Os dias até o fim de semana passaram como flashes. Todos tinham muito a preparar. Skye e FitzSimmons se encarregaram dos equipamentos de comunicação, e discutiram infinitamente os melhores lugares para esconder uma microfone nas roupas, até que Simmons deu um ponto final na discussão afirmando que deveriam usar “pontos de biotecnologia”, e passou a hora seguinte explicando como tal tecnologia funcionava. Ward, Tripplet, Mack, Idaho e Hunter cuidaram da parte tática, desenhando elaborados planos de entrada e saída e avaliando opções de equipe. Isabelle e Melinda se ofereceram para socializar com as senhoras do bairro, e ao fim de dois dias já haviam conhecido quase todas e feito amizade com metade delas. Observaram com atenção possíveis ameaças, e visitaram mais de três vezes a casa dos Nathan, guardando atentamente detalhes da casa . Coulson ficou com a parte mais simples. Saiu para pescar duas vezes com Richard Nathan e saiu por aí para exibir Lola.

Quando o sábado finalmente chegou, todos acordaram antes das 6 da manhã – alguns com severas reclamações – e iniciaram os preparativos finais para a noite. Tomaram café da manhã na área interna da casa dos Coulson exatamente às 6:30, e às 7:30, May arrastou Skye e Simmons para o jardim, onde colocou seu Tai Chi em dia e ensinou mais alguns movimentos para as garotas. Nove horas da manhã em ponto, Coulson reuniu todos na sala de estar, onde afastaram os sofás, e separados em casais, ensaiaram alguns movimentos de dança, pois sabiam que seriam submetidos a longas sessões de dança durante a noite. Praticaram até o meio dia, quando Melinda os chamou da cozinha, anunciando que o almoço estava pronto. Todos conversaram muito durante a refeição, e pareciam muito seguros para as ações futuras. A tarde foi reservada para os preparativos finais. Isabelle, Skye e Simmons decidiram se arrumar juntas, e ajudar uma a outra com pequenos detalhes, e juntas, ofereceram ajuda a Melinda, que declinou, afirmando que preferia se arrumar sozinha. Os homens reuniram-se na casa em frente, e simplesmente ignoraram o processo de embelezamento,preferindo passar a tarde jogando vídeo game, e deixando para se arrumar faltando 1 hora para o horário combinado. Pelo o menos todos estavam vestidos, cheirosos e barbeados as 17:00 em ponto, sentados na sala de Coulson, esperando que as mulheres ficassem prontas. Simmons foi a primeira a aparecer, surpreendendo a todos com sua escolha de vestido. Descia as escadas com um sorriso tímido e um longo vermelho bufante, que a dava aparência de princesa. Trazia os cabelos presos em uma trança que fora transformada em coque, e a maquiagem era suave.Sua aparência arrancou sorrisos especiais de Tripplet e Fitz.

– Uou garota, você está uma visão – Tripp elogiou estendendo uma mão e ajudou-a a dar um giro, exibindo por completo o trabalhado visual.

– O que você acha? – perguntou esperançosa à Fitz, que suspirou.

– Linda – respondeu com um sorriso e coçou a nuca de forma envergonhada. Jemma sorriu satisfeita, e arranjou uma forma confortável de sentar no sofá sem amassar por completo seu vestido.

A próxima a descer – 10 minutos depois – foi Isabelle, que recebeu assovios em reação ao seu visual: um longo prateado, tomara que caia e muito bem marcado no quadril. Os cabelos estavam soltos em cachos trabalhados e a única região bem marcada pela maquiagem fora os olhos, destacando-os. Hunter a elogiou com sorrisos e abraçou-a enquanto esperava as outras duas.

– Skye, você está pronta? – May perguntou dando batidinhas suaves na porta.Quando não houve resposta, a chinesa empurrou a maçaneta lentamente e abriu a porta. Skye estava de pé em frente ao espelho, admirando-se. Usava um fluido e leve vestido amarelo e branco, com rendas no busto, saltos prateados e os cabelos soltos em cascata sobre os ombros. Estava completamente linda, dos pés a cabeça, porém sua expressão facial preocupou Melinda – Alguma coisa está errada – afirmou e caminhou até a garota.

– Esse é o primeiro baile que eu vou – disse com um sorriso triste – E é uma missão, não é real.

– É claro que é real – May respondeu sorrindo, e tocou o ombro da “filha” – Você está perfeita, e tem um bando de caras lá em baixo que adoram você. Dois em especial, e você sabe disso – a chinesa animou-a e Skye virou-se para abraça-la.

– Obrigada – agradeceu com um sorriso, e Melinda afastou-a, ajeitando os últimos detalhes no vestido da garota, e foi quando Skye olhou-a – Por que você ainda não se vestiu ? – perguntou ao perceber que a mulher estava de maquiagem pronta, porém usava um catsuit preto.

– Porque eu vou vasculhar a casa dos Nathan antes de irmos.

– Achei que o Ward faria isso – Skye rebateu.

– Eu sou menor e mais ágil. E na verdade eu nem vou vasculhar a casa toda. Só preciso plantar algumas microcâmeras no escritório e um dos seus vírus nos computadores da casa – explicou rapidamente e Skye assentiu – Agora desça. Eu vou sair pela janela e entrar na casa dos Nathan. Eles já saíram há mais de uma hora.

– Okay, eu desço e espero você lá em baixo daqui a meia hora – a hacker afirmou e deu um beijo rápido na bochecha da chinesa, antes de sair do quarto. Com uma respiração profunda, iniciou sua caminhada escada a baixo, e não poder conter uma risadinha quando todos na sala a ovacionaram.

– Essa é a minha garota – Phil disse com uma risadinha orgulhosa, como se ele realmente fosse seu pai, e Skye teve que prender a respiração por um segundo para impedir que uma lágrima escorresse. – Você está linda demais – afirmou abraçando-a e Skye agradeceu. Quando todos a elogiaram o suficiente, aproximou-se de Ward, que passou um braço protetor em volta de sua cintura e desfiou um rosário de elogios em voz baixa.

Melinda ainda estava no andar superior, e apenas quando não se ouvia mais elogios a Skye, pulou para fora da janela, pousando suavemente no gramado, onde correu até alcançar a cerca da casa no Nathan. Há alguns dias, havia encontrado uma pequena abertura na cerca, por onde podia passar sem problemas,e por ali seguiu. Chegou até a porta dos fundos da pequena mansão, que como sempre, estava destrancada. Caminhou suavemente pelo chão de madeira da casa, sem apressar-se, e dirigiu-se para o escritório no segundo andar. Estava pronta para arrombá-lo caso estivesse trancado, porém a porta estava escancarada. Tirou de seu bolso lateral o saquinho com cinco microcâmeras e começou a posicioná-las em lugares estratégicos pelo cômodo.

– Tudo certo ? – Phil perguntou através do comunicador e Melinda confirmou – Ótimo. Instale o vírus e volte – quando ele falava daquela forma, não era Phil Coulson, seu companheiro, e sim Philip Coulson, o Diretor. Sentou-se atrás da mesa de carvalho, e abriu o notebook. Encaixou o mini pen drive na entrada USB e aguardou até que o mesmo desbloqueasse o aparelho. Levou apenas alguns minutos até que a transferência fosse concluída: todos os arquivos do computador haviam sido copiados para o pen drive, e um pequeno vírus faria um backup de todos os arquivos futuros diretamente para o computador de Skye. Quando o aviso em verde piscou na tela, Melinda retirou o pequeno gadget do notebook, e fechou-o. Com um suspiro aliviado, fez seu caminho para fora.

– Estou saindo – informou ao cruzar a cerca de volta para sua casa, e correu rapidamente até alcançar a porta de sua cozinha.

– Bom trabalho – Phil elogiou ao vê-la entrar.

– Eu sempre faço – gabou-se e ocupou-se em regular sua respiração – Preciso terminar de me arrumar – declarou e saiu da cozinha.

– São quase oito horas, você acha que eles virão? – Laura Nathan perguntou a seu marido, andando lado a lado com o mesmo através do salão, onde diversos casais bailavam lentamente. Ora ou outra, furtava um olhar em direção à longa escadaria de mármore, por onde os convidados entravam.

– Fique tranquila querida, os Coulson são boas pessoas, se eles prometeram que vem, logo estarão aqui... Ou melhor, já estão aqui – respondeu e acenou com a cabeça em direção à escadaria. Lá estava a família. Philip e Melinda estavam a frente. Ele em um belo smoking, ela em um longo duplo, de corpete preto com alças finas, bem marcado na cintura, e saia longa nude e transparente, com os cabelos soltos e um sorriso delicado. Logo atrás deles, o restante da família, parados como se em formação. Skye e Ward, Jemma e Tripplet e Isabelle e Hunter vinham de braços dados, e um pouco mais atrás, Mack, Idaho e Fitz – esse último com um olhar um pouco insatisfeito. A entrada da família havia chamado a atenção de todos, que haviam parado suas danças e os observavam curiosamente.

– Família Coulson, de Nova York – como em um baile real, o mâitre anunciou pomposamente, e Melinda quase soltou uma risadinha.

A caminhada escada a baixo levou alguns minutos, devido a enorme quantidade de degraus, e o fator salto alto ft. vestido longo. Ao chegarem ao salão, foram recebidos alegremente por Laura e Richard.

– Vocês são estonteante, se me permite – Richie elogiou as moças, que sorriram e agradeceram. – Agora, aproveitem a festa – despediu-se com um sorriso e afastou-se junto com a esposa.

– Crianças, divirtam-se – Phil disse à equipe, e puxou Melinda para dançar. – Você pode me explicar o seu vestido? – perguntou mudando completamente o tom ao ficar sozinho com a mulher.

– Perdão? –disse confusa e posicionou-se para dançar. A mão esquerda de Phil correu livre pela decote em suas costas e firmou-se em sua cintura.

– É algum tipo de provocação? Você tá tentando me deixar maluco? – questionou inquisitivamente e começou a guiá-la em uma dança lenta.

– Se for essa a intenção, eu consegui? – rebatou e sorriu maliciosamente.

– Eu não consigo suportar o olhar dos homens nesse lugar, eles não tiram os olhos de você – resmungou tentando não fazer careta, e a girou, observando hipnotizado o movimento de suas pernas sob o tecido fino do vestido.

– É só você olhar para mim e não para eles – sussurrou ao pé do ouvido de Coulson, que estremeceu, e segurou-a com força.

– Você é um pecado Melinda May.

– Então, você vai me pedir pra dançar ou eu vou ter que dançar com o Tripp ? – Jemma perguntou, parando ao lado de Fitz, que bebia distraidamente uma dose de whiskey.

– Você não acha que as pessoas vão achar estranhos irmãos dançando ? – o cientista questionou emburrado.

– Eu acho que você tem que desfazer essa cara feia e vir dançar comigo – rebateu e puxou-o pela mão – Agora sorria e use o seu dom – disse com um sorriso e Leo cedeu. Encaixou um braço em volta da cintura de Jemma, deixando sua mão esquerda espalmada sobre o decote traseiro do vestido da mesma, e começou a guiá-la. Para os membros da equipe que viram os primeiros movimentos tímidos da dupla, os que se seguiram os surpreenderam, pois não era de conhecimento geral que Leopold Fitz e Jemma Simmons eram exímios dançarinos – Você nunca me respondeu aonde aprendeu a dançar – Jemma provocou, acompanhando-o elegantemente em uma valsa.

– Com a minha avó Ygritte, na Escócia. Ela era bailarina quando jovem, e quando eu tinha 10 anos passei um verão com ela – disse dando um passo para trás, dando espaço para que pudesse girá-la sem que o vestido bufante o atingisse nas pernas. Foi um movimento que chamou a atenção de alguns convidados do baile, que os olharam com sorrisos.

– Conta mais – pediu sorrindo.

– Ela amava dançar. Todos os dias, depois das 17:30 ela pedia para eu acompanhá-la numa dança. Normalmente valsa. E é graças a ela que você também sabe dançar – provocou, lembrando-a de que ele havia a ensinado a dançar alguns anos atrás.

– Santa Ygritte – Jemma brincou e apenas após uma risadinha, percebeu que a música havia mudado. Dançar com Leo nunca fora um sacrifício.

– Quando vai contar pra eles? –Ward perguntou, parado casualmente ao lado de Skye, com as mãos grudadas ao lado do corpo para impedir de atacá-la. Ela estava linda, mais perfeita e radiante do que já estava acostumado.

– Contar o que? – Skye rebateu a perguntou, arqueando as sobrancelhas.

– Contar que nós estamos juntos – respondeu como se a resposta fosse óbvia.

– Se você me beijar agora nós não precisamos contar nada – sugeriu em desafio.

– Nunca sei quando você está falando sério – resmungou revirando os olhos e ouviu a risadinha da hacker.

– Ward, me beija, agora – pediu, e puxou-o pela gravata, em um beijo apaixonado.

Do outro lado do salão, o olhar atento de Philip capturou a cena que acontecia próxima ao bar, e corou de raiva, antes de começar a caminhar na direção de Skye e Ward.

– Phil, para – May ordenou segurando-o pelo braço, e ele parou para escutá-la.

– Mel, olha pra eles. Ela é só uma menina,ela tem 22 anos, pelo amor de Deus – resmungou enfurecido.

– E você já sabia que os dois estavam juntos – a chinesa disse veemente, com uma mão firme sobre a gravata do “marido” – Você não vai fazer nada sobre isso hoje, nós não precisamos de uma cena – ordenou e Phil tentou rebater – Sem discussões Phil – disse pondo fim de discussão, e disfarçou a conversa, encaixando-se nos braços do homem para um tango. Um choque elétrico atingiu os dois corpos quando a mão esquerdas de Coulson posicionou-se sob as costas nuas de Melinda, e ela o olhou nos olhos. As pupilas dilatadas de Phil denunciaram seu atual estado de espírito, e a chinesa umedeceu os lábios e abaixou um pouco a cabeça para tentar disfarçar o sentimento.

– Acho que vou pegar uma bebida – Phil declarou com um pigarro e afastou rapidamente, indo na direção oposta do bar, onde Skye e Ward encontravam-se agora apenas abraçados. Melinda suspirou e fechou os olhos por alguns segundos, antes de caminhar na direção da “filha”.

– Então eu não estava errada – a chinesa disse ao chegar perto do casal, e Ward demonstrou nervosismo – Bom saber que vocês estão juntos. Coulson não gostou nadinha disso – provocou e sorriu.

– Ele vai me matar – Ward resmungou e Skye deu uma risadinha.

– Ele vai me matar primeiro, daí vai te matar, e depois vai me reviver, porque ele não liga pra você – a hacker provocou dando uma cotovelada na costela do namorado.

– Ele já sabe, mas é como se ele estivesse nos anos 20. Você vai ter que falar com ele – May declarou apontando para o especialista.

– Amanhã durante o almoço nós fazemos um anuncio pra família toda – sugeriu olhando profundamente nos olhos de Skye.

– Ótimo, eu vou sair daqui antes que vocês se agarrem novamente – a chinesa resmungou e sorriu para o casal, antes de sair elegantemente em busca de Coulson.