Nosso Direito Divino escrita por Ju Mellark


Capítulo 14
Capítulo 14: Carro Novo; Óculos Que Me deixam Gato; Ursa Maior; Jardim e A Hora Certa Chegaria




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Pulei do sofá com as buzinas incessantes na frente de casa. Coronel resmungou aos meus pés, e logo levantei para ver o que era.
– Katniss? - perguntei confuso.
– Ele não é um máximo? - Ela desceu do carro novo.
– Um máximo? É incrível! Era essa a surpresa que tinha dito? - cheguei mais perto animado.
– Sim! Estou tão empolgada! - ela deu pulos, fazendo jus ao que disse.
– Estou feliz por você. - Digo a abraçando de lado.
– Obrigada! Vamos dar uma volta? - Balançou a chave entre os dedos, sorridente.
– Vamos. - sorri para ela e voltei para trancar a casa.
– Ah, comprei uma coisa pra você também. - Katniss disse assim que entrei no banco do carona.
– O quê? - ela pegou uma caixa do porta-luvas, deixando-a em minhas mãos. Eram óculos escuros de modelo Aviador. Os coloquei, me virando.
– Uhl, ficou gato. - Ela piscou brincando, e eu ri.
– Eu adorei. Obrigado. - Digo, mas não os tiro, dando um beijo em sua bochecha. Katniss também pôs os seus, que estavam pendurados em sua blusa.
Ela deu partida no carro, sem algum destino.
Fiquei apenas com a mão para fora, sentindo o vento batê-la.
– Eu tenho um carro! Isso soa bem para mim. Posso me acostumar com isso. - Ela diz sorrindo realmente feliz. - Preciso mostrar para a Mary! - exclamou e virou a rua para o Centro.
Quando chegamos, nós descemos do carro para entrar no asilo e chamar o pessoal.
– Kat, Peeta! - eles nos cumprimentaram como sempre.
– Gente, gente! Tenho mais uma surpresa! Venham! - Ela fez gestos para que todos nos seguissem.
– Oh! - cada um exclamou quando viram.
– Minha querida! Meus parabéns! - Mary segurou os ombros de Katniss maravilhada.
– Você merece, menina. - Disse Joseph.
– Obrigada, gente. - Ela os abraçou de lado, enquanto o resto do pessoal ainda comentava e eu ficava só assistindo. - Precisamos ir. Vamos passar na Annie e no Finn, Peeta?
– Vamos.
Annie e Finnick também ficaram muito felizes por ela. Finn queria dar um volta com o carro, mas Kat não deixou. Pelo jeito, ela já tinha ciúmes do Civic branco.
– Vou fazer um jantar especial pra você como comemoração. - Eu disse.
– Hoje é meu dia, uh? - Sorriu.
– Ah, é. Você escolhe: portuguesa, quatro queijos, americana, napolitana...?
– Um jantar especial com pizza? - ela arqueou a sobrancelha.
– Hm, não estou muito a fim de cozinhar. - Dei de ombros com uma careta. - Não acha um bom jantar? Podemos pedir outra coisa. - Disse na cara dura com um sorriso divertido. Seus olhos se semicerraram.
– Ok, mas acho que hoje pode ser comida japonesa. Um Yakisoba? - Propôs.
– Tá bom. - Concordei e peguei o telefone.
Depois de ter pedido, fui tomar um banho rápido. Quando desci de novo, a comida já estava em cima da mesa, a qual Katniss estava arrumando.
– Não, vamos comer lá fora. - Eu disse.
– Lá fora? - Ela reclama.
– Vamos, tá calor, ficamos conversando lá. - Tento a convencer.
– Tá bem. - Ela se rende pegando a caixa dobrada de macarrão e abrindo a porta para o quintal.
Nós estendemos uma manta sobre a grama, e sentamos de frente um para o outro.
– Acha que o filho de Annie e Finn vai ser menina ou menino? - Katniss pergunta.
– Não sei. Mas acho que seria legal um menino. - Comento. - O que acha que será?
– Um menino, mesmo. Bem, pelo menos eu sonhei com um menino. - Ela levantou a cabeça para colocar todo o macarrão na boca, se sujando com o molho no processo.
– Sonhou?
– Sim. Era um garoto de olhos bem verdes, tipo os de Finn e Annie misturados. Ele estava no colo dela. E a gente estava no hospital. - especificou.
– Finnick vai ser o pai mais babão do mundo. - Prevejo.
– Oh, sim. Annie vai ficar louca com a gente. - Ela pôs a caixa de lado, colocando os braços para trás e se apoiando neles. - Deus, que lua linda. - Comentou baixo.
– Verdade. - Concordei olhando para o céu mais estrelado que nunca.
– Meus pais me ligaram hoje de manhã. - Ela disse distraída. - Sabia que minha mãe já te ama? - Ela abaixou a cabeça sorrindo divertida. Eu ri.
– Isso é ótimo! - Falo. - E seu pai?
– Sempre tem um pé atrás. Mas fica tranquilo. - abanou a mão com indiferença terminando a comida. - Ele vai gostar de você também.
– Como sabe? - Pergunto. Deixo a caixa vazia fora da manta e vou para o seu lado.
– Ele gosta de tudo que me faz feliz. Com você não vai ser diferente. - Ela falou como se fosse óbvio.
– Então eu te faço feliz? - Pergunto sorrindo e a olhando nos olhos. Ela pareceu ter percebido o que disse, pois ficou encabulada.
– Eu pensei alto não é? - questionou. Eu apenas ri. - Ok. Você me faz feliz. - Ela confessou.
– Isso é bom. - Eu disse.
– E por quê? - Katniss arqueou a sobrancelha.
– Porque você também me faz feliz. - declaro colocando seu cabelo atrás da orelha. Ela sorriu e beijou meus lábios.
– Sabia que tudo começou a dar certo quando você chegou? - passou a mão no meu rosto.
– Acho que para nós dois. - a beijei levemente também. Depois, ela virou para trás, deixando as costas baterem no chão. Fiz o mesmo, e encaramos o céu. - Está vendo aquela constelação? - Estico o braço apontando o grupo de estrelas brilhantes.
– Aquela grande? - Niss pergunta.
– Slm.
– O que tem?
– É a Ursa Maior. A terceira maior constelação. - Explico.
– Como sabe disso? Eu não saberia identificar uma constelação.
– Eu gostava de astronomia quando mais novo. Ia ao planetário, às vezes. Em nossas missões eu não conseguia dormir, então ficava em algum lugar perto da base, olhando o céu. Finnick ficava comigo, foi assim que nos tornamos amigos, como os outros caras.
– Se você não tivesse se tornado soldado, o que iria querer ser? - ela vira a cabeça para me olhar.
– Eu não sei. Nunca parei pra pensar nisso. Tinha decidido quando tinha catorze anos, não planejava outro... Rumo. - Dei de ombros procurando por uma palavra.
– Entendi. - Ela ficou quieta por dois segundos. - Lembra quando te falei que um jardim lá na frente ficaria legal? - Perguntou.
– Lembro. - Eu lembrava mesmo aquilo fazendo meses.
– Vai fazer um dia ainda? - mordeu o lábio sem me olhar. Eu ri.
– Tá bom, eu faço um jardim pra você na frente de casa. Prometo. - Levantei a mão em juramento.
– Isso! - Ela comemorou. - Só que é mais pra você que pra mim. - Ela pensou.
– Ok, é verdade.
– Vai ficar lindo. Posso escolher as flores? - pede.
– Claro. Quais você quer? - Nós continuamos a encarar o céu.
– Hm. Eu gosto de tulipas, lírios, azaléias... Ficaria bem colorido.
– Ficaria mesmo. Então terá tulipas, lírios, azaléias... O que mais?
– Hm... Violetas, dálias, camélias... Não sei, eu gosto de muitas.
– Eu vou procurá-las. Vou me ocupar para o cultivo, vai ser bom. - Digo.
– Sim. Sabe, dá vontade de só ficar aqui olhando as estrelas.
– É. Estão tão bonitas hoje.
"I can see the stars from America..."– ela cantarola baixo. Peguei sua mão e entrelacei nossos dedos.
"So open your eyes and see. The way our horizons meet."– Completei cantarolando também. Senti que aquele momento poderia ser usado pra dizer qualquer coisa, mas preferi ficar observando o céu. A hora certa chegaria, não é?
Nós ainda ficamos ali por pouco menos de uma hora. Teríamos ficado mais, porém Katniss já estava um pouco sonolenta.
Eu a levei para dentro de casa e subi para o quarto, a pousando sobre a cama cuidadosamente.
Troquei minha camiseta e minha bermuda por apenas uma calça moletom e deitei ao seu lado, a abraçando.
Consegui dormir rapidamente, e no meio da noite tive um sonho, mas não lembrava o que era.
O que me acordou foi o telefone. Ele tocava no andar de baixo, incessante.
Hm. – Murmurei. Só podia ser Finnick. Deixei tocar.
Foi assim na segunda vez e na terceira. Mas eu sabia que ele não desistiria.
Levantei da cama tentando não acordar Katniss e desci as escadas.
– Alô? - Atendo com sono tentando focalizar o relógio pendurado na parede da cozinha. Os ponteiros marcavam algo como duas e meia da manhã, mas eu não tinha certeza.
Peeta?
– Fala, Finnick.
Cara, onde eu posso achar frango assado a essa hora?
******
Algumas Semanas Depois

Esfrego a lataria sem muita força, deixando o sabão como rastro.
Tomo um susto com a pressão da água na minha coxa, ouvindo a risada de Katniss logo depois.
Ops– Ela diz inocentemente, cobrindo a boca com a mão fingindo surpresa. Semicerro os olhos em sua direção.
– Eu vou te pegar! - exclamei correndo atrás dela.
Katniss gargalhou alto, correndo também e largando a mangueira no gramado. A peguei e mirei na morena, a molhando.
– Não! - protestou quando já estava ensopada, colocando as mãos em frente ao corpo para tentar bloquear o jato.
Fechei o registro, rindo e me aproximando dela.
– Não, você já teve sua vingança! - Gritou quando a agarrei por trás. Comecei a fazer-lhe cócegas. - Peeta... Para! Por favor! Para, para! - Kat começou a implorar.
Em algum momento, nós caímos juntos na grama, gargalhando.
Subitamente, meu coração se aqueceu. Eu queria dizer-lhe o que estava sentindo.
Que aquilo que antes era um "gostar", se tornou algo bem maior.
O louco era que, meses atrás estavam rindo de como o amor era estranho. Hoje acho que não diria isso.
Porque Katniss estava fazendo-me sentir amado novamente. Fazendo-me amar novamente.

Mas, de novo, a hora certa chegaria.


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