Em Cada Ponta Do Infinito escrita por Laaísz


Capítulo 12
Minha vida é uma tempestade que nunca acaba.


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeey! Parece que estamos que capa nova genteeee! feita exclusivamente por mim -*-*- capitulo mais ou menos longuinho e fresquinho pra voces! espero que gostem -*-*-



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O dia seguinte foi um horror. Eu nunca imaginaria que a Nojenta fosse querer reverter à situação e fazer uma vingança. Eu lembro que, quando éramos amigas, ela dizia que se alguém mexia com ela, ela revidava. E a vingança dela, se come em um prato frio, muito frio.

Assim que entrei no carro da Pri no dia seguinte, ela me olhou com uma expressão muito séria.

– Que foi? – Perguntei – O Gui morreu?

– Não é hora de brincadeira Tayse – Ela respondeu – Você não recebeu nada no seu celular?

Peguei meu celular na bolsa, mas vi que só tinha uma mensagem da minha operadora.

– Não – Respondi.

– Ah, claro... Rayane nunca mandaria uma foto pra própria vitima....

Fiquei olhando séria pra ela, e esperei que ela falasse algo.

– Veja você mesma – Ela pegou o celular na bolsa, e me apontou uma foto.

Uma foto minha. Na janela. De calcinha e sutiã.

– Da próxima vez – ela continuou – Vê se fecha a janela e encosta a cortina. Você é louca ou o que? Que tipo de pessoa faz isso? Sua casa fica na frente de uma pracinha! Todo mundo que passa na rua ou na pracinha consegue ver nem que seja um pedacinho do seu quarto.

– Mas... Na hora em que fui fechar a janela... Não tinha ninguém na rua... – falei, mais pra mim mesma do que pra ela.

O pai da Pri, que até agora estava silencioso demais pro meu gosto, estacionou na frente da escola. Tive que fazer um esforço enorme pra sair do carro.

– Ai meu Deus – falei – Será que isso foi pra todo mundo da escola?

– Claro Tayse... Rayane é vingativa, esqueceu?

Fiquei em silencio e olhei em volta. Tinha poucas pessoas na frente da escola, mas percebi que algumas mandavam olhadelas.

– E agora Pri? – Falei, e senti meus olhos se encherem de lágrimas.

– se você chorar é pior Tayse... – Ela falou, assim que percebeu minha cara – Vamos...

Ela ergueu minha cabeça com o dedo indicador e pediu pra que eu sorrisse. Começamos a caminhar em direção ao pátio, e eu simplesmente não consegui sorrir e ficar de cabeça erguida.

– Uma hora eles esquecem Tayse – O Gui falou, assim que nos sentamos em uma das mesas no refeitório, enquanto o sinal não tocava.

– É Tayse – a Pri concordou – Esqueceram-se da nossa pegadinha com a nojenta em um dia.

– Eu sei... Mas uma foto pode ficar pra sempre no celular de uma pessoa... A mancha da calça dela não.

Eles ficaram em silencio, e eu pude perceber que não tinha solução.

– Eu fiquei sabendo que tem uns casos que vão parar na policia – O Gui falou – Criaram uma lei por causa de uma atriz ai...

– Do jeito que a policia daqui é, é bem capaz de nem quererem me ouvir só por que tenho dezesseis anos – respondi e percebi que um silencio mortal reinou sobre nossa mesa.

Criei coragem e ergui a cabeça. Olhei em volta e vi que ainda tinha poucos alunos no pátio. Mas dos poucos que tinham, olhavam pra mim.

– Gostosinha hem... – um garoto, provavelmente do terceiro ano falou, enquanto passava por mim.

– Como vou sobreviver com esses comentários? – Falei – aonde eu for eles vão ficar falando.

– O jeito vai ser erguer a cabeça Tayse – A Pri falou.

– Como? Se toda vez que eu erguer a cabeça vai ter alguém rindo, fazendo comentários idiotas e olhando?

Eles ficaram em silencio e o sinal tocou.

– Tente pelo menos sorrir Tayse... – Ela continuou – Como diz o ditado: É melhor rir com eles, do que vê-los rindo de você.

Forcei um sorriso e comecei a caminhar em direção a sala.

Assim que botei o pé dentro da sala, vi Rayane e seu grupinho de vadias sentadas em umas mesas. Havia garotos com elas, inclusive meu antigo melhor amigos Duca, e o garoto da festa. Eu já devia imaginar. Ele é igual a todos.

– Olha quem chegou – Rayane falou, com um sorriso sínico no rosto - a “comentada” do momento.

– A faladinha – Suelen completou.

– Quem diria hem Tayse – Gabriel falou – Stripe Thise na janela.

Alguns alunos riram da piadinha sem graça e eu continuei parada na porta. Não tive o que falar, e pra ser sincera, não consegui falar nada. Antes, esses que estão rindo de mim agora eram meus amigos. Viviam correndo atrás de mim e me elogiando. Usavam as roupas que eu usava, os penteados e até os sapatos... Falsidade pura.

Meus olhos se encheram de lágrimas e eu simplesmente não aguentei. Atropelei a Pri e o Gui que estavam atrás de mim e sai correndo. Nessa hora eu queria fugir e não voltar nunca mais.

Sentei-me em um lugar bem deserto, aonde normalmente alguns alunos vão pra ficar se beijando. Eu precisava ficar sozinha. O dia nublado só acrescentava a minha sensação de tristeza. Encolhi meus joelhos e enterrei a cabeça neles. Fiquei assim por uns cinco minutos, até ouvir uma voz bem do meu lado.

– Eu pensava que garotas bonitas não choravam – Ouvi.

Ergui a cabeça e vi o garoto da festa – que eu nem sabia o nome – sentado do meu lado.

– Talvez eu não seja bonita – respondi, e forcei um sorriso.

– Não... Talvez você pense que não é... E goste de se fazer de feia.

– Você é algum tipo de filósofo? – perguntei, e ele deu um sorriso. Ficamos uns segundos em silencio, até ele resolver se manifestar e falar alguma coisa.

– Por que vocês de odeiam tanto? – perguntou – Você e a Rayane?

– É uma longa história... Um dia talvez você pergunte pra ela, já que estão tão amiguinhos.

Ele olhou pra mim surpreso e em seguida baixou a cabeça.

– Aliás, o que você está fazendo aqui? – perguntei – Depois do dia em que conversamos no ônibus, você me ignorou completamente. Você nem se quer olhou na minha cara pra me cumprimentar.

Ele ficou em silencio e percebi que não tinha resposta.

– Desculpe – disse por fim – Eu não sabia que você iria ficar desse jeito.

– O problema não é você não falar comigo... O problema é você falar com ela.

– Mas o que ela fez de tão ruim assim? Como eu posso julgar uma das duas, se você nem me quer contar a história toda.

– Não posso... – Falei – Não consigo... Sabe, é difícil falar uma coisa que aconteceu a tanto tempo, mas que não conseguimos esquecer ainda.

– Tudo bem – ele respondeu e por algum motivo, comecei a relembrar tudo que me aconteceu nos últimos três anos. Os momentos felizes, os tristes, os de aflição... Tudo, desde o inicio.

Meus olhos encheram de lágrimas, e ele percebeu isso.

– ei, não chora – falou – não sei o que fazer numa hora dessas.

– Não tem como... Chorar é uma das coisas que eu mais faço todos os dias.

Ele me olhou em silencio.

– Por que diz isso?

– Muitas coisas aconteceram... Você tem ideia, do que é vir pra escola todos os dias e ver aqueles seus amigos, que praticamente te idolatravam, rindo da sua cara? Te chamando de... Prefiro nem falar... Você tem ideia, do que é sair da escola e passar o dia inteiro sozinha? Com uma empregada que passa mais tempo limpando a casa do que com você? Você sabe o que não ter o abraço de um pai há anos? – falei – Cara, eu passo o dia inteiro sozinha, meu pai me odeia, chega bêbado em casa, me xinga, me culpa pela morte da minha mãe. E sabe qual o pior disso tudo? Eu tenho mesmo culpa. Não é um desses casos em que uma mãe morre no parto e o pai a culpa inocentemente. Eu tenho culpa de verdade. Eu matei minha mãe com minha rebeldia... Ele me odeia com razão. Sabe o que é você tirar nota máxima na escola, ser elogiada por todos os professores e seu pai nem ligar? Falar pra você que, tirando nota boa ou não, você vai continuar sendo um lixo? Uma imprestável? Uma adotada? Uma adotada que matou uma mãe grávida?

Ás lágrimas caíram e ele me olhou pasmo. Passou a mão em volta dos meus ombros e me acolheu. Um abraço que eu não recebia há anos. Ficamos em silencio, e por fim, ele disse:

– Você já matou aula alguma vez?


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