Noites de Um Século escrita por Dead Coyote


Capítulo 8
Capítulo 7 - Antero (parte 2)


Notas iniciais do capítulo

Parte 2... continuando...



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“Bem... adiantarei-me um pouco. Foi aproximadamente sete meses depois de Antero ter me atacado, que ele reapareceu. Nesse período só sabíamos que ele estava consciente do que fazíamos através de suas conversas com minha mãe. Que ela nada me dizia a respeito, por mais que eu perguntasse. Então nos últimos meses ele parou de se comunicar. Ela parecia cada vez mais magra, preocupada, estava se cansando. Eu não agüentava vê-la assim. Mas nunca se entregou. Eu nunca vi nos olhos dela um mínimo que fosse de desistência, de derrota. Isso me impulsionava cada vez mais para alcançar meu objetivo. E foi então numa noite quente e abafada, eu estava no chão debruçado sobre alguns livros, minha mãe cochilava na cadeira de balanço ao meu lado, com sua gata ao colo, ronronado.”

“Tudo pareceu acontecer em menos de um segundo. Um estranho vento passou pelo cômodo, trazendo-me uma sensação de solidão, uma dor estranha que parecia vir de lugar nenhum. A gata levantou-se e num salto desapareceu pela cozinha, seus olhos brilhando da greta da porta da dispensa em direção à porta da frente, na sala. Minha mãe acordou de sobressalto, pondo-se de pé. Eu não consegui me levantar, não me movia, estava ajoelhado no chão. Então a porta se abriu, lenta e ruidosamente.”

“‘Elizabeth. Há quanto tempo. ’ Era ele. O vampiro que me atacou sete meses atrás. Antero. A voz rouca, pesada, invadia a sala num sussurro que parecia ensurdecedor para mim. Ele olhava odiosamente para minha mãe. Levantei-me com esforço e pus-me entre os dois quando ele começou a caminhar lentamente em direção a ela.”

“Aqueles escuros e desgrenhados cabelos cobriam-lhe parte do rosto, mas como da primeira vez que nos encontramos, seus olhos pareciam queimar por trás daquelas mechas oleosas. Uma longa casaca negra, de pele de lobo, talvez, chegava a arrastar no chão cobrindo todo seu corpo. Perecia velha e tão suja quanto seus cabelos. Ele fitou-me dentro dos olhos. Somente seu olhar sobre mim parecia me imobilizar, me causava um estranho descontentamento, sentimento que não era meu.”

“‘Você fugiu Elizabeth. Fugiu de mim? E teve um filho tão inútil e covarde quanto você.’ Olhou para mim ‘Não é mesmo, Ivan?’ Seus olhos pareciam inflamar de raiva quando disse isso. Encarava-me diretamente, alguns passos diante da porta aberta. Deveríamos estar afastados um do outro aproximadamente dois metros, mas parecia-me que se ele esticasse seus braços poderia ultrapassar-me com facilidade. Ele sorria com deboche. ‘Fraco. Você além de covarde é fraco. Pretende me desafiar? Quer mesmo me matar? Você é estúpido Ivan! Hahahahahha!’ Gargalhava insanamente, os olhos saltando vermelhos em minha direção. Então cala-se de repente. Vem caminhando até nós, parecia flutuar. Passa por mim, em momento algum desviava os olhos dos meus. Um estranho cheiro de sangue e morte exalava dele, invadindo meu corpo, me cercando. Aquele estranho odor paralisou-me, ele exalava ódio e causava pavor. Virou-se de costas, então, e se sentou na cadeira de balanço onde estava minha mãe até há pouco. Nem eu nem ela fizemos nada. Não podíamos nos mover. Ele deu as costas para nós, tendo total certeza que nada que fizéssemos poderia feri-lo naquele momento.”

“‘Ivan. Sua mãe mentiu tanto para você não é. Acho que você sabe por que estou aqui pelo menos não é? Sabe que eu vim matá-los, não sabe? ’ Minha mãe aproxima seu corpo do meu, tocando levemente meu braço. Somente esse pequeno calor de seu toque me trouxe de volta. Minhas forças pareceram voltar, então me virei para encará-lo. ‘Mas, você sabe qual o real motivo da sua morte?’ não respondi. Nem mesmo poderia reagir a ele. Apenas queria ouvir o que ele iria contar.”

“‘O seu avô. Não. Toda a sua família será o motivo da morte de vocês dois. E não será por nada mais que merecida vingança.’ Uma pausa, ele parecia admirar minha mãe. ‘Sua mãe, e você, são descendentes de um antigo clã de caçadores. Disso você sabia não é. Ela deve ter contado. Mas essa covarde fugiu. Depois que o maldito do pai dela matou os meus últimos irmãos! Minhas queridas crias!’ Seu rosto se distorcia de ódio, mas de repente riu, riu insanamente. ‘Mas ele pagou. Eu o matei. Mas ele era forte, diferente de vocês. Ele conseguiu me ferir, eu tive que me refugiar para recuperar-me. E nesse tempo, essa covarde fugiu!’ em momento algum ele fez uma pausa ou desviou o olhar de minha mãe. Parecia falar aquilo tudo como se estivesse decorado, ou narrando cenas que passavam velozes em sua mente, suas lembranças. Continuava falando, sentado naquela cadeira que balançava levemente para frente e para trás. Eu e minha mãe estávamos juntos, em pé diante dele, sem podermos fazer nada, paralisados, apenas ouvindo. Ele parecia querer assim. ‘Eu voltei quando estava recuperado. Aqueles idiotas me subestimaram, não foram fortes o suficiente. Estavam mortos, mas alguém, um corpo não estava ali. O mais importante. O corpo que foi o motivo do ataque quase fatal que sofri. O pai dessa mulher quase me matou para salvá-la, salvar essa maldita!’ sua voz se alterava, chegava quase a gritar, mas seu corpo e sua expressão não. Estava frio, não demonstrando sentimento algum fisicamente. Apenas seus olhos pareciam arderem, cada vez mais vermelhos. ‘Mas os meus filhos... eles eram novo e fracos ainda. Eu fui imprudente levando-os para lutas como aquelas, contra caçadores que eu sabia que eram fortes. Há muito tempo... muito tempo antes já havíamos nos enfrentado. Meu clã e os avós e bisavós de sua família vínhamos de terras distantes, chegamos à Europa perseguindo uns aos outros. Elizabeth, você não sobreviveria àquela época. À nossa força naquela época! Mas... muitos de nós morremos, e poucos de vocês sobreviveram e se refugiaram...  mas o Príncipe... o Príncipe fugiu com a Princesa. Não! Não fugiram. Não tinham motivos para fugir. Vocês também não poderiam matá-los... Eles desapareceram... Eles nunca pertenceram a esse mundo. Não, a Princesa não era tão forte, ela apenas o seguia... Mas o Príncipe... Por que ele desapareceu? Foi por isso que enfraquecemos... Foi por ele. Ele que nos abandonou, que deveria nos guiar... Ah! Não importa! Ele nos abandonou, mas eu também era forte! E eu montei novamente meu clã. Agora era meu! Eu os guiaria e acabaria com vocês! E aqui estou eu! Minha vingança se conclui hoje!’”

“Ele falava de forma complicada. Misturando os acontecimentos como em um vendaval de lembranças. Muito do que ele disse, eu nunca compreendi. Foi nesse momento que ele levantou e encarou-me profundamente. Quando dei por mim, ele segurava minha mãe pelo pescoço, elevando-a do chão com uma das mãos, enquanto agarrava meu braço com a outra.”

“‘Você é um inútil! Um fraco inútil!’ empurrou-me para trás. Eu cai sobre a arca, derrubando peças de porcelana que se quebraram no chão e sob meu corpo. Me levantei rapidamente, a tempo de segurar minha mãe, que ele arremessava em minha direção como se fosse um simples objeto. Ela caiu pesadamente sobre meu colo, tossindo. Estava quase sufocando, mas sorriu para mim, como que para dizer que estava tudo bem.”

“‘Você! Você deveria te-la matado! Evitaria-me de vir aqui só para acabar com esses vermes! Estava tudo certo! Eu sabia que você não se alimentaria de humanos, logo deveria enlouquecer. Seus instintos o traria até aqui e você a mataria. Era óbvio! Você não poderia sobreviver assim, então recusaria a eternidade e se atiraria numa fogueira ou qualquer outro fim. Seria simples não é?!’”

“‘Você é estúpido Antero! Você que é o estúpido e covarde aqui!’ Era minha mãe! Ele se cala, parecendo surpreso e nervoso pela ousadia dela. Eu, porém, senti-me animado, como se a coragem dela me fortalecesse. ‘Meu filho nunca me mataria! Essa é a diferença da minha família para a sua! Quando um de nós está em perigo, o outro se põe a ajudar, mesmo que custe isso a vida. Mas vocês... vocês se matam, sem sentimentos. Por isso são fracos!’”

“‘Cale-se!’ ele empurra a cadeira que se choca na parede ao nosso lado, com um estrondo. E então desaparece. E em segundo estava sobre nós, como uma águia sobre sua presa. Mas eu ataquei. As palavras de minha mãe eram verdadeiras! Eu provaria isso! Eu o mataria e voltaria a ser o filho que Elizabeth tanto amou!”

“Chocamos-nos no ar, tudo foi muito rápido. Eu fui mais forte naquele momento, conseguindo empurrá-lo para próximo da lareira. Rolamos no chão como dois cães selvagens. Mas, ele tinha razão. Eu era fraco. Meus golpes não o afetavam, cada ferimento que eu o causava logo desaparecia. Então ele me segurou contra o chão. Desvencilhando-se facilmente de meus ataques. Seu corpo sobre mim, perecia muito mais pesado do que poderia ser. ‘Quer recuperar sua humanidade não é? Acha isso possível? Você é estúpido mesmo... ’ mas eu não dei chance dele terminar. Agarrei uma ponta de lenha que queimava na lareira ao meu lado e bati com força em seu rosto. A brasa vermelha na ponta queimando sua pele, tornando-a de um tom tão cinza quanto o da própria madeira queimada. Ele rodopiou no ar, o rosto queimado descascava como gesso de parede. Por baixo da pele negra que soltava eu julguei poder ver o osso branco. Mas ele parecia não sentir nada quando parou de pé a certa distância de mim, Apenas sorria sarcasticamente enquanto a pele reconstituía-se vagarosamente. A queimadura não se fechou por completo e ele já se dirigia para perto de mim enquanto eu tentava me levantar. A lateral do meu corpo doía profundamente, como se todas minhas costelas tivessem se partido, mas me levantei e o encarei de volta.”

“Eu tinha consciência de minha mãe logo atrás de mim, encolhida a um canto, próxima da porta da sala. E sabia também que ela era o objetivo primário dele. Mas ele não a alcançaria. Eu não permitiria que ele tocasse novamente nela. Mesmo que eu morresse, que eu não pudesse ter minha vida novamente, mesmo assim eu a defenderia. Nesse momento eu não sei dizer o que aconteceu, não sei quem atacou primeiro, foi instantâneo. Estávamos novamente agarrados um ao outro e eu senti então suas presas cravarem no meu pescoço. Uma dor profunda, mas que eu recusei sentir, devolvendo-lhe do mesmo modo. Mordi seu ombro com todas as minhas forças. Senti o couro grosso da casaca inundar-se do sangue. Puxei-lhe com força a pele, rasgando aquelas vestes, deixando o caminho livre para que o seu poder escorresse vermelho e grosso para mim. Ele não me largou em instante nenhum. Estranhamente eu sentia seu fluxo diminuir, e minhas forças esgotando também. Ele estava me matando lentamente, eu não conseguia acompanha-lo, evitar isso tomando o sangue de volta, imaginei que conseguiria assim. Mera ilusão.”

“Mas... de repente um grito ensurdecedor invadiu a sala, escapando para a rua pela porta entreaberta. E então um estrondo do outro lado do cômodo. Eu não vi ou entendi o que aconteceu até focar Antero ajoelhado a minha frente, as costas sangrando copiosamente, e da ferida parecia brotar uma grande estaca incandescente. Ele uivava no chão, a casaca tornado-se pegajosa pelo sangue que escorria. Mas a brasa daquele pedaço de madeira foi-se apagando. A estaca movia-se em suas costas, como que sendo expelida devagar de dentro da ferida. Eu não esperei para ver o que aconteceria. Não pensei em entender como ocorreu aquilo. Eu sabia que aquela estaca atingira o coração de Antero, e estando ela em brasas isso o enfraqueceria naquele momento... ah não me olhe assim Patric. Um vampiro não morre somente com uma estacada no coração. Não. Isso pode nos deixar fracos, mas podemos nos recuperar em alguns dias. No caso de Antero, eu temia que ele pudesse recobrar as forças ali mesmo, louco como estava por aquela vingança. Eu o ataquei. Avancei sobre o pescoço dele num golpe único e firme, em que reuni minhas últimas forças. Ele agarrou-me os braços, tentando fazer com que eu o soltasse. O desgraçado ainda tinha forças e pretendia lutar. Mas eu não dei-lhe tempo. Foi tudo de forma inconsciente. Rolei com ele para a lareira, jogando-o de costas nas chamas que ainda ardiam ali. Ele soltou outro urro. Eu não o larguei, sugaria seu sangue até o fim. Antero debatia-se e então ouvi algo como uma explosão. Senti minhas costas arderem também e naquele momento pulei para trás, deixando-o entre as brasas. Meu corpo queimava também. A garrafa de óleo da lamparina ao lado da lareira tombou-se em algum momento e o óleo começava a escorrer e caia sobre nós.”

“Quando eu o soltei e afastei-me, ele saltou das chamas como se voasse. Seu corpo inteiro queimava, mas ele vinha para cima de mim mesmo assim. Dizia algo que eu não compreendia, ou não me lembro. Foi muito rápido e inconsciente o que se seguiu. Agarrei uma garrafa de vinho que estava sobre a arca e atirei em direção a ele, uma outra explosão e tudo parecia estar em chamas. Pulei sobre seu corpo incandescente, que se debatia e atacava o que estava a sua frente. Deveria ter sido uma visão horrível e assombrosa, mas eu fazia parte dela, e não tinha tempo para pensar nisso. Ele ainda queimava, mas caiu no chão de costas, soltando um último e longo urro gutural e parou de mover-se enquanto eu o pressionava contra o piso, em meio as labaredas que saiam de seu próprio corpo. Antero parecia tremer, vibrar no meio das chamas. Minha pele também estava chamuscada e negra, e todo o meu corpo ardia com o fogo. Mas eu não o soltei. Não até seu crânio virar cinzas debaixo de minha mão. E seus ossos desaparecerem por completo. Até que o fogo que o encobria apagasse, deixando no centro da sala um monte de pó negro que esvoaçava com o calor das labaredas ao redor. Debrucei-me então no chão, sobre as cinzas e com uma das mãos recolhi um punhado e enfiei na boca, forçando para tentar engolir. Lambi do chão todo aquele pó indigesto. E cai. Sentia-me estranho, mas não pelas cinzas, não por que voltei a ser humano. Eu ainda era um vampiro, eu sabia. Foi uma estranha sensação que parecia me chamar de longe. Um chamado mudo, mas doloroso. Não precisei procurar. Do outro lado estava estirado o corpo de minha mãe, próximo ao corredor. Os braços estendidos no chão, sem nenhum movimento. Dali de onde eu estava eu podia ouvir as batidas descompassadas de seu coração, enfraquecendo. Era claro o que tinha ocorrido. Como eu me esqueci dela? Eu não me perdoaria.”

“Levantei-me e corri até ela, entre as chamas que se alastravam. Seus lábios escorriam sangue e o corpo estava mole e esfriava lentamente. Seus olhos estavam desfocados, mas ela parecia procurar-me mesmo assim. Eu estava ali, mas ela não podia me ver... segurei-a nos braços até seu último suspiro. Foi estranho como todo o som ao redor pareceu estar longe e irreal. Foi como se o tempo parasse. Minha mente se apagou. Eu não pensei em nada. Ergui-me com ela em meus braços. Caminhei como se abrisse um caminho entre as chamas, levando-a para fora. Ali, do outro lado da rua, ajoelhei-me no chão recostando-a em meu peito. E fiquei a admirar as chamas destruírem o velho casarão. Tudo era silêncio apenas. Até hoje não compreendo por que não continuei lá, entre as chamas. Por que não terminei com tudo ali mesmo, tudo já estava acabado, não é?”

“Porém, um estranho mal estar invadiu-me pouco antes do amanhecer. Algumas pessoas se reuniam ao redor da casa que ainda queimava, mas ninguém parecia ter me percebido ali, com o corpo de minha mãe em meus braços. O mal estar aumentou. Eu a larguei e tentei levantar, mas caí de joelhos. Sentia meu corpo se contorcer, como se algo gargalhasse e me ferisse por dentro. Uma ânsia estranha de acabar com tudo. E veio então o gosto de sangue a minha boca. Meu abdome se apertava e doía. Mais sangue forçando em minha garganta. Vomitei. Um sangue viscoso e escuro, quanto mais saía, mais escuro ficava. Era o sangue de Antero, misturado com suas cinzas. Antero. No final ele conseguiu sua vingança. E eu não voltaria a ser humano.”

“Minhas mãos, apoiadas no chão, no meio do sangue que escorria de dentro de mim, estavam queimadas e ardiam. E senti algo me envolver como num abraço. Eu estava sozinho, mas era uma sensação aconchegante. Levantei a cabeça, observando o céu que se avermelhava no horizonte. E voltei-me para o corpo de minha mãe, admirando-o por uma última vez. Ela queria que eu vivesse e assim faria.”

“Na noite seguinte tudo ocorreu de forma estranha e natural. Soube que seu corpo estava sendo velado na capela da Igreja e me dirigi para lá. Como estava minha aparência eu nem faço idéia, mas parei diante daquelas enormes portas e permaneci ali por algum tempo, imaginando se seria sensato entrar. Então subi as escadas lentamente. Não sabia ainda se um vampiro poderia entrar ou não numa igreja, mas não me preocupei. Atravessei o portal e nada aconteceu. Sentei-me no último banco. Ouvi a missa e ao fim dela retirei-me. Na manhã seguinte ela seria enterrada próxima àquela capela. Fui visitar a lápide na noite seguinte. E naquele momento me despedi também de todo o pouco de humanidade que sobrevivia em mim. O humano Ivan morreu junto com a mãe Elizabeth. A partir daquele momento eu era um vampiro. Um ser das Trevas e que viveria para as Trevas. Matei minha primeira vítima humana naquela noite.”

Silêncio. O vampiro suspira longamente, inclinando a cabeça para trás na poltrona. Patric o olhava admirado. Não sabia o que dizer. Espera apenas, mas somente recebe um frio olhar de Ivan.

“Está satisfeito? Era isso que você esperava?”

“O que? Como assim?”

“Já acabou Patric. Minha história acabou aqui. Não há mais nada para ser contado.”

“Como não!? Você disse que isso aconteceu há cinqüenta anos não foi! Tem que ter mais coisa pra contar, não pode acabar assim! O que você fez esse tempo todo? Quem eram o Príncipe e a Princesa que Antero disse?”

Damien acorda assustado com a voz alta do homem. Encolhe-se agarrado ao braço da poltrona quando Ivan se levanta e Patric o segura pelo braço.

“Chega Patric! Está com medo de morrer agora? É isso? Foi você que escolheu, eu lhe disse que poderia se desapontar! Não há mais nada pra ser dito!”

“Eu já disse que não tenho medo...”

“Então pare de fazer perguntas.” Com um arranco, livra-se de Patric jogando-o de volta no assento. Vira-se e sem olhar para trás abre a porta.

“Quero que deixe Damien ficar aqui até amanhecer. Cuide dele. Não precisa agradecer nem o vinho e nem o alimento. Tudo foi pago com o seu próprio dinheiro.” Fala rapidamente, as palavras soando sem sentimento ou entusiasmo algum.

Atravessa a porta e vira-se para encarar Patric profundamente em seus olhos.

“Tenha um bom dia amanha.”


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