Era um belo dia. Amanheceu claro e acordei com o alto despertador do meu pai.
Militares…
Agarrei meu travesseiro com força nas unhas e puxei para cima da minha cabeça, enterrando meus tímpanos o máximo possível no colchão. Então vejo meu pai, saindo de seu quarto, caminhando como um zumbi até a porta do meu, logo depois que o barulho infernal para.
-Emily? Emily, querida, acho melhor levantar, minha filha. Não vai querer se atrasar para o primeiro dia na faculdade!
- Ahnn… - grunhi me espreguiçando pela cama inteira. - Não quero…
Meu pai bufou soltando um sorriso em seus lábios e caminhou até mim. Tocou com a mão em meu ombro, e no mesmo segundo joguei meu travesseiro em seu rosto.
-Emily. Emily, filha, levante.
- Paiê… ain… - murmurei, finalmente me sentando na cama.
- Vai se arrumando, vou preparar seu café da manhã. - meu pai disse sorrindo.

ELE ACABOU DE ACORDAR! QUEM SORRI QUANDO ACABOU DE ACORDAR!? VOCÊ ACABOU DE ACORDAR! ISSO NÃO É MOTIVO PRA SORRIR!

Me arrastei para a beirada da cama e pus meus pés no chão.

PUTZ CHÃO FRIO DA CAÇAMBA

Com saltinhos rápidos, apenas tocando as pontas dos meus dedos dos pés no chão gelado, cheguei ao banheiro. Fiz minha higiene matinal (a qual inclui fazer xixi. Sim. O ato de urinar), penteei meus cabelos e caminhei até meu guarda-roupas, já um tanto mais acostumada com a temperatura do piso.
Me vesti. Vesti o quê? UMA ROUPA.
Saí do meu quarto, desci as escadas e vi meu pai fritando uma omelete e minha mãe sentada em seu usual lugar no sofá, lendo o jornal. A sala estava uma bagunça. Bagunça? Não, não… bagunça é apelido. Haviam caixotes de papelão espalhados por todo canto, mais caixas de papelão em cima dos caixotes de papelão espalhados por todo canto, haviam embrulhos de um material que as pessoas costumam chamar de papelão, havia papelão dobrado em formatos cúbicos onde haviam coisas guardadas dentro, um sofá no meio das tralhas todas, mais papelão em caixas…
E assim é se mudar! Sinta o ar novo da cidade com seu novo lar ainda se formando, cheio de papelão embrulhando seus pertences e cheiros estranhos à cada cômodo novo! Não… acho que isso é só no meu quarto…
- Bom dia, querida! - disse minha mãe.
- Bom dia, mãe - dei um beijo em seu rosto.
- Emily, vai querer uma omelete? - ofereceu meu pai.
- Hum… tentador, mas não. Tô meio em cima da hora. Aceito um jantar mais tarde, para compensar!
- Sim, senhora. Tenha um bom primeiro dia de aula, amor. Te amo.
- Também te amo, pai. Tchau!
Apanhei as chaves do carro e fui para a faculdade.
Stanford… que sonho…
Cheguei à porta da faculdade e estacionei meu carro na primeira vaga. Então olhei para o campus. Havia gente conversando e se divertindo em cada campo do gramado da entrada. Jovens sentados à grama em grupos, comendo, papeando, rindo, e por trás os prédios das universidades. Respirei fundo e comecei a andar. E fui andando… e andando… um pé depois o outro, sabe… caminhando… com as pernas… cruzando o gramado… e parece que uma garota próxima à mim fazia o mesmo. A vi saindo de seu carro e cruzando o gramado tecnicamente ao meu lado. Tinha cabelos castanhos escuros e um rosto bonito. Era magra e baixinha. Olhava para ela quando entrei nos corredores, e quando a mesma começou a olhar pra mim disfarcei. A garota virou a direita e então perdi seu olhar. Ela caminhava até seu armário. Abri minha bolsa e busquei lá dentro o número do meu armário. Grande Emily! Um armário depois do da garota baixinha!
Me aproximei esboçando meu melhor sorriso e ela logo olhou para mim.
- Oi. - eu disse.
- Hm, oi.
- Prazer, sou… Emily Fields.
- Prazer, Emily Fields. Sou Aria Montgomery. - a garota se apresentou. - Você… é novata?
- Sim, sim. Primeiro dia.
- É, o meu também. Vai fazer quais aulas?
- Vou cursar medicina… e quanto a você?
- Literatura. - Aria afirmou.
- Legal. Você… escreve?
- Sim… sim. - ela abre um sorriso amigável, o qual eu retribuo.
Logo ouço a sineta tocar no fim do corredor.
- Bem… foi bom conhecer você, Emily Fields. Sorte a minha que já comecei com uma boa amiga. - ela sorriu.
- Ora, igualmente, Aria Montgomery. - respondi. - A gente se vê.
Ela sorriu mais uma vez e se afastou. Abri meu armário, depositei às pressas algumas tralhas lá dentro e corri para a aula.
Entrei na sala de aula às pressas, assim atraindo todos os olhares para a minha amável pessoa. :) Que amor, colegas de classe!
- Srta…? - perguntou o professor.
- …Fields, senhor. Desculpe. Eu me perdi. - confessei.
- Aluna nova? - concordei com a cabeça - Pode sentar-se na frente da Srta. Hastings.
A mencionada levantou a mão para eu me encontrar. Sorri para a garota e me encaminhei ao lugar à sua frente. Sentei-me e ouvi uma voz vinda de trás.
- Seja bem-vinda, Srta. Fields - murmurou a Hastings à minha orelha.

A aula passou bem rápida para falar a verdade. Os quatro primeiros tempos. Quando a sineta para o intervalo tocou, um repentino ruído de alunos se levantando de suas cadeiras ecoou pela sala de aula. Me levantei, enfiei meu livro de Anatomia na mochila, juntamente ao meu estojo, fechei o zíper e lancei-a sobre meu ombro.
- Srta. Fields… - ouvi por trás. Virei minha cabeça na hora e me deparo com uma garota de cabelos castanhos e olhos da mesma cor. Era magra e até alta… era bonita… Srta. Hastings.
- Srta. Hastings. - disse, me virando por completo para ela.
- Chegando atrasada no primeiro dia… tsc, tsc, tsc… - ela murmurou, balançando a cabeça em desaprovação.
- Poderia saber o nome da garota que está me insultando? - perguntei, arqueando as sobrancelhas.
A garota me encarou, e então, abriu um meio sorriso no rosto.
- Spencer Hastings.
- Encantada. - me curvei diante dela.
- Pff, ralé! - ela bufou, fazendo-me rir. - E como você se chama, plebéia?
- Emily. Emily Fields, magestade.
Spencer sorriu e me estendeu a mão. Apertei-a com firmeza.
- Está meio tensa. O que houve, peregrina? - ela me perguntou, saindo ao meu lado da sala de aula.
- Bem… acabei de me mudar, estou somente um pouco nervosa… perdida e… deslocada.
- Veio de onde?
- Rosewood.
- Interessante… - Spencer murmurou.
- Já esteve lá? - perguntei.
- Não, somente Ravenswood. Meu pai me levou. Mas ele estava lá mais para negócios. - a morena comentou.
- Então… por que você foi junto? - perguntei novamente.
- Hábito. Meu pai adora me arrastar para os lugares como se eu fosse bagagem de mão. Diferente da princesa da minha irmã, Melissa. - ela deu uma pequena pausa e olhou para mim - Tem irmãos?
- Não… eu já sou demais para meus pais. - Spencer riu.
Estávamos saindo do prédio, adentrando a imensidão verde do gramado, quando ouvi uma voz conhecida se aproximar.
- Em! - Aria chegou ao meu lado. - Hey, como vai?
- Ei, Aria! Hm, Aria, esta é Spencer Hastings, da minha aula de Anatomia. Spence, essa é Aria… ?
- …Montgomery. Oi. - Aria se apresentou para Spencer.
- Olá, Montgomery. - disse Spencer.
As duas se cumprimentaram com um sorriso meigo de ambos os lados e então nós fomos sentar-nos em um dos cantos na grama do campus.
Conversávamos animadamente, quando um veterano se aproxima.
- Olá, garotas… novatas? - perguntou à mim e à Aria.
- Veterana. - Spencer levantou a mão e sorriu cinicamente.
- Spencer. - diz ele.
- Ben. - respondeu Spencer no mesmo tom.
- Aria. - Aria disse, fazendo-me rir. ISSO É QUE É SER EXCLUÍDA. TAMO SOFRIDA.
- Hm, Aria, Emily, este é Ben, de advocacia. - disse Spencer.
- Prefiro dizer que sou do time de futebol. - ele se mostrou, sorrindo.
- Digamos que é um moleque multiuso. - implicou Spencer.
Ben ignorou, apanhou minha mão e a beijou. Depois acenou a cabeça para Aria e se afastou.
- Uhhhhhhh… - soltaram Aria e Spencer assim que Ben se afastou.
- Quê? - indaguei.
- Alguém ganhou um paquera! - exclamou Aria.
- Fala mais alto, Aria! Acho que o pessoal do canto não escutou! - disse.
- Escutamos, sim! - berraram de volta.
Corei de vergonha.
- ALGUÉM GANHOU UM… mhph! - Spencer tapou a boca de Aria.
- Já deu! - reclamei.
- Tá, Em… mas ele curtiu você. - admitiu Spencer.
- Pode até ser… mas… ele não faz o meu tipo… - concluí sorrindo de canto de boca.