These Days escrita por Riqui


Capítulo 4
Matando aula.




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Eu teria quatro tempos de aula até o intervalo, até a hora que eu iria vê-la novamente. Posso dizer que não estava tão ansioso assim mais, ainda não tinha caído a ficha do momento que acabou de acontecer. Aquele abraço, o perfume dela, meus lábios tocando suas bochechas, aquele sorriso dela. Tudo isso estava em minha mente. Estava sentado na parte de trás na sala, conhecido por todos como o fundão. Os dois primeiros tempos seriam de matemática, apesar de odiar números, cálculos e fórmulas. O professor Marcelo fazia com que a aula fosse produtiva e engraçada, sempre com histórias, brincadeiras, a aula dele era boa. A maioria não gostava de matemática igual eu, mas todos gostavam dele e do jeito que ele conduzia a aula. Nesse mesmo dia eu teria mais dois tempos de aula com ele após o intervalo. Acabando a aula, onde como um aluno exemplar que sou (rs) Copiei tudo, até participei da aula respondendo algumas perguntas, claro que todas eu errei, mas eu tentei!

Então veio mais um tempo de aula, dessa vez era espanhol, a professora era linda, super divertida, a aula era legal, era a primeira vez que ela dava aula para ensino médio, simpática e explicava tudo com detalhes. Eu mal copiava a matéria pois sabia que a prova seria algo bem fácil de se fazer. Eu voltei para meus pensamentos que eram apenas para a Bruna. Abaixei minha cabeça sob minha mochila e fiquei pensando nela os 50 minutos restantes, até entrar a Sônia. Era uma mulher por volta dos seus 30/40 anos de idade, nunca se casou, a matéria em si era interessante, mas ela fazia a aula ser bem chata. Sempre com textos enormes que mandavam lermos, no fim tinha um certo debate que era legal, mas só. Sônia me olhava de um jeito estranho, parecia querer ler meus pensamentos, eu fica incomodado, admito.
Ao meu lado estava Eduardo e Leonardo, conversamos sobre algo que eu não sabia ao certo, pois estava ocupado demais pensando em outras coisas.
Eu sentia "pena" do Leonardo, ele fazia academia a um ano, tinha um corpo que fazia com que todas as meninas ficassem olhando para ele na educação física, ainda mais que pós aula, ele ficava se exibindo sem camisa no lado de fora do vestiário, onde ficavam várias meninas do outro lado da quadra olhando.

Ele morava a uma hora de distância da escola, tinha que pegar dois ônibus para chegar. Uma vez perguntei à ele o por quê de estudar tão longe, ele me explicou.
Leonardo possuía uma namorada, a primeira dele, namoram a quase dois anos, ele mora num condomínio de prédios, e para a sorte ou azar dele, ela também, dois andares abaixo dele. Logo, ele pode vê-la basicamente vinte e quatro horas por dia, nos primeiros meses é legal, mas depois de mais de um ano de namoro é complicado. Então ele decidiu entrar na academia, assim teria um tempo só dela, aproveitaria e veria umas garotas e tal, quis unir o útil ao agradável, esperto né?
Mas depois de dois meses fazendo academia todos os dias, sua namorada também entrou na mesma academia, eu ri quando ele me contou. E então, nesse novo ano letivo, ele decidiu estudar longe de casa e escolheu o melhor colégio público do "interior". Mas seu tiro saiu pela culatra. Sua namorada também veio estudar aqui. (nesse momento eu fiquei gargalhando) Voltando ao assunto principal, tentei prestar atenção na conversa entre os dois, Leonardo e Eduardo, mas peguei o papo pela metade.

▬ (...) Quantas que tu disse? - Ele perguntou para o Eduardo.
▬ Hmmm, cinco. - Pareceu ter ficado em dúvida.

Estávamos na primeira semana de março, dois dias para começar o carnaval, e Eduardo tinha ficado com cinco meninas? Okay, era um ótimo número, até por que até aquele momento, não tinha ficado com ninguém ainda no ano. Mas aí vem minha surpresa, Leonardo voltou as perguntas.

▬ E alguma é do nosso turno, da tarde?
▬ Uma só, eu acho, pois não a vi mais. Mas as outras são da manhã.

Porra! Como assim ele ficou com cinco garotas em um mês de aula? Eu fiquei extramente surpreso, mas em nenhum momento duvidei da verdade, ele era um garoto bonito, as garotas sempre olhavam para ele, Eduardo sabia se vestir, sabia como falar com ela, então era fácil, eu acho.

▬ Tem uma do outro bloco que sou doido pra pegar, viado. Mas a Thaíssa não sai de cima! - Leonardo estava chateado, E Eduardo ria.
▬ Quem mandou namorar, agora tem várias minas aí, mas tu não pode pegar nenhuma, tua mina estuda na sala ao lado!

Eu fiquei rindo junto, e voltei aos meus pensamentos, não estava afim de participar dessa conversa, até porque eu não tinha muito a acrescentar.
O sinal tocou alguns minutos depois, não quis esperar pelos dois, fui descendo pelas escadas. Já eram 16h05. A professora nos prendeu cinco minutos a mais na sala. O pátio estava lotado, fiquei frustado por não encontrar com a Bruna assim que desci.
Pois se tinha algo melhor que o abraço dela, era quando meus olhos a encontrasse, era uma sensação inexplicável, sentia meu coração bater mais forte, um frio na barriga, uma vontade de sorrir sem parar. Porém, enquanto eu andava eu não achava. Então fiquei com um pouco de medo pois vai que ela já tenha sido dispensada por falta de professor e foi embora? Nossa, eu já estava esperando pelo pior.

Fui caminhando na direção da quadra para ver se ela estava por lá, quando alguém segura minha mão e puxa de leve. Eu olhei, e era ela, automaticamente um sorriso veio em minha boca, ela já estava sorrindo, minha vontade foi de abraça-la, e a vontade foi tanta que eu simplesmente fiz isso, a abracei, apertei seu corpo contra o meu, Pude sentir suas mãos em minhas costas, e ela falou meio baixo perto da minha orelha que me fez arrepiar por completo.

▬ Que isso? saudade, é?

Não consegui responder, apenas após alguns segundos quando a soltei, eu continue sorrindo para ela, segurei uma das suas mãos, quando uma menina mais baixa que a Bruna, que por sinal já é baixa com seus 1,66 de altura mais ou menos.

▬ Bruna, tem vinte centavos para me emprestar? tá faltando para comprar Coca.
▬ Tenho não Bia. - Ela respondeu enquanto ainda deixava eu segurar uma de suas mãos.
A tal da Bia me olhou, abriu um sorrisinho e eu sabia o que ela queria.
▬ Eu tenho. - Falei enquanto botava a mão no bolso e puxei uma moeda de cinquenta centavos e entreguei para ela. A real é que eu só queria poder ficar a "sós" com ela, mesmo estando rodeado por mais mil pessoas.
Bia pegou a moeda, agradeceu e saiu andando na direção da cantina.

▬ Que rico você, dando dinheiro assim.
▬ Hahaha, antes você, foi o troco da bala que comprei.
▬ Hmm, você tem bala?
▬ Sempre tenho. -- Botei a mão no outro bolso e puxei uma Halls de melancia, peguei para ela e entreguei em sua mão que eu segurava. Ela abriu a embalagemzinha e botou a bala em sua boca.

O banco onde sempre sentamos estava com gente, então ficamos perto da árvore, fiquei encostado na parede com ela em minha frente.

▬ Tu disse que queria falar comigo, né? - Perguntei enquanto ela olhava para as pessoas envolta, parecia procurar algo ou alguém.

▬ Ah, bobeira, passar intervalo contigo.

Admito que esperava mais, mas criei expectativas atoa né? afinal, eu sempre crio.
Era bobeira minha, e aos poucos me acostumei com isso, sabia que com ela eu não podia esperar ou planejar nada, apenas deixar acontecer. Então não quis deixar o silêncio dominar a situação, e fui falando.

▬ Vai entrar no MSN de noite?
▬ Provavelmente sim, não passaram dever para casa, então devo ficar ouvindo musiquinha.
▬ E o que você gostar de ouvir?
▬ Hmmm, as vezes uns pagodes depressivos sabe? - Ela mesmo riu, fiz o mesmo.
▬ E mais o que?
▬ Ah... Darvin, Seu Cuca, Scracho, Fresno, e algumas coisas internacionais, nada em especifico.
▬ Entendi, de nacional, só sou fã mesmo de Bonde da Stronda e tal.
▬ Isso eu imaginei, com esse cabelinho! - Ela falou enquanto mexeu em meu cabelo, eu fiquei sem graça e vermelho.
▬ Ahh, mas nem uso por isso poxa, meu cabelo é assim por quê sempre foi.
▬ Viiixi, Playsson raiz? hahahahah

Ficamos rindo e conversamos mais sobre coisas bobas. E ao contrário do abraço dela que parecia fazer o tempo parar, ficar conversando com ela fez o tempo voar. O sinal tinha tocado e eu fiquei frustado, tinha mais duas aulas de matemática. Bruna ajeitou sua bolsa.

▬ De novo tu não tem aula?
▬ Aham, só tive aula até 14:20, tô aqui no pátio desde então.
▬ Oxi, por quê não foi embora?
▬ Fiquei te esperando. - Quando ela falou isso, eu gelei, sério. Não sabia o que falar, então fui salvo pelo Eduardo que chegou sem eu nem notar.

▬ Só tô vendo os dois de papinho aqui hein.
▬ Tamo desenrolando pô - Bruna falou isso rindo, e aí mesmo que já não sabia mais o que falar.
▬ Hmmm, sei. Então, vamo subir Henrique? - Ele me perguntou.
▬ Ah... vamo sim.

Bruna ajeitou sua bolsa e fomos andando devagar, até a hora que teríamos que virar a direita e subir e ela para a esquerda e ir embora. Então não me importei se teria aula ou não, sabia que o caminho da Bruna ir embora era na mesma direção do qual eu ia, mas não sabia o certo.

▬ Tu vai pra casa, Bruna?
▬ Vou sim, por quê? - Ela me perguntou enquanto me olhava.
▬ Tu vai na direção do ponto de ônibus lá pela farmácia né? Acho que vou embora contigo, aí te levo. - Eduardo só ficou olhando tudo aquilo.
▬ Hm, você que sabe, vamo? - Ela me perguntou, então virei para o Eduardo e estendi a mão para ele.
▬ Vou embora com ela então Lek.
▬ Ialá. vai me deixar sozinho?
▬ Ah, nem tô afim de assistir aula pô.
▬ Já é, Já é.... - Ele falou meio rindo após apertar minha mão e de dar um beijo no rosto da Bruna, foi andando na direção para ir para a aula.

Bruna e eu fomos em direção ao portão, era a primeira vez que eu estava "fugindo" da aula, Pois eu já tive matemática e respondi chamada, o professor ia notar que não voltei para a aula seguinte. Mas eu não ligava, eu queria ficar mais tempo ao lado dela, e levaria em casa, assim poderia saber aonde ela morar.
Fomos andando, eu não quis andar tão rápido, queria aproveitar aquele momento ao lado dela.

▬ Curtindo a escola nova? - Perguntei enquanto andávamos.
▬ Ah, é legalzinha, tem monte de gente da escola antiga, tipo o Dudu.
▬ Entendi. - Eu já não sabia mais o que falar, não tinha muito assunto, fiquei pensando no que dizer enquanto atravessamos a rua. ▬ Você e o Dudu, nunca ficaram por quê? são tão próximos, cheio de intimidade. - Eu juro, juro mesmo que não sei por quê perguntei isso, e nem o motivo que fui meio irônico ao chama-lo de Dudu. Ela pareceu não se importar.
▬ Não sei, acho ele lindo, mas nos conhecemos a tanto tempo que é estranho em pensar em ficar com ele, não tenho maldade nele nesse tipo.
▬ Ele disse que vocês já tentaram ficar e tal... - É, eu sei que não devia ter perguntando essas coisas, mas né, sou lerdo e otário, desculpem!
▬ Ele falou? hmm.... É, tentamos uma vez, mas uma amiga minha ela apaixonadinha por ele, eu não quis estragar amizade dela, e talvez nem com ele.

Hmm, agora eu sabia o lado da história dela, provavelmente ele não sabia que a amiga da Bruna era apaixonada por ele, e sinceramente, não seria por mim que ele iria saber o motivo que ela não quis ficar com ele.
Caminhamos por quase dez minutos, até que chegamos numa praça, para ir na minha casa eu teria que seguir reto, já a Bruna iria entrar numa rua longa para ir na casa dela. E sentir que ela tinha ficado um pouco incomodada por eu ter perguntando sobre isso, como não tinha mais tantos assuntos assim, preferir não querer leva-lá até a porta da casa dela, pois não sabia mais o que falar e não queria falar besteira.

▬ Minha casa é pra lá! - Apontei a direção.
▬ Entendi, eu viro aqui então. ▬ Ela me olhou. Aproximei devagar e abracei, porém dessa vez, ela que me abraçou forte, fiz o mesmo. Pude mais uma vez sentir o doce perfume dela, e dei um beijo demorado em sua bochecha, dessa vez sem ela ter estendido o rosto para eu fazer.

▬ Vejo você amanhã? - Perguntei enquanto ela se afastou um pouco.
▬ Não sei, ainda não se vou viajar no carnaval, E como não tô tendo aula direito, não sei!
▬ Mas te vejo hoje no MSN né? - Perguntei esperançoso.
▬ Quando tu chegar vai ta minha janelinha piscando, pois vou te mandar mensagem hahaha.

Eu simplesmente adorei isso que ela falou, ela deu um tchauzinho com a mão enquanto atravessou a rua indo em direção a casa dela lá no fim. Eu fiquei a olhando ir e então fui caminhando para minha casa.
Sem dúvidas tinha valido a pena matar aula, eu estava cada vez mais sem conseguir tirar ela da minha cabeça, aliás, eu não fazia questão nenhuma que isso acontecesse. Dessa vez eu só queria chegar em casa e enfim, poder conversar mais com a Bruna, a garota por quem eu estava, incondicionalmente, loucamente, irrevogavelmente e perdidamente apaixonado.


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