A Força dos Desejos escrita por Jodivise


Capítulo 15
Capítulo 15 Apologize


Notas iniciais do capítulo

Lara está à beira da morte e a única esperança é a intervenção de Calipso. Mas será que a deusa vai conseguir salvá-la a tempo?



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Capítulo 15: Apologize

Alicia depositava uma compressa fria tentando fazer a febre baixar. Mas Lara, em vez de melhorar, piorava. Começava a ter alucinações e falava sozinha. A certa altura deixou escapar o nome de Jack, fazendo Alicia e Will entreolharem-se.

- Parece que o Jack fez mais uma vítima. – Sussurrou Will.

- Porque dizes isso? – Alicia olhou duramente para Will.

- Porque um dos passatempos preferidos dele é esse. – Will mostrou alguma mágoa.

- Pois, a Elizabeth! – Exclamou Alicia. Definitivamente não tinha cabeça para pensar em ciúmes com Lara naquele estado.

- Ele aproveitou-se da situação. – Will não conseguiu olhar para Alicia. No entanto esta fixou-o semicerrando os olhos.

- És tão tapado assim, ou o facto de seres boa pessoa não te permite acreditar na realidade? – Alicia falou num tom reprovador que deixou Will sem saber o que falar.

- Digamos que certas pessoas preferem acreditar na cabeça e não no coração! – uma voz feminina interrompeu o ambiente pesado. Calipso tinha entrado no quarto sem ninguém dar por isso. Jack e Barbossa apareceram logo atrás. Encalharam na porta e ambos se atropelaram para entrar primeiro, acabando Barbossa por levar a melhor.

Calipso sentou-se na cama e examinou Lara. Passou a mão pela testa, olhou para as mãos da jovem e finalmente observou a ferida. Tinha alastrado substancialmente.

- É exactamente o que pensava. – Disse abanando a cabeça e levantando-se. – Ela não tem salvação.

- O QUÊ? – Alicia gritou. – Como assim? Todos os que foram mordidos recuperaram. Porque é que a Lara é diferente?

- A Lara foi mordida por uma espécie diferente. Ou melhor, pela mesma espécie mas pelo topo da hierarquia, entendem? – As caras de absoluta ignorância fizeram Calipso suspirar. – Os insectos que vos morderam são chamados de Insectum Peccantia, ou seja, Insecto do Pecado. Uma vez atingido, um mortal sofre as consequências: sintomas de um dos sete pecados mortais e no final uma grande dor de cabeça. – Calipso caminhou lentamente à volta do quarto. – Mas a Lara foi mordida por algo diferente.

- Diferente como? – Perguntou Jack.

- Ela foi mordida pela rainha da espécie. – Calipso sorriu como se gostasse da situação.

- E qual é a diferença entre ser mordido pela rainha ou por um súbdito? – Perguntou Barbossa bastante confuso.

- A diferença, Hector… - Calipso contornou Barbossa. - … é que segundo a lenda, quem for mordido pela "Regina", como é chamada, torna-se um morto-vivo no espaço de um dia!

Alicia desmaiou ao ouvir tal afirmação e Will levou-a para fora do quarto. Jack estava mais branco que a cal de uma parede.

- Ela não disse nada! – Sussurrou Jack.

- Precisamente. Quem é mordido pela Rainha é assolado por uma amnésia que faz com que não se lembre que foi mordido. Assim dá tempo do veneno se espalhar pelo corpo. – Calipso levantou mais uma vez a camisa de Lara e olhou para a ferida. – O primeiro sintoma é febre. Depois vem o pecado mortal e acaba por desmaiar e entrar em delírio. No final é a transformação…

- Não podes fazer nada? – Perguntou Barbossa que sentia uma enorme pena de Lara.

- Não. Agora é deixar o destino actuar! – Calipso tentou se retirar da sala mas Jack agarrou-lhe um braço.

- Por Zeus, tu tens poder sobre a vida e a morte. Podes salvar a vida de quem quiseres. Salvas-te o Hector… - Jack estava prestes a explodir.

- É diferente Jack. O Hector levou um tiro. Eu não posso fazer nada por ela. – Calipso tinha endurecido o olhar.

- Por tudo o que é mais sagrado, salva-a, Tia Dalma! – Jack pediu. Calipso olhou para Jack e sorriu.

- Adoro quando me chamas de Tia Dalma, Jackie! – Disse passando a mão pelo rosto de Jack e fazendo Barbossa tossir para interromper a situação. – A única coisa que posso fazer é colocar um unguento na ferida. Corta-se para sair o veneno e coloca-se o remédio. Vai travar o veneno, mas a sobrevivência depende dela. Além do mais não sei quais os efeitos que o veneno provocará.

- Então estamos à espera de quê? – Perguntou Jack.

- Preciso de uma taça e um osso de galinha. O resto dos ingredientes, eu tenho. – Calipso pegou numa bolsa e colocou-a em cima da mesa abrindo-a. Continha o que pareciam bugigangas, mas quando Jack espreitou fez uma careta de repulsa. Barbossa trouxe a tigela e o osso de galinha e entregou-os a Calipso.

- Preciso que me deixem sozinha. Quando for preciso chamo. – Calipso começou a juntar os ingredientes estranhos e a falar baixinho numa língua incompreensível. Barbossa arrastou Jack do quarto e todos esperaram lá fora.


Passada uma hora…

- Nunca vi tanta demora a fazer um simples unguento! – Jack bufava de ansiedade andando de um lado para o outro do tombadilho.

- Ela nunca se enganou na sua vida eterna. E demore o tempo que demorar, é melhor do que a Lara ir desta para melhor… - Barbossa não acabou a última parte. Jack tinha sacado da pistola e apontou-a ao capitão número dois do Black Pearl.

- As coisas não se resolvem assim! – Will tinha segurado em Jack, não deixando este perder a cabeça. - A última coisa que a Lara precisa é de ver dois malucos aos tiros.

Will voltou para à beira de Alicia, recuperada do desmaio.

- Desculpa ter falado daquela maneira sobre a Elizabeth. Mas sabes que enquanto não…- Alicia cortou a palavra a Will.

- Posso te pedir uma coisa? – Perguntou a jovem.

- Aquilo que quiseres! – Respondeu Will.

- Não me fales mais da Elizabeth, ok? – Alicia tentou não pensar no que estava a acontecer e brincou um pouco. – Mas já que disseste que te posso pedir o que quiser, posso-te beijar?

- Hããããã… - Will foi apanhado de surpresa e não conseguiu dizer nada.

- Bem me parecia. – Alicia ficou amuada. – Mas estava a brincar. Neste momento, só consigo pensar no que a Lara deve estar a passar.

Calipso assolou à porta do convés e chamou apenas Alicia. Esta entrou sem hesitar. Jack ficou à porta com a mesma expressão de um cachorro abandonado.

Alicia voltou a se sentar na cama. Lara continuava demasiado quente e a delirar.

- O unguento está pronto. – Calipso tomou a taça na mão e mostrou a Alicia. Tinha cor de lama e era bastante repugnante.

- Ela não vai beber isso pois não? – Perguntou Alicia bastante enjoada.

- Não. Vou cortar o ferimento e passar com isto. No entanto acho que estamos com um problema. – Calipso baixou a voz. Antes que Alicia voltasse a entrar em pânico, explicou o problema. – Falta apenas um ingrediente.

- Qual? – Perguntou Alicia.

- Uma gota de sangue. – Calipso chegou-se a Alicia. – Do amado! – Calipso recuou outra vez. – Mas deduzo que este se encontre no vosso Mundo, certo?

- O Thomas? – Alicia desesperou-se. – Não se pode utilizar outro sangue? E se a Lara não amasse ninguém?

- Minha querida, todo o ser mortal ama. Mas muitas vezes não sabe! – Calipso sorriu mostrando os dentes negros. No mesmo instante, Lara começou a ter convulsões.

- Ela está em sofrimento. – Disse Calipso.

- O Jack. – Sussurrou Alicia. – Eu acho que a Lara… está a gostar dele.

Calipso nada disse e saiu do quarto.

- Como é que ela está? – Perguntou Jack bastante ansioso.

- Dá-me a tua mão. – Ordenou a deusa.

- Para quê? – Interrogou Jack. – Não tenho nenhuma marca negra!

Calipso não esperou e pegou na mão de Jack. Com uma faca fez um pequeno golpe e deixou o sangue escorrer pela lâmina. Depois voltou para dentro.

- Ai! Isso doeu, sabia? – Queixou-se Jack.

Calipso deixou o sangue presente na lâmina escorrer para a taça. Depois desferiu um pequeno golpe na ferida negra e barrou-a com o unguento, ao mesmo tempo que falava noutra língua. Lara acalmou mas mesmo assim continuava com febre.

- Ela tem de ter repouso absoluto. Coloque compressas para a febre baixar. Só daqui a algum tempo é que ela vai recuperar. - Calipso pegou nas suas coisas e saiu.

- Obrigado. – Agradeceu Alicia.

- Só o fiz pelo Jack. – Disse, desaparecendo depois.

- Para que era o sangue? – Perguntou Jack, que entrou de seguida, juntamente com Will.

- Ela precisava de sangue pirata para poder concluir o remédio. – Mentiu Alicia. Olhou para Will e viu que este tinha compreendido tudo.


Alicia passou a noite cuidando de Lara e Jack passou a noite no sala enfrascando-se de rum.

- Acho que estás a colocar as raparigas em perigo Jack. – Will tinha aparecido na sala.

- Relembro-te que foi por tua causa que elas cá vieram parar. A tua admiradora desejou conhecer-te! – Jack bebeu um gole de rum.

- Eu sei. Mas elas devem voltar para casa. – Will continuava imóvel e sereno.

- Para lá chegarem têm de passar pelos perigos, savvy? – Jack encarou Will. – A não ser que tu não queiras. Afinal tens ali alguém que te ama não se importando de teres virado um peixe humano.

- Eu não posso trair a Elizabeth. – Will olhou duramente para Jack.

- Tens assim tanta certeza que a Lizzie está plantada à tua espera? – Jack sorriu com ar misterioso, o que deixou Will à beira de um ataque de nervos.

- A única coisa que me põe descansado é o facto de ela não estar contigo! – Will virou costas e saiu da sala.

- E eu lá tenho culpa de todas me acharem gostoso? – Perguntou para si mesmo.

- "Convencido, convencido"! – a exclamação do papagaio de Mr. Cotton fez Jack cair da cadeira e tentar dar um tiro na ave, mas esta saiu pela janela aberta.


Já tinha amanhecido quando Lara acordou. Olhou em volta e sentou-se na cama. Tinha a cabeça às voltas e a visão desfocada. Quando se acostumou à luz natural reparou que Alicia dormia à sua cabeceira.

- Alicia? – Perguntou tocando ao de leve na amiga, tentando acordá-la.

- Hum? – Alicia levantou a cabeça ensonada e esfregou os olhos. Quando encarou com Lara desatou aos berros.

- Oh Lara, acordas-te! – Agarrou-se ao pescoço da jovem. – Pensei que ias morrer. Passei a noite toda rezando…

- O que é que se passou? – a mente de Lara era uma confusão de imagens.

- Tu também foste mordida, mas pela rainha dos bicharocos. Quase morreste, mas a Calipso salvou-te! – Exclamou Alicia.

- A Calipso? Foi assim tão sério? – a jovem apalpou a zona da mordedura. A borbulha ainda lá estava mas em vez de negra, era agora de um rosa claro. – Eu só me lembro de ter dores de cabeça e sentir-me muito quente.

- Mas também foste afectada por um dos pecados. – Esclareceu a amiga.

- Qual deles?

- A Luxúria. – Confirmou Alicia.

- A luxu… - mas Lara não continuou a frase, arregalando os olhos e levando as mãos à cabeça. – Anjos e Demónios, agora eu lembro-me! O que é que eu fui fazer?

- Como? A culpa não foi tua. Foram efeitos da maldição!

- Eu sei Alicia. O problema é que o pecado fez com que ataca-se o Jack! Eu atirei-me para cima dele. Tentei seduzi-lo. OH MEU DEUS, QUE VERGONHA! – Exclamou Lara, afundando-se na cama.

- Lara, se não fosses tu, acabava por ser ele a seduzir-te. Até um cego vê que ele tenta isso todos os dias! Ele já nasceu com a luxúria dentro dele. – Alicia sorriu bastante divertida e aliviada pelo regresso da Lara de sempre.

- Pois, mas eu não o quero ver. Não tenho cara para isso. Atirei-me para cima de alguém que mal conheço. – Lara estava com vontade de enfiar a cabeça num buraco.

- Eu acho que deves falar com ele. Afinal ele também te salvou! – Exclamou Alicia.

- Como assim, salvou-me? – Perguntou Lara com ar atónito.

- O unguento que a Calipso fez precisou do sangue do homem que amas. – Alicia afastou-se um pouco porque sabia que a amiga ia explodir.

- E? – Perguntou, na esperança de não ouvir o óbvio.

- Ela foi buscar o sangue do Jack. E resultou! – Alicia ficou à espera da erupção, mas Lara não disse nada. Fechou os olhos e encolheu os dedos, fazendo imensa força. Alicia sabia que Lara tentava não explodir.

- Muito bem. Eu quero sair. Estar aqui dentro… - olhou em volta. - … neste quarto, não me está a fazer bem.

As duas raparigas saíram e Lara pediu para comer alguma coisa. Pintel e Raguetti foram buscar a comida rapidamente, contentes por Lara estar de volta.

- Como se sente, senhorita? – Perguntou Barbossa.

- Melhor que nunca! – Lara sorriu para Barbossa mas ficou séria quando Jack se aproximou.

- Alicia, deixa-me sozinha. – Pediu. A outra jovem tentou ficar, mas depois percebeu o pedido e saiu. No entanto, ficou num sítio em que pudesse ver o que se iria passar.

- Eu quero pedir desculpas pelo que fiz. – Lara baixou os olhos, não conseguindo encarar o capitão.

- E por que é que deveria desculpá-la? – Jack fez-se de desentendido.

- Ora, você sabe muito bem. Pela minha reacção. Eu não estava em mim. Mesmo assim quero me desculpar. – Lara olhou para o céu.

- Quer dizer que a devo desculpar pelo seu pecado! – Jack sussurrou no ouvido de Lara.

- Sim. E se não quiser desculpar problema seu. Sei que não fiz nada de propósito. – Lara cruzou os braços.

- Claro que não. Eu vi que não estava em si. Por isso mesmo a afastei. – Jack falou docemente, deixando Lara à beira de um ataque de nervos.

- Eu sei. Até me admiro de não avançar. Afinal tinha-me ali, certo? – Lara olhou para Jack mas aquele olhar da cor do chocolate, fê-la ficar vermelha.

- Eu não gosto de ter ninguém obrigado, love. – Jack continuou imóvel.

- Mas eu estava lá porque queria!

- Mas sob o efeito de uma doença. – Jack passou a mão pelo cabelo de Lara.

- Mesmo assim, peço para que esqueça esta cena lamentável.

- Love, não foi uma cena lamentável. E se não fosse o maldito mosquito a esta hora poderíamos… - Jack não completou a frase, deixando Lara a pensar no assunto.

- Poderíamos estar a falar de outra coisa! – Lara emendou rapidamente.

- Eu não acredito que não sentisse nada. Nem sequer um niquinho de desejo ontem à noite! – Jack colou-se a Lara e esta sentiu a sua respiração.

- Capitão Sparrow, por acaso insinua que poderíamos ter alguma coisa mais? – Questionou a jovem, virando-se de frente para o pirata e ficando a escassos centímetros dos seus lábios.

- Ainda falta muito para chegarmos ao destino! E a vida neste navio é muito monótona.

- Convence-me! – Pediu a jovem.

- O quê? – Interrogou Jack, não entendendo a proposta de Lara.

- É fácil! Foi a mesma proposta que fez à Elizabeth, certo? Eu não sou como a Alicia que se atira de cabeça e não tem complexo nenhum em beijar e se declarar ao Will. – Lara fez uma pausa. – Se bem que com o Will até eu me declarava. Ele é tão honesto que se chegasse aqui e me dissesse que me amava eu acreditava. – Lara olhou para Jack pelo canto do olho e viu que este estava irritado.

- Ele é tão honesto que nem vê o que é óbvio! – Exclamou Jack.

- Pois bem, mas você não é assim. Nunca se sabe quando esta a dizer a verdade! – Lara sorriu de maneira provocadora.

- Mas eu estou a dizer a verdade. Estou-me a declarar! – Jack fez beicinho sentindo-se incompreendido.

- Por isso mesmo. Com essa cara de fazer cair qualquer uma e com essa expressão muitas caíram na sua conversa. Mas eu não. – Lara chegou tão perto de Jack que este a agarrou pela cintura. – Tens de me convencer que és um homem em quem posso confiar, ou então não há nada para ninguém! – Lara deixou Jack beijar os seus lábios mas recuou em seguida. – Fico á espera!

- Como é que eu vou conquistá-la? – Jack coçou a cabeça, mas os seus pensamentos foram interrompidos por Gibbs.

- Capitão, desculpe interromper mas os mantimentos estão a acabar e devíamos parar para abastecer. – Avisou o pirata. Jack olhou para a sua bússola mas esta foi apontar directamente para Lara.

- O que mais desejas na vida, Gibbs? – Perguntou com voz solene.

- Ora, comida e tesouros! – Respondeu prontamente o imediato. Jack deu-lhe a bússola e quando esta parou, Jack ordenou que navegassem para Norte.

Enquanto se dirigia para o timão olhou para Lara que lhe sorriu de maneira sedutora, deixando-o completamente louco.

Continua…


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Notas finais do capítulo

Este capítulo é bastante longo, por isso perdoem-me se ficar monótono. Quanto ao nome do insecto, este claro que não existe. Apenas tentei baptizá-lo e recorri ao latim. Espero que gostem!
Obrigada a Resende pela review!!!

Saudações Piratas!!!

JODIVISE



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