Living escrita por Absolutas


Capítulo 12
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora!! Desculpa mesmo, gente! Espero que gostem do capítulo...
Boa Leitura!!



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CAPÍTULO 10

Era dolorido para mim relembrar o que ele queria que eu o revelasse; minha história de vida não era muito bonita. Mas ainda assim, por alguma razão desconhecida, contei-lhe o que ele pediu.

Porém, é claro que não foi fácil. Senti uma pontada aguda no peito quando contei sobre o acidente que me revelou que eu não era tão comum quanto imaginava.

Tinha onze anos quando aconteceu. Íamos viajar, visitar o tio Jerry em Troutdale, Óregon. Estávamos em um taxi, rumo ao aeroporto quando o acidente aconteceu. Foi tudo muito rápido, não consegui registrar todos os movimentos, só me lembrava de ouvir o grito agudo da minha mãe enquanto uma picape azul antiga avançava na contra mão acertando o taxi em cheio. Ninguém sobreviveu, exceto eu. Teria morrido também se fosse alguém comum, porém, é claro, eu não era. Descobri o meu escudo naquela hora, foi algo inconsciente e involuntário; como se um mecanismo de defesa fosse acionado em meu corpo:em um momento eu era uma criança apavorada e indefesa, no banco de trás do taxi, com meu pais um de cada lado com olhares apavorados e o som ensurdecedor de pneus cantando machucando meus ouvidos; e no outro, apesar do som horrível e do impacto da batida que eu ainda podia sentir, eu estava protegida, estava envolta por algo como uma redoma de vidro inquebrável, que mesmo eu tendo sido arremessada para fora do carro, não me feri. Nem quando atravessei o para-brisa, ou quando caí na pista com um baque alto, ou quando um Toyota preto que não conseguiu parar a tempo me atingiu em cheio nas costas. Não tive um arranhão sequer, pois nenhuma dessas coisas realmente encostaram em mim, pois havia um material desconhecido entre elas e minha pele. Meu escudo. Foi tudo extremamente chocante após isso. Eu corri para onde estava o carro, minha mente ainda tentando entender como eu havia feito um escudo crescer em volta de mim, e vi todos mortos. Meu pai, minha mãe, o taxista, o motorista da picape e a senhora que me atropelou com o Toyota; todos com os olhares fixos e vazios. Com lágrimas nos olhos, fui até os destroços do taxi: a porta do motorista tinha sido amassada, imprensando o senhor educado que dirigira o veículo. O porta-malas do carro estava quase intacto, mas as portas ao lado dos bancos traseiros estavam num estado tão decadente quanto as da frente. Pelo vidro estilhaçado pude ver meu pai preso embaixo do banco que havia saído do lugar, visível apenas da cintura para cima. Um osso do braço estava exposto e havia muito sangue em sua volta, boa parte dele, havia saído da fratura na cabeça, e seus olhos estavam assustadoramente sem vida. Lembrava-me de não ter conseguido conter o choro histérico que me tomou naquele momento, afinal, eu era uma criança.

Os paramédicos me encontraram ajoelhada no chão de concreto coberto por sangue e cacos de vidros e peças de metais que haviam se soltado de alguns dos veículos no impacto da batida. Eu tinha as mãos sujas no rosto e eles pareceram surpresos ao me ver consciente e fora do taxi.

Pediram minha versão da história no hospital, após concluírem que eu estava devidamente recuperada; mas não contei a ele sobre o escudo, me parecia algo pessoal demais, ao invés disso, omiti a parte do atropelamento e, como ajoelhar em cacos de vidros havia me dado alguns arranhões, a minha história pareceu bastante convincente. Assim que contei-lhes o ocorrido eles me informaram o que eu já sabia. Todos haviam morrido, e o corpo da minha mão não havia sido encontrado, eles disseram que talvez tivesse caído no mar, uma vez que estávamos próximos à costa. E é claro que esse fato me perturba até hoje.

Como Tio Jerry era o meu único parente vivo, ele ficou com a minha guarda; e após semanas insistindo delicadamente para saber como eu havia sobrevivido, contei a verdade a ele. Eu confiava nele, era único no mundo que eu confiava naquela época; e ao invés de pensar que eu era louca, ele sorriu e disse “Eu sabia que você era especial, sabia que era como eu.” Então ele me contou que aquela casa era um disfarce e que ela não morava ali realmente, só a mantinha para as visitas que fazíamos a ele, como fachada, para pensarmos que ele era normal. Contou-me o que podia fazer, como controlava os quatro elementos naturais e me levou onde ele morava realmente, a Academia de Não-Humanos. Fiquei encantada. Era enorme e tinha tanta gente! Passei a morar lá desde então. Fui treinada, e aprendi a “invocar” meu escudo sempre que queria.

– Essa Academia de Não-Humanos – começou Elliot. Estávamos subindo as escadas rumo aos nossos respectivos quartos. Tínhamos ficado em silêncio até o momento, eu o havia deixado absorver tudo. Não tinha revelado tudo a ele. Apenas o suficiente para que entendesse como havia descoberto meu dom, e como era minha vida anteriormente de forma superficial, exatamente o que ele pedira para que eu contasse. – parece ser um bom lugar. – comentou.

– Sim, é. – concordei.

Ele não disse nada até chegarmos na porta do meu quarto na pensão. Estava tudo escuro, todos já estavam dormindo a essa hora, e nada além de nossos passos e respirações eram audíveis.

– Então porque foi embora? Deve ter acontecido algo para...

– É uma longa história. – interrompi-o.

O sorriso que abriu seus lábios a seguir, mal foi visível por conta da escuridão do corredor.

– O que foi? – perguntei.

– Quando eu penso que você está começando a baixar a guarda, você se mostra mais resistente. – dei de ombros. – Por que?

– Não lhe devo satisfações.

– Sempre doce e gentil, não é?

– Sempre. – concordei, irônica. – Acho que vou entrar, estou com um pouco de sono.

– Eu te acompanho.

– Não me lembro de tê-lo convidado. – falei e ele riu. – Dê o fora Elliot! – falei colocando ambas as mãos em seu peito e empurrando-o um pouco antes de me virar para abrir a porta.

– Ok. Nos vemos amanhã?

Eu assenti e destranquei a porta.

– Espera. – disse ele. Eu me virei.

– Sim?

– Não está brava por causa da história de Taylor, está?

– Não. – reforcei. – Eu te disse, por incrível que pareça, eu acredito em você.

– Ótimo, isso ao menos não piora as coisas. Tenho alguma chance, afinal.

– Chance do que? – perguntei com uma sobrancelha arqueada.

Ao invés de responder-me, ele se aproximou de mim – rápido demais para que eu pudesse reagir, então suas mãos envolveram minha cintura, fazendo nossos corpos me chocarem.

– O que você pensa que está...?

– Shh. – silenciou-me. – Não estrague isso.

Em seguida senti seus lábios nos meus, macios e urgentes. Não havia nada que eu pudesse fazer além de correspondê-lo; eu já não conseguia pensar direito. Involuntariamente minhas mãos foram para seus cabelos, puxando-o para mais perto, permitindo-me aprofundar o beijo. Era estranho, divaguei por um breve instante, como um beijo de Elliot conseguia me desarmar. Em outra situação, eu já teria chutado a pessoa que me agarrava; contudo, era ele, e a havia algo diferente quando ele me beijava, um sentimento diferente. Me agarrei a isso, prolongando o momento. Desci minhas mãos por seu pescoço, acariciei sua clavícula até chegar em seus ombros. Apertei-os, aproximando ainda mais seu corpo do meu. Suavemente, Elliot mordeu meu lábio inferior, fazendo-me suspirar e então desceu seus lábios por meu pescoço. Eu sabia que minhas bochechas já estavam escarlates a essa altura, eu mal conseguia respirar direto enquanto os lábios de Elliot traçavam uma linha de fogo por minha garganta.

– Sua pele esta salgada. – sussurrou ele contra o meu pescoço.

– Eu estou suada. – demorei alguns segundos para respondê-lo, minha mente concentrada nas sensações, mal absorveram suas palavras.

– Não importa. – murmurou ele, passando o nariz por minha garganta, traçando uma trilha de beijos por minha mandíbula. Uma de suas mãos que estavam na minha cintura, agarrou o tecido da minha blusa, como se quisesse rasgá-lo.

– Acho melhor eu entrar. – sugeri, a voz fraca.

– Posso entrar com você se não quiser ficar sozinha. – murmurou em meu ouvido.

– Não. – falei um pouco alto demais, afastando-me dele.

Ele riu.

–Tudo bem. – ele se aproximou novamente e roçou levemente os lábios nos meus, por um breve instante. – Até amanhã.

E virou as costas, andando até seu quarto, se misturando ao breu do corredor.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Mereço reviws?



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