Slow & Steady escrita por queenssavior


Capítulo 1
Capítulo 1




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Beirava a meia noite.

Era mais uma daquelas noites ordinárias que escondiam segredos. Segredos no mais íntimo de sua mente. Suas noites soavam iguais, uma após a outra. E ainda que fossem diferentes, pareciam sempre tecidas na mesma notação melancólica, algo que só fazia realmente sentido em sua mente. Ela gostava de ficar sozinha. Sentia-se invisível, blindada em uma sensação errônea de liberdade já que, no fundo, sabia que por um lado sempre estaria aprisionada.
O álcool desprendia suas tensões e amortecia seus sentimentos que naqueles dias eram predominantemente opacos. Era mais fácil assim, os acontecimentos e tempo e derrotas tinham lhe ensinado. Ela nunca deixaria de lutar, não se pode mudar o que está misturado no seu mais interior. Só que chegara a conclusão que era melhor quando lutava a batalha dos outros. Parecia bem mais sucedida dessa maneira, as que escolheu travar em defesa de terceiros progrediram bem mais que suas próprias.

Sentada ali naquele sofá pelo que pareciam ter se passado algumas boas horas, Regina tentava organizar e processar tudo o que acontecera nos últimos dias, horas e, porque não, segundo. Sem preocupações, seu polegar tracejava a borda da taça enquanto mordia seu lábio inferior em antecipação, ela já podia praticamente prever o que estava para acontecer. Ela podia sentir a sua presença cada vez mais próxima de onde ela estava.

Seus sentidos quase nunca falhavam.

Então a voz rouca e carregada pelo sono soou ao seu lado. Emma ainda apoiada com o tronco em direção dela e Regina podia praticamente ver a curiosidade em seu tom.

"O que diabos você está fazendo acordada..." ela virou-se até às luzes verdes do microondas que indicavam as horas.

"À meia noite e quarenta e cinco minutos? Você virou algum tipo de coruja e eu não estou sabendo?"

Seus olhos finalmente se encontraram depois de alguns segundos. Emma usava uma de suas camisas sociais que, a essa hora, já estava completamente amassada obviamente, e calcinha. O cabelo loiro completamente despenteado apontando para vários lados diferentes, os olhos sonolentos, mas ela nunca perdia aquele seu sorriso intrigante, ainda que seus olhos acusassem mau humor por ter acordado sozinha na cama.

"Eu só… só estava pensando um pouco."

"E o vinho por acaso ajuda no processo?"

Ela perguntou enquanto se movia até chegar ao local próximo de onde Regina estava. Regina por sinal não precisou se mover, pois no sofá ainda havia pleno espaço para acomodar ambas as duas mulheres.

"Digamos que eu preferia aquela minha cidra de maçã. Em todo caso, me ajudou de qualquer forma."

Regina não pode conter um sorriso que lhe chegava aos lábios. Ultimamente isso vinha acontecendo muito, era pega de surpresa sorrindo uma ou outra vez. E era sempre por causa dela.

Emma.

Regina ofereceu um olhar em sua direção e a forma como Emma lhe fitava, ela achava que podia lhe descompassar o fôlego. Era um misto de curiosidade, adoração e desejo, lhe impressionava como ela estava aberta e a deixava ler tudo isso.

Uma mão foi até sua nuca, um carinho que esquentou seu corpo, mãos delicadas que gostavam de lhe desvendar.

"Então, no que você estava pensando?" Os dedos da mão esquerda de Emma agora brincavam com os fios de cabelo soltos no rosto de Regina.

Foi quando olhando nos olhos de Regina, ela pode perceber que havia algo lhe aflingindo. Embora ela tentasse a todo custo esconder aquilo de Emma. Não queria lhe envolver em todo aquele seu processo melancólico.

" 'Gina, você pode conversar comigo. Não precisa se esconder ou muito menos se isolar. Eu sei que tem algo que você não está me dizendo, mas posso perceber olhando nos seus olhos que... que há algo que está te aflingindo. Me deixa te ajudar."

E então, Regina cedeu. Pela primeira vez em muito tempo permitiu-se chorar na frente de alguém. Aquela não era qualquer pessoa.

Era Emma.

"Eu... eu tenho medo. Medo de perder tudo isso mais uma vez. A minha vida toda foi feita de perdas, principalmente perdas das pessoas que eu amei, que eu amo. Cada vez que eu me aproximo de você eu tenho... medo. Medo de voltar a ser o monstro que todo mundo enxerga em mim. Medo de ficar sozinha de novo. De perder a pessoa que eu mais amo na vida, Henry. Mas, principalmente, tenho medo de que isso que nós temos agora simplesmente se perca por minha culpa. A verdade é que eu não sei amar as pessoas. Por muito tempo eu não fui capaz de enxergar nada que não fosse eu mesma e..."

Emma a surpreendeu lhe abraçando, fazendo com que instantaneamente ela parasse de falar. E então ela chorou ainda mais, como se estivesse liberando tudo o que vinha guardando por tanto tempo.

Ela podia compreender toda aquela aflição pela qual Regina estava passando. Por anos e anos, ninguém nunca havia dado-se ao trabalho de enxergá-la por trás da pessoa aparemente ruim e sem coração que ela parecia ser, Emma parecia ser a única capaz de enxergar Regina Mills: Uma mulher que no fundo só tinha medo de amar novamente e então perder tudo.

De fato, elas tinham isso em comum. Emma também não era nenhuma expert quando o assunto era amor. Mas ela viu em Regina algo que mudou completamente sua vida. Ela viu uma chance de felicidade, de amor verdadeiro. E teve certeza que o amor nasce nos mais improvavéis lugares e com quem você jamais imaginaria.

"Regina, olhe para mim."

Emma gentilmente olhava no fundo dos olhos de Regina, vendo toda a verdade que aquela mulher carregava no mais íntimo de seu coração. Vendo-a se expor diante de si, expor toda a sua vulnerabilidade, seus medos e suas aflições. Foi então naquele momento que ela teve certeza que a amava, com todas as complicações que pudesse ter, com todos os defeitos, aceitando que Regina nunca fora perfeita, mas que nunca fora verdadeiramente ruim.

Regina era sua chance de felicidade.

De amor.

De um recomeço.

"Você não precisa ter medo. Eu sei que por muito tempo você foi sozinha, que você guardou tudo isso para si mesma. Mas veja, eu estou aqui. Eu entendo. Isso é realmente difícil para você. Mas seja o que for, eu posso lidar com isso. Eu não vou a lugar nenhum. Eu também tenho meus medos, mas você é o motivo pelo qual eu os deixo de lado, nem que seja por algumas horas."

Emma lhe oferece um sorriso e se surpreende ao ver que Regina também o faz.

Definitivamente a loira estava mudando-a e fazendo com que ela ao menos tentasse ver a si mesma como Emma a via.

Então Emma a beijou, com calma. Passou a sentir o gosto do vinho em seus lábios e saboreá-lo da mesma forma, fazendo com que Regina sentisse que aquilo era só o começo de tudo aquilo.

"Quando eu disse que lhe daria um final feliz, eu realmente tinha essa intenção e bom, espero que você entenda que essa é a prova de que eu mantenho a minha palavra e cumpro minhas promessas."

When all of the pieces align,

When the balance is clearly defined,

We'll sigh and we'll settle down for the first time.

Os dedos de Emma brincavam com os fios de cabelo, sua língua ia de encontro à dela, testando jeitos e intensidades e gostos, era como se conseguisse de fato sentir-la mais próxima dela, bem mais do que só fisicamente.

Não soube dizer quanto tempo aquele primeiro beijo durou, assim como também perdeu a conta de quantas vezes mais beijos nasceram e morreram entre seus lábios. Sentiu Regina prender seu lábio inferior entre os dentes e assim sua atenção se desviou, e só sentiu que Emma havia tirado a taça de vinho sua mão quando esta ficou vazia.

"Acho que agora podemos voltar para a cama..." Regina a surpreendeu, levantando-se e segurando em suas mãos para que ela fizesse o mesmo.

But held in museum display, time pulls us further away.

And when we rebuild it, all of the details fade.

Emma a seguiu calmamente de volta para o quarto. E então, a virou, pegando-a de surpresa ao beijá-la na entrada do quarto. Regina não lutou contra o tempo ou mudança ou buscou dominância; deixou-se ser beijada e tocada e apreciada.

Ela era apenas uma mulher.

Into the tide, where the sun fills our eyes, only silhouettes will remain in the place

Where our rare bird of grace appeared.

Pouco a pouco, Emma foi guiando-as até a cama, e quando por fim sentiu que tinha chegado ao local ao tocar a cama com os joelhos, curvando-se para frente afim de deitar-se sobre Regina que retribuiu a queda com um sorriso surpreso. A loira então sentou-se sob o colo de Regina que permanecia sorrindo, e então as duas mulheres passaram a encarar-se sem trocar uma palavra que fosse. Não era preciso diálogos quando os sentimentos falavam mais alto.

In our pale imperfect light, our palms will stabilize,

And your brightness will close our heavy eyes,

And we'll dream with you. We'll dream with you.

Regina esticou suas mãos até que as mesmas começassem a desabotoar a camisa branca que Emma usava, despindo-a pouco a pouco. A loira apenas sorria em retribuição. Quando Regina por fim terminou de desfazer os botões, Emma tratou de jogar a camisa para bem longe, usando agora apenas uma calcinha preta. Emma inclinou-se até tocar os lábios de Regina e a beijou.

When we reach into the night, where the water will rise,

Your wings will unbend in your brilliant display all our worries will wash away.

Em ágil e rápido movimento, Regina fez com que ambas trocassem de lugar e então, Emma ficou por baixo de seu corpo. As duas sorriam como duas adolescentes apaixonadas. Talvez no fim das contas, fossem mesmo. Regina então, despiu a única peça que ainda restava no corpo da loira, deixando-a totalmente exposta diante de si. Emma abraçou a cintura da morena com as pernas, permitindo então que a proximidade entre as duas fosse cada vez maior. A loira começou então a despir Regina, começando pela camiseta que ela usava. Ela adorava observar o quão bela aquela mulher conseguia ser sem nem ao menos notar. Seu sorriso era cada vez maior e isso fazia com que seu coração batesse cada vez mais rápido.

Não saberia dizer se era alegria, desejo ou ansiedade.

Era o efeito Regina.

On pale, imperfect eyes, chandeliers rely

And the brightness will weave lace out of light

When we dream of you

Quando por fim ambas estavam nuas, Regina enlaçou uma das perna de Emma em sua cintura novamente, nunca abandonando seus lábios. Não sabia dizer quantos beijos haviam morrido e renascido, o que podia afirmar era que a cada novo beijo o desejo e o amor por aquela mulher cresciam em uma velocidade incalculável.

As costas de Regina encontraram o lençol novamente e então ela deixou-se levar pelas sensações, expos seu corpo e prazer e fluidos, coisas que ela parecia grata por poder presenciar. Jogou a cabeça para trás quando Emma penetrou o mais íntimo de si e passou a toma-la sem parar, estimulando seu clitóris, forçando seus limites das mais diversas formas.

E então ela não conseguiu segurar e teve um orgasmo primeiro. Sentiu seu corpo tremendo em partes para depois fazê-lo por inteiro, chamando, clamando por mais e mais. Arranhava as costas de Emma, sabendo que aquilo deixaria algumas marcas no dia seguinte mas Emma parecia não ligar para isso. Haviam gemidos, quem sabe palavras sem sentido e não precisava estar de olhos abertos para sentir a satisfação dela.

In our pale, imperfect light, our palms will stabilize,

And the brightness will close our heavy eyes,

When we dream of you. We'll dream with you.

Pouco depois, Emma estava gozando também, se perdendo de uma forma que Regina tinha medo de gostar. De se acostumar. Ela parecia querer se abrir e naquelas horas era como um livro aberto diante de seus olhos, um livro que insistia para ser apreciado. O peso do corpo dela sobre o seu veio em seguida, ela não disse nada, sentiu. Sentir tornava-se um verbo cada vez mais frequente na vida dela, era quase como se não conseguisse evitar.

E então, mais um beijo nasceu. Regina passava suas mãos delicadamente pelo rosto de Emma, acariciando-a com todo o amor e satisfação que agora sentia. Ela acreditava que talvez nunca fosse ser capaz de colocar em palavras o quanto Emma havia transformado sua vida.

A si mesma.

Aquilo não era apenas sexo. Não era só desejo ou atração física.

Era amor. Amor verdadeiro.

Amor que ela achou que nunca mais seria capaz de sentir novamente.

Quando por fim Emma encerrou o beijo, as duas trocavam olhares e sorriam, tocando seus narizes em uma espécie de beijo-esquimó.

"Eu te amo, Emma. Obrigada por não desistir de mim e por fazer com que eu não desista de mim mesma. Você é a minha chance de felicidade, o meu recomeço. Você é o que eu quero levar comigo para sempre. A única pessoa que me conhecia e que me aceitou e acreditou em mim antes que qualquer outra pessoa o fizesse ou quando ninguém mais o fazia. E não importa o que aconteça, eu sempre vou te amar. Nada pode mudar isso."

Emma então sorriu e deixou que uma lágrima escapasse por seus olhos esverdeados.

Era a primeira vez que Regina dizia que a amava.

A loira a beijou mais uma vez, acariciando seu corpo e sussurando um "eu também te amo" entre aquele beijo que perpetuava.

De forma lenta e constante.


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Notas finais do capítulo

A música citada na história e que me inspirou a escrever esta oneshot é da banda Sleeping At Last e se chama "Chandeliers".

Segue link:http://www.youtube.com/watch?v=ZCZ7gbliY1Y

Espero que vocês gostem.

Até a próxima!



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