Soluço, o líder de Berk: A guerra pela paz escrita por Temperana


Capítulo 8
Mais uma noite sem dormir... ou quase


Notas iniciais do capítulo

Oii!!! Então, prontos para o próximo capítulo.
Esse aqui mostra como o Soluço também tem suas fraquezas e conflitos dentro de si. E também mostra como as mães podem nos ajudar em momentos de indecisão.
Obrigada pelos comentários.... Até as notas finais...



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Eu entrei em casa e estava um completo silêncio. E por que não estaria afinal já era bem tarde? Eu e o Banguela então subimos para o nosso quarto silenciosamente.

Banguela aqueceu o seu cantinho do quarto (a sua “cama” de pedra que ele sempre aquece quando vai dormir) e deitou-se, dormindo imediatamente. Ele estava cansado, também fora um longo dia para ele. Eu também estava cansado, mas eu não estava com sono nenhum. Então me sentei à mesa do meu quarto para desenhar.

Desenhei o Banguela, como na maioria das vezes eu desenho. Na verdade sempre me dizem que eu desenho bem, mas eu não tenho certeza. Bom deve ser verdade, já que eu desenhei todos os dragões do livro...

Enquanto desenhava, meus pensamentos não estavam naquela folha, naqueles traços.

Nós precisamos de tudo isso.

Eu joguei o lápis na mesa e me levantei.

Era meu pai mesmo? Mas isso era impossível. Pense nas probabilidades de uma pessoa que você viu morta aparecer do nada e lhe dá conselhos? Isso não soa louco? Então eu acho que eu estava meio louco naquele momento.

Eu sei que prometi para Astrid que tentaria não pensar nisso. Mas isso também era meio impossível. Como eu disse aquilo voltou para me atormentar. Não tinha como não pensar nisso.

Para tentar esquecer me sentei de novo na mesa e comecei a preparar um plano de treinamento para o dia seguinte. A gente não podia começar do nada em todo caso. Escrevi tudo no meu caderno e fiquei satisfeito com o plano que fiz. Isso serviria muito bem.

Olhei para o Banguela e ele estava dormindo calmamente, respirando docemente (isso é uma coisa estranha de se falar de um dragão, eu sei, mas eu o trato como uma pessoa, então...). Ele dormindo e eu sem um pingo de sono. Eu suspirei profundamente.

Então eu decidi caminhar por Berk. Tudo bem que era madrugada já, mas eu saí de casa e fui até o nosso porto. Sentei-me no píer com as pernas quase tocando o mar. Acho que você não faz isso quando está com insônia, mas devido a tudo que eu estava passando, é meio justificável não acha?

–Aqui já aconteceu tanta coisa... – eu lembrei-me das vindas do comerciante Johann, da fuga com o ataque dos transformasas à ilha, o raio me atingindo certa vez... Foi perto de onde derrotamos o Drago, foi onde meu pai obrigou o Banguela a leva-lo ao Ninho dos Dragões, onde o Thornado (o primeiro dragão do meu pai, um tambor trovão) recebeu seu nome (a força de Thor e do tornado). Eu sei que aconteceram mais coisas ainda, mas os meus pensamentos já não estavam no porto. – Ah pai. Eu sinto muito a sua falta... você não tem ideia de como...

Obviamente eu não ia chorar ali de madrugada, sentado no píer. Já tinha decidido que seria forte ou pelo menos tentaria mostrar força aos outros. Apenas por dentro os sentimentos estavam me causando certa confusão. Eu prometi para mim mesmo que seria forte. E eu seria.

Você ensinou muita coisa para Berk.

Eu.. apenas montei uma Academia de Dragões para estuda-los (está certo que isso é muito, mas eu não sou metido). Eu olhei para a nossa Arena. Eu sentia (e ainda sinto) falta de dar aulas lá. Os pilotos se meteram em muitas encrencas e eu também. Mas aprendíamos com cada uma delas (as maiores encrencas giravam em torno dos gêmeos, mas isso não vem ao caso). Todos em Berk passaram a querer treinar um dragão. E todos treinaram (ou mais ou menos treinaram). Eu acho que apenas ensinei a Berk o que é ter a lealdade de um dragão, amar um dragão e se sentir ligado a ele como eu me sentia ligado ao Banguela.

Então eu lembrei-me da música que meu pai e minha mãe cantaram quando se reencontraram antes dele... enfim (é impressionante como o que pensamos muda de uma hora para outra). O Bocão a conhecia. Era uma canção boa de ouvir. Parecia ter grande significado para o meu pai e minha mãe. E sua letra contém muito significado para mim também. Os meus pais se amavam muito. Ainda se amam, porque o amor atravessa certas barreiras terrenas.

Quem me visse naquela hora, pensaria que eu estava louco varrido conversando sozinho no meio da madrugada. Mas na verdade eu estava pensando alto (e “conversando” com meu pai ao mesmo tempo. Sei que é uma coisa boba de se fazer, mas aqueles tempos foram difíceis, a perda era muito recente). Mas ninguém em Berk saia no meio da madrugada, a não ser um louco como eu...

Eu finalmente me levantei e fui andando para casa. Subi para o meu quarto (e do Banguela, ele gostava de ser lembrado sempre, ele era um pouco sentimental). Eu sentei-me na cama e comecei a pensar. Na verdade era o que eu mais fazia além de prometer tentar fazer algo ou prometer para eu mesmo ser forte.

Eu olhei para o Banguela e lembrei-me de como treinei ele. Não foi um trabalho fácil. Não mesmo. Acontece que eu e o Banguela tínhamos muita coisa em comum. E isso foi sobressaindo-se e ganhamos uma confiança enorme um no outro. Nós tentávamos sempre apoiar um ao outro, dar força, nem que fosse apenas com olhar. Eu confiava no Banguela e ele confiava em mim. Eu sei que já disse isso milhões de vezes, mas não me canso de repetir. O Banguela era um grande dragão. Isso justifica com o fato dele ter se tornado o Alpha. Ele era um grande dragão.

Eu levantei-me e sentei-me novamente à mesa e comecei a desenhar de novo o Banguela. Dessa vez tinha uma cesta de peixes e ele estava dando um daqueles sorrisos sem dentes. Não pude deixar de rir.

Eu fui então me sentar perto do Banguela (repare o quanto eu andei nesse dia. O que não se faz quando está com insônia?), tomando cuidado para não acordá-lo. Acariciei-o. Dei um longo suspiro. Aquela noite estava sendo pior que a anterior. Eu não conseguia dormir nem por um segundo.

Desci e fui tomar um pouco de leite de iaque quente sentado na sala. Era para me ajudar a ter sono (isso sempre adiantava). Minha mãe desceu as escadas e levou um susto comigo sentado na poltrona. Principalmente pela minha cara que devia estar horrível.

–Não consegue dormir querido?

–Nem um pouco.

–O que houve?

–Nada, eu só estou pensando. É o que eu mais faço ultimamente.

–Sei como é. Eu vim tomar apenas um copo d’água.

Então ela foi até a cozinha e bebeu sua água. Depois voltou e sentou-se na poltrona em frente a minha.

–Há algo que eu deva saber Soluço? Você parece preocupado – Ferrou, eu pensei.

–Não – eu falei, mas evitei olhar nós olhos dela, pois tinha certeza que os meus olhos iriam me denunciar.

–Muito bem, então é só uma insônia? – ela arqueou uma das suas sobrancelhas.

–Sim – continuei não olhando nos olhos delas. Eu não vou falar nada pra ela, eu não vou falar nada para ela, eu mentalizei.

–Finge que eu acredito Soluço.

Eu sabia que ela não havia acreditado. Eu sentei-me no chão ao lado dela e coloquei a cabeça no seu colo, suspirando. Ela começou a acaricia-la gentilmente.

–Posso cantar uma canção para você? – ela perguntou docemente.

–Adoraria – e fechei os meus olhos.

Dorme meu pequeno viking

Dorme a luz do luar

Enquanto estiver comigo

Nada acontecerá.

E a cantiga continuava de maneira tão doce, tão calma que chegava a ser relaxante e reconfortante. E a voz da minha mãe era muito bonita e doce como ela e a canção. Quando ela acabou de cantar, eu sorri.

–É linda, muito obrigado.

–Minha mãe cantava para mim quando eu era pequena e eu nunca me esqueci dos versos. Sempre me acalmavam. Então eu cantava para você dormir quando era menor. Quem sabe ela não acaba com a sua insônia e te acalma também?

–Acho que agora eu vou dormir – Quanto à calma eu não tenho certeza, eu pensei. Mas a canção de certa forma aliviou certos sentimentos...

–Então boa noite –eu me levantei- Meu pequeno viking.

–Boa noite - eu sorri e lhe dei um abraço bem apertado. Então subi.

Então eu finalmente senti o sono vim. Às três horas da manhã, mas tudo bem. Minha mãe ajudou mesmo, sempre fui grato a ela por me ajudar a dormir nessas noites. Fiquei pensando em como as canções podem mudar tudo. E com isso em mente, adormeci completamente.

No mar bravio navegar

Sem medo do perigo

E as águas eu vou enfrentar

Se comigo casar.”


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Notas finais do capítulo

A Valka é uma fofa não acham? Ela não serve só pra vela né???
Gostaram?? O próximo tem coisas do livro que eu estava doida para colocar!! Então até o próximo capítulo amores.
Um beijo, Temp