-amantes, a vida de ambas se tornou muito mais agradável em Litchfield, até a louca da Pennsatucky decidir as relatarem para o Sr. Healy. A bem da verdade, não estavam fazendo nada. Estavam apenas dançando – o modo provocante despertava o desejo em Alex, mas nem ela e nem Chapman fariam algo. No entanto, Sr. Healy era paranóico. Quando Piper foi jogada na solitária, o autocontrole da morena foi posta a prova, mas ela sabia que não havia nada a fazer ao menos que quisesse ser colocada na solitária ao lado. Não sabia por quanto tempo a loira ficaria presa – geralmente, ninguém sabe – mas felizmente durou pouco. A felicidade e o alívio em vê-la mal pode ser expressa, uma vez que Piper começou a puxá-la pela mão, com uma determinação em continuar andando quase obsessiva.

“Você está bem?”, Alex teve de perguntar, enquanto se deixava ser puxada, mal enxergando para onde iam porque o óculos foi deixado em sua cama.

“Vamos sair daqui”, foi a única resposta que teve, por um tempo.

Quando chegaram na capela, Vause refez a pergunta, e a resposta foi a melhor que poderia ter. Piper a beijou, ao que ela respondeu imediatamente, o fogo do desejo explodindo de ambas, como se nenhuma das duas aguentasse mais esperar por aquilo. Elas queriam se tocar mais que tudo no mundo. Precisavam sentir cada centímetro uma da outra, explorá-las com bocas e dedos. Piper sabia que aquilo era uma péssima ideia, que mais do que nunca estava jogando seu futuro no lixo, mas era fácil esquecer aquilo com a cabeça entre as pernas da outra e quando escutava Alex gemer. E Alex gemia tão bem. A surpresa pela súbita dominação da loira tornava aquilo mais prazeroso para morena, que poderia dizer que nunca antes Piper havia feito aquilo tão bem. Talvez esse prazer ainda maior fosse simplesmente explicado pelo desejo oprimido por semanas. Elas queriam estar juntas mais que tudo naquele momento, mesmo com dez anos de atraso, mas ambas sabiam que uma vez que se reencontraram mais uma vez, nunca mais conseguiriam se separar.

It's not fair, just let me perfect it


Don't wanna live a life that was comprehensive


'cause seeing clear would be a bad idea


Now catch me up on getting out of here


So catch me up I'm getting out of here.


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Notas finais do capítulo

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