Nako Mizukai: Dobrador de Água escrita por Renato Mendonça


Capítulo 3
Parte 3: Mudanças




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Na manhã seguinte, Nako acordou mais disposto, e ainda ansioso pela viagem que iria enfrentar. Após o café-da-manhã, correu até a residência para se despedir daquele que em outros momentos o deu uma esperança de uma vida melhor, seu mestre espadachim. De presente, ganhou uma katana, que se mestre guardava há tempos. Na volta, despediu-se de suas poucas amizades que havia construído na Nação do Fogo. E quando menos percebeu, já estava embarcando num navio cargueiro, que o levaria até Republic City. Ele olhava o horizonte do oceano, com o coração batendo forte no peito, à espera de uma nova vida. O sol brilhava forte, o sol que o acompanharia por alguns dias até seu destino. Algum tempo depois da partida, resolveu treinar um pouco sua dobra, e assim, retirou um pouco de água de um compartimento separado em sua bolsa. Seus movimentos com a água eram ainda meio vacilantes, mas Nako sabia que eles iriam melhorar.

O movimento do navio contra as ondas era um tanto entediante, muito repetitivo, fazendo Nako ficar com sono. Já escurecia quando resolveu ir deitar em uma das cabines do navio. Dormir naquela hora foi mais fácil do que o esperado. Nako acordou com uma brisa forte no rosto. Preferiu ficar com os olhos fechados, aquela brisa não era ruim. No entanto, lembrou-se de que havia dormido dentro de uma cabine, e não teria como ventar tão forte lá dentro. Foi quando repentinamente abriu os olhos, e a única coisa que viu foi um céu negro, de uma noite com poucas estrelas. Ao tentou se levantar, sentiu uma tremenda dor em suas costelas. Foi quando uma voz veio ao seu encontro.

– Hey, calma aí colega. Se eu fosse você não tentaria fazer qualquer movimento – Não era uma voz nervosa. Era uma voz serena, assim como o vento que sentia.

O dono da voz se aproximou de Nako, e ele pode ver que era um homem, sem nenhum cabelo na cabeça, apenas uma seta. A dor em suas costela o incomodava muito, Nako se sentia muito fraco.

– O que aconteceu? – Essas foram as únicas palavras que Nako conseguiu pronunciar antes de desmaiar novamente.

Ao abrir os olhos novamente estava em um quarto, e já não era noite mais, pois raios de sol entravam por uma janela de formato quadrado. Havia apenas uma cama, onde estava deitado, e uma mesa pequena de madeira com alguns panos em cima, uma peça de metal que parecia uma bacia, e um pequeno vaso de barro com alguns lírios já murchos. Também viu que embaixo da mesa sua bolsa estava lá, mas não chegou a ver sua katana naquele momento. Nako se questionou se aquela noite era apenas um sonho, se aquele homem careca realmente existia. Foi quando viu que estava com o tronco todo enfaixado, que soube que aquele sonho na verdade era real. Para sua sorte, a dor já não estava tão forte, permitindo que se levantasse da cama. A porta do quarto então se abriu, e apareceu um homem alto careca, com uma aparência nova. Quando viu que Nako havia acordado abriu um sorriso.

– Finalmente se levantou! Já era hora! – falou o careca sorrindo. Nako estava confuso.

– Moço, é... Foi real o que aconteceu aquela noite? – Nako queria extinguir as dúvidas que rondavam sua mente.

“Foi”. Nako escutou. No entanto, a voz não saia daquele que acabara de entrar no quarto. Este continuava apenas sorrindo. Foi quando ele virou o rosto e viu que havia outro homem no quarto. Imediatamente o reconheceu, era aquele o homem que tinha visto à noite.

– Na verdade, foi muito real – Continuou o homem com uma seta na cabeça. Nako que agora já estava pensando melhor já havia deduzido que eram dobradores de ar – E se não estivéssemos lá naquela noite, provavelmente você não estaria vivo – Tal resposta só criou mais dúvidas.

– Mas, como assim? O que aconteceu afinal?! Eu me lembro de estar indo pra Republic City. E agora estou aqui! – Nako tentava encontrar alguma resposta em meio a suas lembranças, enquanto olhava de um lado a outro, suplicando alguma resposta ao dobrador de ar.

– Fique calmo, colega. Então quer dizer que vocês iam à Republic City? – falou o careca com um sorriso no rosto.

– Sim. Eu ia pra lá, pra desenvolver minha dobra d’água. Mas... – Nako não sabia como continuar. Ele não tinha lembranças de mais nada, a não ser da noite escura, quando viu o dobrador de ar que agora conversava com ele.

– Então você é um dobrador de ar, colega? Interessante... Fique calmo, vou responder às perguntas que devem estar afogando sua mente – E ele deu mais um sorriso – Bom, o navio em que você estava foi atacado por piratas marítimos, num local um pouco distante da costa da Nação do Fogo. Na verdade, por lá é bastante perigoso, muitos piratas competindo pela, digamos, supremacia dos mares. Foi então que eu e alguns amigos, enquanto voltávamos para o templo com alguns bisões voadores, vimos sua embarcação sendo tomada pelos piratas. Infelizmente, éramos poucos, e conseguimos salvar apenas algumas pessoas, dentre elas, você. – Nako ouvia a história perplexo – Você foi gravemente ferido, e como estava numa pior situação logo o levamos para cá, em nosso templo. Você tem muita sorte por estar vivo.

– E... Faz quanto tempo isso? – Nako olhava para o dobrador de ar de forma suplicante.

– Na verdade, faz alguns meses, seis ou mais. Tempo suficiente para que suas lesões fossem tratadas, e você tivesse uma boa recuperação. Mas você precisa ainda repousar por alguns dias. Por isso, pode continuar aqui, nesse quarto mesmo.

– Entendo, está bem. Só mais uma pergunta... – Nako agora olhava para onde sua mochila jazia – Vocês não encontraram a minha katana não?

– Desculpe, colega, não vimos nenhuma. Sabe como são os piratas: aparecem do nada, e levam tudo que valer alguma coisa no mercado negro. Se você tinha uma katana ou coisa do tipo, provavelmente tomaram pra si. Me desculpe. A única coisa que encontramos junto a você foi essa mochila com algumas coisas dentro... – O homem careca continuou a mirar Nako, meio sem jeito, vendo em seus olhos o desapontamento – Me desculpe.

– Está tudo bem. – Nako respondeu sem graça.

– Mais tarde eu volto. Quando precisar, pode me chamar, certo? Ah, e a propósito, meu nome é Jao – E com isso aquele que se tornara o salvador de Nako saiu do quarto, fechando a porta atrás de si.

Nako continuou imóvel, sentado na cama. Sua mente inundava por uma série de pensamentos. Mais tarde, lembrou-se do par de adagas que sua mãe havia lhe dado, mas pra sua infelicidade ao olhar na mochila não as encontrou. Nako se sentiu mal, aquela era a única ligação que agora tinha com seu verdadeiro pai. E assim, ficou até a noite, quando Jao trouxe alguma refeição para ele comer. Eles conversaram mais, e Jao contou a Nako que havia um dobrador de água no templo. Dias depois, já mais disposto, Nako foi ao encontro do tal dobrador, que logo se dispôs a ajudar, e por alguns dias, conseguiu ensinar a Nako alguns movimentos básicos, mas que não o realmente preparasse para uma batalha. No entanto, este estava em uma viagem, e teve que ir embora do templo. Já totalmente recuperado, Nako deixou os nômades do ar, e seguiu em rumo à Republic City, o local onde ele sabia que uma nova vida estava prestes a começar.


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