Aspen era o tipo de pessoa que tinha uma personalidade forte o bastante para convencer qualquer pessoa a fazer alguma coisa que ele queria. Foi assim com America Singer. Sua primeira paixão verdadeira o convenceu a fazer algo que, a partir de agora, poderia partir seu coração.

– O que você quer? - a voz calma e doce de America foi substituída pela raiva que tomava conta do seu corpo naquele momento. – Você também ‘obrigou’ aquela garota a fazer o que você queria, não é? – questionou, enquanto Aspen ainda segurava seu braço. – Você ainda não desistiu do seu plano idiota, não?

O rapaz a soltou, enchendo as bochechas de ar e bufando logo em seguida. Ambos estavam na lateral do restaurante, num beco sem saída, onde possuía lixos com restos de comida do lugar, o que deixou America ainda mais tonta.

– Você sabe que eu nunca fui com a cara do Maxon. – Retrucou o Leger. – Algo dentro de mim sempre falava sobre o quão fútil ele era. Se Natalia fez isso, o problema é dela, e não meu. Acho que você levou isso longe demais. Nunca considerei isso como um plano, se quer saber.

A ruiva revirou os olhos, com uma risada irônica.

– Então o que você está fazendo aqui? – Questionou mais uma vez, procurando uma resposta no olhar dele. – Eu sei o quão estúpida eu sou, mas as pessoas mudam, sabia?

Dois anos atrás.

America e Aspen eram do tipo de casal apaixonados que viviam juntos e levavam a relação mais a séria do que eles próprios nem poderiam imaginar.

Naquela tarde, a menina vestia calça jeans rasgada e blusas com alguns cortes feitas por ela mesma.

America permanecia no colo de Aspen, envolta de seus braços fortes, sentados numa pedra que, de longe, dava para observar tudo que acontecia na aula de natação. Era ali onde os dois costumavam ir quando estavam namorando.

– Engraçado como aquele cara parece um idiota. – Ele soltou o comentário, fazendo America rir. – Maxon fica parecendo ainda mais um imbecil quando vai nadar junto com aquele seu amigozinho.

– Verdade – concordou ela. – Eu faria de tudo para descobrir outras coisas constrangedoras que ele faz. Que idiota.

Aspen levantou uma sobrancelha.

– De tudo? – repetiu.

– Foi uma brincadeira – America respondeu rapidamente –, eu acho.

Agora.

– Você nunca se conformou com o fato de Maxon ser melhor que você. – Prosseguiu. – Sempre quis rebaixá-lo.

– Você também queria rebaixá-lo. – Aspen falou com tom de voz provocativo, fazendo a garota ficar vermelha, grunhindo, a ponto de atacá-lo a qualquer momento. – Aliás, você quem deu a ideia.

– Cala a boca!– ela gritou, batendo desesperadamente no peito dele. – Agrh! Cala a boca!

Alguém chegou por trás de America, afastando-a de Aspen.

Ver as atitudes de Maxon já foi ruim. Brigar com Aspen foi pior ainda. Mas perceber que quem a havia afastado - e quem a segurava - era o próprio Maxon, e que ele provavelmente poderia ter ouvido a conversa deles, foi pior do que toda a dor que ela já estava sentindo.

O moreno cruzou os braços, permanecendo sério, sem dizer uma única palavra.

As lágrimas já caiam no rosto avermelhado dela, e foi insuportável sentir os braços de Schreave ao seu redor.

– Me solta! – ordenou.

Conseguiu ouvir Maxon sussurrar ao seu ouvido:

– Então tudo que você sentia por mim foi uma farsa?

Desatou-se a chorar ainda mais, sentindo seu coração bater mais forte que as batidas de uma música eletrônica.

America afastou-se e limpou as lágrimas no braço. Desafiou a si mesma a não olhar na cara deles e saiu correndo dali.