Lost and Found escrita por Babi Sorah
Notas iniciais do capítulo
"Você me levaria com você se pudesse, mas eu não iria
Eu estou sozinho na jornada
Eu estou vivo, no entanto
E quando você fizer o seu pior,
Oh... Vai parecer como o melhor"
Você quer muito uma coisa. Traça um plano na sua cabeça, imagina uma rota e diz para si mesmo “Ok, eu posso fazer isso. Eu vou conseguir”. E então, quando está no caminho que leva ao seu desejo, percebe que as coisas não são como imaginou.
Nem de longe.
É muito mais difícil do que esperava.
E já que não consegue chegar lá por sua conta, compra um mapa cheio de rotas alternativas e seguras. Caminhos retos e lisos, estradas de asfalto impermeável e brilhante.
Tudo parece perfeito para você. E por um tempo tudo parece ir bem. Você sabe o que quer e está indo para lá.
Mas aí você descobre que querer não é poder. Sonhar não é fazer. São coisas conectadas, não idênticas. Talvez, consequentes. Como teoria e prática. Uma introduz a outra, mas uma nunca será a outra.
E no meio disso tudo, também acaba descobrindo que você não era a pessoa que sempre achou que fosse. Ah, não mesmo.
Você percebe que a sua índole é apenas um esboço da obra que sempre idealizou. E isso te deixa frustrado e autodepreciativo. E isso é patético. E você sabe disso.
Mas não sabe o que fazer. Não mais.
A estrada por onde você anda agora não tem mais um ponto de partida e não te deixa ver o horizonte. O caminho é liso demais, previsível demais. E só aí você percebe que esteve andando em círculos. Um círculo que te aprisionou numa realidade paralela.
Uma estabilidade infinita. Um ciclo perfeito.
E você está girando nele. Cada vez mais rápido.
Girando e girando e girando. Rodopiando acima do espaço.
O mundo é um borrão, sua cabeça dói e você começa a ter medo de que ela exploda. Seus pés doem e se arrastam no chão e você quer desacelerar.
Mas você está preso dentro desse círculo e o tempo está parado. Está sozinho no centro da eternidade, e o mundo está lá fora seguindo sem você.
“Pare!”, você grita. “Eu quero sair!”
“Me tire daqui!”
Ninguém responde, e ninguém vai responder. O silêncio e estabilidade pelo qual você pagou tão caro finalmente estão a seu dispor. Você só está falando consigo mesmo como sempre fez. Só que agora isso não é confortável e não tem mais graça. Agora, isso te dá medo.
Há apenas o silêncio e isso te apavora. Você está assustado enquanto sua mente fica cada vez mais quieta e vazia.
E então você se lembra do mapa, do exato momento onde o comprou. Lembra das suas dúvidas, do seu receio de desbravar o caminho diante de si.
Lembra de como as coisas costumavam ser, quando você caminhava livremente sob o Sol. E tudo isso porque você queria que as coisas fossem perfeitas.
E para a sua própria surpresa, você descobre que odeia a perfeição.
A Perfeição é imutável. É eterna. E você já está cansado de coisas que duram para sempre, pois se lembra de que as melhores coisas da sua vida foram aquelas que duraram pouco.
E então você se dá conta de que nunca precisou daquele mapa. Ou do asfalto. Ou da estabilidade. E jamais vai precisar.
O mundo é o caos e você faz parte da bagunça. E isso nunca lhe pareceu tão natural.
Você fecha os olhos e para de andar. Respira fundo.
Sem mapa. Sem asfalto. Sem estradas.
Apenas o desconhecido. Apenas você.
E então você dá um último passo para o lado. Atravessa a borda.
E sai do círculo.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
"Pois algumas vezes, eu acho que nós nos perdemos para encontrarmos um caminho melhor"
(The Poison - The All-American Rejects)