Sempre em movimento, atravessando as barreiras. Passo a passo, fazendo o que me disseram. Pés pra fora, barriga pra dentro, quadris encaixados e sorriso no rosto.
As luzes estão em mim, todos estão assistindo, eu tenho medo de errar. Todos me criticam mas ninguém sabe quem sou.
Eles me vêem no palco e acham que é fácil, mas eu me Machuco, dói todo meu corpo.
Eu falto festas e eventos, mas estou sempre dançando.
Meus músculos doem, minha perna dói, tudo em mim dói. Mas nada se compara a dor de ver minhas técnicas e professoras decepcionadas, e também tem minha família a quem sempre tenho que agradar e ser "perfeita", além de eu mesma me decepcionar.
As vezes eu penso em desistir, afinal, qual é o ponto em tentar? Fazer tudo isso pra no final ganhar uma medalha e pronto? Será que tantos momentos perdidos com os amigos e familiares se compensaram em um pedaço de metal amarrado em uma corda?
Todos os dias sempre a mesma coisa: No palco, cega pelas luzes. E quando e erro eu penso que nunca mais vou vê-las novamente, que vou sair, passar pelos juízes e sumir, mas depois eu lembro de quem eu sou... E quem devo ser.
Admito, nunca fui boa em perder. Sempre ganho e não admito que eu erre, sou rígida comigo mesma. Quando erro, olho pra mim e penso: " por que você não acertou aquela correção sua idiota?"
Assisto a minha técnica chorar, ficar nervosa, gritar e narrar toda sua explosão de sentimentos, mas assisto em silencio. Depois, vejo a decepção estampada no rosto de minha família , e a tristeza deles chega a mim, mas mada se compara a alegria de subir e receber a medalha de primeiro lugar. Ver o sorriso no rosto das pessoas que apostaram em mim.
Então vou continuar dançando, dançando músicas diferentes, porque eu me machuco, dói todo os meu corpo, mas dói na espera de crescer