O relógio marcava às 19:45 da noite quando Bia e Mosca resolveram sair do orfanato.

Na sala...

– Pronto, eu já disse as garotas e ao Binho que agente vai sair. – Avisou Bia.

– Quê?! – Perguntou Mosca surpreso. – E o que eles disseram? Você não contou a verdade, contou? – Perguntou Mosca.

– Não se preocupa Mosca, você ta falando com a expert! – Exclamou Bia convencida. – Eu disse que agente ia procurar umas coisas pro trabalho de teatro.

– E eles caíram? – Perguntou Mosca.

– Claro né! – Exclamou Bia. – Agora vamo pra não ficar muito tarde. – Concluiu, saindo acompanhada de Mosca.

Alguns minutos depois, Mosca e Bia chegaram em seu destino, a casa de madame Esmeralda.

– Bom é aqui que ela mora... – Disse Bia, em frente à porta.

– Você não vai chamar? – Perguntou Mosca.

– Tá doido? Você quer falar com ela, você chama! – Exclamou Bia.

– Aff Bia... Porque nós não chamos juntos então? – Perguntou.

– Ok então... – Concordou Bia. – No três. Um...

– Dois... – Completou Mosca.

– Trê... – Antes que Bia completasse a palavra a porta se abriu e madame Esmeralda surgiu repentinamente, assustando os dois.

– Que bom que não atrasaram garotos. Eu já os aguardava. – Disse a mulher.

– Caraca... – Sussurrou Mosca.

– V-você já sabia que agente viria? – Perguntou Bia.

– Os espíritos me avisaram. – Respondeu a mulher, deixando os garotos mais tensos ainda. – Estão esperando o quê? – Perguntou a mulher. – Entrem! – Convidou. Logo ambos se entreolharam e entraram na casa.

Enquanto isso no orfanato...

As garotas conversavam na sala, com exerção de Marian e das menores.

– Meu Deus Mili! Eu ainda não tô acreditando nisso! – Dramatizava Cris.

– Como você esqueceu de contar isso pra gente? – Perguntou Vivi.

– Desculpa gente. É que nem tudo que acontece na minha vida eu sou obrigada a sair contando... – Disse Mili.

– Hadouken... – Falou Pata desanimada.

– Tá... – Disse Cris. – Mas agora que todo mundo já sabe, não custa nada contar né?! – Insistiu.

– Tá bom gente... O que vocês querem saber? – Perguntou Mili.

– Tudo! – Exclamaram Vivi e Cris em coro. Então Mili passou a contar. Nessa hora Pata recebeu uma mensagem de Duda no celular.

"Pata, eu sei que você não quer falar comigo, mas eu só queria que você soubesse que jamais eu faria algo para lhe magoar. Posso ter fama de mulherengo, segundo as outras pessoas, mas saiba que quando a Marian me beijou, eu não a correspondi em nenhum momento, pelo contrário, eu me afastei. Ela até tentou me beijar uma segunda vez, pode acreditar mas eu me desviei e fui atras de você. E sabe porque? Por que eu... Pode ser difícil de acreditar, mas, EU TE AMO Patrícia! Quero ficar com você e ninguém mais. Por mim a Marian pode se explodir por aquelas bochechas de bulldog dela."

Pata ao ler aquilo colocou um enorme sorriso no rosto, interrompendo a conversa das garotas sobre o "garoto da praça".

– Que sorriso é esse hein Pata? – Perguntou Mili sorrindo.

– Acho que alguém fez as pazes com o love! – Cantarolou Cris.

– Ai gente, nada haver... – Disfarçou Pata, fazendo as garotas a encararem. – Tá, eu confesso... – Confessou Pata sorrindo. Logo esta decidiu enviar uma mensagem em resposta ao seu amado.

Enquanto isso, na casa da madame Esmeralda...

A mulher pediu para que os garotos a esperassem, pois estava energizando a casa.

Alguns minutos depois...

– Podem entrar! – Exclamou a Mulher. – A casa já está protegida contra sua energia negativa. – Completou.

– Energia negativa? Minha ou do Mosca? – Perguntou Bia curiosa.

– Isto é o que nós iremos descobrir. – Completou. Bia encarou Mosca sem entender, o garoto estava muito tenso com a situação.

– Bom, agente tá aqui porque... – Bia ia explicar porém a mulher a ignorou, esta foi em direção a uma mesa onde havia uma chaleira. Logo encheu duas xícaras com chá e voltou na direção de ambos.

– Bebam. – Disse a mulher entregando-lhes as xícaras.

– Pra quê isso? – Perguntou Bia, estranhando.

– Façam o que eu disse. – Pediu a mulher.

– Agente não veio aqui pra beber chá, agente veio atrás de respostas! – Exclamou Bia sem paciência.

– Calma Bia... – Sussurrou Mosca, logo o mesmo bebeu o chá que por sinal tinha um gosto horrível. – Argh! Que gosto horrível! – Exclamou Mosca com repulsa. Este sentiu um gosto amargo e azedo ao mesmo tempo, e além disso seu chá tinha cheiro de chulé.

– Eu é que não vou tomar isso! – Disse Bia ao notar a reação de Mosca ao tomar o chá.

– Ah não Bia, eu tomei você precisa tomar também! – Resmungou Mosca.

– Ta bom vai... – Concordou Bia revirando os olhos. Logo esta também bebeu o chá, porém do contrário de Mosca, esta achou que o chá tinha um gosto agradável. – Ué, o gosto tá bom Mosca. – Disse a garota. Seu chá tinha um cheiro bom, parecia camomila, e um gosto levemente adocicado.

– Tá brincando? – Perguntou Mosca surpreso, logo este resolveu experimentar o chá da xícara de Bia e esta experimentou o chá da xícara do mesmo. Madame Esmeralda Observava tudo pacientemente. – Argh! Que nojo Bia! – Gritou Mosca.

– É chá de camomila idiota, você não gosta? – Disse Bia ao experimentar o chá da xícara do garoto.

– Chá de camomila?! Essa droga tem cheiro de chulé e amarga pra caralho! – Afirmou Mosca fazendo Bia gargalhar. – Argh! Parece até que esse chá foi feito da água do banho do Binho!

– Ei! Não meta meu namorado nisso! – Repreendeu Bia, ficando séria.

– Foi o que pensei... – Concluiu madame Esmeralda, fazendo os dois lembrarem de sua presença. Ambos ficaram bastante confusos com a situação. Logo a mulher pegou as xícaras de volta e colocou-as na mesa.

– Que diabos foi isso? – Perguntou Bia.

– Esse não é um chá comum, seu gosto muda de acordo com o estado espiritual de quem bebe. Quanto pior for o gosto, pior é o estado espiritual da pessoa que o bebeu. – Explicou a mulher.

– Então isso significa que... – Disse Bia olhando para Mosca.

– Significa que descobrimos de onde emanam as energias negativas. – Concluiu Madame Esmeralda, encarando Mosca que ficou intrigado. – Precisa alinhar os seu chakras antes da consulta. – Explicou a mulher se referindo à Mosca.

– Alinhar o quê? – Perguntou Bia sem entender mais uma vez.

– Um consulente por vez. – Avisou a mulher. Logo esta pediu para que Mosca a acompanhasse até sua mesa de consulta e pediu para que Bia esperasse em outro local da casa. Esta esperou em uma pequena sala de estar, onde havia um aquário, um sofá e mais objetos ciganos.

Bia sentou-se no sofá e observou ao seu redor, não havia nenhuma tecnologia, naquela casa, tirando um rádio velho, e ali tinha cheiro de rosas, devido aos incensos. Logo a mesma levantou-se e passou a bisbilhotar os objetos que haviam pela sala. E foi bisbilhotando que encontrou algo que a fez ficar perplexa.

– I-isso é... Impossível... – Murmurou com a voz trêmula.

Na sala de consulta...

– Sente-se. – Pediu a mulher. Então Mosca sentou-se. Logo a mulher pegou uma caixa onde havia vários cristais. – Escolha um cristal, ajudará na limpeza de seus chakras. – Explicou. Então Mosca o fez, e ao pegar um dos cristais sentiu o mesmo esquentar em sua mão. – Segure-o por alguns minutos durante a consulta. – Disse. – Agora me dê sua mão esquerda. – Pediu, então Mosca estendeu sua mão.

– O que a senhora vai...

– Silêncio! – Exclamou interrompendo Mosca, este ficou em silêncio. Então a mulher fechou os olhos e prosseguiu. – Garoto... Você carrega em suas memórias a culpa de um crime cometido no passado. Você derramou sangue para vingar a dor de um ente querido, e com isso amaldiçoou a sua própria vida. – Revelou a mulher, deixando Mosca surpreso, não com suas palavras, mas sim com a capacidade de adivinhação que tinha a mulher. Mas o pior estava para ser revelado. – Vejo uma presença maligna, ela está ao seu lado, tenta manipulá-lo através dos seus atos. É o espirito daquele o qual a vida você tirou. Ele está desejando tomar sua vida para si, tome cuidado garoto. Tome muito cuidados com suas escolhas, pois elas podem não está sendo feitas por você. – Concluiu a mulher abrindo os olhos. Mosca estava pasmo.

– A senhora p-pode me explicar o que foi isso? – Perguntou Mosca chocado.

– Desculpe, mas meu dom só me permite revelar coisas, e não explicá-las. Garanto que ninguém melhor que você pode entendê-las, já que são coisas que se dizem respeito a você. – Concluiu a mulher.

– Mas o que eu faço, pra deter isso? – Perguntou Mosca.

– Quebre a maldição. – Respondeu a mulher.

– Como? – Perguntou Mosca.

– Só o tempo dirá. – Concluiu madame Esmeralda. Não tinha jeito mesmo, Mosca teria que descobrir sozinho, então resolveu não questioná-la mas, porém lembrou de algo que lhe poderia ser útil perguntar, sobre a gravidez de Janu. Mas desistiu por vergonha. Então a consulta acabou. Mosca então devolveu o cristal à madame Esmeralda, porém esta disse que agora o cristal pertencia a ele, pois havia o escolhido. Então Mosca agradeceu e saiu da sala.

Na sala de estar...

Bia estava sentada no sofá, esta segurava um objeto o qual olhava fixamente, um porta-retratos. Então Mosca chegou na sala.

– Já? – Perguntou, notando a presença do garoto. Esta escondeu o porta-retratos ao vê-lo.

– Sim. – Respondeu Mosca em estado de choque.

– Tá tudo bem? – Perguntou Bia.

– S-sim... – Mentiu Mosca, sentando-se.

– Fica tranquilo... – Disse Bia levantando-se. Esta colocou uma das mão no ombro de Mosca. – Seja o que for, você vai encontrar a solução... – Concluiu. Logo esta entrou na sala de consulta.

Na sala de consulta...

– Bom, eu tava aqui por outros motivos, mas enquanto eu tava esperando algo me chamou atenção, e é sobre isso que eu quero conversar com a senhora... – Disse Bia sem rodeios. Logo esta mostrou o porta-retratos à madame Esmeralda. – Porque a senhora tem uma foto da minha melhor amiga na sua casa? – Perguntou curiosa. Revelando que no porta-retratos havia uma foto de Ana.

No orfanato...

Marian ouvia música no pátio quando avistou alguém se aproximando...

– Ah, é você. – Disse encarando a pessoa. – Até quando vai negar que é você quem bate as fotos? – Perguntou. – Eu vi que era você, na hora em que eu estava aqui com o Duda.– Afirmou. – Vai, pode confessar. Eu não vou dizer a ninguém, até porque o que você fez, me ajudou a separar o Duda da Pata, e só assim eu já posso pensar em não colocar fogo naquela sua boneca nojenta, Maria! – Concluiu Marian.

– Eu já disse que não sei do que você tá falando! – Disse a pequena garota, nervosa.

– Sabe sim! – Retrucou Marian. – Quem diria... Por trás de uma pirralha medrosa, que fala com uma boneca, existe uma mente malvada... – Provocou Marian.

– Você tá errada! Eu não sou malvada! – Gritou a garota, esta saiu correndo em seguida.

Na sala...

Cris trocava mensagem com André quando a bateria do seu celular acabou.

– Que droga! – Exclamou.

– O que foi Cris? – Perguntou Thiago que passava por alí.

– Ah Thiago! – Exclamou Cris sorrindo. – Você pode me fazer um favorzinho?! – Perguntou jogando charme.

– Manda... – Disse Thiago.

– É que a bateria do meu celular acabou e eu tava enviando uma mensagem importante... Você pode me emprestar o seu? – Pediu Cris.

– P-pra quê você quer meu celular? – Perguntou Thiago.

– Eu acabei de dizer! – Exclamou Cris irritada.

– Eu não tô com ele aqui! – Exclamou Thiago.

– Deixa de ser mentiroso Thiago, você nunca larga do seu celular! – Lembrou Cris.

– Ah lembrei! É que o meu celular também tá sem bateria! – Mentiu, sendo descoberto por uma mensagem do whatsapp.

– Thiago... Por acaso tem algo no seu celular que você não quer que eu veja? – Perguntou Cris.

– Até parece Cris! Nada haver, é que eu só... Olha alí, é o Leonardo Dicáprio! – Gritou apontando para trás. Cris de tonta olhou, então Thiago saiu correndo.

– Leonardo Dicáprio? – Perguntou Cris voltando o olhar para onde Thiago estava, notando então de que o garoto havia fugido. – Eu hein, e tudo isso por não quer emprestar o celular... – Resmungou a garota saindo.

Na casa da Madame Esmeralda...

Após Bia pedir uma explicação sobre a foto, madame Esmeralda lhe explicou que aquela não era a tal amiga Ana, e sim sua filha, chamada Safira, que havia falecido de leucemia há cinco anos atrás, quando possuía 6 anos de idade.

– Como isso pode ser possível? – Perguntou Bia intrigada. – Ela era a cara da Ana! – Afirmou novamente.

– Você pode ter se confundido, apenas isso. – Disse Madame Esmeralda cortando o assunto. Porém Bia continuou firme em sua conclusão.

– A senhora vai ver como eu não me confundi, eu vou te mostrar uma foto da Ana. – Disse tirando o celular do bolso.

– Não precisa me mostrar nada, você veio pela consulta, se não vai consultar sobre algo, não tem porque continuar aqui. – Disse a mulher seriamente.

– A senhora tá omitindo algo, não tá? Eu sei disso. – Disse Bia. – Mas deixa pra lá, eu não vou insistir... Não hoje. – Concluiu Bia, saindo.

Minutos depois...

Bia e Mosca caminhavam de volta ao orfanato quando este ultimo percebeu o estado de Bia.

– Bia, você parece nervosa... – Notou Mosca.

– Eu nervosa? Porquê? Imagina claro que não! – Disse Bia falando sem parar.

– Você fala sem parar quando tá nervosa, todo mundo sabe disso. – Disse Mosca.

– Tá, eu confesso...

– Foi algo que ela revelou? – Perguntou Mosca.

– Não, na verdade foi algo que eu descobri. – Respondeu Bia.

– Se não quiser, não precisa me contar... – Disse Mosca.

– Não aguento guardar isso só pra mim, eu vou acabar ficando doida. – Disse Bia.

– Então o que foi? – Perguntou Mosca.

– Você pode achar que é loucura minha, mas eu acho que a madame Esmeralda... É mãe da Ana... – Revelou Bia.

– Quê?! – Perguntou Mosca boquiaberto.

– Isso aí... Agora vamo apressar o passo que tá ficando tarde. – Disse acelerando os passos.