Classic Constant escrita por Bruno Lima


Capítulo 1
Piloto


Notas iniciais do capítulo

Embarquem com sentido a um novo mundo, sejam bem-vindos ao reino de Classic Constant!



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PILOTO

Em 1870 o reino de Classic Constant dava boas vindas a François e Betânia, o novo casal real que sucedia o trono após o império dos pais de François, recém-falecidos, após uma invasão já ocorrida de outro reino não identificado.

Betânia era uma linda plebeia, longe de ser qualquer uma. François teve que enfrentar o seu pai para casar com a própria, afinal, ainda que Betânia pertencesse a uma família burguesa de classe exorbitante, o simples fato de não pertencer à monarquia a invalidava aos olhos do antigo reinado, afinal, a linhagem tinha que se manter refinada. A pressão fora intensa, todavia, François sempre foi um cara determinado.

Reza a lenda de que Betânia suplicou a seu escriba oficial que ele redigisse uma carta poucos dias antes de seu falecimento. Fragmentos da carta diziam, imprecisamente, assim: “François és o homem da minha vida! Nunca passei por nenhum tipo de miséria, mas ainda assim, ele me mostrou o significado da humildade independente do acúmulo de riquezas. Um homem poderoso e persevero que conquistou um reino inteiro e o meu coração, através do dele. Sem medo, sem receio. Capaz de trocar a sua vida pelo reino, como os seus pais fizeram, mas eles não permitiam que ele se casasse com uma plebeia... Bem, ainda assim, ele abriu mão do reino por mim. E hoje o tem. Tem a mim e ao reino de braços abertos, e para todo o sempre.”.

Betânia faleceu em 1895, aos 55 anos, vítima de uma bondade pura que aprendeu a ter com o seu marido. Ela, quando rainha, pôs-se a frente de um dos seus empregados para que uns clãs mercenários não os matassem - foi uma invasão semelhante a que assassinou o reinado antecedente - e então, em troco disso, mataram-na. Pelo menos foi a parte revelada da misteriosa história. Ela havia deixado uma filha de 15 anos de idade. A guarda nacional nunca foi a mesma desde que houve a invasão do outro reino, esses clãs eram diferentes! Além de terem sidos condenados às masmorras – mesmo a população implorando para que os aniquilasse, François foi piedoso - esses mercenários se tratavam mais de bandidos costeiros ou até mesmo do próprio reino. Nada bastante especializado ou preparado como uma invasão de alto porte que disseminasse toda uma realeza.

Em 1896 François aplicou uma ordem em que não era necessário uma rainha substituta, não durante o seu reinado, no entanto, o desagrado populacional foi alarmante, e como ele atende a todos, em 1900 ele renunciou o poder. Não podia deixar de oferecer a rainha que tanto queriam, mas não conseguia aceitar outra mulher para dividir o trono com ele além de sua tão amada Betânia. E foi aí, com 20 anos de idade, que toda a pressão começou. A princesa de Classic Constant era bastante diferente dos pais. Meio desorientada após a morte da mãe e as exigências do pai, a menina era dona de uma personalidade bastante expressiva. Só não era denominada “vadia” porque o termo ainda não existia na época e porque os camponeses eram obrigados a respeitá-la como princesa. Garota arrogante, esnobe, no entanto, de boa índole.

Claire tinha poucos meses para se preparar para assumir o trono, dentre todas as atividades diárias de política, estudos sociais e etiqueta, havia a necessidade de encontrar um homem para casar-se, e seu pai, mesmo com 70 anos e bastante doente, deu a ela a chance de escolher o seu par perfeito, todavia, o reino estava sem autoridade e o senado não poderia assumir por tanto tempo, então ela só tinha esses poucos meses, ou teria que se casar com Vladimir – um homem bem falado que ela nunca viu na vida.

Ela estava sentada na cama, enquanto duas empregadas penteavam os seus cabelos louros, até que Henri, seu bobo da corte, entrou:

- Com licencinha, princesinha – Fala Henri irritantemente.

- Eu já disse pra não me chamar assim, eu sou Claire, caramba! Claire! Você tá me entendendo?

- Sim, sim, bobinha! Entendo sim, bobinha! Mas que coisinha, bobinha! – Henri ri escandalosamente.

Claire levantou-se da cama, apontou para as empregadas e, em seguida, para porta do quarto.

- Tranquem quando sair, senhoras! – Ordena Claire, enquanto as empregadas se olham confusas – Eu não fui clara, queridas? Eu mandei sair! Fora!

Quando o bobo da corte ia acompanhar as empregadas, Claire o mandou retornar. Ela, então, estica ambos os braços e derrama-se na cama, mandando-o sentar.

- Você sabe que eu te amo, não sabe? Você é o único que está ao meu lado desde pequena! Minha mãe me deu você de presente, e se não fosse por esses sinos pendurados em seu chapéu, eu diria que você foi uma das melhores coisas que aconteceu para mim. Preciso que saiba disso!

- Sim, eu sei. Isso significa que eu sei sim, ou seja, eu sei. – Ele ri de forma boba e segura as mãos da princesa – Bobo gosta muito de Claire também, isso significa que bobo nunca vai deixar de apoiar Claire.

- Sei que não, vem cá!

Os dois se abraçam, ela aponta para a porta do quarto e ele sai correndo e saltitando. Após arrumar-se, ao sair do seu próprio quarto e caminhar pelo longo corredor do imenso castelo em direção ao quarto de seu pai, um mordomo a para.

- São 16:15, querida, você tem estudos sociais. – Informa o mordomo.

- Billy, eu não irei hoje.

- Por que, querida?

- Tenho que ir ver o meu pai, ele está piorando. Não sei se tenho muito tempo.

- Os melhores curandeiros estão com ele! Vamos, você é um dama e seria rude recusar.

- Ai, tudo bem! Esse negócio de ser dama podia ser danar...

- Olha os modos, Claire! – Emergiu um grito ecoado pelo corredor.

- Papai! – ela corre admirada em direção a ele e o abraça – você está bem?

- Estou sim. Vá à aula, encontro-te no chá.

- Estou indo, uma dama tem que honrar os compromissos – Claire diz em tom de gozação.

Os dois riem, abraçam-se fortemente e ela se direciona para a sala de estudos sociais. Enquanto isso, François se senta no seu trono na companhia de Billy.

- Não vai contar a ela, não é? – Pergunta Billy.

- Ela vai saber de outra forma. – Responde François cabisbaixo.

- Aqui está ele. Trouxe-o aqui.

- Obrigado, Billy, pode se retirar, deixe-nos a sós e vá tirar um descanso. – Permite François.

Billy se retira da sala e fecha a porta.

- O que desejas, senhor?

- Que apenas escreva, caro escriba.


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