Despedaçada escrita por GiGihh


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Este cap é apenas uma introdução de como tudo "começou":



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Prólogo:

A brisa que percorreu NY era quente, mas agradável. Ela traçou seu caminho indo até o Acampamento Meio-Sangue, onde os campistas curtiam o verão. Levando consigo risos e o aroma de morangos, ela chegou a Manhattan circulando cada prédio e subindo pelo Empire State. No Olimpo ela levou consigo pequenas e perfeitas flores dos jardins restaurados; por onde passava levava junto alegria a musas e deuses menores.

“-Percy – uma filha de Atena gritava indignada com a atitude do moreno – Devolva meu livro já... – ela foi calada com um beijo nos lábios antes de serem surpreendidos por um banho de mangueira organizado pelos irmãos Stolls.”

O clima agradável não estava apenas na superfície. O Mundo Inferior tinha seus encantos tanto quanto o Olimpo. Por algum milagre, os deuses que lá se encontravam estavam em paz e as almas desfrutavam de um momento de tranquilidade. Nos Campos Elíseos diversos heróis relembravam suas histórias, riam das bobagens e, na morte, viviam como amigos.

“Hades estava relativamente bem humorado, dando inclusive algumas lições sobre o ferro estígio da espada do filho. Nico sentia, em uma expressão bem mundana, ‘como se seus músculos estivessem virando mingau’, mas ele curtia mais do que nunca aquele momento sublime em que não havia uma Perséfone para lhe transformar em flores ou uma Deméter para lhe empurrar cereais garganta a baixo, por perto. Não tão longe, nos Elíseos, Luke Castellan ria e conversava com Charles e Silena, um casal muito improvável na opinião dele – Você só faltava babar quando ela passava! – o loiro ria da cara envergonhada dos dois – Claro que não! – Charles reclamou passando o braço de uma forma possessiva e aconchegante ao redor dos ombros de Silena – E você, Luke? Por quem o seu coração já acelerou? – ela era uma filha de Afrodite, não podia deixar o amor de lado; Castellan abaixou os olhos constrangido, mas parecia rever uma lembrança. Um sorriso pequeno e entristecido se formou em seu rosto. ”

Era um dia comum. Um dia feliz. Era o primeiro verão relativamente normal... Mas de uma hora para outra as coisas podem mudar de forma trágica.

O sol foi encoberto e o azul límpido e claro transformou-se em cinza chumbo; um trovão reverberou no ar e a tão agradável brisa quente e doce tornou-se gélida e ácida. Sem que se dessem conta, todos no acampamento e a maioria dos habitantes da cidade ergueram os olhos apreensivos para o céu.

“Clarisse afastou os cabelos castanhos dos olhos olhando com curiosidade e um temor indescritível. – Mais que droga... – ela não terminou o resmungo.”

Um terremoto forte sacudiu não apenas a cidade, mas todo o continente, possivelmente o mundo. Ele foi sentido no Olimpo e no Mundo Inferior. Deuses caíram uns sobre os outros, as almas sentiram um desconforto forte, uma gastura como quando se sente ao raspar as unhas na lousa da sala de aula de uma escola qualquer... Em menos de um minuto depois, os deuses reunidos no grande salão se olhavam com interrogações nos olhos. Ninguém pode manifestar a palavra; não houve chance. Tudo pareceu perder o som...

...Ártemis entrou na sala aos prantos com uma semideusa nos braços.

Zeus levantou-se do trono depressa, correndo em direção as duas. Pegando a figura frágil que era a semideusa nos braços, seu olhar sedento por uma explicação se focou na deusa da lua.

-Ártemis? – ela não respondeu com palavras, por não havê-las ou por não conseguir dizer. Seus olhos perolados brilhavam em impotência, incompreensão. O senhor dos céus nunca havia visto nada como aquilo. Todos esperavam em silêncio por uma explicação plausível para tudo, algo sólido e concreto a que pudessem se agarrar; muitos se corroendo em curiosidade por dentro. Zeus sabia quem era o culpado, não havia qualquer dúvida – HAAAADEEEES!

O grito resultou na tempestade.

-O que foi isso? – Silena perguntou enquanto Charles a ajudava a levantar. Ambos com medo na face.

-Zeus está furioso – Luke respondeu olhando para o palácio de Hades; o semideus sentia muita dor onde, em vida, ficava o coração. Doía demais, mas ele teimava em não demonstrar – A pergunta é: por quê?

Dentro das paredes escuras de sua “casa” o deus dos mortos sentiu o tremor mais forte que todos, talvez. Ele levantou de seu trono com a expressão preocupada, deixando de observar o pasmo do filho ali perto, caído ainda com a espada em mãos. Nico estava assustado; ele nunca vira o pai desse jeito.

-Nico, fique aqui. Eu vou ao Olimpo.

“Por todos os imortais! Esse não é meu pai” – o garoto pensou pasmo com o tom de voz aflito e até baixo do deus que gostava muito de se impor.

-Mas...

-Apenas fique – o garoto tremeu ao som da voz do pai. O tom perdido e temeroso não era típico do deus.

No salão dos deuses a agitação era notável. Um divã em um canto a vista de todos; nele, uma jovem bonita “dormia”. Os cabelos escuros emolduravam o rosto pálido e davam destaque aos lábios avermelhados. Suas roupas não eram as mais apropriadas para se estar na frente dos deuses. A moça era constantemente o alvo dos olhares até Hades chegar.

Ártemis disparou palavras agressivas antes que qualquer outro pudesse fazê-lo:

-Como ousa? Como ousa destruí-la desse modo? Como se atreve... – Hades havia recuado. Ártemis chorava compulsivamente quando foi “agarrada” por Apolo. Pela cintura, o deus Sol levou a irmã para longe do deus que acabara de chegar; Apolo não disse nada, mas manteve o olhar frio direcionado ao tio enquanto descia carinhos quentes e tranquilizantes em Ártemis.

-O que aconteceu, irmão? – Hades escondeu o nervosismo em uma mascara de frieza e cordialidade.

-Responda você. – a aspereza na voz de Zeus surpreendeu todos – O que fez a minha filha? Traga-a de volta!

Hades caminhou em direção ao divã enquanto diversos deuses desviavam do seu caminho. Ajoelhado ao lado da moça, Hades pôs uma das mãos sobre a testa e a outra no coração. Zeus travou o maxilar diante da proximidade inadequada. O deus dos mortos murmurava palavras em grego, mas elas eram de significado desconhecido para os outros ao redor.

-Ela se foi – comunicou o deus pasmo com a conclusão a que chegara – Não há nada que eu possa fazer.

-Hades, o coração dela ainda bate. – Atena se manifestou devagar, como se as palavras tivessem o poder de fazer a história mudar; a voz falha pelo medo.

-Mas a alma não está aqui – ele quebrou todas as esperanças com a resposta; Hades voltou a olhar para todos, os olhos cintilando em preocupação – Farei uma busca no Mundo Inferior, mas sei que ela não se encontra lá. Não podemos encontrá-la em parte alguma.

-Por que não? – disse a voz rude de Ares.

-Thalia Grace não existe mais. Sua alma foi despedaçada.

Todos olharam para o corpo ali repousando. O movimento suave de sua respiração e o som quase inaudível de seu coração batendo. Viva e morta.

Em algum lugar nos Elíseos, Luke Castellan sentia dor; muita dor. Uma dor que só sentira uma vez em toda a vida: a dor de quando perdera Thalia na Colina Meio-Sangue. Agora essa dor parecia ter sido multiplicada por infinitos números. Ele tinha certeza de que o motivo era o mesmo: algo terrível acontecera com ela... Ele só não tinha noção do tamanho da extensão desse “dano”.

“O que está acontecendo?” – Luke pensou com urgência – “O que aconteceu com você, Thalia?”

Era inútil. Ele sabia disso: ela estava viva e ele morto. Ela era uma Caçadora e ele era para sempre um Traidor.

Mas o mundo dá voltas. E transforma coisas ruins em piores. Transforma coisas brilhantes em opacas. Transforma verdade em mentira.

Os semideuses que se preparem. Nunca ninguém viu algo parecido e, para resgatar uma amiga, o impossível terá de ser feito, o passado terá de ser lembrado, palavras nunca antes ditas revelarão sentimentos ocultos por tempo demais... Para aquela brisa retornar a ser o que era, para poder voltar aos sonhos de segundos atrás, sacrifícios terão de serem feitos.


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Notas finais do capítulo

Deem suas opiniões se leu até aqui; me incentivem a continuar =)