Soluço, o líder de Berk: A guerra pela paz escrita por Temperana


Capítulo 17
Conversas


Notas iniciais do capítulo

Oi!!!! Tudo bem amores???
Agradeço pelos comentários, muito obrigada mesmo...
E agora, vamos saber coisas sobre esse homem misterioso???
Até as notas finais...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/550767/chapter/17

–Olá Soluço – o misterioso homem me cumprimentou.

–E então, ainda não me disse seu nome – eu repeti. - Pelo menos algo que eu possa te chamar?

–Tudo bem, pode me chamar de Eric então – Eric, o que reina como a águia. Eu não senti firmeza no “pode me chamar”. Significava que seu poderia não ser esse. Mas era um começo de comunicação.

–Muito bem então, Eric. O que faz aqui?

–Vejo que está fazendo outro plano. Por quê? Não confia no primeiro, ou está deixando seus pensamentos te levarem para outro caminho? Não está confiando em você?

–Não é nada disso. É que eu achei que faltava algo desde o início no plano. E ninguém vai para guerra com apenas um plano de ataque e sem defesa nenhuma. Isso seria equivalente a abraçar a morte e pular num precipício.

–Interessantes argumentos, você pode estar certo. Mas não deixe a duvida invadi-lo Soluço, não se confunda.

–Não estou deixando e não irei me confundir.

–Espero que realmente não. Parabéns pelo noivado Soluço – mais um que sabia da minha vida. Por que será que isso não me surpreendeu? – Bom não sei se posso dizer isso, ou melhor, se você vai acreditar em mim, mas eu fiquei feliz por vocês. Você merece uma moça guerreira e que te ama como a Astrid. E ela merece uma pessoa tão incrível como você – eu lhe lancei um sorriso carinhoso de agradecimento. Quer saber? Eu não desconfiei da veracidade de suas palavras, nem um pouco. Ainda ficava com certa desconfiança dele, mas sua presença passou a me fazer bem a partir daquele dia.

–Obrigado. Mas como você... Deixa para lá, prefiro nem saber como você sabe. Normalmente Berk inteira sabe da minha vida, mas você me assusta com as coisas que sabe – ele riu.

–Acho que um dia você irá entender – eu já estava cansado dessa frase dele. Um dia você irá entender. Que repetitivo não? Mas um dia eu realmente entendi aquelas palavras e o que estava por trás delas. – Mas então, o que você pretende com esse novo plano Soluço?

–É um plano defensivo. Quero que os nossos guerreiros, caso o primeiro plano não dê certo ou pelo menos no início do ataque, se defendesse e não atacassem, para ter menos feridos nessa guerra. E então utilizaríamos os guerreiros em terra para ataques em longa distância.

–E isso seria...

–Flechas e catapultas, por que não? Os vikings atiram muito bem, mas no caso, os pilotos atirariam com as flechas por estarem no alto inicialmente. Com certeza todos que souberem atirar bem vão querer fazer isso. E alguns vikings estariam cuidando das catapultas para protegê-las e também cuidar de algum guerreiro inimigo que viesse para destruí-las.

–Acho que Bocão ficará feliz em finalmente usar suas catapultas – ele disse e eu ri.

–Concordo plenamente – quando paramos de matar os dragões, Bocão não tinha motivos para construir armas para mata-los e ficou sem utilidade para suas catapultas e todo o resto. Ficaria feliz em construir mais e poder utilizá-las novamente.

–UAU, você pensou em tudo – ele exclamou. - Eu fico org...

–Soluço, você sabe onde... ? – Astrid abriu a porta de repente e interrompeu a frase de Eric e também a dela.

–Ah, oi Astrid – ele falou.

–Desculpe, desculpe – Astrid falou andando para trás – eu volto... Volto depois e...

–Não – Eric interrompeu. – Eu já estava de saída. Mas precisava dizer-lhe uma coisa importante antes.

–Pois então diga senhor.

–Eric, pode me chamar de Eric.

–Está bem, Eric. O que tem a dizer?

–Você deve tomar muito cuidado Astrid. O líder dos Beserkers, que na realidade mudaram de nome ao se juntarem com Drago e agora se chamam Incontroláveis, horrível se me permite expressar minha opinião, quer atingir Soluço de qualquer forma. Na verdade tanto ele quanto o Drago. O Banguela eles não podem pegar ou atingir, tanto porque o Soluço está sempre com ele, tanto porque ele é o dragão Alpha e os outros dragões não permitiriam isso. Mas você Astrid... Acho que não preciso completar a frase, não é mesmo? – eu estremeci todo. Tive a impressão de ficar mudo. Mas a Astrid apenas respirou e respondeu.

–Eric, eu agradeço por me avisar. Embora eu desconfiasse de algo do tipo. Não é bem uma confirmação, mas são bastantes fatos reunidos para convencer o mais descrente – ela tinha uma expressão indecifrável.

–Preciso ir agora – ele falou e virou-se para mim. – Saiba que virei te ajudar se precisar.

–Muito obrigado Eric. Mesmo – e eu nem sei como eu respondi. Minha voz deve ter saído embargada. Com certeza. Mas foi um choque de realidade na qual não queria entrar.

Ele despediu-se e saiu da sala fazendo uma pequena mensura para Astrid que a retribuiu. Depois foi embora pela porta da frente da Academia.

–Ele é incrível. Deu-nos ótimas informações como o novo nome deles. Sinceramente eu achei horrível não acha? Incontroláveis... – ela falava e eu não conseguia acreditar. Ela estava tentando desviar do assunto principal ali. Eu a interrompi.

–Você está dizendo isso realmente para mim na cara dura? Falando dos Incontroláveis, quando eles podem fazer algo contigo? Não consigo acreditar nisso – acho que eu estava irritado. Não com ela, mas com eles. E acho que falei num tom elevado. Ela se assustou incialmente comigo, mas depois recuperou sua feição indecifrável. Ela tentava não reagir às emoções como eu reagia. Parecia que eu sempre corria direto para elas e a Astrid sempre desviava. – Eric falou que você está em perigo. Em perigo Astrid. Por favor, você precisa se proteger. Ficar em alerta. Sei lá. Você... Eu... – minhas mãos tremiam. Decisivamente eu estava quase surtando ali, de modo que eu comecei a gesticular mais do que o normal.

–Calma – ela disse segurando as minhas mãos e olhando nos meus olhos. Pelo menos eu não estava chorando, isso já era um bom começo para sair do meu normal estado emotivo. Não chorar. – Eu sou uma Hofferson e acima de tudo uma Hooligan. Eu consigo me defender sozinha, já levei muito golpe nessa vida.

–Eu não posso te perder. Você entende isso? Eu já perdi meu pai e se eu perder você, eu não vou aguentar.

–Você não vai não se preocupe – ela me deu um longo abraço e eu aconcheguei-me nele, enquanto ela acariciava meus cabelos. – Estamos numa guerra Soluço, tudo pode acontecer com todo mundo. Não há motivos para se preocupar, não é nada fora do que esperávamos. Eles vão tentar de tudo e nós vamos nos defender. Eu tenho a Tempestade para me proteger também. Nós vamos ficar bem.

–Desculpa – eu fechei os olhos. – Já passou.

Ficamos mais um tempo abraçados e então sentamos no chão da minha sala encostados na parede. Ela deitou no meu colo enquanto eu acariciava os seus cabelos. Ficamos um tempo apenas olhando nos olhos um do outro. Então a Astrid falou:

–O que estava fazendo aqui antes do Eric chegar? Que estranho chamá-lo de Eric. É que não sabíamos o nome dele antes.

–Concordo que é estranho, mas acho que já me acostumei no primeiro momento de não me referir mais a ele como o homem misterioso. Então eu estava incrementando o nosso plano.

– Um plano 2? E o que é esse novo plano?

–Vou falar dele na reunião que por acaso já está quase na hora senhorita.

–Fazer o que? - Ela se levantou. – Só mais uma coisa – ela disse e me beijou. Eu a puxei para mais perto em um abraço apertado. Ela colocou seus braços em torno do meu pescoço e eu segurei sua cintura. Nós separamos e ela me abraçou.

–Obrigado – eu falei. São palavras simples que significaram muito.

Levantamo-nos e eu fui recolher minhas coisas da mesa. O Banguela acordou finalmente e se espreguiçou.

–Vamos amigão? – ele concordou e se aproximou de mim.

–Ah, quase ia me esquecendo. Estou procurando um livro que devia estar em cima da minha mesa, mas não está – a Astrid disse.

–Um livro? Qual é o nome dele?

–Não posso falar. É uma surpresa.

–Uma surpresa? Fica meio difícil assim.

–Vou procura-lo de novo, espera um pouco?

–Está bem, ainda tenho tempo.

–Já volto.

Ela saiu correndo da minha sala. Eu e o Banguela saímos logo depois. Eu fechei a sala e fui para Arena espera-la. Depois de um tempo (longo tempo, não sei por que as mulheres demoram tanto para procurar coisas) ela saiu de sua sala com um livro na mão.

–Até que enfim Astrid, vamos. Você achou?

–Achei sim, vamos.

–Que livro é esse?

–Depois da reunião eu digo.

–Está bem, eu vou morrer de curiosidade até lá – ela revirou os olhos. – Estamos atrasados. Eu estou atrasado.

–Posso pegar uma carona?

–Será um prazer milady.

************************

Quando chegamos ao Grande Salão eu entrei em disparada com o Banguela no meu encalço e entramos. Astrid entrou atrás de mim. Ninguém reparou na minha entrada furtiva. Vou te dizer uma coisa: Viking quando quer grita mais alto do que um Tambor Trovão, então ninguém repararia mesmo.

Eu pedi à Astrid que ficasse com o Banguela. Se ele ficasse sozinho naquele momento, sem ninguém para vigiar, ia comer todos os peixes de Berk. Ele não é teimoso, mas estava com fome (na verdade ele estava sempre com fome).

Dirigi-me para a cadeira do líder (segunda vez em menos de duas semanas, estava virando rotina). Eu chamei a atenção de todos, da maneira mais adequada possível.

–SILÊNCIO POR FAVOR! – eu gritei, mas fui educado pedindo ”por favor”... Todos se calaram na mesma hora e olharam para mim. Eles tomaram seus lugares rapidamente e sentaram-se. – Boa Noite e desculpem-me pelo atraso. Muito bem, vamos começar. Como vocês podem perceber, está ficando cada dia mais frio em Berk, o que não é normal para essa época do ano. Ou seja, está se aproximando a nossa luta. Eu iria considerar que nós ainda fossemos mais uma vez para a Ilha do Gelo, mas acho que seria melhor treinarmos outra coisa aqui em Berk mesmo. Como uma defesa, aqueles que tiverem flechas em casa devem pegá-las e treinar tiros, aqueles que consideram ser bons nisso. Além disso, preciso que a gente faça catapultas. Acho que posso contar com você Bocão. Um ataque direto pode não ser a melhor opção em determinado tempo e deveremos nos defender. O que acham?

–Concordo com esse plano. E quem quiser treinar mais um pouco no frio, pode ir até o topo das montanhas aqui de Berk onde já deve estar bastante frio, até demais. Mas vocês obtiveram mais informações sobre o Dagur? – perguntou o pai de Perna de Peixe, o Espichado. Embora tenha esse nome (relativamente ruim eu concordo, mas eu me chamo Soluço não posso dizer nada), ele era um homem muito grande. Mas isso não vem ao caso também, vamos voltar ao assunto.

–Concordo quem quiser poderá treinar nas montanhas é uma ótima ideia. Mas quanto a Dagur, ele morreu. Felizmente ou infelizmente. Não sabemos quem é o novo líder deles agora. Como se juntaram ao Drago, passaram a se chamar Tribo Incontrolável. O que sabemos desse suposto líder é que ele é muito audacioso. A Academia foi atacada semana passada não sei se já souberam. Atacaram sem dragões e entraram em Berk sem serem vistos. Nós acionamos as defesas subterrâneas da ilha. Mas se ao menos soubéssemos onde eles estão ficaria tudo bem mais fácil.

–Eles devem estar na Ilha dos Exilados Soluço – falou um viking que não deu para identificar quem era no momento. Depois descobri que era Axel, pai da Astrid. – Alvin está morto e provavelmente os exilados se juntaram a ele.

Pois é são muitas mortes em pouco tempo. Acho que não falei do Alvin ainda. Alvin não foi uma grande pessoa (para você ter uma ideia ele era chamado de Alvin, o traiçoeiro, ou trapaceiro, como você escolhesse), e não diria que fez muita falta em minha vida. Mas nos ajudou uma vez contra os beserkers. Eu fiquei chocado quando descobri a notícia, porque ele não morria facilmente. Ele poderia ser um aliado naquela hora agora penso. Mas não foi, pois estava morto.

–Isso faz sentido. A lealdade dos exilados já está abalada há muito tempo em relação a nós com a morte de Alvin. Seria questão de pouco tempo para nos atacarem – eu pensei mais um pouco na ideia que eu estava tendo, mas resolvi que era louca o bastante para ser executada. – Pilotos – virei-me para eles. – Preparem-se, amanhã faremos uma visitinha à Ilha dos Exilados para reconhecimento. Creio que seu casamento será adiado devido à guerra, Melequento – eu falei.

–Fazer o que? Um imprevisto não calculado...

–Então pessoal, acho que é só isso. Está tudo certo?

Alguns disseram sim, outros apenas balançaram a cabeça em afirmação e alguns nem se deram ao trabalho de demonstrar algo. Eu concordo que a situação era complicada. Muito complicada. Era uma Ilha com uma Tribo contra duas “tribos” (o exército de Drago podia ser considerado como uma tribo não muito instável). Mas eu resolvi que era meu dever encorajá-los. Eu era o líder afinal. Veja só: Soluço, o Inútil, encorajando os vikings de verdade. O que seria isso no passado antes dos dragões? Impossível.

– Pessoal - então comecei a falar como um dos versos das velhas cantigas sobre Berk (eu incrementei com os fatos daquele momento. Está bem, eu modifiquei bastante, mas deu certo no final). Na verdade, a maioria não era cantada, mas apenas versos melodiosos, gostosos de ouvir. E falando do jeito dos versos, seria ainda mais verdadeiro e encorajador. –

Está é Berk. Um pouco surrada, maltratada e coberta de gelo, mas é o nosso lar. A nossa casa. Nós podemos ser poucos em número e esses caras podem ser imbatíveis e loucos. Mas se eles vão nos enfrentar, são mais loucos ainda, pois nós também somos imbatíveis. Porque sabe, nós temos uma coisa que eles não têm. Eles podem ter exércitos, armas, mas nós temos a lealdade de nossos dragões. Temos os nossos dragões. Tentamos levar a paz, ser a voz da paz. Mas agora utilizaremos nossas forças para defendermos nosso lar. Pouco a pouco iremos mudar o mundo. Pouco a pouco viveremos em paz.

Todos deram seus gritos de alegria e concordância. Nós iriamos defender Berk a todo custo.

Inicialmente, nossa tribo nunca pensaria em se estabelecer nessa ilhota pouco confortável e nem um pouco luxuosa para estabelecer-se. Era realmente um lugar úmido e frio no meio do nada. Mas o que parecia improvável aconteceu. Nós fizemos de Berk a nossa casa. Ela foi onde por séculos os Hooligans cresceram, viveram, casaram e onde seus filhos e os filhos de seus filhos e os filhos dos filhos de seus filhos (e assim por diante para não ficar muito repetitivo) nasceram e cresceram. Era nossa casa e no fim das contas nunca deixaríamos de lutar por ela. E iríamos guerrear por nossas vidas, por nossos antepassados, pelo nosso pedacinho pantanoso de rochas molhadas. Pelo lugar que nós chamamos de lar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eric significa aquele que reina como a águia ou aquele que reina para sempre...
Gostaram??? Soluço surtando de novo?? A Astrid lindamente calma??? O Soluço dando coragem??? Amo os discursos deles...
Até o próximo capítulo, Temp