No dia seguinte, como de costume todos acordaram e se prepararam para a rotina na escola...

Na escola...

Na sala do 8º ano

Mosca, estava pensativo no canto da sala (pra variar), porém dessa vez, este olhava concentradamente para o cristal, o qual madame Esmeralda havia lhe presenteado. E contemplava seu brilho ao ser colocado em um feixe de luz do sol, que batia em sua carteira. Quando fazia isso, o cristal revelava as cores do arco-íris.

– Nossa, que lindo! – Exclamou Bel do outro lado da sala ao notar o fenômeno.

– O quê, Você disse que o Mosca é lindo?! – Perguntou Rafa enciumado.

– Não né? Eu to falando do cristal. – Disse Bel revirando os olhos.

– Nossa! Eu nem tinha notado, que irado! – Exclamou Rafa chamando atenção de todos para Mosca.

– Posso saber o que é irado Rafael? – Perguntou a professora.

– Ué, é uma gíria! – Respondeu Bia fazendo pouco.

– Diretoria Beatriz! – Exclamou a professora se voltando para Bia.

– Quê?! – Perguntou Bia, sem acreditar.

– Eu não vou repetir! – Disse a professora. Logo Bia saiu da sala sendo zombada pela sala inteira menos pelos seus amigos claro.

– Silêncio! – Ordenou a professora. – E você Felipe, porque não nos mostra o que tem de tão interessante que chamou a tenção do Rafael? – Perguntou a professora.

– Não é nada professora. – Disse Mosca, que já havia escondido o cristal.

– Felipe, eu não vou pedir novamente. – Insistiu a professora.

– Sábia escolha. – Disse Mosca, encarando a professora friamente. Mosca notou que ao encará-la, a professora mudou o semblante no rosto, esta parecia estar com medo, logo a mesma voltou ao seu lugar, e fez a chamada como se nada tivesse acontecido. Aquilo foi realmente estranho.

Na diretoria...

Ao entrar na sala da diretoria, Bia deu de cara com alguém que preferia que não estivesse alí.

– Aff! – Murmurou ao notar Janjão sentado numa das cadeiras, este esperava a direto que não estava lá.

– Oi pra você também Beatriz... – Disse Janjão tranquilamente.

– Cadê a diretora? – Perguntou Bia. Então, Janjão levantou um porta canetas que estava sobre a mesa, olhou embaixo, e em seguida colocou no lugar.

– Aqui ela não está. – Disse encarando Bia, que se conteve para não rir.

– É muito idiota mesmo... – Disse revirando os olhos.

– Eu sei que você não acha isso de verdade. – Disse Janjão.

– Ah, eu acho sim. – Discordou Bia.

– Até quando você vai ficar brava comigo? – Perguntou o garoto indo em direção à Bia.

– Você me beijou a força, e pela segunda vez! – Lembrou Bia sendo rude. – Queria o quê? – Perguntou.

– Tá, eu sei que errei... – Assumiu Janjão.

– Eu tinha dado uma segunda chance a nossa amizade, e você estragou tudo! – Completou Bia.

– Mas eu juro que não faço mais... – Jurou Janjão. – Vai, me perdoa por favor... – Pediu olhando nos olho de Bia, que ficou em silêncio por alguns segundos.

– Sinto muito, mas não dá Janjão. – Disse Bia. – Você já me deixou confusa demais com essa história. – Completou deixando escapar demais.

– Sério, você ficou confusa? – Perguntou Janjão surpreso.

– Quê? Claro que não! – Disse Bia nervosa.

– Você acabou de dizer... – Disse Janjão.

– Eu quis dizer que você encheu demais minha cabeça com isso! – Concertou Bia.

– Eu sei que não foi isso que você quis dizer. – Disse Janjão.

– Olha Janjão... – Disse Bia respirando fundo. – Eu amo o Binho, e é com ele que eu quero ficar pro resto da minha vida, então eu te peço que por favor não interfira nisso. – Concluiu Bia. Janjão não disse nada, apenas assentiu em silêncio e sentou do outro lado da sala. Bia notou que sua palavras deixaram o garoto no chão, e também se sentiu mau com isso, porém, desta vez não estava confusa, pelo contrário, esta sabia que tudo o que havia falado era a mais pura verdade. Mas mesmo assim não deixava de se importar com Janjão, não conseguia sentir raiva do garoto, e sentia falta dele, sentia falta de sua amizade. Sua amizade... De repente várias frases vieram à sua cabeça.

"(...) você precisa de sabedoria, precisa conhecer seus sentimentos por cada um deles, antes de fazer uma escolha."

"(...)precisamos ter certeza plena, antes de tomar uma decisão..."

– É isso! Eu consegui! – Gritou Bia inesperadamente.

– Conseguiu o quê? – Perguntou Janjão espantado.

– Eu te perdoo Janjão! – Disse Bia sorrindo.

– Hã?! – Perguntou Janjão arregalando os olhos sem entender.

– Como eu não percebi isso antes? Eu nunca estive confusa entre você e o Binho porque jamais senti a mesma coisa pelos dois! São sentimentos diferentes! Por isso eu tava mau! – Concluiu Bia, esta sorria e olhava pro nada feito uma boba.

– Como assim? – Perguntou Janjão estranhando a situação.

– Não sei, só sei que é isso! – Disse Bia.

– Tendi foi nada... – Disse Janjão confuso.

– Tudo bem, você não precisa entender. – Disse Bia sorrindo.

– Mas você me perdoou mesmo? – Perguntou Janjão.

– Sim, perdoei! Porque não gosto de ficar mau com as pessoas importantes pra mim. Pois mesmo que eu não sinta por você o mesmo que você sente por mim, não posso negar que você é alguém que eu me importo muito.

– Verdade? – Perguntou Janjão.

– Sim, mas não podemos ser amigos se você sempre ficar confundindo as coisas entre a gente. – Afirmou Bia.

– Pois... Era sobre isso mesmo que eu queria falar. – Revelou Janjão.

– Mesmo? – Perguntou Bia.

– É, mas você não me deu tempo. – Afirmou Janjão. Bia esperou que o mesmo continuasse. – Eu ia dizer que reconheci que errei, e se for pra escolher entre ser seu amigo e fazer parte da sua vida, ou não significar nada e sumir, eu escolho a primeira opção. – Disse Janjão. Bia ficou pensativa.

– Eu espero que você tenha escolhido isso de coração. – Disse Bia.

– Então... Somos amigo de novo? – Perguntou Janjão.

– Eu queria... Mas não consigo ficar com raiva de você. – Afirmou Bia sorrindo. – Sim, somos amigos de novo! – Completou. Logo Janjão aproximou-se para abraçá-la, porém Bia se esquivou.

– Sem abraço. – Disse séria. Então os dois deram apenas um aperto de mão.

– Eu soube que o Binho e os amigos dele queriam me dar uma lição, mas você impediu. Isso foi verdade? – Perguntou Janjão.

– É foi. Quem te contou? – Perguntou Bia.

– As notícias voam. – Disse Janjão. – Eu fui mesmo um idiota, e você nunca ficou com raiva de mim de verdade, nunca mais vou fazer nada que coloque nossa amizade em risco! – Afirmou.

– Tá, dessa vez eu vou acreditar. – Disse Bia.

– Mudando de assunto porque você tá na diretoria? Aprontou algo? – Perguntou Janjão rindo.

– É, eu respondi a professora o que era irado e ela ficou brava. E você? – Perguntou Bia.

– Só por eu ter rido da minha professora por ela ter escrito uma palavra errado no quadro. Mas acho que não corro risco de ser suspenso por isso... – Disse Janjão, logos os dois passaram a conversar e rir. Enquanto esperavam a diretora.

Na hora do intervalo...

Os garotos conversavam num canto do pátio...

– Não cara mas o mais estranho foi que a professora tava dando uma de durona com a sala inteira hoje, mandou até a Bia pra diretoria por nada. Mas quando foi com o Mosca ela baixou a bola. – Contava Rafa.

– Quê?! – Perguntou Binho levantando-se. – Você disse que a Bia foi pra diretoria?

– Sim foi. Porquê? – Perguntou Rafa. Binho não disse nada, apenas saiu correndo em direção a diretoria. – Eu hein, o que deu nele?

– É que o Janjão também foi pra diretoria hoje. – Explicou Thiago.

– Ih vai ter treta... – Disse Rafa.

– Não acho difícil se o Janjão tiver puxado conversa com a Bia. – Afirmou Thiago. – Mas continua o que você tava falando.

– Ah sim, pois é... Melhor o Mosca contar, né Mosca? – Perguntou Rafa. Porém Mosca parecia estar no mundo da lua pois não ouviu. – Mosca? – Chamou o cutucando no ombro.

– Oi! – Exclamou o garoto voltando à terra.

– Nossa isso que é viver com a mente fora do corpo... – Afirmou Thiago.

– Foi mau gente... – Desculpou-se. – Eu vou dar uma volta pela escola, depois agente se fala. – Disse saindo.

– Tá, vai lá. – Disse Rafa.

– Eu hein, ele anda estranho demais você não acha? – Perguntou Thiago.

– É, mas ele deve ter seus motivos... – Afirmou Rafa.
Janu conversava com Bel, quando Mosca se aproximou.

– Janu a gente tem que conversar... – Disse.

– Ah, ta legal... Já volto Bel. – Disse Janu levantando-se.

***

– O que você quer Mosca? – Perguntou Janu.

– Você tá mesmo grávida? – Perguntou Mosca.

– Claro que eu tô, você ainda não se conformou, ou ach que eu tava mentindo? – Perguntou Janu.

– Não, mas é que eu passei o fim de semana todo preocupado com isso. – Explicou Mosca.

– Ficaria surpresa se não tivesse. – Disse Jnau.

– Quando você vai contar pros seus pais? – Perguntou Mosca.

– Quê?! – Perguntou Janu surpresa.

– Eles vão estranhar se a sua barriga começar a crescer de uma hora pra outra você não acha? – Perguntou Mosca.

– Ah, é e-eu tô criando coragem... – Desconversou Janu. – Você contou pra alguém?

– Não, só pro Rafa, mas eu tô pensando como vai ser depois, por que uma hora ou outra todo mundo vai notar. – Disse Mosca.

– É... Mas não se preocupa com isso agora, depois agente ver isso. – Disse Janu.

– Hum, ok então. – Concluiu Mosca saindo.

Perto dalí...

– Amor, o que ta pegando com o seu irmão? – Perguntou Duda, ao notar Mosca parado perto dalí com uma cara tensa.

– Não sei... – Disse Pata.

– Até quando vocês vão ficar sem se falar direito hein? – Perguntou Duda.

– Não sei... – Respondeu Pata.

– Pow Pata, já deu né? Ele é seu irmão, e parece não tá nada bem. Para de ser orgulhosa e vai lá falar com ele! – Exclamou Duda.

– Aff, tá bom Duda... – Disse Pata bufando. Esta foi em direção à Mosca.

***

– Mosca? – Chamou Pata chegando perto de Mosca.

– Fala... – Disse Mosca.

– Tá tudo bem? – Perguntou Pata.

– E você se importa? – Perguntou Mosca.

– Se eu vi até aqui perguntar... – Falou Pata.

– Aposto que o Duda te obrigou. – Disse Mosca.

– É, eu confesso que ele me motivou a vir. – Confessou Pata.

– Sabia... – Disse Mosca.

– Mas você sabe que quando eu não quero fazer uma coisa ninguém me obriga. – Disse Pata.

– É eu sei. – Disse Mosca.

– E então? – Perguntou Pata. – O que tá acontecendo? – Perguntou.

– Melhor agente sair daqui... – Disse Mosca.

Perto da sala da diretoria...

Binho esperava impaciente que Bia saísse da sala, este havia olhado pela janela de vidro da porta e avistado que Bia e Janjão ajudavam a diretora a carimbar agendas.

Minutos depois...

– Nunca pensei que tanta gente deixasse de fazer as tarefas de casa... – Dizia Bia saindo da sala junto de Janjão.

– Mas até que esse castigo não foi tão ruim... – Disse Janjão sorrindo.

– Posso saber o que você faz conversando com esse imbecil Beatriz? – Perguntou Binho que até então ainda não havia sido notado pelos dois.

– Binho! Eu nem tinha te visto aí. – Disse Bia sem jeito.

– Melhor eu ir nessa... – Disse Janjão, se retirando.

– É melhor mesmo! – Exclamou Binho.

– Binho o que tem demais eu conversar com o Janjão? – Perguntou Bia.

– O que tem demais?! – Perguntou Binho. – Será que você esqueceu que ele te beijou?

– Não eu não esqueci, mas ele sabe que não é nem doido de repetir isso de novo. – Disse Bia.

– Como você tem tanta certeza Bia? – Perguntou Binho.

– Porque minha amizade é importante pra ele, e ele sabe que se fizer isso de novo vai perder.

– Pensei que ele ja tivesse perdido. – Disse Binho.

– Tá Binho, a amizade do Janjão também significa pra mim, não quero me afastar dele. – Disse Bia.

– Como é que é Bia? Como você fala isso depois de tudo que eu fiz? – Perguntou Binho.

– Para de drama Binho. – Pediu Bia. – Bota na sua cabeça que o Janjão não é e nunca será uma ameaça no nosso relacionamento! – Afirmou.

– Mas...

– Sabe, se eu quisesse algo com o Janjão, eu acho não estaria namorando você. – Disse Bia.

– E se você tivesse confusa? – Perguntou Binho.

– Não estou. – Afirmou Bia. – Eu só gosto do Janjão como amigo, gatinho... O garoto que eu amo é você, e sempre vai ser assim. – Disse Bia com certeza em suas palavras. Ao ouvir aquilo, Binho mostrou um enorme sorriso no rosto.

– Promete? – Perguntou o garoto sorrindo.

– Prometo. – Disse Bia. Binho até pensou em beijá-la naquela hora porém lembrou que estavam perto da diretoria, então estes apenas saíram de mãos dadas, sem notar que Janjão havia se escondido e ouvido tudo.

– Tenho que me conformar com isso... – Disse o garoto pensando alto.

Perto dalí...

Mosca e Pata foram conversar num lugar da escola onde não passavam muitas pessoas.

– Agora me conta Mosca, o que é de tão grave que agente precise conversar num canto onde não passe ninguém? – Perguntou Pata sem paciencia.

– Melhor você relaxar. – Disse Mosca.

– Meu Deus, eu já to ficando preocupada, o que foi, conta logo! – Pediu Pata num tom de voz alto, chamando a atenção de alguém que passava perto dalí.

– Tá, mas promete que não vai contar isso pra ninguém e nem ficar com raiva de mim? – Pediu Mosca.

– Mosca que você fez? – Perguntou Pata mais preocupada ainda.

– Promete! – Pediu Mosca.

– Tá eu prometo! – Exclamou Pata. Então Mosca respirou fundo e disse.

– A Janu tá grávida... – Revelou deixando Pata abismada.