Ininterrupto escrita por Alihhh


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

BEM VINDOS, DESTINADOS!Espero que todos gostem!! Esta é minha primeira fic futurística, quem lê minhas outras histórias sabe: As mãos da Rainha é fantasia medieval e Enxergue-me é fantasia moderna. (Sim, só escrevo fantasia... até agora. Quem sabe?)Boa leitura, e não se esqueçam de deixar a opinião no final! ^^



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Conto pela décima vez o dinheiro em meu bolso esquerdo. Ele está arrumado em ordem crescente e não há moedas. Não gosto do peso. Eu supostamente deveria codificar a quantia, contudo, o custo para recensear dinheiro em inventário intangível é alto. Tenho neste momento, exatas três mil oitocentos e vinte e quatro dix de prata. Preciso juntar mais.

Muito mais.

Exatamente dez mil dix de prata.

Terei esta quantia em aproximadamente cinco meses se continuar com os dois empregos. Das quatorze às dezoito horas no banco número 57 e das dezoito e meia à uma hora e meia no Game S9, todos os dias da semana. Cinco meses é muito tempo. Meus olhos param na enorme placa do Super Hill. Seis horas diárias, com folga semanal, por duas mil dix de prata mais benefícios, essa seria uma ótima oportunidade de emprego.

O único problema são os requisitos mínimos. Velocidade, altura e força. Exatamente o que não sou. Preciso otimizar meu tempo e resolver os problemas no centro de ensino. As despesas gastas no local estavam saindo do controle. Neste ritmo, o cronograma de meus planos seria afetado, e isso não pode acontecer. Preciso do dinheiro. Se ao menos fosse fácil de resolver.

Neste momento são exatamente seis horas e vinte e quatro minutos da manhã, ainda tenho cinquenta e um minutos até o inicio da primeira explanação teórica do centro de ensino. Quero logo minha qualificação. Guardo a maioria do dinheiro em um cofre dentro do acolchoado de minha unidade de sono. Coloco dez dix de prata em meu bolso, e outros dez dentro do meu sapato esquerdo. Me encaminho para o centro de minha unidade.

Respiro fundo, visualizo a porta da frente da escola e cruzo os dedos mentalmente. Espero que tudo dê certo. Meu teletransporte é turbulento, mas estou acostumado. Existem magias melhores, porém estas são muito caras. Na realidade, não estou me teletransportando exatamente. Minhas moléculas foram desmaterializadas e transformadas em chaves de encriptação de dados que utilizam fótons emaranhados. Meu centro de ki age como um satélite que basicamente me envia até meu destino. O nome é só uma jogada de marketing das empresas de magia.

Magia, outra jogada de Marketing. O nome correto é desenvolvimento de de ki. Quanto todos nós nascemos, o governo implanta um receptáculo de ki vazio. Porém minha família não é exatamente bem sucedida, afinal, se fosse, eu não precisaria trabalhar tanto. Quando nasci, participei do programa governamental de auxilio ki para recém-nascidos de baixa renda. Contudo, a qualidade do receptáculo de origem privada tem muito mais qualidade. Mas antes um receptáculo ruim do que nenhum.

Durante minha viagem fico de olhos fechados. Assim que comprei a magia de teletransporte, quando não aguentava mais andar a pé nas apertadas calçadas, não há mais estradas: a sociedade cresceu a ponto de ocupar todo espaço possível. Não existe mais espaço para nada, nem para ruas ou ciclovias, fiz a viagem de olhos abertos. Nunca senti tanto enjoo. Toda cidade se emaranhou em minhas vísceras em uma explosão de velocidade e confusão, não foi algo agradável de se ver.

A viagem de minha célula de habitação até o centro de ensino dura vinte e três minutos e cinquenta e nove segundo. Pouco menos do que levaria se fosse a pé. Maldita magia de segunda. Ao menos é mais agradável e menos cansativo, se permanecer de olhos fechados e ignorar a sensação de não ter um corpo tangível.

– O grande prédio do centro de ensino Frostback pode ser facilmente avistado dentre as inúmeras construções ao derredor . Seu estilo arquitetônico, próprio do gênero, esconde milhares de histórias de sucesso, desenvolvimento, romance, amizade e superação vividas pelos alunos que aqui estudam. O ambiente é de paz e a concentração e bom desempenho individual e em equipe são estimulados, todos convivem em harmonia. A biblioteca é munida com importantes títulos literários educacionais, a boa relação entre o corpo docente e discente pode ser notada em detalhes. Todos contribuem para a agradável e irrefutável convivência que culminará na construção de futuros brilhantes. Will Krey, bem vindo a mais um brilhante e mágico dia no centro de ensino Frostback. - a voz vinda do vazio da ação fantasmagórica à distancia me salda. O centro de ensino sempre emite mensagens como esta, todo os dias. As vezes penso em vir à pé, somente para não ter que ouvir.

A mensagem significa que devo me materializar na porta do centro de ensino a qualquer momento, na verdade em exatos catorze segundos. De repente sinto um puxão. Algo está errado, as magias não deveriam dar defeito. Sinto outro puxão ainda mais forte e me materializo em um local diferente do planejado. Odeio quando as coisas saem do padrão. Caio de costas no chão, sinto uma dor aguda no cóccix.

– De pé, lixo! - Olhares zombateiros percorrem de cabo a rabo os arredores para averiguar se realmente estavam escondidos dos chatos responsáveis que tentam em vão controlar os alunos mais indisciplinados. Para não dizer vândalos. Não havia ninguém, como de costume. A lateral direita da escola sempre era deserta. Ninguém ousava pisar no território Yong, ninguém sabia ao certo o porque. Afinal, se as atividades ali executadas fossem de conhecimento público, eles já teriam se dado mal há muito tempo. Obviamente, não poderia ser algo natural. Alguma magia ilegal estava envolvida.

Os cinco estudantes do gangue grupo Yong formam uma meia lua a minha volta, o muro lateral do centro de ensino me encurrala por trás.

Todos estão devidamente uniformizados e seus cabelos muito bem arrumados.

Todos são de famílias bem sucedidas.

– Como? - Nunca ouvi falar de alguém ser retirado do Teletransporte. Assim que passasse pela péssima situação, iria escrever uma reclamação formal a empresa de magia. Mesmo sendo de baixa qualidade, o produto deve funcionar da maneira que é apresentado.

Sinto o choque do soco antes da dor intensa. Percebo minha estupidez, não devo dizer nada. Já deveria estar acostumado. Breey sorri do bom trabalho enquanto os outros simplesmente esperam eu me recompor e me colocar novamente em pé. Sei que devo fazer isso rápido, se não quiser que as coisas piorem ainda mais. Porém é mais fácil falar do que fazer. O soco foi aplicado na boca do estomago, a dor impede de me endireitar perfeitamente. Fico encurvado como um obsoleto celular fino demais, dobrado no bolso dos Yong.

Pare. - a ordem irritada veio de trás. Contudo, ao contrário do que se poderia acreditar, os agressores não ficaram tensos ou nada parecido por terem sido pegos no flagra. A voz pertencia a John Plunts, o líder dos Yong. Filho do diretor da escola FrostBack. Por isso eles faziam o que desse na telha e não eram punidos. Ele era o típico valentão: forte, careca, mal encarado, fumante. Grandes olheiras, cicatrizes.– É compreensível sua pergunta, eu não tinha Wavereader até semana passada. Na verdade essa é a primeira vez que uso. Consigo enxergar e entender chaves e ondas criptografadas passando ao meu redor.

– Wavereader faz você ler as ondas criptografadas, não faz você interagir com elas. - sei que é burrice responder, mas aquilo realmente me intrigou. - E o ki permite que a velocidade de propagação seja igual a ondas eletromagnéticas no vácuo. Mesmo com Speed você não seria capaz de alcançar duzentos e noventa e nove milhões, setecentos e noventa e dois mil e quatrocentos e cinquenta e oito metros por segundo, ou seja, a velocidade da luz.

Os seis estudantes olharam atônitos para mim por alguns segundos, será que eles não me entenderam?, depois explodiram em gargalhadas até se curvarem como eu. Não entendo o que pode ser tão engraçado, porém em meio ao descontrole emocional de meus agressores, visualizei uma brecha no meio circulo que me prendia. Não perdi tempo, me esquivei e corri rumo a liberdade.

Porém minha taxa de aceleração é muito baixa, logo fui alcançado. Já deveria saber. Infelizmente, desta vez foi um pouco pior. O soco provavelmente deixará meu olho roxo por semanas. Felizmente o chute provavelmente não quebrou nenhuma costela. Comprei a magia de fortalecimento dos ossos esponjosos e compactos a partir da mistura de ki com colágeno, cálcio e sais mineiras assim que levei a primeira surra no centro de ensino, no segundo dia de transmissão de conhecimento.

– Sempre o espertinho, não é Will? - John segura o colarinho do meu uniforme, não sinto o chão sobre meus pés. Estou sufocando. Permaneço quieto. - Talvez eu tenha outra magia escondida, mas não é da sua conta. Correto? - Os capangas Yong vasculham meus bolsos e encontram os dez dix de pratas. Eles não acham os outros dez no sapato. Depois arregaçam minhas calças e John me joga contra o muro. Felizmente já estava sufocando antes, portanto não havia oxigênio em meus pulmões para causar algum dano. Permaneci quieto e humilhado, me recompor agora me traria mais problemas.

– Só dez dix de prata? - John e o resto dos Yong sorriem para a minha imagem encolhida. - Amanhã será 50 dix de prata! - informa tranquilamente me jogando o cigarro. Eles não precisam do dinheiro, só gostam de me torturar. Sua expressão me desafia ousar pestanejar, quanto mais desacatar suas ordens diretas. Abaixo a cabeça e escondo minha preocupação. Não posso perder 50 dix de prata. Preciso de um plano.

Os Yong se afastam rindo da desgraça alheia, seus olhares me lembrando da ordem. A grande pressão me achata no chão, eu não consigo levantar.

Eu não quero levantar.

Aos poucos começo a relaxar, a dor passa aos poucos. Preciso me endireitar e ir para minha primeira explanação teórica, Detesto atrasos. Me arrumo, levanto minhas calças, ajeito meu cabelo, enxugo o sangue da minha boca e olho para cima. Somente para me deparar com um homem agachado em um galho de árvore do lado de fora do muro do centro de ensino. Ele deveria ter me assustado. Trato de limpar as lágrimas rapidamente, e pergunto:

– Quem é você, senhor? O que está fazendo neste local despropério lugar?.

– Aqui é a escola Frostback, correto? - seu cabelo preto preso em um pequeno rabo na nuca, junto com o óculos escuro e camisa florida passavam uma imagem de descontração e juventude. O homem parecia estar na casa dos 30 anos. Na sua mão, outro asqueroso cigarro lançava suas ondas de fumaça no ar. Ele ignorou minha pergunta.

– Sim, é aqui. - Com as mãos nos bolsos, o misterioso homem salta, despreocupado, de sua posição no alto muro e cai ao me lado. Sua aterrissagem foi digna de uma medalha em olimpíadas. Tento conectar seu rosto ao de algum atleta conhecido, não o reconheço. Ele provavelmente tem Spring, a magia que absorve impactos como uma mola.

– Então estou no lugar certo. Espero que não seja muito tarde... - comenta olhando para seu relógio de pulso. Que homem louco. O que é essa pessoa?– Não olhe pra mim desta maneira!! Que vergonhoso... não foi nada demais, sabe? De qualquer maneira, sabe onde fica o escritório da escola?

– Hmm, é só você contornar a escola e entrar pela porta da frente. Como qualquer um... É a primeira porta à esquerda. - informo consternado. Por que ele não entrou na escola como qualquer pessoa normal? Por que ele precisaria pular o muro? - Você comprou a magia Spring?

– Comprar magia? Me poupe!! Bem, obrigado. - o misterioso homem começa a fazer seu caminho na direção indicada sem responder minha pergunta. Quando de súbito, vira-se novamente para mim - Oh, e propósito, você estava levando uma surra bem feia. Por que não tentou se defender? Pelo menos tentar acertar um soco?

– Ainda não comprei nem Precision, muito menos Force, portanto não tenho precisão nem força para me defender. - pensei que fosse obvio.

– Você não precisa de magia para bater em alguém! É só fechar a mão e jogar seu peso para o punho na cara do seu agressor. Sabe qual é a verdade? Você é um covarde que nem se defende. Ninguém vai aparecer para te salvar, sabe? Você levou uma surra porque você deixou acontecer.- as palavras frias e grosseiras foram como outro soco na boca do meu estomago.

– Como não preciso de magia para me defender!? Eram seis contra um! Seis que compraram Force, Precision e muitas outras magias de ataque!

– Talvez você tenha razão, garoto. O que você pode fazer, não é? Talvez seja seu destino.

Fico olhando as costas do desconhecido me perguntando o porque dele agir desta maneira. Analisando a situação, de acordo com suas palavras, ele não parece aprovar magias. "Comprar magia? Me poupe!", ele disse. Aperto os olhos e coloco meu cérebro para funcionar. Será que existe alguma maneira de usar os privilégios concebidos pelo desenvolvimento de ki sem o sistema capitalista do mercado? Se isso for real, talvez eu não precise esperar os cinco meses, afinal.

Sorrio com a possibilidade e espero cruzar o caminho com ele novamente. Me dirijo a primeira explanação do dia somente para a feliz consciência: o palestrante convidado é o dito cujo. Talvez ele tenha realmente razão.

Este deve ser o meu destino.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Antes que me questionem, não a história não é sobre bullying. Eu só preciso deste contexto para chegar onde quero. :p
Se você por algum milagre gostou da minha escrita, não deixe de conferir minhas outras fanfics originais!
As mãos da rainha: http://fanfiction.com.br/historia/528463/As_maos_da_Rainha/
Enxergue-me : http://fanfiction.com.br/historia/539264/Exergue-me/
Até o próximo capítulo, destinados!!! ^^
Claro, não se esqueçam de me prestigiar com suas palavras nos comentários, acompanhar a história, e quem sabe... favoritar!! (sem pressão... :p ) hheheheheheeh