Seu Andar Hipnótico escrita por march dammes


Capítulo 3
Tudo está bem quando acaba bem


Notas iniciais do capítulo

Fim da fic, meh. Eu não esperava mesmo que fosse muito comprida...espero que tenham gostado tho c:



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Capítulo III

Tudo está bem quando acaba bem

–Daí, tipo, eu totalmente me apaixonei, né? Ele com aquele shortinho da aula de Educação Física, e todo suado, e dava pra ver direitinho o peitoral definido do cara...quem não se apaixonaria?! Bem, é óbvio que todas as meninas também eram caídas pelo Gilbert, e eu sempre tentei chamar a atenção dele, mas ele nunca...Toris, você está me ouvindo?

–Claro. Ele nunca...?

–Nunca falou direito comigo. Era um idiota desde a época do colegial, vivia me ignorando, você acha isso certo?

–Não...

Toris e Feliks conversavam, ou melhor, Feliks falava e Toris concordava, no caminho de volta para o restaurante. Estavam de mãos dadas, com o pretexto de não se perderem um do outro nas ruas movimentadas, e pegavam o caminho mais longo. Escolha esperta do polonês, para que pudesse contar toda sua história com Gilbert antes que chegassem. Depois de tal decepção com o alemão, tinha de botar as frustrações para fora e desabafar com alguém, e Toris fora o pobre escolhido – mas não que o lituano achasse isso ruim, pois na verdade, ficava honrado em ser o ombro amigo de Feliks.

Ou não apenas “amigo”, considerando o beijo que haviam trocado há poucos minutos. Feliks não falara sobre ele, era como se nada houvesse acontecido, mas Toris não conseguia ignorar o formigamento em seus lábios.

–Pois é –continuou o polonês, falando rápido, sua frustração presente na voz levemente aguda- E depois de tanto tempo, a gente se esbarrou num restaurante, ele estava acompanhando o irmão mais velho, que teria um encontro...sabe aquele italiano tagarela que estudava com a gente? Bem, meu amigo, Feliciano, uma gracinha ele, vocês deveriam se conhecer algum dia...

–Ah, eu já o conheço –o lituano o interrompeu- Ele trabalha pra mim...pros meus pais...é cozinheiro do Lithuanian Palace, nunca comentou com você?

–Acho que ele já disse algo assim –o polonês o olhou- Mas não me corte! Onde eu estava? Ah, sim. Eu estava com o Feli, ele me pediu pra vigiar o encontro dele de longe, porque estava nervoso, e acredita que o babaca do Gilbert fez questão de acompanhar o irmão? Eu achei isso muito protetor da parte dele na hora...mas pensando agora, foi babaquice! Cockblock! Não é?

–É –concordou o moreno, fazendo Feliks parar para o sinal, que se avermelhara para os pedestres.

–Também acho. Enfim, a gente se esbarrou eu disse “Gilbo!” e ele disse “Quem é você?” e eu disse “Feliks, não lembra?” e ele disse “É mesmo, há quanto tempo! Você está mudado, ficou mais bonito” e eu fiquei TOTALMENTE sem ação, tipo, bonito? Ele acha mesmo?! E ele ficou lá, todo sorridente, e eu tipo...

E lá se ia a história, e Toris nem prestava atenção, pois a voz do polonês era tão hipnotizante ao seus ouvidos...como tudo nele, aliás. O moreno se limitava a concordar com a cabeça e dizer um “mas que absurdo” de vez em quando, enquanto caminhavam. Suspirou aliviado ao ver a placa de neon do restaurante de sua família, apenas a uma esquina de distância, e mais ainda ao perceber que Feliks terminava sua história. Seus pés doíam, e ele precisava urgentemente de um copo d’água.

–...E eu realmente achei que ele prestava, mas tipo, me enganei totalmente. Só você presta nesse mundo, Liet. –o loiro finalmente grunhiu, encostando a cabeça no ombro do mais velho, que sentiu o coração quase sair do peito.

–L-Liet...? –balbuciou, confuso com o apelido.

–Claro, de Lituânia! –Feliks sorriu- É seu país natal, não é?

–S-sim... –ele mordeu o lábio, nervoso, sentindo borboletas no estômago com a lembrança- Mas, olha, chegamos. –e apontou para o Lithuanian Palace, logo à frente. Logo nesse momento, a porta do estabelecimento se escancarava, e um furioso albino saía batendo os pés.

–Eu nunca fui tão insultado! Absurdo! O incrível eu vai processar essa pocilga, só me esperem! Bando de... –e mais alguns palavrões, proferidos enquanto ele sumia de vista, sem notar um Feliks e um Toris estupefatos, a assistir a cena. Percebendo que as coisas provavelmente haviam ficado feias para o lado de seus pais, o lituano correu para dentro do restaurante, puxando o loiro pela mão.

Ao entrarem, a confusão era geral: os clientes cochichavam e murmuravam entre si sobre o acontecido. Os garçons pareciam em pânico; Kiku descabelava-se e falava em um japonês veloz, enquanto Lovino gritava para que ele se acalmasse. O cozinheiro, Feliciano – um italianinho sorridente e cativante – tentava acalentar o parceiro, o pai de Toris, que brandia uma concha e gritava que aquilo não era certo, o alemão jamais venceria aquele processo, que era uma acusação absurda e ele não tinha o menor direito de ofender a honra de sua família.

Nervoso, o moreno se aproximou, e Feliks obviamente o seguiu, pois ainda tinham os dedos entrelaçados.

–Pai, o que aconteceu? Se acalme! –disse, a voz mais trêmula do que Feliciano, naquele momento.

–O Gilbert...ele se descontrolou... –gaguejou o italiano, choroso, se virando para o lituano- Começou a urrar ofensas e foi tão assustador...nem o Luddy fala tantos palavrões em quinze minutos, eu nunca vi isso...ele disse que não iria pagar a conta de jeito nenhum, e armou um caos...ainda bem que vocês não estavam aqui, ele parecia prestes a bater em alguém, e com certeza seria em você, Feliks!

–Calma, flor –o loiro deu um tapinha amigável no ombro do amigo, com a mão livre- Vai ficar tudo bem, ele não vai conseguir processar o lugar, tenho certeza.

–Ah...fico feliz –Feliciano sorriu, já se acalmando.

Demorou um pouco, mas logo eles conseguiram abrandar a fúria do pai de Toris, e restabeleceram a paz no restaurante – mesmo que os clientes ainda comentassem a confusão de há pouco. No fim do dia, após Kiku virar a plaquinha na porta de “Entre, estamos abertos!” para “Sinto muito, estamos fechados!”, todos estavam exaustos. Os fregueses haviam ido embora, mas apenas o polonês ficara, pois havia botado na cabeça a ideia de que Toris o acompanharia até em casa – e é claro que o lituano não se atrevera a protestar.

–Ah, mas que dia...! –arfou Lovino, o garçom italiano, ao se jogar em uma cadeira qualquer- Estou morto. Feli, o que vamos ter para o jantar hoje?

–Você, eu não sei –rebateu Feliciano, se sentando ao lado dele, risonho- Mas eu vou comer calzonne com o Ludwig, está lembrado que ele iria lá em casa?

–Argh, é mesmo. Bastardo das batatas... –grunhiu o mais velho- Nesse caso, eu vou dormir na casa do Antonio. Não quero ouvir os seus gemidos, nem os daquele idiota.

Feliks deu uma risada quando Feliciano corou até a alma, e saído da cozinha, apareceu Toris, já sem o uniforme.

–Vamos? –perguntou ao loiro, irremediavelmente sorridente. O loiro concordou com a cabeça, e todos saíram juntos, menos o pai do lituano, que ficaria para trancar o restaurante.

O caminho até a casa do polonês foi tranquilo; obviamente, Feliks não parou de falar, mas Toris não se importou, pois eles estavam de mãos dadas de novo. Ao chegarem no flat onde o loiro vivia, tiveram de soltar-se, e Toris lamentou-se internamente por isso, pois a mão do outro era tão quente e boa de segurar.

–Então...acho que isso...é um tchau? –Feliks lhe sorriu- A gente, tipo, pode se ver amanhã de novo, né?

–Ah! É claro! –o lituano respondeu, corando e coçando a nuca- Você pode aparecer no restaurante de novo no fim do meu turno, eu te trago em casa...

–Ótimo. Obrigado por hoje, Liet, foi suuuper divertido e você é um cara muito legal.

–Digo o mesmo, Feliks –ele riu- Você continua fantástico.

–Então é isso, a gente se vê. –o loiro despediu-se, e tirando a chave de seu apartamento do bolso, começou a subir os dois degraus para a portaria do prédio. Foi detido, porém, pela voz do lituano o chamando com relutância, o que o fez virar-se, curioso.

–Hã...er... –Toris baixou o rosto ao perceber a maneira que o polonês o olhava- Feliks, eu...queria saber. Sobre o beijo mais cedo... –enrubesceu- Por quê?

O loiro piscou. Fez um breve silêncio, e de repente, riu, para surpresa do lituano.

–Ah, aquilo? Foi um beijo de agradecimento, bobo! –ele riu novamente, e Toris sentiu o coração pesar, então não havia sentimento naquilo?- Mas... –prosseguiu Feliks, com um sorriso matreiro- Foi muito bom, não foi? Você pode ganhar mais alguns iguais aquele, Toris, se continuar sendo legal comigo.

O lituano corou de um vermelho extremamente forte. Ele rapidamente baixou os olhos para os próprios pés, que de repente pareciam muito interessantes, e a risada de Feliks chegou aos seus ouvidos.

–E-eu...eu vou me esforçar. –disse Toris, enfim. Ergueu a cabeça para despedir-se, e conseguiu flagrar o olhar que o loiro lhe mandava. O que seria aquilo? Admiração? Travessura? Carinho? Talvez tudo isso misturado, ele pensou. E seu coração bateu mais forte.

–Bem...tipo, eu vou indo. A gente se vê amanhã, Toris?

–Claro. –ele concordou, sorrindo inconscientemente- Boa noite.

O polonês acenou, sorrindo, e entrou no prédio, sumindo de vista. E depois que ele se foi, tudo o que ficou no ar foi seu perfume adocicado e a lembrança de seu andar.

Aquele andar distinto e hipnótico.

END


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Notas finais do capítulo

Bem. Deu pra ver que, apesar da fic ser PolLiet, eu não resisti adicionar meus outros ships favoritos, né? SuFin, GerIta, SpaMano...não tem como ignorar!
Eu até mesmo pensei em fazer outras ones desses casais, nesse mesmo AU. O que acham da ideia? Comentem!
Beijo grande~