Just One More Day escrita por Ana Viollet


Capítulo 17
Capítulo XVI - Retorno




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A presença de uma criança na casa seria, de fato, uma luz em meio a todas as dificuldades pelas quais o moreno e a rosada estavam passando. Daisuke chegou animadamente em seu lar, correndo quando que de imediato com sua mochila nas costas para o andar de cima. O pai foi atrás, carregando o casaco do filho, com um sorriso estampado no rosto.

"Não precisa correr, filho, tudo está como antes". Sasuke sorriu mais uma vez e seguiu o filho até o seu quarto, onde entrou maravilhado. O mais novo correu para a sua cama e logo buscou seu dinossauro verde, que na realidade pertenceu a seu pai. Abraçou o bichinho carinhosamente.

Em seguida, Daisuke foi em direção a sua escrivaninha, onde viu os seus antigos desenhos que havia feito há semanas colados na parede por uma fita adesiva já gasta. Abriu uma das gavetas do móvel e a vasculhou um pouco mais, até que encontrou o desenho em especial que estava procurando. Enquanto isso, Sasuke observava cuidadosamente o que o filho estava fazendo.

"Papai, como ela está? ". O mais novo finalmente se virou, colocando o desenho contra sua barriga. O pai franziu o cenho, confuso. Portanto, logo tratou de perguntar.

"Ela, filho?".

"Sim, ela, papai. Aquela moça de cabelos cor de rosa, ela ainda está aqui? ". Mais um belo sorriso contagiou o moreno mais velho, que ficou surpreso pela memória tão viva do menino. "Ela está melhor? ".

"Está falando da Sakura, filho? Ela está melhor, sim, quase recuperada. Ficará por mais alguns dias conosco". Falou de modo orgulhoso, pois sinceramente esperava que sua amada passasse por essa fase, bem e recuperada.

"Esse é seu nome, então! É lindo, papai... Fico feliz que ela esteja melhor". Os olhinhos do menino brilharam mais uma vez ao ouvir o nome da moça que por ele era tão querida. Ele não sabia exatamente o que o cativou, pois nunca chegou a conversar ou ao menos ter um contato decente com ela, mas desejava isso. Ele percebeu na primeira vez que a encontrou, que o pai a olhava de forma diferente, com um brilho maior nos olhos. 'Ela deve ser muito importante para o papai' pensou. Por isso, simpatizou com ela logo de cara. "Eu posso vê-la, papai? Por favor, já que ela estar melhor, eu queria... "

"Tudo bem". Sasuke falou, sem rodeios. Lembrou-se que em uma de suas muitas conversas, Sakura fez o mesmo pedido. Ela estava ansiosíssima para conhecê-lo, do tanto que Sasuke falava do filho.

"Mesmo? ". O menino olhou surpreso para o pai, logo percebendo que o próprio falava sério. E então, abriu um sorriso.

"Claro, ela também está ansiosa para te conhecer...". O menino tomou a mão esquerda do pai, segurando-a, e com a outra, ele guardava o desenho cuidadosamente contra o corpo. "O que é isso, filho? "

"É um desenho que eu fiz para ela, papai. Será que ela vai gostar?". Daisuke explicou, um pouco ansioso.

"Tenho certeza, você desenha muito bem..." Sorriu mais uma vez para o filho e bagunçou um pouco mais seus cabelos, enquanto andavam pelo corredor.

Ao passear por ele, ambos viram rapidamente algumas fotos que estavam distribuídas de modo organizado pela parede, todas emolduradas. Algumas de viagens feitas pela família, outras de alguns momentos importantes na vida do pequeno.... Um mural que se resumia ao pai e filho. Karin nunca foi muito fã de fotos, por isso, não se encontrava em nenhuma delas.

Momentaneamente, Sasuke ficou surpreso ao se pegar pensando na –infelizmente- ainda esposa do moreno. A presença do filho fez com que ele lembrasse automaticamente dela. Daisuke tinha seus olhos, avermelhados e intuitivos.

Assim que chegou a porta do quarto hospitalar, Sasuke pediu que Daisuke esperasse um pouco para que ele pudesse avisá-la da visita, e o menino assentiu obedientemente. Sasuke entrou no quarto e se deparou com Tsunade folheando alguns artigos, sentada na cadeira ao lado da cama de Sakura, enquanto a paciente estava confortavelmente entre os lençóis, com um livro em mãos. Não demorou muito para as duas perceberem a presença do moreno no quarto. Desejou-o bom dia.

"Sakura, alguém aqui fora está louco para te conhecer, posso mandá-lo entrar? ". A rosada largou o livro quase que de imediato, deixando-o ao seu lado na cama. Soube quem era na mesma hora, então assentiu.

O menininho entrou timidamente no quarto, mas logo foi em direção a cama em que Sakura estava. Observava o longo cabelo de cor tão distinta e os grandes olhos verdes, percebeu também uma cor mais forte em suas bochechas, seu rosto... No primeiro dia em que a encontrou estava pálida, esquálida. Não queria a ver daquele jeito novamente.

"Daisuke-chan, tudo bem se eu te chamar assim?". O pequeno assentiu e deu um pequeno sorriso com o novo 'apelido'.Sakura estendeu a mão inocentemente para ele. "Meu nome é Sakura Haruno..." Ele apertou e logo se sentiu mais à vontade com a presença dela. Então, estendeu o desenho sem emitir qualquer som.

"Para mim?" Sakura perguntou, assegurando. Ele mais uma vez assentiu. Sakura observou o delicado desenho feito com lápis de cor e giz de cera. Na cena, tínhamos o personagem maior, de cabelos pretos, que Sakura logo deduziu que fosse Sasuke. Abriu um pequeno sorriso com a forma com que o filho representou o pai, com um semblante um tanto sério. Ao seu lado, estava um pequeno garoto que Sakura supôs que fosse o próprio Daisuke. E não muito afastada, estava uma menina sorridente, vestida de branco, com os longos cabelos cor de rosa.

"Essa é você. Eu queria que você se recuperasse rápido, por isso te desenhei feliz." Daisuke explicou pacientemente. Nesse momento, as lágrimas ousaram chegar aos seus olhos. As memórias de sua residência vieram a mente, pois como estava fazendo pediatria, o contato com crianças era bem frequente. Ela as achava adoráveis, inocentes e extremamente solidárias, por isso as amava.

"Obrigada, Daisuke-chan.."

De longe, Sasuke observava a cena, maravilhado. Eles haviam começado a conversar de uma forma mais descontraída, em que seu filho se sentia confortável em falar com ela. Logo, Tsunade foi em direção ao chefe com notícias não muito boas. Soube por ela que o peso de Sakura caiu nesse período em que ela esteve em jejum, algumas gramas, mas a situação deveria ser controlada para não despertar algo pior na paciente. Isso passou a ser foco de preocupação de Sasuke pelo resto do dia.

[...]

Após uma rápida – porém divertida - tarde de conversa e interação entre o Uchiha mais novo e sua nova melhor amiga, a noite caiu. E, com ela, chegou também a tão temida hora da despedida. Sakura precisava se alimentar, pois já se encontrava em jejum por algumas horas, e Daisuke necessitava de boas horas de sono para um bom desempenho na aula no dia seguinte. Não havia dúvidas que a presença do pequenino fez com que o humor de todos na casa melhorasse, até mesmo Tsunade, que se mantinha quieta, ou melhor, reclusa diante de toda aquela atmosfera familiar, deu algumas risadas com o menino.

O moreno mais velho, após ter encaminhado o filho para o banho, estava agora sozinho no quarto apenas com sua paciente. Tsunade teve de sair mais cedo por causa de um compromisso de urgência no hospital, mas deixou tudo pronto, inclusive o leve jantar de Sakura para aquela noite.

"Parabéns, Sasuke-kun, ele é um ótimo menino.". Sakura sorriu timidamente, enquanto dirigia um singelo elogio a Sasuke. Ele se sentia orgulhoso da criação que proporcionou ao filho, não havia dúvidas. Por outro lado, Sasuke se sentia culpado por tudo que Daisuke teve de passar quando sua mãe ainda estava na casa. Era perceptível que ela o tratava com desdém, negligência. Sempre teve que estar por perto, pois não confiava o bem-estar do filho nas mãos da ruiva, nem nunca iria. Quase como se lesse seus pensamentos, Sakura retomou sua fala. "Você fez um ótimo trabalho como pai. Nunca duvide disso, por favor".

Sasuke diminuiu um pouco o espaço entre os dois na cama e tocou sua mão esquerda, segurando-a. Fez uma leve carícia em sua pele macia e agradeceu.

"Obrigado. É muito importante ouvir isso de você..." A rosada sorriu em resposta ao ato de carinho, sem retirar sua mão. "Mas, eu estou um pouco preocupado".

"Com Daisuke? ". Perguntou.

"Não". Negou, balançando um pouco a cabeça. "Agora que ele está comigo, eu sei que ele está bem. Eu poderei passar mais tempo com ele, vê-lo crescer... E isso me conforta, entende? Mas, estou um pouco preocupado com você, você não tem comido muito, mal tocou no jantar. Tem algo que você queira me falar? Que esteja sentindo? ".

Sentiu o seu estômago revirar. Mais uma vez, a paciente percebeu que Sasuke era capaz eu enxergar através dela, que ele era capaz de ver que algo estava a amedrontando, a ameaçando.

Não iria contá-lo, não queria importuná-lo com seus problemas mais uma vez, logo quando ele estava tão feliz, tão contente com o retorno do filho. Os seus problemas não podiam interferir, por mais que tudo isso compusesse uma visão errada da situação, pois seu médico deveria saber.

Sakura se sentia extremamente assustada com a volta do seu transtorno, percebendo isso apenas após quase o dia todo sem comer. Ela sentiu uma satisfação oculta, quase inexistente, mas presente. Sentiu-se feliz ao saber que desceu mesmo que pouco na balança, sentiu a nostalgia voltando para seu corpo, por mais que a tontura a atingisse em contrapartida. Iria se manter calada, pelo menos por enquanto.

"Não, Sasuke-kun, está tudo bem. Eu apenas estou cansada depois do que aconteceu, digo, sugou minhas energias. Eu não me sinto recuperada. Eu não... não gosto muito de lembrar. " Explicou pacientemente, fitando-o.

Sasuke sabia que aquilo não era verdadeiro e, ao mesmo tempo, se questionava porque ela estaria mentindo. Mas, logo foram interrompidos pela entrada de um garotinho de banho recém tomado no quarto. Vestia um pijama de conjunto de fundo azul, que possuía uma estampa espacial por todo ele. Estava adorável. Correu em direção ao pai, envolvendo-o em um abraço.

"E eu? Não tenho um também? " Após o momento dos dois, Sakura murmurou para o menino, que logo correu em sua direção também. Deu um rápido beijo na cabeça de Daisuke após o abraço e ele se virou, ficando de frente para a rosada.

"Daisuke, já está tarde, filho. Você deveria estar na cama. "

"Eu sei, papai, eu só vim desejar boa noite... O senhor não vai comigo? " O pequeno perguntou inocentemente. A falta que o pai fazia se demonstrava até nos mais simples momentos do seu dia. Para o garotinho de 6 anos, a presença de seu pai era tida como algo novo para ele, pois só costumava o ver durante a noite, depois de uma longa espera.

"Sim, só preci-". Foi interrompido mais uma vez pelo toque do seu celular, o que já estava se tornando algo irritante para o moreno. Pensou seriamente em deixá-lo desligado o dia todo, por mais que soubesse que aquilo era impossível diante de todas as responsabilidades atribuídas a ele. "Licença... " Foi em direção a varanda do quarto para que pudesse atender à ligação, deixando os outros dois sozinhos do quarto.

Sakura imediatamente captou o olhar entristecido do filho ao ver o mais velho saindo pelo quarto, então, tentou animá-lo com algo que com certeza iria arrancar no mínimo um sorriso do rostinho tristonho de Daisuke. Durante à tarde, percebeu aquele singular pingente preso a um cordão de prata e abriu um sorriso quase que de imediato.

"Daisuke-chan, foi seu pai quem te deu esse cordão? Ele é lindo!" A rosada falou animadamente, por mais que sincera. Daisuke afirmou com sua cabeça um pouco mais interessado, sorrindo timidamente.

"Sim, ele disse que me daria forças! " Falou enquanto levantava o punho direito, fazendo uma expressão quase de raiva. Sakura deu uma risada que acabou contagiando o menino.

"Tenho certeza absoluta que sim. Você é um Uchiha, Daisuke-chan!".

"Eu posso te contar um segredo?". O menininho sussurrou, olhando para os lados. Sakura riu um pouco da atitude e logo afirmou. Ele se aproximou um pouco da moça, colocando a sua mão ao lado da boca para que ninguém além dela pudesse ouvir. Pensou no pai que estava ao lado do cômodo.

"Eu acho que você também será uma! " Vermelho carmesim. Essa foi a cor que tomou conta do rosto de Sakura após a declaração do menino. Ela riu nervosamente e balbuciou alguma coisa, mas quando viu que o garoto estava gargalhando da reação da moça, decidiu fazer leves cócegas nele.

Infelizmente, a reação vinda do menino não foi a esperada. Desde que entre alguns risos abafados, ele se contorcia e gemia de dor. Sakura parou quase que de imediato ao perceber a reação do menino.

"Dai-chan, eu te machuquei?" Sakura soou verdadeiramente preocupada, pois não havia colocado qualquer força. "Deixe-me ver.."

"Não!" Gritou subitamente, mas logo teve de se conter por causa de seu pai. "E-Eu só cai na escola, ontem. Mas eu estou bem, e-estou bem..."

Sakura observou atentamente o semblante do pequeno, descobrindo pouco tempo depois que algo estava errado naquela sua história, não foi difícil. Ele parecia estar assustado, seus bracinhos cobriam o local onde a rosada antes tocou. Não eram indícios de uma simples queda, e pelo seu semblante de dor, foi muito mais que isso.

"Dai-chan, me escute, tudo bem?" Sakura tentou outra abordagem, com um pouco mais de calma. "Você confia em mim?" Ele afirmou obedientemente. "Não precisa ter medo de me contar o que está acontecendo, pequeno, eu confio em você. Eu preciso que você fale a verdade para que eu possa te ajudar. Nem eu nem seu pai gostaríamos de ver você com dor, sofrendo, pois amamos você." A moça passou as mãos carinhosamente pelos cabelos negros de Daisuke, que em resposta, largou as mãos de sua barriga.

"Pode me mostrar, Dai-chan? O que está causando dor?" Daisuke parou por alguns segundos, assumindo um semblante triste em seu rosto, como se lembrasse de algo não muito agradável. "Por favor,"

Pouco tempo depois, Daisuke levantou lentamente a camiseta do pijama. O contraste das manchas arroxeadas espalhadas por sua barriga era assustador diante da pele branca do menino. Um grande e recente hematoma se espalhada pelo lado direito do seu corpo, indo até a lateral da sua barriga. Outros estavam espalhados, em menores quantidades. Havia também algumas manchas já numa coloração marrom, indicando hematomas passados.

Sakura teve que se esforçar o máximo para controlar suas emoções no momento. A única coisa que conseguiu fazer foi puxá-lo levemente para um sentido abraço, pois sentia como se fosse o seu próprio filho. Ficaram por longos segundos, até que Sakura recuperou o fôlego e perguntou.

"Dai-chan, pode me dizer quem causou isso a você? Você pode fazer isso por mim?" No momento em que ele iria responder, Sasuke entrou pelo quarto com uma expressão um tanto indefinida. Acabara de sair da ligação com um de seus mestres da faculdade e ele estava muito interessado em rever Sakura.

Não demorou muito para Daisuke falar algo na presença do pai. Queria sair dali.

"Papai, e-eu estou com muito sono. Eu vou para meu quarto, tudo bem?" Pediu um Daisuke confuso e até um pouco choroso, ainda nos braços de Sakura.

"Tem certeza, filho?" Afirmou. "Logo estarei lá, então."

Sakura mais uma vez beijou o topo da cabeça do menininho, morrendo de pena de ter que soltá-lo, logo quando ele iria revelar, por mais que Sakura já tivesse suas suspeitas. Ele foi em direção ao pai e deu apenas um singelo beijo no rosto, correndo para o quarto em seguida.

Já o mais velho, se aproximou da paciente, que ainda estava a processar toda aquela recente informação. Tinha que contar a ele, ele é o pai!

"Você não faz a mínima ideia de quem me ligou agora."

"Sasuke-kun, desculpe, mas..." Ele parou subitamente ao perceber o tom sério na voz da rosada. "É muito importante. Eu preciso te contar uma coisa."


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Notas finais do capítulo

Olá, leitores ❤

É tão bom estar de volta por aqui! Não sei se vocês souberam, mas eu postei um aviso no meu perfil sobre o capítulo do último sábado, que não saiu. Como infelizmente não estou de férias, ainda tenho várias responsabilidades em relação à escola, afinal, estamos no final do ano. Toda essa correria acaba me privando quase que completamente de parar para escrever, editar, postar.... Por isso, peço desculpas pelo atraso. Por outro lado, eu agradeço demais ao interesse ainda vívido de vocês quanto aos capítulos e à minha história em si, muito obrigada!

Quanto ao capítulo de hoje: Vocês acreditam que a Sakura fará bem em contar ao Sasuke sobre o que viu? Acham que ela devia contar de imediato ou esperar um pouco mais para isso? Fiquem à vontade para comentar suas opiniões, críticas ou elogios logo abaixo sobre o capítulo, pois ficarei mais que feliz em respondê-los! Peço desculpas, pois esse capítulo ficou grande. Tentarei diminuir um pouco os próximos para a leitura não ficar tão cansativa.

Um beijo e até o próximo sábado :)