These Days escrita por Riqui


Capítulo 1
Nova escola.




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Rio de janeiro - Brasil - 20XX.

O Primeiro ano... ah, que saudade! Talvez tenha sido o melhor da minha vida.
Tive que mudar de escola, pois na minha anterior não havia ensino médio. E depois de quatros lá, era hora de mudar. E posso dizer que foi uma mudança impactante, pois minha antiga escola tinha apenas 9 turmas por turno, cada turma com 30 alunos mais ou menos. Ou seja, tinha em torno de 300 alunos.
Na escola nova, que se chamava Colégio Estadual John Adams (CEJA), (sim, era uma homenagem ao segundo presidente americano) haviam 23 turmas por turno, cerca de 45 alunos por sala. Uma estimativa de 1035 alunos.
Sem contar que eram em dois prédios com um pátio enorme. Tinha biblioteca, sala de informática, auditório, laboratórios para aulas de química e biologia.
A escola era ENORME e posso dizer que fiquei assustado no primeiro dia.

Falando no primeiro dia, eu lembro deste momento até hoje.
Os primeiros dias de aula são sempre interessantes, pois os alunos vão com roupas normais, já que não é obrigatório usar uniforme até o carnaval. Então as meninas exageram nos decotes, os garotos sempre com roupas de marca, e eu, que sinceramente achava aquilo bem fútil.

Como eu era um novato na CEJA, os alunos do primeiro ano são exclusivos do turno da tarde. São 19 turmas para alunos novos, 3 turmas para alunos do segundo ano, e apenas uma turma para o último ano. Logo, 80% do pessoal da tarde são novos alunos ou repetentes, pois a taxa de reprovação para alunos do primeiro ano era de 55%.
Eu ficava me perguntando como tantos alunos podiam reprovar assim, e eu descobri isso em uma semana de aula.

Pois bem, nessa escola ninguém era obrigado a assistir aula. O pessoal ficava no pátio ouvindo música, jogando cartas, jogos, dançando ou sei lá. Basicamente ninguém falava nada se você ficasse na sua.
Então eu percebi que a maioria que reprova são essas pessoas que ficam lá em baixo, ou que simplesmente vão pra uma aula, e na aula seguinte resolvem descer. Eu confesso, fiz muito isso, pois era um porre ter que aturar 6 aulas de português.

A minha turma era bem tranquila, nada de diferente. Eu não achava nenhuma garota interessante, e quanto aos garotos, nenhum deles curtia as mesmas coisas que eu, que era basicamente internet e jogos eletrônicos. Naquela época eram poucas pessoas que tinham PC com internet banda larga em casa. Por isso, meu MSN ficava online 24 horas por dia. Era até engraçado, pois quem me adicionava sempre perguntava "Ei, você não desliga o computador não?" E a resposta era a mesma "E por que eu faria isso?" hahaha. Okay, não sou eu quem paga as contas né? É facil falar.

Nos primeiros dias eu ficava bem sozinho, copiava as matérias, ria das brincadeiras e comentários dos outros, descia pro pátio no intervalo, e por sorte, muitos que estudaram na minha escola antiga na oitava série (nono ano) estavam nessa escola nova, porém espalhados pelas 19 turmas de novatos. Nós nos reuníamos nos intervalos para não ficarmos sozinhos, mas isso durou apenas duas semanas, até que cada um foi fazendo novas amizades e, com isso, ficando com seus novos "grupos".
Eu ainda não tinha feito muitas amizades ainda por alguns motivos: primeiro, eu sou/era tímido demais, e como já falei, os meus interesses eram diferentes do restantes do pessoal da minha sala, apesar de que no intervalo eu via um povo jogando video games portáteis e jogos de cartas como Yugioh, Magic e etc. Mas eu não tinha coragem de chegar do nada lá e falar com eles, então preferia ficar na minha, comprava algum lanche e esperava o tempo passar. Naquela época eu não tinha celular, e nem era modinha ter smartphone e ficar mandando SMS como é hoje em dia.

Porém, em um dia comum como todos os outros após o intervalo na aula de geografia, Eduardo sentou ao meu lado.
Ele era o cara mais popular da escola, pelo fato da grande massa dos novatos virem do colégio anterior dele, e Eduardo, podemos dizer que era um rapaz bonito. A maioria das meninas davam mole pra ele, era um cara simpático, sempre brincando e descontraído com elas, e os meninos também gostavam dele, pois Eduardo zoava com todos. Seu apelido naquela época era "Playboy". Eu nunca soube ao certo, mas o pessoal o chamava assim por ele ter dinheiro também, sempre com roupas caras, relógio, brinco, mochila e tênis.
Conversamos durante aquela aula e me surpreendi por ele saber meu nome, perguntou aonde eu me "escondia" nos intervalos, pois nunca me via. Então eu falei que na maioria das vezes estava na cantina perto dele, mas ele estava sempre rodeado de pessoas, que era meio impossível notar minha presença. Fui dramático, né? Pois é, eu sei.
Ele sorriu, botou a mão no meu ombro e falou:

— Qual foi, lek? Tanta menina bonita e tu escondido?
— Relaxa, eu não ligo. – Respondi olhando para o quadro enquanto copiava.
— Como assim não liga? – Ele me olhou e eu fiz o mesmo.
— Ué, eu estou de boa com isso.
— Ah, não! Amanhã quando chegar vou te caçar, e no intervalo vai andar comigo, lek. Tu é maneiro, curti falar com você. – Ele deu uma risada e voltou a copiar a matéria.

Eu fiquei calado e só balancei a cabeça de forma afirmativa sem entender o que ele queria com tudo aquilo. Estávamos a uma semana do carnaval, onde depois de uma semana de pausa, enfim o colégio começaria de vez. Todos com uniforme, o pessoal talvez iria parar de matar aula e pegar mais sério, pois as provas, testes e trabalhos estavam para começar.

No fim da aula, antes de ir embora, Eduardo pegou o celular dele para ver as horas. Já estava anoitecendo, pois a última aula terminava as 18h.
Ele perguntou para mim:

— Henrique, cê tem MSN, cara?
— Óbvio, todo mundo tem. – Ele riu com minha resposta.
— Quero saber se tu usa em casa, todo dia e tal?
— Ah, tenho. Alias, o status deve estar como "Ausente" lá até agora. haha Eu não desligo.
— SÉRIO? Eu também não! hahahahaha. – Ambos rimos enquanto descíamos as escadas indo para o pátio.

Então ele me passou seu msn e ficamos de conversar mais pela internet.
E eu ainda estava curioso do porquê do interesse dele em mim. Ou talvez foi só "carma". Ou talvez realmente combinamos com várias coisas, e uma amizade de verdade estava para começar.
Alias, foi assim que começou a amizade com meu melhor amigo, o Eduardo.


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Notas finais do capítulo

É a primeira vez que escrevo e posto, sei que devo te cometido alguns (ou muitos) erros, mas espero que gostem ;)